Novo diretor da FGV concorreu pela vaga com candidatos até da Holanda

Sabine Righetti

Uma das principais escolas de administração do país, a FGV de São Paulo, está com diretor novo –escolhido em um processo seletivo que teve candidatos brasileiros e de países como Holanda, EUA e Portugal. O engenheiro com doutorado em administração Luiz Artur Ledur Brito, que já era docente da FGV, foi o escolhido entre 41 nomes que se candidataram à vaga e foram analisados por uma comissão de busca ao longo de 2014.

Essa foi a primeira vez que o processo de busca do novo diretor da Escola de Administração da FGV teve candidatos estrangeiros. O último processo aconteceu há seis anos. “Acredito que seja uma tendência, muita gente está de olho no Brasil”, diz Fernando Abrucio, docente da FGV que integrou a comissão de busca.

Os currículos internacionais recebidos para vaga também seriam reflexo de “propaganda” internacional. A antiga diretora, Maria Thereza Fleury, costumava divulgar o processo seletivo em suas viagens acadêmicas. Ela, aliás, fora trazida da Faculdade de Economia e Administração da USP há seis anos (a vaga de direção é de três anos renovável por mais três).

Esse processo seletivo internacional para o cargo máximo de uma instituição de ensino é especialmente interessante no Brasil simplesmente porque é raro. Por aqui, ainda é tradição escolher, por voto, um cientista renomado da própria universidade para comandá-la –o que nem sempre dá certo. Quem é bom na bancada nem sempre é bom em gestão.

Entre os candidatos para a vaga da FGV, cujos nomes são guardados a sete chaves (por motivos óbvios –todos estão empregados em outras instituições), havia reitores, presidentes e docentes de instituições de ensino estrangeiras e brasileiras, como a própria FGV.

A comissão chegou a contratar uma empresa especializada para identificar capacidade e gestão de de liderança entre os candidatos. “Não adianta ter um ótimo currículo acadêmico.” (De fato, isso é algo que as universidades públicas –em crise, mas comandadas por cientistas renomados,– conhecem bem.)

CURRÍCULO HÍBRIDO

“A experiência foi excelente porque encontramos a uma pessoa exatamente com o perfil que a gente queria.” E qual era o perfil ideal? “Alguém com um currículo híbrido, com experiência acadêmica e também no mercado.”

Brito tem esse tal currículo híbrido. Antes da vaga, era professor adjunto do departamento de operações da FGV. Mais anteriormente, ocupara cargos de direção na Sanbra, Santista Alimentos e Dixie Toga.

Hoje, a FGV está em 5º lugar no país na avaliação do curso de administração do último RUF – Ranking Universitário Folha e sobe para e 1º dentre os cursos de instituições privadas.

A escola também está em 1º lugar no indicador que mostra a avaliação do mercado (de quem contrata), mas despenca para 857º lugar no indicador que avalia a quantidade de professores em tempo parcial e integral em relação ao total docente (leia mais sobre isso: 1/3 dos docentes de universidades particulares recebe por hora/aula). Isso significa que a escola tem poucos docentes em tempo parcial ou integral. Isso pode ser uma questão para a nova gestão.

O engenheiro toma posse no final de fevereiro, mas já está despachando como diretor e, conforme o Abecedário apurou, tem falado que pretende aumentar a quantidade de aulas e cursos oferecidos em inglês –uma tendência de instituições de ensino de países que não têm o inglês como língua materna, como Alemanha e Holanda, mas ainda pouco disseminada por aqui. Vamos acompanhar.