Universidades de ponta têm menos aulas
Um dos maiores gaps do ensino superior brasileiro veio à tona quando estudantes brasileiros de graduação foram para universidades de ponta pelo Ciência sem Fronteiras.
A maioria deles conta que estranhou a quantidade reduzida de disciplinas das instituições dos países estrangeiros.
Um estudante universitário de uma escola como a Universidade Harvard, nos EUA, considerada a melhor do mundo, tem em média 15 horas/aula por semana.
Para se ter ideia do que isso significa, quem faz engenharia na Poli-USP tem quase três vezes mais aulas.
A filosofia de universidades como Harvard é que cada hora de aula demanda em média uma hora extra de estudos e de leituras do aluno. Ou seja, as 15 horas viram 30 horas.
Além disso, a universidade espera que o aluno se envolva em atividades de pesquisa, empresas-júnior, trabalho sociais e culturais e que faça esporte.
Com tudo isso, a formação fica completa e a grade fica cheia.
Enquanto isso, o aluno da Poli mal consegue ter tempo para estudar para as disciplinas obrigatórias porque elas tomam o dia inteiro.
Fazer atividades fora da engenharia, então, esquece.
Essa questão é comumente abordada pelos chefes do Ciência sem Fronteiras.
Na reunião anual de cientistas da SBPC, que neste ano aconteceu em Recife (PE), o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, discutiu o assunto e defendeu a redução da grade obrigatória de aulas.
O problema, de acordo com Guimarães, é fazer com que as universidades brasileiras topem essa redução.
O diretor da Poli e candidato a reitor da USP, José Roberto Cardoso, falou sobre o assunto nesta quarta-feira, 16, no primeiro dia de debates dos candidatos à reitoria da universidade.
De acordo com Cardoso, a redução das horas-aulas liberaria os professores para fazer mais pesquisa. E, quem sabe, poderia até fazer com que a quantidade de vagas se expandisse.
Eu não vejo outro caminho para o ensino superior brasileiro que não seja a redução da quantidade de disciplinas obrigatórias.
E você?
Quantidade e qualidade não são sinônimos, muitas disciplinas sem o aprofundamento necessário vão contribuir para formar um profissional com apenas “uma noção” sobre os temas abordados
Rogério, concordo. Acredito que nas nossas universidades ainda predomina a ideia de que quantidade é, sim, sinônimo de qualidade. Abs e obrigada pelo comentário, Sabine
Sou professor aposentado e falava para os meus alunos que assistir aulas não é o quesito principal da formação acadêmica.
Assistir aulas é um processo passivo. A aprendizagem é um processo ativo. A aula só ajuda quando complementa a atividade realizada fora da sala de aula.
Concordo com você, Nilson. Contudo, considero que a simples redução de disciplinas obrigatórias não resolve o problema generalizado da baixa qualidade da educação brasileira em todos os níveis e modalidades, independentemente de se tratar de sistema público ou privado.
Paralelamente à redução da quantidade de disciplinas obrigatórias, é fundamental que os PPP sejam adaptados para que professores e alunos possam se reorganizar em programas de pesquisas – aos moldes das iniciações científicas (???) – com garantia de vagas para todos os alunos. Isso demanda uma grande mudança nas culturas de ensinar e de aprender no Brasil. ISSO NÃO É TRIVIAL!!!
A simples diminuição da quantidade de disciplinas obrigatórias não produzirá melhorias no nosso sistema educacional de per si.
Concordo plenamente com Vicente Parreiras!
Acredito que o problema não são as quantidade de aulas ministradas nas universidades. Acredito que a grande quantidade de aulas vem surgindo pela necessidade de cobrir uma lacuna no processo educativo brasileiro.
Quando se tem um base na educação bem construída e efetiva, a educação superior torna-se mais flexível e abre a oportunidade de diferentes possibilidades de aprendizagem. Agora fica um pouco mais complicado de diminuir a carga horária dentro de um sistema em que o aluno desde seus primeiros anos de educação aprende que para aprender temos que nos prender às carteiras e às aulas…
Entendo o posicionamento de vcs, mas quando se fala em redução de carga horária não está se falando em reduzir o número de disciplinas, mas sim a quantidade de horas determinada para a realização desta. Em diversos momentos da graduação, passamos por aulas meramente expositivas em que o professor vai empurrando assunto e informações que são muitas vezes exageradas e que este conhecimento a mais poderia ser buscado pelo aluno (aprendizado ativo)
Concordo com o Tiago, as aulas que se sucedem apenas expositivas são bastantes cansativas. Falo como uma graduanda de uma federal, tenho aulas que possuem duração de 4h consecutivas e nas primeiras duas horas, mesmo ainda duas longas horas, é possível manter o foco e atenção na aula, mas depois disso, o resto da aula é impossível, o rendimento do estudante cai bastante.
Alves, obrigada pelo comentário. Alguns especialistas em educação dizem, inclusive, que a atual geração nem consegue mais assistir aula como nossas pais e avós assistiam. Geração nova, aula nova. Abraços e obrigada, Sabine
Vicente, o problema do volume alto em sala de aula é anterior à queda do ensino básico. Historicamente no Brasil se considera que um aluno do ensino superior deve ter domínio sobre todas as áreas de sua profissão, o que é absolutamente impossível. Aqui todo professor acha que sua área é essencial e cada aluno precisa cursar três disciplinas nela. Isso incha qualquer curso.
Agora a principal diferença entre o ensino em Harvard e no Brasil é que lá os professores esperam que os alunos façam realmente sua parte. Aqui no Brasil se deixamos os alunos com tempo livre eles acabam fazendo nada de útil. E lá os alunos sabem que não podem falhar e não podem colar pois se forem pegos estão realmente lascados.
no tocante a abrir possibilidades de engajamento em outras áreas é verdade, a diminuição de carga-horária não resolve; no entanto ela já teria impacto imediato num aspecto muito importante: tempo de estudo. Se o aluno tivesse tempo para explorar bem o que aprende em sala, mesmo que ele não fizesse nenhuma atividade extra, como iniciação científica, já teríamos um salto de qualidade. eu sinto isso na pele no curso de engenharia química da UFPB. quantas vezes quis estudar física mas estava ocupado demais com os milhões de trabalhos de desenho técnico? o professor dizia todo petulante: aluno de engenharia tem que estudar todo dia. estudava sim diariamente, mas não a cadeira dele, temos muita coisa pra organizar em 24 h (sem esquecer de dormir, é massante).
Eu digo por mim. Curso Engenharia Civil na UEL, e fera, é tão difícil se aprofundar nas disciplinas que eu gostaria: resistência dos materiais, física, cálculo, equações diferenciais (que dá para aplicar em modelagens matemáticas).
Ainda, tem algumas matérias que já no primeiro ano, sem termos aprendido certinho o cálculo 1 já utilizava conceitos de derivada. Isto mostra a desorganização. Só que se o aluno é bom consegue levar, e se a quantidade de horas aulas fossem reduzidas, melhoraria a nossa parte de estudar sozinhos, ou em grupo.
Uma vez estive conversando com um professor de matemática e ele disse que preferiria muito mais que tivessem apenas aulas de manhã e a tarde só fosse estudo/revisão e outras atividades.
o estudante brasileiro chega ao ensino superior querendo tchu e tcha e cantando barabaraberebere, o ensino médio não prepara para o ensino superior!
Aiaiai, lá vai, facinho colocar a culpa no estudante! Na verdade, a maioria dos estudantes pena pra passar numa boa universidade, faz de um tudo, cada qual com sua dificuldade… Isso já é custo de oportunidade, mesmo que o estudante curse numa pública.
Não tem nada de barabaraberebere, essa é uma generalização pobre!!! E tem outra, a falta de preparo do aluno para o ensino superior pode ter a mesma causa: excesso de aulas, que acontece em todos os níveis educacionais do país!
AZcho que o problema do ensino médio não é necessariamente a falta de aulas, mas sim a falta de atividades interessantes para o aluno. Nos estados unidos, por exemplo, as aulas são em turno integral, porém os alunos têm acesso a varias atividades extracurriculares interessantes: aulas de teatro, coral, futebol, natação, clube de debate, clube de xadrez… Sem falar de algumas aulas que servem para expandir o conhecimento deles para encarar a vida adulta, como carpintaria e gastronomia.
Concordo plenamente com você vivien, faltam atividades mais interessantes e principalmente uteis no ensino médio. Já, em relação ao ensino superior, como estudante de engenharia, acho que a diminuição do número de matérias seria excelente. Tenho grande interesse em fazer pesquisas em diversas áreas mas não consigo me dedicar plenamente devido ao excesso de aulas. Vejo muitos projetos que não andam pra frente devido esse dilema de não conseguir conciliar as atividades obrigatórias com as extracurriculares.
Concordo. Sem falar que isso é uma questão que depende do curso de graduação. Atualmente estou na Itália pelo Ciência Sem Fronteiras e sinceramente sinto falta do ritmo da minha universidade. Faço Design e preciso da pratica, coisa que aqui não tem e não teria tempo devido a carga horária. Com toda certeza acho complicado formar um profissional pratico e com bom aprofundamento com a redução da carga horária.
Deve ser por isso que o design italiano é tão idolatrado no mundo inteiro!!!!!
Um dos pontos principais no esquema americano é que o professor não precisa mastigar todos os assuntos em aula. Pedir para ler um texto e cobrar na prova é comum. Deste moda as X horas de aula se expandem. Poderemos fazer isto aqui?
Eu gostaria.
Outro ponto os alunos dispõem de TAs para tirarem dúvidas. Teremos isto aqui?
Duas perguntas capitais!
Adriano, bem lembrado. Acredito que menos aulas e mais tutorias podem ser um bom caminho! abraços e obrigada, Sabine
Concordo com vcs três. Além disso, precisa haver uma mudança na mentalidade dos nossos alunos e da população em geral. O SABER não tem valor em nossa sociedade, o importante é TER (coisas, posição…). Já tive alunos que me afirmaram com orgulho que são da tal geração Y, e que dominam os botões dos eletrônicos. Disse a eles que não via vantagem neste aspecto, pois eu com o dobro da idade deles tb domino os tais botões e não sou Y. Além disso, qualquer pessoa pode ser usuário final é só treinar. A diferença que poderiam fazer sendo Y reside no fato de gerar conhecimento e tecnologia novos. Afinal, se treinarmos uma criança a apertar botões , ela aprende (inclusive um cachorrinho/macaquinho também é só premiar). Mas gerar conhecimento e tecnologia implica em autonomia intelectual em desejar saber, e em ler, estudar e aprender de fato conhecimentos de Física, Química, Matemática etc… Infelizmente isso é visto pelos jovens/população em geral como muito chato e aborrecido. Além de sinônimo de estar perdendo tempo e as coisas boas da vida.
Patricia, tendo nascido nos anos 90 faço parte da tal geração Y e confesso que me sinto perdida entre os meus, sou quase um ET por escolher a química ao invés de uma área mais “interessante”. O Brasil é um país de grande potencial, mas tem falhas em todos os níveis de educação e pesquisa. O estudante que precisa trabalhar para se sustentar muitas vezes é o que dá mais valor ao conhecimento adquirido na universidade e, ao mesmo tempo, é o que tem menores possibilidades de desenvolver algo inovador para si ou para a sociedade pela falta de tempo que a dupla jornada proporciona.
Estudo em uma universidade modelo desse conceito de menos aulas, formação multidisciplinar etc e mesmo assim se torna quase impossível para o perfil de estudante/trabalhador (digo isso porque consigo contar nos dedos os colegas universitários que apenas estudam) brasileiro se dedicar a áreas complementares a formação. Isso sem falar em programas de iniciação cientifica e incentivo a pesquisa em geral.
Tudo bem reduzir as horas e fazer o aluno se envolver em outras atividades, o problema é que os estudantes brasileiros não são todos ricos e precisam trabalhar para se manter, e nem sempre ele consegue um emprego na area em que esta estudando. Para um aluno brasileiro reduzir seu tempo de aulas e se envolver em atividades complementares, o numero de estagios em empresas, por exemplo, teria que aumentar e muito, eu por exemplo que faço eng civil, mesmo sendo um grande setor, encontro dificuldade para encontrar trabalho ou estágio pelo fato de estudar, e não ter tanto tempo disponivel para o trabalho. As empresas teriam que abrir um espaço para acolher os estudantes, e ajudar na complementação do que elas aprendem na Universidade, o que posteriormente poderia trazer beneficios para elas mesmas, visto que muitos setores não pessoal qualificado exatamente porque ele não sai da Universidade com uma especialização, sai apenas formado.
Bruna, concordo. Mas talvez a redução de disciplinas poderia justamente facilitar o estágio, não? abraços, Sabine
com a falta de assistência estudantil que temos nas universidades brasileiras acho bem mais provável que os estudantes se envolvam com “bicos” pra juntar uma grana do que com atividades para enriquecer sua formação acadêmica..
Uma maneira muito prática e inteligente de formar bons profissionais e de aguçar o trabalho do professor.
Rogério, querendo ou não as universidades brasileiras, com toda a carga horária que tem, já fazem isso, ensinam “noções” sobre os temas.
Everaldo, é verdade. Como alertou um professor da Unicamp, talvez se a carga horário diminuísse as aulas ficariam até melhores! abraços e obrigada pelo comentário, Sabine
Sou professor universitário e gostaria e expor uma situação.
Hoje os professores federais são duramente criticados pela sociedade por lecionarem cerca de 12 horas/semana.
Como tempos que cumprir uma carga horaria, disciplinas com menos carga horaria (ex. 2 horas/semana) implica em mais disciplinas (cerca de 6 disciplinas) no qual o professor é responsável.
Eu não acho fácil para ninguém ter um conhecimento tao amplo e ao mesmo tempo tao profundo (“de ponta”). Pesquisem (por curiosidade) a média de aulas que um professor de Harvard leciona por ano.
Uma informação incompleta como a da reportagem (digo isso por não mencionar a carga de aulas do professor) é tudo que o nosso Governo gostaria para resolver um problema SERIO de FALTA de PROFESSORES nas Instituições Federais de Ensino.
Sou professor universitário e gostaria e expor uma situação.
Hoje os professores federais são duramente criticados pela sociedade por lecionarem cerca de 12 horas/semana.
Como tempos que cumprir uma carga horaria, disciplinas com menos carga horaria (ex. 2 horas/semana) implica em mais disciplinas (cerca de 6 disciplinas) no qual o professor é responsável.
Eu não acho fácil para ninguém ter um conhecimento tao amplo e ao mesmo tempo tao profundo (“de ponta”). Pesquisem (por curiosidade) a média de aulas que um professor de Harvard leciona por ano.
Uma informação incompleta como a da reportagem (digo isso por não mencionar a carga de aulas do professor) é tudo que o nosso Governo gostaria para resolver um problema SERIO de FALTA de PROFESSORES nas Instituições Federais de Ensino.
Julio, qual é a média de aulas que um professor leciona por ano? O que quis dizer com o texto é que pouca carga horária não é necessariamente negativo para os alunos e o professor, que precisa de tempo para pesquisar e preparara as aulas. abraços, Sabine
Sabine,
O que eu disse é uma redução da carga horaria em sala de aula deve ser tanto para os alunos quanto para os professores.
Uma redução da carga horaria apenas para os alunos implica em um aumento de atividades para o professor. Aqui, no Brasil, devemos cumprir uma carga horaria minima em sala (cerca de 12 horas aula / semana). Se reduzirmos apenas a carga horaria do aluno, o professor passará a ter mais alunos e mais disciplinas sobre sua tutela.
No exterior, os professores “de ponta” chegam a lecionar cerca de 20-30h / semestre, ou até bem menos. As atividades de orientação de alunos são contabilizada em sua carga horaria.
Aqui quando menciono para um cidadão comum, que não entende a dinâmica das universidades, que leciono 12 hrs em sala por semana ele acha um absurdo. É comum eu ouvir dizer que professor é folgado, dá poucas aulas e tem 3 meses de férias. Esta não é a realidade e para que o ensino seja “de ponta” o professor deve atuar mais fora da sala de aula.
Julio, concordo! Faltou abordar isso no post: a redução de carga para os docentes. As boas universidades têm poucas e boas aulas, mas não têm poucos docentes. É que eles dão menos aulas, mesmo. Abraços, Sabine
A redução de carga horária em sala de aula já é realidade em todos os polos de excelência onde se deseja a formação de profissionais realmente competentes. Enquanto existir apenas preocupações com as estatísticas de quantos alunos formamos por unidade de tempo, isso não muda…… O número de disciplinas obrigatórias deve ser reduzido e o tempo de formação do profissional flexibilizado (sem exageros é claro!).
Sou a favor de qualquer discussão que pondere sobre o sucateamento dos instituições nacionais!! Mas gostaria muito de ver uma discussão séria e definitiva sobre o ensino básico no Brasil. O brasileiro de classe média não sabe ler, escrever e interpretar, imagine os menos abastados. Isso representa mais de 90% da população ativa do país. Justifica remunerar professores do ensino superior com salários melhores (mas ainda ínfimos) e esquecer uma grande massa de analfabetos sistêmicos???
Se mantermos os mesmos métodos de avaliações das faculdades publicas, acredito que seja uma boa!
Porém, no Brasil, temos uma cultura da ignorância. Um tipico estudante de faculdade publica, só estuda porque é forçado. Se não fosse não se esforçaria…. Isso é alimentado pela TV, família, etc…
Prefiro não comentar sobre faculdades particulares. Minha experiência profissional diz que os péssimos profissionais que elas formam não tiveram nenhum critério de avaliação, salvo raras exceções!
Victor, você quer manifestar-se sobre educação e não sabe nem escrever. Não é “Se mantermos…” e sim “Se mantivermos…”.Creio que você nem à força estudou.
Prezado Francisco
Vejo suas perorações em pelo menos momentos nesta seção… Realmente consegues demonstrar uma sapiência gramatical, pena que também expões possuir um colossal deselegância.
Concordo com Cidadão Brasileiro… Está sendo discutido um assunto tão importante e pessoas como Francisco ao invés de colocar sua opinião sobre o mesmo, vem falar de erros gramaticais.
Acredito que esta seria uma metodologia que ajudaria na atual educação, mas, é necessário conscientizar nossos estudantes para isto… acredito ainda, que o ensino médio não deve ser o único responsável para uma preparação para o superior, mas toda educação escolar e familiar que o indivíduo recebe ao longo da vida é uma consequência para o ensino superior e para sua vida no dia a dia…
Cidadão Brasileiro,
Expressar-se bem não é falar difícil e utilizar palavras esdrúxulas mas sim falar/escrever de uma maneira correta porém que todos entendam. Não tente humilhar ninguém com formatos. Ridículo.
Menina,
Se todo cidadão brasileiro tivesse o vocabulário e a sapiência do “cidadão brasileiro” acima, o Brasil não precisaria de nenhuma estratégia de educação nem redução de horas/aula.
Respeite o colega, que assim como, na internet é indiscriminado o uso de abreviações para a comunicação, a língua culta deve ter seu espaço.
Pense antes de julgar as pessoas. “Se todo mundo fosse juiz, o cargo não tinha salário de mais de 20 mil reais”.
Ae “Consciência”, aqui vai uma abreviação pra vc: vsf!!
Oq a Menina falou ta certinho, Expressar-se bem não é falar difícil mas sim que todos entendam
A pag ta discutindo um assunto serio, faço eng mec, e acho pessimo o sistema de ensino das facul publica, q sufoca o aluno de materia e qase nada de partes praticas..
Concsciencia,
Concordo, seria ótimo ver os brasileiros com este vocabulário. Mas n só o vocabulário, como uma boa educação no geral. Acontece, que o cara ali de cima usou isto para provocar o comentario anterior e não por natureza. Foi isso que achei falta de respeito!
O que fez dele um tremendo Babaca! provavelmente achou as palavras no google!
Caro Victor, sou universitária e curso uma faculdade de medicina particular. Como deve saber, o MEC apenas autoriza o método conhecido como ”PBL” (Aprendizado Baseado em Problemas) para tais novas faculdades médicas particulares. Vejo uma grande vantagem nesse método se comparado ao tradicional. O aprendizado é mesmo ativo. Assitir às aulas não significa aprender. E as avaliações do método tradicional são as mesmas do método ativo. Provas, seminários…
Portanto, quero esclarecer que sua ressalva sobre faculdades particulares precisa ser revista. Como a matéria traz e, também, tomando o exemplo de Harvard, o método ativo, do qual apenas as recém-formadas faculdades particulares aderem – com exceção da UFSCar – , é a ferramenta que mais estimula o aluno a estudar.
Bárbara, não é verdade o que vc disse em relação que o Mec só aprova esse método em particulares: Aqui em Brasília mesmo temos a ESCS que é uma faculdade de medicina pública e usa método PBL tbm e é uma das mais conceituadas, atualmente, na área. A UnB, no curso de eng. de produção tbm utiliza o método PBL e o PjBL. E sinceramente, a grande maioria das faculdades particulares formam péssimos profissionais, é claro q tem sempre a exceção, alunos estudioso que fazem a diferença. Meu pai é médico e não tem mais paciência de pegar alunos de medicina de particulares para fazer residência, pois não sabem o básico de nada. E quando vc faz uma prova básica com alunos de engenharia de particular a maioria não sabe resolver nem um equação simples. É triste mas é a verdade. Observe que não estou falando de todas as particulares, é óbvio que existem excelentes faculdades particulares aqui no Brasil, como por exemplo a PUC-SP, PUC-RJ, Mackienze, etc….
Estes estatizantes são de uma miopia extravagante. ..
Nunca tinha visto por essa perspectiva, realmente seria um caso a se pensar e parece-me ser algo bem positivo para a formação acadêmica.
Se eu tivesse tido mais tempo em minha graduação quem sabe não tivesse me aprofundado melhor nos assuntos e ter lido mais.
Jair, concordo. Também fico pensando no tempo que eu poderia ter utilizado na graduação para me aprofundar em vários assuntos! abs e obrigada, Sabine
Concordo com voces. Eu queria ter tido mais tempo para me aprofundar nas disciplinas do curso de graduação.
Poderíamos seguir os bons exemplos e quem sabe, não teríamos o mesmo resultado das universidades de ponta.
E a grade curricular do ensino médio então ?! É grotesca! Um amontoado de disciplinas que nos EUA, por exemplo, somente são vistas no curso superior. Há um excesso de conteúdo que desmotiva o aluno, sem espaço para um pensamento criativo e solução de problemas. A escola em si deveria se abster um pouco do papel frio de ensinar e estimular mais a busca pelo conhecimento como forma de formação. Na universidade não é diferente. O sistema brasileiro é rígido demais e pouco eficiente. Por isso não temos um prêmio Nobel e não somos destaque em produção científica mundial.
Thiago, concordo! O ensino médio é o maior desafio da educação hoje em dia. Muitos estudos mostram o quanto o formato atual desmotiva os alunos. Devo escrever sobre isso em um post no futuro. Abraços e obrigada pelo comentário! Sabine
Sabine, no modelo a ser buscado, não podemos esquecer a importância da sabedoria que os professores nos transmitem na forma presencial,impossível de ser obtida nos livros: um gesto, uma interjeição, um olhar, mudam o sentido das palvras. O processo dialètico, fundamental no nosso desenvolvimento, ficaria muito prejudicado. Rogèrio
Lecionei no ensino médio e cheguei a dar 1 aula semanal de OSPB. Hoje a grade continua absurda. A grade foi constituída para atender a interesses dos professores e não dos alunos. Cinco disciplinas no ensino médio seriam suficientes para o aluno incorporar as ferramentas necessárias para se desenvolver em todos os sentidos, inclusive no sentido intelectual.
O sistema educacional (fundamental/médio) dos EUA é ruim, não há motivos para querer copiá-los.
Na Alemanha o pessoal fica na escola até os 20 anos, e o nível é muito mais alto que no Brasil. (o primeiro semestre deles na universidade é como o terceiro/quarto nosso)
O problema é que brasileiro não tem costume de ler, só estuda em véspera de prova. Entram na universidade para pegar o diploma, foda-se se aprendeu algo ou não.
Citação do Feynman, Nobel em física, que ensinou no Brasil por 1 ano:
“Por fim, eu disse que não conseguia entender como alguém podia ser educado neste sistema de autopropagação, no qual as pessoas passam nas provas e ensinam os outros a passar nas provas, mas ninguém sabe nada.”
E isso da produção científica não é bem assim. O problema é a politicagem. Querem aumentar o número de alunos em universidades, e esquecem de aumentar a qualidade. O departamento de física da UFBA tem equipamento de 30~40 anos de idade. O de engenharia mecânica mal tem um torno que funcione. Fica complicado desenvolver pesquisa assim, sem nenhum equipamento.
falou bonito Antonio!
Concordo plenamente com você, Antônio. As pessoas querem sair da escola sem sequer ter lido um livro.
Sabine, sou politécnico e concordo plenamente com seu texto. As Universidades brasileiras seguem um modelo de ensino desatualizado. Temos um potencial enorme, precisamos de gente que tenha iniciativa para transformar esse quadro. O Prof. Cardoso é um homem de muito bom senso e visão, espero que ele tome esta iniciativa.
Sou estudante da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Faculdade de Direito. Minha grade, desde o primeiro semestre, nao passou de 18 horas aula por semana. Quase a mesma quantidade de Harvard, estamos bem!
Sim, estamos muito bem estudando Direito numa das melhores universidades do país e tendo como base do argumento uma falácia.
Essa discrepância entre a carga horária no Brasil e no exterior é algo que os professores por exemplo da Poli que estudaram na USP e fizeram doutorado depois nos EUA já sabiam há muito tempo. Mesmo não tendo feito graduação fora, eles costumavam ter contato com a graduação quando trabalhavam como “teaching assistants” (TAs) durante o doutorado. De tempos em tempos, surgem propostas de reduzir a carga horária para padrões internacionais, mas elas sempre são derrotadas nos órgãos colegiados alegando-se que iria ” baixar o nível do curso”.
Existem algumas questões aí. Falta uma séria revisão dos currículos no país. E outra: Sabine, você é professora universitária? Lhe explico a pergunta. Eu sou. Os alunos, em sua maioria, não gostam de ler, de escrever, de pesquisar. Temos que mudar a cultura. E sensibilizar, potencializar estímulo para as atividades extras. Concordo com a mudança curricular. E de uma proposta conjunta que alie prazer de estudar.
Daniela, é verdade. Trata-se de uma mudança de cultura. Eu já dei aula na graduação, hoje só dou aula na pós. Acredito que uma mudança radical repentina poderia deixar muitos alunos simplesmente com os horários livres. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine
Daniela, você é professora universitária e inicia uma oração com pronome oblíquo átono?:”Lhe explico…”. Assim não há educação que resista.
Nossa, realmente, baixou o nível da professora: imagina se, por exemplo, ela for doutora em física experimental; imagina se ela tiver participado do projeto do LHC; imagina se ela estiver trabalhando em pesquisa de ponta e tiver dezenas de patentes. É, realmente, há grandes chances desse “Lhe” descabido ainda destruir a carreira dela… que absurdo…
Concordo com você, Fabrício. Além do mais, todos da área de Letras sabem que o estilo usado na escrita (formal ou informal) varia conforme a situação, o gênero do texto, etc. E não é preciso ser doutor em Linguística para saber que comentário é um gênero informal.
Mas é no mínimo irônico cobrar gosto pelos estudos e incentivos ao conhecimento formal sem se portar de acordo.
E em nada o colega diminuiu a professora. Apenas uma crítica construtiva.
Francisco, criticar gramática de cada comentário só tira a atenção do assunto.
Faço doutorado nos EUA e sim, a quantidade de aulas daqui é muito menor e a de tarefas e atividades fora da sala de aula enormes. Mas a maioria dos estudantes de graduação aqui não sabe nada de geografia ou história do mundo, apenas americana.
O Brasil tem sim que mudar mas concordo com Sabine, uma mudança radical não acrescentaria nada. Hoje mesmo ouvi uma aluna do Ciência sem Fronteiras da área de Biotecnologia falar para 3 professores americanos que não interessa qual aula ela fizer, pode ser até piano. Grande gasto de dinheiro público para aumentar a exibição e convencimento de quem ganha computador de graça, alimentação e moradia e passa o ano fazendo aula de música e natação, não sem antes dizer que sabe “tudo de biotecnologia” (sic).
Escuto muitos comentários sobre pessoas que estão indo pro exterior através do Ciências sem Fronteiras com essa mesma ideia em mente: ir e levar a faculdade nas “coxas”. O que deveria ser feito no ciência sem fronteiras era uma graduação sanduíche em que o curso de graduação fosse concluído lá no exterior. Aí PELO MENOS forçaria o pessoal que não quer nada com a vida a estudar.
Claro, exigem a obrigatoriedade do ENEM para se conseguir vaga no ciência sem fronteiras. Um exame de ensino médio em vez de selecionar o aluno pela interesse e envolvimento no curso. Deveriam dar preferência para aqueles que fazem atividades extraclasses (pesquisa, empresa junior, centro acadêmico, atlética, monitoria, etc.). O aluno pode muito bem ter tido uma nota excepcional no enem, mas não tem o menor interesse na área, quer o diploma e “ficar rico”, na engenharia civil só tem gente querendo ser peão de obra. Engenharia que pensa, que propõe solução, disposto a desenvolver tecnologias e métodos novos não tem. E são esses que vão ficar um ano no “férias sem fronteira”.
Acredito que Daniela conheça a norma culta. “Explico-lhe” chama atenção no discurso. “Lhe explico” parece estar bem empregado de acordo com a oralidade e a formalidade requerida por um comentário.
Talvez seja esse o tipo de discussão qualitativa que Daniela e Sabine discutem. De alunos de graduação que apenas repetem trechos de apostila estamos cheios em sala de aula nas universidades.
Sim, o que precisamos no ensino de uma forma geral é mais crença de que as pessoas estão errando propositalmente.
nem seu preconceito resiste amigo.Não se julga o carater de uma pessoa por um erro de portugues.
Esse assunto é um vespeiro e o ponto central da questão é como tratar o TEMPO.
Analisando isso de forma bem superficial, pelo lado dos professores pode representar menos horas-aula em seus contra-cheques no final do mês.
O maior tempo vago, por outro lado, possibilitaria o trabalho como consultores ou em setores ligados à sua área acadêmica. Dedicação à pesquisa, aqui, é um sonho distante.
Pelo lado dos alunos, aparte o fato de que a maioria dos alunos aqui não estudam e vivem em campus, o maior tempo vago deveria possibilitar mais estudo – o que na prática não acontece em função do vício de se achar que se aprende mais presencialmente do que em frente à escrivaninha ou computador estudando ou pesquisando sobre qualquer matéria. Dependendo da condição financeira do aluno, o tempo vago poderá, muito provavelmente, ser dirigido a algum tipo de trabalho não necessariamente vinculado à sua área de estudo para ajudar em casa ou na mensalidade da faculdade. .
Acho que certos costumes levam gerações para serem alterados. Por mais que vejamos inovações na didática e metodologias de ensino ao redor do mundo, na maioria dos casos, essas novidades são de difícil implementação no Brasil.
Eu estava a ler os comentários antes de postar minha opinião, mas com a sua a minha se faria redundante.
Quem não deixa diminuir a grade não são as Universidades, mas o MEC… e (por incrível que pareça) o CREA…
A moda agora é a “internacionalização”, mas isso quase soa uma piada de mal gosto.
Mas seria natural que seguíssemos, ao menos, o modelo de Bologna, para se equiparar com o currículo das universidades européias e poder ter mobilidade de alunos com dezenas de países.
Mas se o MEC e etc. é que definem a grade, como pode-se mudar sem ser “fora-da-lei”???
Alooouuuu Ministros da Dna. Dilma – olhem com cuidado pra a educação!
Sabine, há um reconhecimento na Poli de que a carga horária é exagerada. Devo dizer, no entanto de que não é “quase o triplo” das 15 hras de Harward, como você afirma. A carga horária semanal na Poli é próxima de 30 horas semanais. Embora admitidamente grande, é o dobro de 15, e não o triplo.
Thiago, dependendo dos créditos e DPs a carga pode chegar a 40 horas (o que é bizarro). Mas a média é de 30 horas, sim. Abraços e obrigada, Sabine
Muito bom o post Sabine! Sou estudante de jornalismo e queria ter muito mais tempo para ler e me aprofundar em determinados assuntos, mas não é isso o que acontece. O pior é que não é possível ver alguma mudança nesse modelo tão cedo.
Mariana, também sou aluno de jornalismo, e é exatamente isso oque eu passo, pois na universidade somos abarrotados de disciplinas que mal a temos tempo de observá-las e estudá-las com mais cuidado.
Sabine, estou com 58 anos e curso Filosofia na UFSC em Floripa, quase terminando o curso. Faz tempo que prego a redução das cargas presenciais nas disciplinas das graduações. Com os recursos de pesquisa disponíveis nos mais remotos rincões, bastaria que tivéssemos a orientação de pesquisas e a apresentação e discussão em fóruns e seminários. Reduziríamos a necessidade, inclusive, de estruturas físicas e, com tal economia já poderíamos investir no salário dos docentes. A pressão pode começar pelos estudantes como condição de apoio aos candidatos às reitorias das Universidades Federais.
“Reduziríamos a necessidade, inclusive, de estruturas físicas”? Mas onde os alunos iriam estudar? O ideal é que estudem na própria universidade!
Sabine, acredito que para ocorrer uma mudança nas universidades públicas não seria tão difícil, o problema maior está nas universidades privadas que irão lutar com todas suas forças para que essas mudanças não aconteçam, pois com a retirada de algumas diciplinas eles perderão dinheiro.
Ricardo, esse é um importante ponto de vista. Mas será que os alunos sempre vão associar mais disciplinas com mais qualidade? Ou seja, uma universidade com menos disciplinas teria necessariamente de custar menos? abraços, Sabine
Sou um estudante do Ciência sem Fronteiras. A universidade em que estudo configura no ranking entre as 200 melhores do mundo. E apesar de termos realmente menos aulas aqui, eu creio que apesar de tudo, no Brasil temos um aprofundamento maior e mais adequado. O problema do Brasil é muito mais de estrutura, motivacional, do que de metodologia de ensino.
Oi, Gabriel, obrigada pelo seu depoimento. Em qual universidade você está? abraços, Sabine
Estou na Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona.
tem que mudar toda a dinâmica da aula, abrir pra debates de visões diferentes, mas os professores só vomitam conteudo e agente so tem que decorar tudo, nao tem abertura pra pensar.
Essa não é uma regra geral. Há professores que ainda acreditam no “vomitório do conhecimento” enquanto existem professores que abrem espaço para reflexão durante suas aulas e ao trazer atividades extraclasse para seus alunos. Leciono em instituição pública e instituição privada e o que acontece é que poucos alunos conseguem ler e interpretar um texto, menos ainda são capazes de formular ideias e uma grande parte deles só faz alguma coisa se “valer nota” ou “cair na prova”. O problema não está exclusivamente no ensino superior, mas principalmente na educação básica (Ensinos Fundamental e Médio).
Olá Sabine. Escrevi um longo texto no Facebook sobre isso, aproveitando o seu texto. Está aqui: https://www.facebook.com/tiago.batalhao/posts/10200859290392941
Estou hoje no doutorado. Na graduação não via tanto, porque me dava bem nesse modelo, mas hoje vejo como isso tem desestimulado muita gente.
Tiago, obrigada por compartilhar o texto. Concordo com você! Precisamos lembrar, inclusive, que temos altos índices de evasão inclusive na USP. Abraços, Sabine
Tenho a impressão de que pouca gente dentro da USP acha que a evasão é realmente um problema. Eu entrei na USP em um curso, e depois fiz transferência interna para outro, e acho que sou contado como evasão do meu curso original. Não vejo uma preocupação nem em saber para onde essas pessoas estão indo. O meu caso claramente não é evasão, é só que a informação que eu tive dentro da universidade me levou a rever uma decisão tomada antes, e querer mudar meu caminho.
PS: eu me formei na USP-São Carlos, e hoje faço doutorado na UFABC – Santo André.
Sabine, a nossa grade horária é absurdamente grande, de fato. Agora, essa expectativa de 1 hora fora de sala de aula para cada hora em sala de aula não faz muito sentido. É comum os alunos terem aulas de exercícios e muito, muito trabalho para casa. Claro que o tempo gasto em outras atividades é muito importante mas para isso a semana do estudante tem de ter umas 60 horas, pelo menos. O que, se for ver bem, faz todo sentido para quem tá na idade de estudar!
PS: sou professor universitário.
Parabéns Sabine. O comprometimento de um universitário há que ser com os resultados e com seus próprios méritos. O regime de Harvard e de outros centros de excelencia devem ser exemplos, na forma de fornecer o conteúdo, bem como na forma de aferir os resultados, tema pouco abordado na reportagem.
Pra mim, a questão também passa pela exigência dos professores e do tempo livre do aluno. Digo por mim. Os professores com quem mais aprendi tinham sempre essas duas qualidades: ensinavam muito bem e cobravam muito também. E também quando comecei a trabalhar, minhas médias que eram acima de 9 caíram para menos de 8. Sou completamente a favor da redução das horas-aula, mas o aluno deve se sentir motivado a estudar fora da sala (algo que muitos não conseguem sem “pressão”) ou não tiver tempo (por trabalhar e/ou morar longe).
Parece fazer bastante sentido esta estrutura dos cursos das universidades de ponta. A pró-atividade e disciplina do aluno são os comportamentos que garantirão seu aprendizado. A competência do professor surge ao definir os conteúdos adequados, esclarecer as dúvidas e estimular discussões para a consolidação dos conhecimento do alunos.
Hoje o EAD já uma realidade, tanto que as matrículas deste já são maiores do que as, dos cursos presenciais.
Prezado Francisco, nossa língua é complexa quando comparada a diversas outras. Eu mesmo vivo cometendo erros grosseiros, assim como o que você cometeu no uso da vírgula na frase acima. Há uma grande diferença entre corrigir para auxiliar ou educar e corrigir para demonstrar soberba.
Caro David, esta vírgula serve para marcar o que se chama zeugma. Não tenho formação em Letras, mas prezar pela nossa língua pátria e dever de todos. Eu prezo.
“e dever de todos” ou “é dever de todos”? Façam o que digo, mas não o que faço…
Nunca vi ninguém mais falacioso que este Francisco. Tenta desmoralizar ideias alinhadas e coerentes com base na gramática. Isto é de um mau caratismo nível José Dirceu.
Um dos problemas está na vinculação de hora de trabalho com hora-aula. Importado das particulares, graduadamente foi se impondo a concepção de que as horas de trabalho de um professor devem ter equivalência com horas-aulas dadas, ou seja, em trabalho realizado em sala de aula no sentido tradicional. Não se concebe que essas horas podem ser muito bem destinadas à orientação de pesquisas etc. Concordo também com Carlos Eduardo, tem que se promover o estudo fora de sala de aula. E, nesse caso, aparece outro problema: o financiamento dos estudos. Se pararmos para analisar, veremos que os alunos nas universidades do exterior têm bolsas de estudo que ajudam na dedicação aos estudos – embora alguns tenham trabalhos de meio período. Além disso, é necessário desenvolver a mentalidade de que estudo é algo que exige dedicação, esforço pessoal e… por isso é “igual” a um ofício (trabalho).
É muito pertinente a reportagem. Nós precisamos ver o que os outro países fazem em matéria de educação, para buscar uma forma que melhorar o nosso ensino. Eu sei que para assistir uma aula no EUA você tem que se preparar antes, ler vários livros, apostila, material do professor. A aula é uma síntese deste processo, onde o aluno tira dúvidas e o professor vai tratar de ideias e conceitos mais aprofundados. É isso.
Sou aluna de Química da USP.
A grade curricular é absurdamente desmotivante. A média de aula aqui é de 32 horas semanais.
Ficamos quase todos os dias das 8:00 as 18:00 na faculdade, somos entupidos de matéria. Não temos tempo de estudar, de pegar no livro e nos dedicar ao conteúdo.
O resultado disso é sermos obrigados a estudar por apresentações de slides ou apostilas resumidas ou pior ainda: levar muitos alunos a colarem boa parte das provas pra conseguirem sobreviver ao curso.
Há muito tempo as universidades (principalmente as publicas, eu diria) deixaram de formar alunos de excelência. Não por culpa dos alunos, mas pela falta de estrutura e condições.
Ficamos sempre exaustos, estudando durante uma disciplina pra conseguir fazer a prova da outra, dormimos nas aulas para poder estudar de madrugada.
Não há meios de ter uma boa formação desse jeito.
Esporte, cultura, vivência? Não sei o que é isso desde que entrei na USP.
Precisamos com urgência de uma revolução no ensino que consiga proporcionar, de fato, uma estadia de formação na universidade e não uma sobrevivência.
Além da desmotivação que esse método que vc descreveu proporciona não podemos esquecer o stress a que somos expostos.Eu por exemplo, todo fim de semestre entro em colapso nervoso sempre com doenças relacionadas ao stress. Já tive que procurar um psiquiatra pra dar conta do desgaste emocional que sofro desde que entrei na universidade. É desesperador.
Fernanda, esse fenômeno que você menciona pode render uma outra reportagem. Seria interessante analisar o estresse ao qual os estudantes universitários estão submetidos. Agradeço se puder me contar com mais detalhes o seu caso: sabne.righetti@grupofolha.com.br abraços, Sabine
Quem determina o mínimo de horas-aula dos cursos de graduação é o MEC.
Assim, pouco as universidades podem fazer para mudar o cenário atual.
Discordo. Existe a Resolução 2/2007 do CES/CNE/MEC que trata de carga horária mínima x anos de integralização de cursos presenciais.
Considero razoável, por exemplo, que um curso com carga horária entre 3000 e 3200 horas tenha de ser concluído em no mínimo quatro anos como consta na Resolução. Isso significa, na prática, até 400 horas por semestre ou 20 horas por semana (quatro horas de segunda a sexta).
Acrescente-se a isso o fato de que a mesma Resolução permite que até 20% da carga horária total do curso seja cumprida na forma de estágio supervisionado e atividades complementares, ou seja, fora da sala de aula.
A mesma resolução dá às instituições a prerrogativa de fugir da regra desde que seja justificado no projeto pedagógico do curso. Assim, se um curso que tem duração de quatro anos tem uma carga horária superior, foi graças à decisão da instituição.
O que não está colocado nesta reportagem é que os cursos das universidades de ponta americanas são em tempo integral e os alunos, no geral, quando trabalham, trabalham em tempo parcial e, muitas vezes, na universidade.
Aqui no Brasil esta nã é a realidade, exceto alguns cursos de universidades públicas. Agora, para o padrão de aluno brasileiro, que trabalha o dia todo e faz curso universitário a noite, a melhor solução ainda é uma grade amarrada e densa, este aluno não tem tempo “livre” para outras atividades, exceto os finais de semana. Para que isso funcionasse por aqui teriamos que mudar o conceito de curso universitário geral aqui no Brasil.
Concordo. E aqui na UTFPR estamos tentando reduzir a carga horária de um de nossos cursos, o de Sistemas de Informação.
Concordo com o que foi dito, mas…
Lá as regras do jogo são diferentes, as coisas em geral são mais fáceis. É mais fácil arrumar um emprego, existem mais estágios disponíveis, entre tantas outras coisas(fui aluno do Ciência sem Fronteiras).
Estou atualmente no 5º Ano de Engenharia na supracitada Escola Politécnica, e dizer que o aluno possui 60 horas aula/semana é uma mentira sem cabimentos.
A grade horária média do 1º ao 3º ano é de 30 horas aula/semana, a qual é reduzida a partir do 4º ano.
Prezado jornalista, favor informar-se ao elaborar as matérias.
E ainda que fosse de 60 horas semanais, eu gostaria muito de ter podido estudar numa Poli/USP, instituição da qual saem alguns dos quadros mais competentes em suas áreas, reconhecida nacional e internacionalmente. Teria ficado muito contente em passar 12 horas suadas por dia na universidade, se tivesse condições para isso na época. Gostaria eu hoje de poder estudar 12 horas por dia com investimento do governo e ainda podendo participar de programas de iniciação científica e outras iniciativas desenvolvidas em determinadas instituições.
Prezada Sabine!
Só para lembrar: não é a CAPES que exige produção e publicação de artigos, seja ele de que forma e qual conteúdo tiver? hoje presenciamos uma enxurrada de “qualquer coisa publicada a qualquer preço” e ainda defender que a “redução das horas-aulas liberaria os professores para fazer mais pesquisa. E, quem sabe, poderia até fazer com que a quantidade de vagas se expandisse”. Não entendi!
Se com os atuais currículos dos cursos, considerados por alguns como exagerados, está sendo formada uma legião de inaptos para os desafios do mercado de trabalho, que dirá com menos disciplinas?
Alguns defenderão a ideia de que a formação básica dos alunos que entram nas universidades de hoje não é suficiente para que eles tenham autonomia para uma inversão de horas como essa. Mas será que isso não pode mudar sem que tenhamos que reconstruir todo o sistema educacional brasileiro? Os alunos que estão saindo para o CsF nem sempre são selecionados por mérito e, portanto, não são os excelentes alunos daqui. Mas será que eles não se adaptam ao modelo estadunidense se for preciso? Sou professor universitário e tenho certeza que meus colegas que não fazem pesquisa nem extensão vão dizer (e dizem) que concordando com isso é sinal de que eu não gosto de trabalhar. Afinal, como pensam muitos aqui, somos contratados para dar aulas. Se for só pra dar aula, o Brasil está gastando muito dinheiro a toa, contratando doutores para uma média de 10 horas semanais de sala de aula… Teremos um longo caminho até que as coisas mudem por aqui…
Conheço alguns alunos de CsF, a maior parte dos quais foi para Grandes Écoles francesas. Seria exagero dizer que se adaptaram: a maior parte não daria conta de um semestre à sério.
Isso que digo é bem anedótico, mas acho que se aplica em outros países, afinal a cobrança sobre o aluno pelo programa CsF é extremamente baixa: 3 disciplinas quaisquer, e em universidades do exterior, duas dessas disciplinas fatalmente serão de Humanidades ou línguas estrangeiras.
Dito isso, a maior parte dos alunos de engenharia em universidades públicas não vai ou não presta atenção nas aulas (e por bons motivos), então reduzi-las não causará nenhum prejuízo real.
O buraco é mais embaixo!
A quantidade maior de disciplinas nas universidades brasileiras se deve em grande parte ao fato destas instituições estarem assumindo a responsabilidade, em parte, do que o ensino fundamental e médio deveria fazer. Comparar Harvard a uma universidade brasileira não faz sentido, ela está amparada por toda uma estrutura onde a maioria de seu corpo discente é formado por pessoas das mais altas elites sociais e que sempre tiveram acesso ao ensino da mais alta qualidade. Muito diferente da realidade brasileira. Portanto, sem querer entrar demais no assunto, querer simplesmente reduzir a quantidade de horas/aula nas universidades brasileiras não levaria necessariamente a um melhor desempenho dos alunos, uma vez que os alunos daqui não são os alunos de Harvard! Simples assim.
Não vejo como negativo que estudantes e professores tenham tempo livre, ao contrário. Se as aulas e atividades forem em número suficiente, e não massacrante ou exagerado, podem ser intensas e estimulantes a ponto de que o tempo livre seja o de estender o olhar do que ali se aprendeu ao que se vive. Tenho visto cada horário ser tomado por alguma atividade “pedagógica” que tira de professores e alunos qualquer oportunidade de reencontrar a vida e na vida o que discutiram e pesquisaram. Dou aulas de filosofia e vejo colegas que não têm tempo para escrever, alunos que não podem “se dar ao luxo” de ler um romance! Mas estão em escolas aplicando oficinas sobre literatura…
Gostei muitíssimo da matéria! Você deve insistir no tema, que abre e divulga uma seriedade e afasta do produtivismo, imposto por quem submete a eduação ao mercado.
educação*
Olá Sabine,
Interessante o seu post. Importante comparação sobre as horas de estudo em sala de aula nas universidades do Brasil (por exemplo, a Poli-USP) e as melhores do mundo (por exemplo a Harvard). Mas alguns pontos não foram levados em consideração:
1. A estrutura do ensino universitário nos EUA é fundamentalmente privada e sua natureza e finalidades são essencialmente voltadas para o mercado;
2. Os alunos dessas universidades, inclusive bolsistas, têm que demonstrar em seu processo de seleção domínio muito acima da média em várias áreas (relativas aos cursos pretendidos), assim como uma realidade econômico-social no mínimo estável para que nelas possam permanecer;
3. Se nos EUA o aluno tem condições de estudar em casa, participar de outras atividades da universidade etc., o que permite a redução da jornada em sala de aula, no Brasil o aluno de fato não estuda, infelizmente porque na maioria das vezes nem aprendeu a ler (tecnicamente) os textos básicos de sua área… Além disso, em sua maioria, tem que trabalhar para sobreviver, seguindo o lema latino, registrado por Hobbes: “Primum vivere, deinde philosophare” (Primeiro viver, depois filosofar), permanecendo mais tempo no trabalho que na universidade e em casa… Quando já “vive”, nem sempre aproveita o “pouco” que a universidade lhe oferece e que lhe foi negado ou mal ensinado na educação básica…
4. Mesmo que a discussão se restrinja àqueles alunos de cursos integrais, o tipo de profissional formado no Brasil e nos EUA se distingue de maneira crucial no que diz respeito à destinação do profissional, tendo em vista as finalidades institucionais de sua formação, mas também o background que ele trouxe de sua formação básica, seja escolar, familiar ou cultural;
4. O ensino universitário nos EUA assumidamente não é para todos; no Brasil, cada vez mais, o ensino superior é visto como se já fosse para todos, de modo irrestrito; caso em que a maioria faz de tudo para que se facilite a entrada de alunos, muitas vezes sem nenhuma condição, sejam admitidos nesse nível de ensino; o que já se faz sentir inclusive em muitos programas de mestrado e doutorado;
5. Em todo caso, em muitos pontos o modelo brasileiro é superior ao norte-americano, sobretudo naquilo em que não decidiu copiá-lo; a educação superior publica e de qualidade é um exemplo, a tentativa de ampliar o espaço para mais discentes na vida universitária igualmente.
Falta-nos entretanto um adequado equilíbrio entre o que cabe ao ensino público e o que cabe ao privado em todos os níveis de ensino, a destinação final dos alunos do ensino médio para as universidade e certa compensação institucional (adequada) para aqueles que não tiveram condições reais de receberem um ensino de qualidade na educação básica.
Temos avançado nisso, mas o mais importante é criar hábito de leitura já no ensino primário e condições para que já aí a educação seja integral. Se hoje estudamos em demasia e muitas vezes sem uma condição adequada é porque estamos anos luz atrás da grande maioria dos países no âmbito da educação básica, não no ensino superior, no qual podemos não ser os primeiros do mundo, mas com certeza já somos referência em muitas áreas…
Não sejamos simplistas. Harvard não é para todos, mas sempre existem os community colleges. E existem universidades públicas no EUA, só não gratuitas. De qualquer modo, existem universidades públicas e gratuitas de excelente qualidade, mas note que elas são todas em países muito mais ricos que o Brasil, ou recentemente na China.
E obviamente, em nenhum lugar Ensino Superior de qualidade é para todos: quem defende isso é meio doido ou inconsequente. Ensino Médio e Fundamental de boa qualidade, por outro lado, isso existe sim em alguns países, mas todos ricos…
Para os que gostam de comparação, seria importante perguntar a quem interessa ou no interesse de quem tal comparação é feita, assim como que tipo de comparação?
Sugiro para isso que observem essa interessante matéria da Exame, sobre as 10 melhores universidades públicas norte-americanas. Públicas, mas pagas…
http://exame.abril.com.br/carreira/guia-de-faculdades/noticias/as-10-melhores-universidades-publicas-dos-eua#2
Sou professor universitário com doutorado em engenharia. A análise do texto é corretísssima. O aprendizado se dá pelo estudo individual. Uma boa aula é aquela que visa orientar os alunos no que estudar, tirar dúvidas e fazer pensar. Quanto mais aulas, menos tempo o aluno tem para estudar.
Gostaria de acrescentar mais um assunto. Enquanto no Brasil os alunos de todos os níveis de ensino saem de férias por 60 dias a cada ano, na Europa (EUA, etc.) as férias escolares variam de 90 a 120 dias distribuídas ao longo do ano. É por isso que o estudante brasileiro detesta a escola. Tudo que é excessivo enjoa até dar nojo.
Galileu, Newton e Einstein são exemplos do que o tempo livre pode proporcionar a uma mente privilegiada. Se tivessem vivido no Brasil nos dias atuais nunca teriam realizado o que fizeram para a humanidade.
Meu amigo, vou te dizer do alto do meu realismo que nem com todo o tempo da minha vida e com a dedicação da qual disponho seria capaz de igualar o feito desses 3.
Tua intenção é boa mas vamos ser razoáveis. Existem variáveis fora do poder da vontade.
Nos E.U.A. eles tem esse “privilegio” de ter menos horas/aula na universidade, talvez devido a uma boa “base” digamos assim no high school deles. Não que eu seja contra a mudanças a mentalidade nas nossas universidades como PODERIA rever a questão de horas/aula como um exemplo mas isso não vai adiantar se toda a nossa estrutura que vem nos primeiros anos de estudo está debilitada. É como corrigir problemas de um prédio e não começar por sua fundação.
Sou professor universitário e concordo integralmente com você muitas universidades desenham seus cursos para atender seus interesses internos e não as demandas de formação para preparar o aluno para o mercado. Gera curriculos inchados, temas repetidos e falta de outros temas importantes. No final temos muita aula e pouco estudo… Triste realidade de nossas universidades. Estamos dando uma formação do século passado.
O site faz comparações generalista, comparem a estrutura curricular de cursos idênticos e apresentem o resultado.
Garanto que as estruturas serão idênticas.
Se for para fazer alterações na grade curricular teriam que rever também a forma de ingresso. Pelo vestibular atual, o aluno que mantém o ritmo colegio/cursinho é o que tem melhores chances de ingresso, assim boa parte dos alunos não estão acostumados com tempo individual de estudos.
Estudo em uma faculdade que segue o modelo americano. No entanto o que se vê é um alto índice de reprovação (maior do que em outras faculdades com mesmos cursos) e o aluno deixando de aprender o que deveria. Claro que existem outras razões para isso que não a carga horária, mas esta é com certeza a maior delas. Só quem faz exatas sabe o quão doído é aprender cálculo, física, em metade do tempo que se aprenderia normalmente. E ter 10 listas de cada matéria pra resolver fora da sala de aula não significa que o aluno vai aprender melhor. A pequisa na minha universidade é realmente super proeminente, há vários programas de iniciação científica, empresa júnior e todo tipo de atividade extracurricular. Mas há de se medir qual a importância disso quando o ensino fica defasado.
É isso aí.
Se a situação está assim na Poli, o que dizer de outras universidades?!
Daí quando você propõe em discussões na “Fafupi” em que trabalha que a carga horária seja reduzida pra dar lugar a atividades de pesquisa e que sejam montadas grades com disciplinas optativas eletivas, vc é que está fora da realidade. . .
As vagas em universidades e faculdades particulares brasileiras aumentou em função da diminuição drástica da qualidade do que é ensinado. Nelas não é realidade ainda que exista um tripé Ensino-Pesquisa-Extensão em que cada um dos pilares tem igual importância. Infelizmente em boa parte dos casos, nem mesmo os professores sabem o que isso significa. Experimente pedir pra um deles escrever um artigo. Veja seus currículos na Plataforma Lattes.
Essas universidades não são mais do que cursos profissionalizantes míopes, dos quais os alunos saem apenas com algum conteúdo a mais do que o que tinham quando entraram.
E não penso que isso esteja melhorando. A entrada das grandes redes corporativas não tem compromisso nenhum com a qualidade do nível superior. Elas chegaram ao Brasil porque ainda existe a mentalidade de que educação seja uma mercadoria – que se vende e a partir da qual se obtém lucro. E muito lucro! Tanto pelo sucateamento das condições de trabalho dos professores quanto pelo descumprimento e fraude geral das regras estabelecidas pelo MEC – para a qual os mesmos professores que reclamam da corrupção no Brasil são coniventes.
E todos sabemos bem do que eu estou falando. . .
A questão é que o aluno brasileiro aprendeu (só não sei onde) que tudo que ele deve saber tem que, obrigatoriamente, ser falado em sala de aula. O professor fica algemado para cobrar algo que ele não falou em sala, o que faz com que as aulas sejam um copiar no quadro o que já está escrito nos livros.
Olá Weber. É uma tem longo, e rapidamente vou colocar os seguintes fatos:
a) Aluno ¨fala¨ do que metodologia e processos permitem.
b) É desonestidade avaliativa o aluno não tirar excelente com apenas o que o docente trabalhou objetivamente em sala de aula;
c) Nas minhas avaliações (3 e precisa somar no mínimo 15 pontos para ser aprovado) em cada uma consta sempre 10 pontos do que trabalhei com isso, inclusive com lista de exercício. Virar mais até de 15 do que esse possa ter estudado por fora, ourtas referência e até mais profundamente, não ficando impossível tirar excelente já primeira prova. Fácil não é, mas impossível jamais.
Esse mal do excesso de aulas na graduação está disseminado entre as universidades públicas brasileiras. E o pior, ele invadiu a pós-graduação também! Em alguns programas de doutorado, a carga horária de disciplinas é tão alta que quase chega a ser uma segunda graduação. Por outro lado, em alguns países da Europa, basta fazer a tese de doutorado para se obter o título.
Sou professor de uma das mais importantes universidades federais do país. Na minha opinião, um dos fatores que contribui para o excesso de aulas é uma exigência que existe em relação aos professores: a carga-horária mínima de aulas. Nas federais, cada professor tem que ministrar no mínimo 8 horas de aula por semana, sob pena de ter seu salário reduzido. Em alguns departamentos, os professores chegam a brigar pelas aulas! Imagine então um departamento com 50 professores: haja disciplina para encher a carga-horária de todos eles.
Essa exigência não existe nas universidades americanas de ponta. Alguns professores dão somente uma disciplina, ou apenas coordenam a disciplina, sem dar aula, e assim ficam completamente livres para a pesquisa. Isso acontece porque a universidade não vai “desperdiçar” o tempo de um professor pesquisador com aulas. As aulas são dadas por professores em início de carreira, alunos de doutorado ou pós-doc.
Felipe, obrigada pelo comentário. Bem lembrada a exigência do tempo mínimo de aula aos professores. Abraços, Sabine.
Prezado Felipe,
só não concordo com o fato de que as aulas devam ser assumidas exclusivamente por professores em início de carreira e alunos de doutorado e pós-doc. Penso que quem deve se dedicar às aulas são àqueles que se dispõe à ministrá-las com entusiasmo e competência. O que ocorre hoje nas universidades é que os todos os professores/pesquisadores são obrigados a dar um mínimo de aulas ao mesmo tempo que devem fazer pesquisa para ascender na carreira. Acaba que não se dedicam nem a uma coisa, nem a outra com grande eficácia.
Penso que cada país tem as suas características. No Brasil se reduzissem a carga horária iria significar para o estudante mais tempo livre e não tempo para estudar por conta própria
Maria, isso pode acontecer mesmo. Esse tipo de mudança tem de ser feita com cuidado. Abraços, Sabine
Dois problemas que são entraves pra uma reforma do Ensino Superior no Brasil:
1. O excesso de conservadorismo e acomodação do corpo docente e dos servidores técnicos das Universidades que deveriam ser vanguarda (USP principalmente)
2. A máfia dos conselhos regionais, que regulam os currículos acadêmicos e a atividade profissional e impedem as universidades de inovar no ritmo que precisam.
Mas há esperança, o que se iniciou com a UFABC e UFBA vai melhorar bastante com a proposta ainda mais inovadora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Mas o governo vai ter que dar um jeito de brecar (diria até extinguir) os conselhos.
Guilherme, bem lembrado! As propostas das federais que você menciona são uma resposta. Só não conheço a proposta da federal do Sul da Bahia. Como é? abraços e obrigada pelo comentário!
Prezada Sabine,
Acompanho regularmente o conteúdo publicado no seu blog e quase sempre tenho divergências quanto à ênfase dada a alguns assuntos. Entretanto, desta vez decidi opinar, por considerar que o tema abordado é de fato importante. Desde 1995, trabalho como Pesquisador em Ciência e Tecnologia no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN-SP). Sou Bacharel em Física, Mestre e Doutor em Física Nuclear, formado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP). Com base em minha experiência como aluno de graduação e de pós-graduação do IFUSP na década de 80 e no início da década de 90, asseguro-lhe que a (sobre)carga horária de aulas, que já naquela época atingia cerca de 30 horas semanais, vem de longa data, com o corolário de estafa dos alunos no final de cada semestre e desmotivação duradoura da maioria deles. Em contrapartida, adquiria-se um vasto conhecimento enciclopédico sobre a Física como um todo, permitindo ao profissional formado “rastrear” muito rapidamente quaisquer tópicos dessa Ciência, mesmo aqueles que não fazem parte diretamente do seu trabalho cotidiano, com razoável profundidade.
Nesse contexto, o problema maior não consiste na carga horária de aulas propriamente dita, ainda que reconhecidamente intensa, mas sim na forma como as aulas são geralmente ministradas. Para a maioria dos docentes, a atividade didática é encarada como um fardo pesado a ser carregado em prejuízo das atividades de pesquisa, as quais são mais importantes para a ascensão na carreira acadêmica. Uma solução seria a criação de mecanismos que valorizassem efetivamente as atividades didáticas no plano de carreira dos docentes universitários, incentivando o aprimoramento das técnicas de ensino e melhorando o aprendizado dos alunos já em sala de aula. Provavelmente, isso acarretará a substituição futura do modelo de aula analítico-expositiva clássico, uma herança do século retrasado que, sem grandes alterações, perdura até hoje.
Portanto, antes de sugerir a mera cópia acrítica de estruturas que são adequadas para realidades totalmente diferentes da nossa, creio que seria bem mais eficaz e interessante elaborar propostas concretas que contribuíssem para o aperfeiçoamento das aulas, seguindo as ideias gerais expostas no presente comentário.
Concordo com você, Luís. Como a carreira docente é avaliada pela produtividade científica, muitos professores vêem as aulas como perda de tempo. Se houvesse valorização das atividades didáticas, aqueles professores que têm maior vocação para aulas se dedicariam a isso, enquanto os que têm maior vocação para a pesquisa não precisariam dar tantas aulas. Como falei, um dos problemas é a exigência de dar no mínimo 8 horas de aula por semana. São no mínimo 4 aulas, e de pelo menos 2 disciplinas. Sem falar na preparação das aulas, provas e trabalhos. Dar aula toma muito tempo, e isso está relacionado à qualidade. Com menos aulas, o professor também tem mais tempo para preparar cada aula com cuidado, pensando na abordagem, etc. Mas com a carga esmagadora de aula que temos, nós entramos em um modo padronizado de aulas, para otimizar o tempo. É daí que surgem as aulas chatas expositivas.
Prezado Felipe,
eu acredito que a carga horária de aula de um docente de nível superior é razoável quando não é pequena. Uma carga horária de 8 ou 12 horas semanais não é muito para um docente com dedicação exclusiva ou em regime de 40 horas semanais. Com esta carga horária sobra tempo para pesquisa e extensão que, do meu ponto de vista, é obrigação de todo docente de nível superior. O problema exposto é sobre o excesso de aulas do estudante de graduação. Eu até concordo que a carga horária seja de fato excessiva, mas ela é mais dependiosa por conta do nível dos estudantes que tem entrado no ensino superior. Acredito que o maior problema esteja no ensino fundamental e médio. Se os estudantes de ensino básico tivessem uma boa formação, tenho certeza que a carga horária dos estudantes de ensino superior poderiam ser reduzidas sem prejuízo de formação acadêmica.
Prezado Luís,
Não podia deixar de manifestar minha concordância com o com tudo que pontuou.
Também discordo da simples cópia acrítica de um modelo de uma universidade de sucesso. A realidade, por exemplo, de alunos dos cursos de licenciatura em período noturno, mesmo nas melhores universidades brasileiras, é muito crítica. Além do excesso de disciplinas fragmentadas soma-se o fato de que a grande maioria dos alunos trabalha em período integral, não tendo um tempo mínimo para reflexão e amadurecimento dos conteúdos visto nas aulas.
Prezado Luís Antônio, obrigada pelo comentário. Acredito que já nos falamos algumas vezes na época do terremoto de Fukushima! De fato, a maioria dos docentes encana as aulas como um fardo – ainda mais na graduação. Mas será que isso não está ligado com a quantidade de aulas que eles devem ministrar? Abraços, Sabine
Sabine, de fato nós já interagimos antes, mais precisamente em março de 2011 durante entrevista por telefone sobre o acidente nuclear de Fukushima, ocorrido no Japão. Saúdo efusivamente sua iniciativa em criar e manter um blog cuja temática é ensino e pesquisa científica, mas discordo do viés ideológico com forte influência anglo-estadunidense que por vezes você confere à abordagem dos problemas nacionais relacionados às áreas de educação superior e de ciência e tecnologia. Eu custei a entender que os problemas nacionais têm peculiaridades que exigem soluções únicas, as quais não se restringem a copiar ou mesmo a adaptar modelos importados. Espero que, com o tempo, você também venha a adquirir essa clareza. Abraços!
Eu acredito que comparar universidades de fora e ainda mais de ponta, com as universidades brasileiras não é adequado. A cultura dos estudantes brasileiros de ensino básico que ingressam no ensino superior é infinitamente diferente. Os estudantes brasileiros do ensino básico não tem o hábito da leitura e não são educados para buscar ou produzir conhecimentos. Muitos estudantes (talvez a maioria) não conseguem aprender com um ou mais livros, só lendo e resolvendo problemas e questões. Reduzir a carga horária em sala de aula, portanto, é um grande equívoco nesta cultura, a não ser que se tenha também uma reforma cultural na educação básica ou uma estratégia muito bem bolada para que a formação dos profissionais não fique defasada nesse processo de transição.
George, obrigada pelo comentário. Talvez a flexibilização nos currículos deva começar já na educação básica. Abraços, Sabine
“Gap” do ensino superior? Como é o ensino fundamental e médio nesses países? Como fazer com que analfabetos funcionais se dediquem à leitura? Comparar o final da linha daqui com o final da linha de lá sem considerar todo o resto não me parece algo a se levar muito a sério…
Mauricio, é verdade. A educação básica é ainda um problema bem maior a ser resolvido. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine
Uma redução da grade horária tem que ser associada a maior exigência de estudos fora da sala de aula, acho que isso só seria mostrado quando o tal Provão que não conseguiram implantar funcionasse. Fiz Poli e felizmente estudei muito por fora, haviam listas longas de Cálculo, Algebra, Fisica, Termodinâmica e Fenômenos de Transporte. Além disso eu fazia parte da equipe de atletismo, sempre achei o tempo apertado, mas a faculdade era tão difícil que precisava que eu estudasse por fora. Eu queria que todas as faculdades exigissem que seus se dispusessem a estudar, teríamos melhores profissionais. Mas no Brasil é a cultura de que o professor não cobra além do que deu em sala de aula porque aluno reclama.
Rodrigo, muito obrigada pelo seu comentário! abraços, Sabine
Concordo com a diminuição da quantidade de aulas a fim de aumentarmos a qualidade, mas a matéria ficou um pouco exagerada. Sou aluno da Escola Politécnica da USP e o período ideal é de 28 horas/aula por semana (quase o dobro e não o triplo). Ademais, são muitos os que fazem algo fora da engenharia. A crítica, acredito eu, continua válida, mas o texto ficou ‘um pouco’ exagerado.
Olá…sou acadêmica de um curso da saúde, de uma universidade federal…E acredito que o problema abrange diversas esferas: o ensino básico precário (como estudei em escola pública, vivi a greve e perdi parte dos conteúdos para a faculdade); em um curso da saúde passasse em média 4 semestres (4) aprendendo a base, para depois aprender as matérias específicas, pois não aprendemos estes no ensimo médio, assim são semestres a mais necessários…além disso, o problema não é somente na carga horária, mas no ensino em si, o ensino está defasado, os laboratórios, falta de monitores além dos horários da aulas (e assim falta de vigilantes), falta de avaliação periódica dos professores (eles também precisão)…como faço em curso da saúde diurno passo o dia tendo aulas na universidade, sobrando noites e finais de semana para a pesquisa (o que é difícil, pois a maioria são com seres humanos, não disponíveis nesses horários)… Acredito sim que a redução da carga horária de aulas pode aumentar a pesquisa mas primeiramente outros setores da educação devem ser observados e corrigidos.
Concordo plenamente! Fiz meus estudos de graduação, mestrado e doutorado na Sorbonne, França, e jamais tivemos mais do que 12 horas por semana em sala de aula. Em compensação, o volume de leituras e a demanda por produção de conhecimento eram a peça chave para a formação dos futuros pesquisadores e professores. Hoje leciono em uma univerisdade que tem mais de 30 horas aula por semana, totalmente desnecessárias.
Essa é a maior diferença, você se sente livre para estudar. Sem contar que geralmente as disciplinas são em sequencia e não paralelas. Você faz uma disciplina sobre um assunto durante 1 mês e metade da avaliação e sobre exercicios que você faz cada semana, você ainda pode escolher se vai fazer uma prova (e a unica) em uma data futura ou nao. No Brasil você tem que se preocupar com as 5 provas que você tera daqui um mês na mesma semana de 5 materias diferentes que vc não estudou direito e fez pouco exercícios porque vc estava em dezenas de aulas mal distribuídas e isso se repete nos próximos 3 meses, o problema só vai se agravando. A possibilidade de focar em um só assunto te permiti com muito mais prazer aproveitar e ter e um conhecimento mais profundo e seguro do que você está estudando, sem contar que você é avaliado nesse caminho e não em 3 provas que não refletem o que você realmente deveria ter aprendido, pois para isso você precisa do seu tempo.
Antes de fazer qualquer redução da carga horária deve pensar no tipo de curso. curso na área de humanas (como a maioria em Harvard) realmente não precisam de tantas aulas, pois o conhecimento vem através das leitura individual ou em grupo. Mas engenharia é algo mais complexo. Se for para reduzir carga horária, deve ser substituída por estágios obrigatórios, esportes obrigatórios, atividades extra curriculares obrigatórias, inglês obrigatório, os alunos podem utilizar esta hora extra para algo menos produtivo. Mas para isso as universidades devem estar preparadas com complexos esportivos, grandes bibliotecas e muitos livros, o que não acontece no Brasil em todas as universidades, na UFVJM estamos criando, mas alguns professores sem “parâmetros” criticam afirmando que estes espaços ficarão ociosos…o que duvido. Abraços e ótima reportagem.
Concordo com a diminuição de aulas expositivas. Quantidade não é qualidade, como também não é intenção da graduação transformar um aluno em expert em determinada área. Uma professora de parasitologia reunia alunos de graduação com os de pós e avançava no limite de horário da aula, que chegava a terminar às 19h30. Isso era para facilitar a vida dela, e não para ensinar os alunos. Exigia na prova muitos detalhes que não interessam para a formação global do profissional. Resultado: muita energia dispensada a uma matéria, que acabava prejudicando o desempenho em outra matéria mais ou tão importante quanto.
Gabriela, obrigada pelo comentário e pelo depoimento! abraços, Sabine
Sou professor universitário no Brasil e recentemente (2011) fui aluno de doutorado sanduíche na Alemanha. Concordo e venho dizendo há certo tempo de que precisamos reduzir a carga horária de aulas de alguns cursos para podermos avançar na pesquisa e extensão!
Ismael, obrigada pelo comentário! abraços, Sabine
Como disse outro colega” Havard não é para todos”. Um percentual muito baixo da população mundial teria capacidade intelectual de se formar lá. O método é aplicável somente aos gênios muito esforçados. Porém, defendo que o ensino deveria ser mais fundamental e menos prático. A prática se renova a curto prazo. Qualquer aprendizado prático se torna obsoleto rapidamente, antes de o aluno se formar. Os fundamentos são perenes e aplicáveis à qualquer prática. O ensino com alto peso prático reduz a capacidade intelectual do aluno/profissional. Ele não aprende a pensar sobre o assunto. Com bom aprendizado fundamental, nos tornamos livres para pensar e encontrar soluções.
Outro ponto interessante é que no Brasil apredemos responder as perguntas mais difíceis. Nos EUA eles ensinam os alunos a formarem as melhores perguntas. O domínio é exercido por quem faz as perguntas. Os respondedores são manipulados e guiados por aqueles.
Não devemos esquecer que o sistema educacional americano é bem diferente do brasileiro. Lá, os ensinos fundamental e médio proporcionam uma boa base para o aluno que deseja ingressar no ensino superior. Infelizmente, isto não ocorre aqui no Brasil. Sou professor de engenharia mecânica de uma universidade pública e percebo isto diariamente.
Creio que buscar soluções para os problemas da educação brasileira tendo como modelo universidades europeias e norte americanas (Universidade de Harvard, por exemplo) não é um bom caminho, pois as realidades (falando de um modo geral) são completamente diferentes. Em vez de discutir redução de carga horária, por que não discutir também a reativação dos cursos de extensão universitária, o melhor aproveitamento da carga horária já existente com a realização e a promoção de cursos extracurriculares, visitas técnicas, atividades fora da universidade, iniciação científica? Sem falar das condições físicas das universidades brasileiras que deixam a desejar. Como manter professores e alunos em universidades que não oferecem o mínimo?
Acho que antes de discutirmos se “o bife está mal passado, ao ponto ou bem passado”, temos que discutir ” se tem ou não o arroz com feijão”. Para se ter uma ideia desta disparidade entre os sistemas, reproduzo aqui o que o meu chará Alexandre disse anteriormente: “Nos EUA eles ensinam os alunos a formarem as melhores perguntas. O domínio é exercido por quem faz as perguntas. Os respondedores são manipulados e guiados por aqueles.”.
Tomemos cuidado com as respostas prontas e as soluções caixa preta para não sermos manipulados e guiados. Obrigado pela atenção!
Realmente, isso se resolve reduzindo o número de cadeiras das universidades, fortificando o ciclo básico e focando o ensino médio com os ciclos básicos do curso superior como por exemplo cálculos, físicas, químicas e programação.
Assim então, o aluno de engenharia já engajava diretamente nas matérias específicas de curso aprofundando muito mais nos temas e nos laboratórios!
No período de provas na universidade vejo o meu filho se desdobrar para dar conta de estudar para as sete ou oito disciplinas por semestre no curso de engenharia de produção. Agora, pelo ciências sem fronteiras, na Escócia, está fazendo quatro disciplinas semestrais, três dias na semana. Ele está mais relaxado, curtindo verdadeiramente as aulas, que são muito dinâmicas e interessantes, e está aprendendo com prazer. Sua confiança nos professores preparados e dedicados o está estimulando bastante. Aqui ele tem que lidar com professores com egos enormes e despreparados. Realidade lamentável!
Concordo plenamente com a tese, mas nosso alunado não tem condições reais de construir o conhecimento, haja vista a pobreza das bibliotecas, mesmo as virtuais, em que frequentemente é necessário pagar por ebooks e artigos (o periódico Capes não é completo!), o número reduzido de bolsas de iniciação científica, a miséria no valor dessas e das bolsas de monitoria e o ainda limitado acesso à web, etc.. Estrutura para praticar esportes? Tá brincando. Atividades culturais? Menos ainda. Ou seja, o telhado não vem antes do alicerce.
Universidades de ponta, recebem alunos preparados do nível médio, não podemos esperar isso aqui no Brasil.
Caríssimos, vejamos os exemplos de países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, etc. e repliquemos o que está dando certo nestes países, pois é melhor repetir o que está dando certo do que querer inventar a roda. Detalhe, devemos adaptar os melhores exemplos para nossa realidade de Brasil, mas a estrutura existente no sistema de ensino destes países não se diferencia muito entre os mesmos, ou seja, há uma certa similaridade.
varias falácias e vários erros de conceitos .. um dos conceitos fundamentais n discutidos refere-se ao fato q Profs. de faculdade são guias na construção do pensamt lógico, científico, técnico nas respectivas áreas de conhecimt .. e nao prof. de 2o grau (nivel medio) q hj em dia assumem mais a função de pais (acolhedores) do q instrutores e formadores de mentes pensantes .. outro conceito é que aula é uma coisa, prova é outra .. e atualmt o q interessa é avaliar a capacidd de armazenar e recuperar conhecimt .. e as aulas s so’ p dar banco de dados p serem testados .. além disto .. a afirmação de gap n é necessariamt correta .. nada garante q melhorará ou piorará .. (isto e’ um equivoco de construção logica do pensamt e do q é ciência) .. vamos às falacias .. afirmar q irá funcionar, i.e., q é um gap, é afirmar q o nivel, o grau de interesse e a questão antropologica p comportamt sociais sao equivalentes .. o q n e’ .. pode ate’ funcionar, mas será por outras razoes .. outra falacia é assumir q aula d+ atrapalha .. depende da aula e depende do proposito .. particularmt acho q ensino baseado em problema contribui de maneira significativa ao aprendizado .. outro grave equivoco .. e pior, defendido por mentes brilhantes .. q diminuir aula vai aumentar vaga .. falso .. pq remete a prof ter mais salas de aula .. e isto n vai acontecer, principalmt, em instituicoes publicas .. enfim .. poderia continuar .. mas, se e’ q alguem vai ler este txt longo, .. n poderei me fazer ouvir .. mas encurtando .. este tipo de postura dos nossos dirigentes pensantes .. e’ q faz o Brasil ser tao ruim, fraco, de terceiro mundo .. e subserviente ..
no Brasil 38% dos universitarios sao analfabetos funcionais com matematica precaria (!!), imagine fazer estudo dirigido em casa… nao tem como melhorar ensino superior brasileiro sem ampla reforma do ensino basico (esse sim nosso grande gap!) http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/10/131004_mercado_trabalho_diplomas_ru.shtml
Daniel, concordo que a reforma na educação básica é fundamental. Abraços, Sabine
Esqueceram que a diferenca que la eles tem ensino basico de extrema qualidade, e estudante chega mais independente no ensino superior. enquanto nao houver reforma e investimento macico no ensino basico brasileiro, nao existe milagre para o superior, que infelizmente, virou uma fabrica de diplomas.
Prezados, seria possível pensar, de imediato, que esta ação esvaziará ainda mais o conteúdo da formação na Educação Superior Brasileira?
Tal situação já ocorreu/ocorre com a escola básica, devido as fortes influências de teorias pedagógicas que negam o ato de ensinar, deslocando-o da centralidade no professor à centralidade no aluno.A análise equivocada criou uma situação de esvaziamento dos conteúdos clássicos na educação escolar: negou-se a pedagogia tradicional como um todo, a transmissão e o conteúdo a ser transmitido pela afirmação da Escola Nova e depois pelo Construtivismo.. ou seja, houve um deslocamento para o seu polo oposto.
No entanto, esquecemos que para que o aluno desenvolva psiquicamente as suas funções superiores, ele precisa de conteúdo. Mas não é qualquer conteúdo, é o que possui maior atividade humana acumulada, selecionada, condensada, o que a humanidade produziu de mais avançado, pois isto expressa o grau de desenvolvimento da atividade de pensamento e da atividade prática humana. É o conteúdo que produz o psiquismo humano, que o fez ir além de sua base material, biológica – que garantiu predominantemente a sua sobrevivência como espécie, pois, o psiquismo também produz o conteúdo. Ao produzir o conteúdo produz-se o psiquismo e ao produzir o psiquismo produz-se o conteúdo. Ambos surgem como intermediários um do outro.
Na educação básica houve a geração de índices alarmantes em termos de esvaziamento do conteúdo, o IDEB evidenciou o que as teorias pedagógicas críticas, em especial a Pedagogia Histórico-crítica – PHC, vinha indicando desde a década de 1980. Este foi o produto do equívoco escolanovista, construtivista, tecnicista, neoescolanovista, neoconstrutivista…e por aí vai….influenciado pelas condições de um tempo histórico determinado, pois as teorias não surgem das mentes dos homens como algo mágico, são produtos de relações sociais.
Na educação superior, é preciso reduzir a intensidade de aulas para os professores, mas não para os alunos.
Na Europa e EUA houve redução de disciplinas na educação superior, porém, na educação básica, os estudantes tem acesso aos mais avançados conteúdos culturais universais – artes, letras, filosofia, ciências…, o que possibilita ao aluno ter mais autonomia na Educação Superior. Estes países já Universalizaram o acesso à educação, algo que ainda não conseguimos realizar.
Interessante é que no Brasil os impactos da ausência de universalização da educação básica com qualidade socialmente referenciada se expressam também na pós-graduação.
Portanto, entendemos que é preciso afirmar a positividade do ato de ensinar, do conteúdo, mas num ato educativo que articule a aprendizagem e o desenvolvimento, o professor e o aluno, a indução e a dedução, a teoria e a prática, como síntese dialética, tendo o conteúdo/objeto de ensino (o signo) como elemento mediador (não no sentido de ponte), pois o “trabalho educativo é o ato de produzir em cada indivíduo singular a humanidade que foi produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens” (SAVIANI, 2012).
Alguns autores tem estudado fortemente esta questão, por exemplo:
DUARTE, N. Concepções afirmativas e negativas sobre o ato de ensinar. (ARTIGO -ver no google)
MARTINS, L. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar…SP: Autores Associados, 2013.
SAVIANI, S. História das Ideias pedagógicas no Brasil. SP: Autores Associados, 2007.
__________. Pedagogia Histórico-crítica: primeiras aproximações. SP: Autores Associados. 2012. (edição comemorativa)
Ao debate.
Prof. Leonan
concordo plenamente!!
Para que este procedimento seja aplicado no Brasil (Redução das disciplinas) precisaríamos alterar a forma como os alunos chegam no 3º grau, isto é, teremos que alterar profundamente, a formação básica e 2º grau.
Se isto não ocorrer, vai simplesmente virar um passeio no parquet se formar em qualquer area no Brasil. na realidade, já é assim em 80% das IES.
Paulo Cezar, concordo com você. É urgente fazer algumas mudanças no ensino médio. Abraços e obrigada, Sabine
Estudo direito na USP, lá no largo são francisco, e esse ano fizemos ‘greve’ pela modificação da grade horária. Esse assunto é constantemente abordado nas salas de aula, mas muitos professores tem medo de mudar pq acham que viraria zona.
Só que zona é como as coisas estão hj: alunos atolados de leitura, de matéria, que se desinteressam rapidamente pelo curso e pelo estudo pois não se sentem motivados a pesquisar e estudar.
Fora a questão do estágio… os escritórios escravizam os alunos, tem colega meu que chega a trabalhar mais de dez hrs por dia toda semana e um até chegou a trabalhar no fds pra cumprir com prazos. O estágio é mal feito, é um ‘tapa buraco’, e acaba prejudicando ainda mais a vontade dos alunos em se empenhar e aprender.. tanto porque nao sobra tempo pro aluno que estagia estudar com qualidade, como tambem a rotina de CLT massacra o que deveria ser o principal objetivo do estagio: incentivar o estudo.
cara.. tem tanta coisa errada… muita coisa tem que mudar… a sociedade brasileira precisa perceber a necessidade de mudancas… diminuir horas aula nao é tornar a faculdade varzea, pelo contrario, é aumentar a diversidade de conhecimento através de tarefas mais diversificadas e motivadoras.
O problema está na falta de disciplina do estudante brasileiro. Dei aulas na Alemanha em que cada hora de aula em sala tinha outro tanto de estudo independente. Aqui se forem poucas horas de aulas vão pensar que é pouca matéria e estudar na última hora, e aí não funciona. O estudante brasileiro não sabe estudar independentemente. Isso vem da cultura paternalista que temos. Para trabalhar isso tem-se que começar da base ensinando a saber estudar e pesquisar e cobrar mais resultado nas avaliações.
Eu concordo parcialmente com você Mauro. Sou estudante de uma universidade pública e sei que muitos estudantes se preocupam mais com outras atividades do que estudar quando têm horas livres. Mas, ao mesmo tempo, vejo um contexto em que muitos estudantes tentam exaustivamente acompanhar a carga horária universitária e não conseguem. Isso acontece pela falta de estrutura familiar e econômica fazendo com que o aluno tenha que se dedicar muito mais a área profissional do que a acadêmica. Acredito que programas de incentivo a iniciações científicas para todos os alunos iriam dar melhores condições para que eles possam se dedicar exclusivamente a vida acadêmica enquanto forem estudantes. Concordo que o ensino básico precisa ser mais robusto e concordo que a carga horária superior pode ser diminuída. Mas ações que possibilitam aos alunos mais horas para se dedicar as tarefas estudantis são mais necessárias do que somente exigir tão intensamente resultados como é feito nas universidades públicas. Isso muitas vezes expulsa muitos alunos bons, mas que não têm condições de se dedicar ao ensino totalmente. Enquanto outros mais favorecidos, passam seus dias dedicando-se a tarefas culturais e de lazer deixando universidade de lado nos primeiros anos e correndo atrás do prejuízo no final, conseguindo se formar e ainda com resultados melhores do que os outros que mal conseguem se manter na universidade.
Acho que se fala pouco no elemento motivaciona para todos os que trabalham na escola, inclusive, alunos. O grande elemento motivacional para alunos, professores e pesquisadores é a pesquisa, oportunidade de estar sempre se enriquecendo no conhecimento, trabalhando de forma dinâmica e proativa e verificando resultados do seu trabalho. O ensino tradicional, discursivo e centralizado no professor, precisa ser mudado, abrir-se à pronúncia e participação e responsabilização do aluno.
O fato é que no Brasil não se cria mais a cultura do estudo nos alunos e, ainda, em muitas instituições de ensino superior o professor tem que levar o aluno “no colo”, ficar controlando presença em sala de aula… Muitos elementos da pedagogia hoje predominante em todos os níveis de ensino corroboram para o frcasso do nosso sistema educacional. Outro fator é a idéia que foi incutida no povo de que só terá uma vida qurm fizer faculdade e não é assim, nem todos tem as habilidades necessárias para a academia, mas nem por isso devem estar fadados à miséria, o que deve haver no Brasil é reconhecimento da importância de TODAS as profissões para o crescimento da nação. Devemos parar com essas esmolas para cursar ensino superior e parar com o comércio educacional, exigir qualidade de universidade pública para as particulares. Quando isso for feito, poderes, quem saber, ser uma nação com mais cultura.
Muito bem observado, Sabine. Mas o problema não reside apenas em as universidades aceitarem ou não reduzirem suas aulas. Veja o que está acontecendo em São Paulo, por exemplo: o Conselho Estadual de Educação aprovou e agora exige o aumento em CENTENAS de horas-aula para os cursos de licenciatura, atingindo indistintamente graduações em história, matemática, dança, química etc etc. É a tal Deliberação 111/2012 sobre Formação Docente. A Universidade que não segue a diretriz, tem seu curso de graduação descredenciado. Ou seja, os atores políticos desta forma superada de ensinar estão além (e muitas vezes acima) das universidades em si.
Essa “redução”, na terra brasilis pode virar uma faca de dois gumes/ Não adiante tentar mudar as coisas de baixo para cima. O processo começa na “infância”, em casa. “Inserção digital” e redução de carga horária vêm depois, mas muito depois… E não estou vestindo as roupas do velho do Restelo. Evoé, Camões.
Concordo que deva haver uma redução, só que existe uma diferença! Lá fora os alunos vão preparados pras universidades, eles tem uma especia de ciclo básico já no ensino médio, assim reduz o tempo de universidade.
Muito legal a matéria, mas vamos ser realistas, isso não é para o Brasil, pelo menos não nos dias de hoje.
O ensino médio nos países de primeiro mundo é muito mais puxado que o do Brasil, eles já vêem cálculo I, por exemplo. Quem vai para o ciências sem fronteiras já dá de cara com o nosso cálculo II daqui como matéria básica.
Em alguns estados as universidades precisam criar disciplinas que ensinam matérias muito básicas que os alunos deveriam ter aprendido no ensino médio, como por exemplo fundamentos da matemática e história da arte universal. Isso quando não passam a maior parte de disciplinas como Geometria Analítica para ensinar os alunos o que é e quais são as propriedades de uma matriz.
Antes de tentar arrumar o ensino superior temos que melhorar as bases: o ensino fundamental e médio.
A redução é algo que deve ser discutido, sim. Mas, isso não é exclusivo da Chapa do Cardoso – a do Wanderley também trata disso: http://mantendoorumo.com.br/
Creio que a jornada de trabalho de 40h impede os professores de também se dedicarem a outras atividades produtivas ligadas às empresas e ao mercado. Seria o primeiro passo: professores que poderiam direcionar seus alunos a um modelo educacional mais pragmático, menos acadêmico e mais focado na geração de emprego e renda.
Eu particularmente, também aprovo essa ideia, porém assim o professor “trabalhara mais o assunto e deixara mas compreensivo”, enquanto os alunos se envolvem em outras atividades ampliando o seu campo de conhecimento…
“Eu não vejo outro caminho para o ensino superior brasileiro que não seja a redução da quantidade de disciplinas obrigatórias.” –
parece com esta lógica que FECHAR as universidades (reduzir ao zero as disciplinas obrigatórias) será ainda melhor para ensino brasileiro.
Existem dois sistemas (bons) de educação superior completamente diferentes: americano e europeio. O autor fala sobre o sistema americano, e se o Brasil quer adaptar este sistema, deve usar os outros componentes, tais como (1) um preço caro de educação superior de qualidade, (2) um sistema de tutores, (3) organização da vida extra-curricular, etc.
O sistema europeu em diferença com americano dá uma educação mais ampla e não tão especializada, forma não somente especialistas mais pessoas de alto nível de cultura. Quantidade de aulas é 30-36 horas por semana.
A escolha aleatória de disciplinas e diminuição de obrigatórias para, por exemplo, os especialistas como engenheiros ou médicos vai alterar criatividade professional deles no futuro.
No minha opinião a frase de Sr. José Roberto Cardoso verá ser um perigo para educação brasileiro se ele assume um cargo de poder na educação.
Isso não faz sentido.
Estou na europa pelo programa ciencia sem fronteiras, em uma grande universidade a qual possui uma carga horaria bem reduzida.
A conclusão que eu e todos colegas do programa tiramos daqui, é que o ensino é dado a quem tem MUITA paciência e vontade de correr atrás dele. Aos demais, e grande maioria, um ensino medíocre é o que pode ser notado.
Simples ter essa percepção porque ao se comparar com universidades brasileiras, o contato com o professor aqui é extremamente limitado. Uma pequena aula por semana, de um conteúdo extremamente mal lecionado (eu diria jogado de qualquer forma na cara dos alunos) com a ideia de que os alunos vão estudar tudo em casa. Esse sistema acaba tornando o professor uma figura intangível, não dando ao aluno o direito de questionar, uma vez que as aulas são corridas e não há um detalhamento do conteúdo, ou seja, não deixa margem pra uma discussão detalhada em sala de aula como estamos acostumados.
Carga horária no Brasil é massacrante mesmo, mas o aluno durante esse tempo está inserido num espaço de discussão profundo do conteúdo que deve aprender. Rendimento muito maior.
Além do mais, ao aluno interessado não é tão dificil assim se aplicar em atividades extra curriculares, esporte e lazer, basta se organizar.
O problema não é fazer com que as universidades topem isso. O problema é que o MEC não deixa. Essas cargas horárias estão nos regulamentos do MEC.
“Reitor” é uma palavra do gênero masculino, logo não ocorre crase antes. Crase é “a” artigo feminino + “a” preposição, e nunca, jamais ocorre antes de palavras masculinas, ao contrário do que a autora escreveu em “O diretor da Poli e candidato à reitor da USP, José Roberto Cardoso (…).”
Isso mesmo. Acho que antes estava escrito “o candidato à reitoria” e eu acabei mudando. Obrigada, Sabine