Mães ainda são maioria nas reuniões das escolas

Sabine Righetti

As mães continuam sendo a maioria nas reuniões nas escolas –tanto naqueles encontros gerais entre pais e coordenadores, quanto nas reuniões particulares para casos de indisciplina e de notas baixas dos alunos.

A informação é de uma série de coordenadores pedagógicos de escolas de São Paulo com quem o Abecedário conversou nas últimas semanas.

O blog também participou de algumas dessas reuniões entre escolas e pais para entender a dinâmica desses encontros. A iniciativa faz parte de um projeto do Abecedário de imersão na rotina de escolas.

Em nenhuma das reuniões visitadas até agora havia presença de pais ou de padrastos.

Mas o cenário já foi pior. De acordo com coordenadores de escolas, a participação masculina na educação dos filhos tem crescido lentamente.

MAIS PAIS

Para Silvia Helena Brandão, orientadora educacional do Bandeirantes, uma das melhores escolas de São Paulo, a presença dos pais nas escolas está aumentando há cerca de dez anos.

Nessa última década, ela observa, os pais têm sido mais presentes e, quando estão nas reuniões escolares, participam ativamente.

“Mas a educação ainda é vista como uma atividade feminina e as mulheres acabam assumindo a função”, diz a especialista.

Mesmo quando mãe e pai trabalham fora, quem costuma participar das reuniões são só as mães.

Em um dos encontros acompanhados recentemente pelo Abecedário, a mãe de um pré-adolescente com notas baixas havia saído do trabalho para conversar com a coordenação da escola e voltaria ao trabalho na sequência.

O pai não foi mencionado no encontro.

ENCONTROS NOTURNOS

Algumas escolas até já desenvolveram estratégias para facilitar a vida dos pais e atraí-los às reuniões.

O Colégio Santa Maria, escola tradicional da zona sul de São Paulo, por exemplo, faz reuniões disciplinares entre 20 e 21 horas durante a semana.

A ideia é incentivar os pais a participar desses encontros após o trabalho.

Quanto mais a família se envolver com a rotina escolar do filho, melhor será o desenvolvimento da criança ou do adolescente.

Isso porque boa parte do aprendizado se dá fora da sala de aula, por exemplo, quando os estudantes fazem a lição de casa.

Se o pai desconhece a dinâmica da escola, como são feitas as tarefas em casa e como anda o desempenho escolar do seu filho, fica difícil ele participar da sua educação.

E na sua escola? Os pais têm participado das reuniões? Conte para o blog.

 

 

Comentários

  1. Sabine, bom dia, lembra aquele seu artigo em que você preconizava (epa!) que meninos também deviam brincar de boneca? Ando meio decepcionado com os temas de quem vem tratando desde então e me pergunto se a fúria das senhouras-de-santana provocada por aquela peça terá sido areia demais etc? Ria a bandeiras desbragadas (opa!) com cada um dos comentários virulentos brotados das fundas entranhas da ignorância que se pretende conservadora e é apenas isso, ignorante. Os fóruns digitais são a grande prova de que todo mundo e seu jornaleiro quer mesmo é ver a própria opinião reafirmada e perde o chão ante uma ideia nova. Direitistas se reconfortam em ver dia após dia suas crenças sacramentadas no blog do Reinaldo Azevedo e esquerdistas dão graças aos céus por terem a compensação de seu Paulo Henrique Amorim, embora intelectualmente manco, e tomam um baita susto quando deparam com uma Sabine Righetti. Até o retromencionado artigo, pensava que alguém do jornal tivesse esquecido uma janela aberta e finalmente um pouco de ar fresco começava a entrar nos porões abafados desta Folha que vai se entuchando de colaboradores-coxinhas bem-pensantes e se fantasiando de multi-ideológica mas na prática logra apenas alardear falta de personalidade enquanto trata seus leitores como imbecis ao matar o debate fingindo que o atiça. Espero ver aquele punch de volta qualquer dia desses. Não repara a bagunça e beijinho.

      1. No shit? Será dislexia sua, disgrafia minha ou deveria eu ter escutado Millôr que dizia que, no Brasil, quando usa de ironia, o sujeito tem de ressalvar “Pessoal, isto é uma ironia!”? Retribuo os abraços e deixo votos finais de confiança na jovialidade brasileira.

      2. Confesso que também não entendi…
        Comentário cheio de ironias sem relação com o texto.
        Pode ser que eu tenha dislexia ou o Wil tenha errado de texto.
        Abraços 😉

        1. A internet é legal porque os Idiotas da Objetividade de Nelson Rodrigues aparecem sem que seja preciso assobiar.

  2. As reuniões devem ser no período noturno para as mães…. Muitas escolas ainda vivem dentro de um modelo de mães que trabalham em casa.

  3. Se a participação das mães ainda é maioria, o que dizer sobre as professoras do ensino primário? Acho que nunca vi um que fosse homem (nem quando eu era aluno e nem agora que sou pai). Espero que um dia os gêneros se igualem.

  4. Sabine,
    como pai, arrisco dizer que o problema é cultural, como a maioria dos problemas que afetam o nosso cotidiano.
    Tenho um filho de poucos meses. Desde o primeiro respiro, há uma vinculação muito mais visceral entre filho x mãe, que filho x pai. Todos sabemos que mães são insubstituíveis, enquanto que pais, não. Ainda hoje, quando me encontra, o bebê olha com certa estranheza e, depois, sorri. Com a mãe, algum tipo de choque toma o seu corpo e a criança não sossega enquanto não receber um afago. Essa conexão, porém, não justifica a falta do pai em uma reunião. Hoje, mães e pais trabalham em pé de igualdade, mas ainda parece haver, em nossa cultura, a ideia de que a presença única e exclusiva do pai, no evento, certamente não funcionará como se a mãe estivesse presente. É que o pai (ou melhor, o homem), também sofre com a pecha de ser mais liberal e menos “encanado” quando o assunto é educação e rigidez na criação de uma criança. Em uma comparação grosseira, é como se a mãe fosse a única responsável por seguir corretamente a dieta semanal de legumes da criança e o pai, com sua fama de gostar de prestigiar os bons momentos, fosse identificado como o “provedor do proibido”, aí incluídas as balas e sorvetes. Em uma reunião escolar, ocorre o mesmo: a mãe, interessada e preocupada com os detalhes, quer saber como o filho tem se desenvolvido, se tem aceitado bem a alimentação, etc. Ela é figura certa no evento. Já o pai, em uma ocasião dessas, apenas ouve os relatos e leva a informação para uma reflexão posterior. Para ele, nem tudo é razão para uma revolução. Mães são instintivamente diferentes e deve haver algum estudo que faça esta prova. Isso (a tranquilidade do pai) acaba sendo entendido como demérito ao homem, pois é interpretado como alguém menos rígido e complacente em relação a possíveis anomalias a serem tratadas. E mais: atualmente, mães devem ser acompanhadas do termo “avós”, pois o pé de igualdade encontrado pelas mulheres no aspecto profissional criou uma geração de avós que fazem as vezes das mães, o que inclui, automaticamente, o controle sobre o desenvolvimento da criança e o óbvio ostracismo da atividade de “ser pai”. Sou um cara moderno. Minha esposa também. Tenho a sensação de que acompanharemos juntos as futuras reuniões. Hoje, o bebê apenas gera diários de berçário que relatam o volume de cocô do dia. Beijos.

  5. Fico feliz que no Bandeirantes agora haja reuniões com os pais. Quando estudei lá, nos anos de 1980, isso não existia. A relação escola-pais se dava exclusivamente de duas maneiras: via boletim e boleto bancário, para pagar a mensalidade.

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