Mais médicos, Mais professores

Sabine Righetti

Sem médicos em áreas remotas do país, o governo federal decidiu chamar profissionais de saúde estrangeiros para ocupar vagas ociosas. A iniciativa tem causado rebuliço. Apesar de controversa, é uma tentativa do governo de ampliar o acesso à saúde em áreas remotas.

Muito bem. Mas e o acesso à educação nas mesmas áreas remotas?

Estive esses dias em uma dessas regiões, que fica na floresta amazônica profunda, no Amazonas, caminho do Acre.

Para chegar lá, viajei até Manaus, depois peguei um aviãozinho por quase três horas sobrevoando a floresta amazônica e, depois, mais cinco horas de “voadeira” (lancha) rio Juruá acima.

Lá, existem cerca de 1.300 alunos na área rural. São extrativistas que vivem no coração da floresta amazônica colhendo castanha e açaí, por exemplo.

Quem quer dar aula lá?

“Temos muita dificuldade para conseguir professores. Já teve caso de escola que ficou sete anos sem um único professor”,  conta Leinice da Silva Barroso, secretária de educação do município de Carauari, no Amazonas, responsável pela região. Ela estava comigo vistando a região.

Quem topa dar aula nas áreas remotas, em geral, tem pouca formação. Por exemplo, tem apenas ensino médio. E nenhum incentivo.

Para piorar o cenário já caótico, não há escolas em todas as comunidades. Isso porque a população rural vive espalhada pelo rio Juruá em grupos pequenos, o que inviabiliza a existência de uma escola por comunidade.

Resultado? Alguns alunos precisam viajar horas de barco para chegar à escola mais próxima.

Saí de lá pensando em soluções para melhorar a educação nas muitas áreas remotas do país. “Mais professores” para áreas remotas?

 

Agradeço o convite da FAS (Fundação Amazonas Sustentável) para conhecer a região!

Comentários

    1. Pretendo escrever sobre ensino a distância em breve. O assunto está crescendo muito no Brasil. Mas dá para fazer ensino a distância com alunos em formação no ensino básico?

      1. De jeito nenhum! Ensino a distância, básico, jamais! Os professores mal estão preparados para ensinar a distância em outros cursos e aulas, imagina para crianças…
        O governo e o Brasil deveriam valorizar mais os professores e o ensino de professores, aí sim muita coisa mudaria. Em qualquer lugar.

  1. Você tem razão, Sabine, poucos professores aceitariam esse desafio. Sou professora, trabalho no interior de SP e, mesmo tendo condições melhores de trabalho, já estamos sentindo a falta de profissionais.

  2. Você tem razão, Sabine, poucos professores aceitariam esse desafio.
    Sou professora, trabalho no interior de SP e, mesmo tendo condições melhores de trabalho, já estamos sentindo a falta de profissionais.

    1. Elaine, pois é, a falta de profissionais é generalizada mesmo. O MEC estima que faltam 170 mil docentes no Brasil. Imagine nas áreas remotas! abraços e obrigada pelo comentário!

  3. Parabéns, Sabine pelo raciocínio brilhante!
    Se governo se disse preocupado com a falta de acesso aos direitos básicos da população (educação, saúde e segurança), o que realmente fizeram para isso?
    Quando PT assumiu governo federal há 10 anos atrás, reforçou Prouni para dizer que aumentou população com acesso à universidade. Entretanto, atualmente encontramos universitários formados que mal sabem fazer tabuada…
    Agora, querem criar cotas nas universidades utilizando desculpa de dar oportunidade igual a todos! Na minha opinião, isso é só um atestado da incompetência deles para oferecer um ensino básico de qualidade.
    Se tivessem investido de forma adequada no ensino básico, agora não teríamos alunos formados pela rede pública com competência de competir igual a um aluno de rede particular por uma vaga nas universidades?

  4. Pois, se os professores forem qualificados, provarem-se capazes, como não é o caso dos importados pelo ministro da saúde, não haveria problema. Outro fato interessante é uma idéia eleitoreira puxando outra, ou seja, ao invés de considerar possibilidades de fixação dos profissionais, como por exemplo carreira de estado, condições de estudo e moradia para a família, ficamos no simples “mais” qualquer coisa, quando o desenvolvimento do país, saneamento, saúde, educação e segurança dependem de muito mais coisas. Solução simplista demais para a complexidade da questão, além de mostrar miopia de estratégia da construção de um país, como é o caso do governo petista atual.

  5. Sabine, acredito que se o governo realmente fizesse uma proposta boa, professores aceitariam sim trabalhar nesses lugares, acontece que investimos em uma faculdade, temos que fazer vários cursos de aperfeiçoamento e atualizações, e quando vamos para o mercado de trabalho tem lugares que pagam mesmo que o piso nacional, tem professores recebendo menos de um salário mínimo, isso é uma vergonha, se o governo oferecer um salário atraente vários professores irão seja onde for, mas se for oferecer uma remuneração baixa, acredito ser muito improvável ter candidatos, sem falar na falta de estrutura. Conheço vários professores que quando foi cogitada essa possibilidade falaram que se o salário for bom eles irão se candidatar, vamos aguardar para ver a proposta do governo. Afinal, não é só enviar um professor para um lugar tão longe, mas também dar condições de trabalho para esse professor, senão não vai adiantar nada, aqui na minha cidade na escola que trabalho tem dia que não tenho sulfite para dar atividade para os alunos imagine em lugares de difícil acesso como o da matéria.

  6. Quando vc transfere a mesma situação dos médicos para o prisma de outras profissões as pessoas acham um absurdo. Se um professor, engenheiro, seja lá o que for, não pode se submeter a ir para uma região dessas, por que deveria o médico? Porque ele está imbuído com o dever de auxiliar o povo não importa as dificuldade? Por que ele deve ter amor à profissão e não aos bens materiais? Médico não é herói, médico não é ser sobrenatural e médico não é hippie. Tem família e precisa de condições e incentivos, mas assim como os professores sofrem com medidas imediatistas, tapa buraco e pouco resolutivas. Ruim para a população que fica sem saúde e sem educação.

    1. Concordo, Kevin. Ninguém é herói. Devemos manter esse debate no nível do profissionalismo. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine.

  7. Se pagar salário de médico aparece. Enquanto isso 27 governadores se unem para não pagar 1800,00 de piso.

  8. NA QUALIDADE DE PROFESSOR, POSSO ASSEGURAR QUE, EM QUALQUER ATIVIDADE QUE SE NECESSITE PROFISSIONAIS PARA ATUAREM NAS ÁREAS REMOTAS E SUBDESENVOLVIDAS, PAGANDO BEM, MAL NÃO TEM. A SOLUÇÃO IMEDIATA É A EXTRUTURAÇÃO DE UMA POTENTE ORGANIZAÇÃO SEMELHANTE AO ANTIGO “PROJETO RONDON”, ENVOLVENDO RECURSOS ORIUNDOS DE UMA MEGA OPERAÇÃO DE ECONOMIAS, MEDIANTE A ELIMINAÇÃO DE TODOS AS MORDOMIAS DOS TRÊS PODERES, EM TODOS OS NÍVEIS DE GOVERNO, FEDERAL, ESTADUAIS E MUNICIPAIS. EU DISSE, TODAS E DE TODOS. REDUZIR PELA METADE TODOS OS CORPOS LEGISLATIVOS, ELIMINANDO TODOS OS CARGOS EM COMISSÃO, PASSAGENS AÉREAS E OUTRAS MORDOMIAS. ACABAR COM SALÁRIOS MONUMENTAIS EM TODAS AS INSTITUIÇÕES, PRINCIPALMENTE NAS CARREIRAS DE ESTADO. MEDIDAS COMO ESSAS, DARIAM PARA RESOLVER TODOS OS PROBLEMAS COM SAÚDE E EDUCAÇÃO EM TODO O TERRITORIO NACIONAL.
    TÊM MUITO BEZERRO MAMANDO NA POBRE VACA BRASILEIRA. ASSIM, NÃO DÁ.

    1. Sr. Almir gostaria de saber se o Sr. trabalhou na WV , e que tem uma pessoa com o mesmo nome que o Sr. que trabalhou na WV e ajudou muito meu pai na epoca que ele ai se aposentar o nome dele e Orides Herminio , se for o Sr. gostaria de entrar em contato con o Sr. meu nome e Walmir Herminio meus telefones são 19 997502006 – 99626 6061 e o da residencia 19 3482 2113 . aguarto um contato obrigado e boa tarde

  9. MAIS UMA CONTRIBUIÇÃO:
    ESSA IDÉIA MALUCA E, PELO VISTO, MAL INTENCIONADA, DE BUSCAR MILHARES DE “MÉDICOS” CUBANOS, PARA ATENDER À DEMANDA DE SERVIÇOS EM ÁREAS REMOTAS, CUJO VALOR APROXIMADO É DE R$ 200.000.000,00 ANUAIS, INCLUÍNDO TRANSPORTE, HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO, É UM EXEMPLO DE PÉSSIMA APLICAÇÃO DE RECURSOS, QUANDO SE SABE QUE OS OBJETIVOS DESSES CONTINGENTES É O PROSELITISMO REVOLUCIONÁRIO BOLIVARIANO, CONSTANTE DO PROGRAMA DO “FORO DE SÃO PAULO”, DE CUJA EXISTÊNCIA, A GRANDE MÍDIA FAZ QUESTÃO DE FAZER DE CONTA QUE DESCONHECE.
    ENTREGUEM ESSE VOLUME DE DINHEIRO AOS CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA E CHOVERÁ MÉDICOS EM TODOS OS QUADRANTES. É SÓ NÃO IDEOLOGIZAR E NÃO ENTREGAR DINHEIRO NA MÃO DE PARTIDOS POLÍTICOS.

  10. PERDÃO. UM RECÁLCULO E RESPECTIVA CORREÇÃO:
    PARA 4.000 “MEDICOS” A R$ 10.000,00 CADA, RESULTA EM 40 MILHÓES POR MÊS E, PORTANTO, R$ 480.000.000,00 POR ANO. COM ESSE MONTANTE, DÁ OU NÃO DÁ PARA FAZER CHOVER MÉDICOS POR TODOS OS LADOS?
    ESSE CÁLCULO ACIMA É PARA 4000.
    PARA A PREVISÃO DE 16.000, O RESULTADO ANUAL SOBE PARA
    R$ 1.200.000.000,00. É ISSO MESMO: UM BILHÃO E DUZENTOS MILHÕES DE REAIS POR ANO.

  11. GOSTARIA DE SABER COMO FAÇO PARA ME CANDIDATAR A LECIONAR NESSES LOCAIS. E SE VCS SABEM QUAIS OS BENEFÍCIOS QUE SÃO DADOS A ESSES PROFESSORES?

    1. Cátia, não existe ainda um programa que beneficie professores em áreas remotas, como é o caso do Mais Médicos. Abraços, Sabine

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