Escola em período integral: se a maioria quer, por que não tem?

Sabine Righetti

A escola em período integral é uma tendência mundial irreversível. Resta saber quando chegará de vez ao Brasil.

Países como EUA e Reino Unido já têm escolas públicas em período integral faz tempo. Por aqui, o assunto ganhou força quando entrou PME (Programa Mais Educação), em 2007, mas ainda está longe da realidade do ensino público.

O problema é que com a divisão das escolas no Brasil em turnos em matutino, vespertino e noturno, não há espaço para alunos em período integral. Quando sai um, entra outro.

Uma das alternativas encontradas pelo governo é fazer parcerias com espaços, por exemplo, de ONGs, para onde os alunos iriam antes ou depois das aulas na escola.

Ainda que não seja uma solução definitiva, pode ser uma boa solução temporária.

Há 20 anos, mais ou menos, eu trabalhei em um projeto da ONG Monte Azul justamente no acolhimento de alunos da rede pública da região sul de São Paulo que iam para lá para fazer lição de casa e para ter aulas de capoeira. Isso evitava que eles ficassem nas ruas -o que pode ser perigoso.

Nove em cada dez brasileiros são a favor de escola em período integral. Nesse grupo, 23% faz uma associação com redução de criminalidade e de violência (os dados são de uma pesquisa da Fundação Itaú Social divulgada ontem; leia mais sobre essa pesquisa aqui).

Quem é contra a escola por mais horas argumenta, por exemplo, que as crianças têm de passar mais tempo em família. O problema é que com pais e mães trabalhando fora, algo que também é irreversível, os pequenos acabam tendo de se ocupar de alguma maneira depois das aulas.

Quem tem dinheiro coloca os filhos no inglês e na academia. Quem não tem, torce para a criançada não ficar na rua.

O QUE ENSINAR NO TEMPO EXTRA?

Já que a escola integral é uma demanda e uma tendência, resta saber o que ensinar nas horas extras em que a criançada ficará na escola.

Algumas instituições de ensino privadas já têm arriscado disciplinas “alternativas”, como análise de mídia e história do feminismo, música, teatro e muitos esportes.

Esse é modelo seguido pelas escolas dos países que têm bons níveis em educação. Encher os pequenos com aulas extras de matemática e de português pode não ser a melhor opção.

Hoje, sabe-se que cursos que desenvolvem habilidades chamadas não-cognitivas (como a auto-estima, a relação entre colegas e a comunicação) podem ajudar as cognitivas (como a matemática).

Ou seja, aula de teatro pode ajudar no aprendizado dos números, por que não? A escola integral pode ser uma boa oportunidade para isso.

 

Comentários

  1. As escolas poderiam ensinar: marcenaria, economia doméstica, culinária, educação no trânsito, corte e costura, eletrônica, informática, hidráulica, etc. Os jovens utilizariam esses conhecimentos em casa e e talvez para uma profissão.

    1. Concordo. Seria ótimo se as escolas ofertassem esse tipo de cursos! Nas escolas dos EUA isso é bem comum. Abraços, Sabine.

  2. O brasil não tem competência nem capacidade pra isso. A educação aqui é falida e sucateada.
    O estado de São Paulo inventou essa história de escola de tempo integral. Dei aula numa dessas e os alunos ficam entediados e sem ter o que fazer. As aulas de oficina da parte da tarde são sem sentido, inúteis e ineficientes. Não sem faz nada do que se prometeu. Passa-se o tempo enrolando o aluno com atividades inúteis.

  3. Espero que demore o máximo possível! A escola em tempo integral é nociva às crianças e à sociedade! Não resta tempo para o livre pensamento! Para a escolha do que fazer com seu tempo livre, pois não há mais tempo livre. Apenas horários para serem cumpridos no aprendizado automático de conteúdos úteis que são passados com um dinamismo artificial! Triste!!!!

  4. O Brasil está longe demais de uma escola não-integral decente pra se dar ao luxo de pensar em escola integral! Não é válido pensar nisso agora por uma questão de prioridade. De fato o máximo que é válido fazer no momento ão as parcerias com ONGs.

  5. A escola tempo integral, em Apucarana, por inciativa do então Pref.Valter Pegorer, funciona desde 2002, já em 1988 presenciei também em No Colégio Anchieta, um projeto “Tempo e Criança”, que já funcionou durante um ano, com alunos do período matutino que desejavm cumprir horáio à tarde, com várias atividades, e entre elas, artesanato, marcenaria, e outras atividades de reforço e esportes.São projeto de grande valia, mas as escolas e o poder público devem dar atenção especial, pois se não há recursos e profissionais, ficam horas de alunos sem ter o que fazer.

    1. Raquel, todas as escolas municipais em Apucarana são em período integral? Se sim, que bacana, gostaria de conhecer o projeto. Abraços e obrigada pelo comentário! Sabine

  6. Aos pais proletários como eu, seria uma ótima idéia, no entranto deve se observar qual será monitoramento e quem o fará, pois sabemos que uma escola pública é vulnerável para “invasão” de interpecentes e condutas violentas. Acho que deve haver uma mudança de cultura para implementar o período integral, não pode ser um depósito temporário de uma criança/adolescente, pois situações sairão de controle e sabemos que o funcionalismo público é carente de profissionais comprometidos.

    1. Fabio, concordo. Estudar formas de avaliar o bom funcionamento do período do período integral. Abraços e continue comentando! Sabine

  7. Temos que criar alternativas para a educação, não podemos ter um negativismo enclausurado em nosso inconsciente, a mente que nos auxilia na cultura, requer bons estimulos dentro de uma boa formação, deve ser sempre regrada de boas informações, o pensamento positivo desenvolve uma educação mais holística para o ser. Abraços

  8. Olá, Sabine! Gostei da matéria. Parabéns! Eis meu comentário:
    Na atual conjuntura em que se encontra a nossa sociedade, acredito que a escola em período integral iria contribuir e muito para o desenvolvimento holístico de nossas crianças, por dois motivos: primeiro, pelo simples fato de que cabe aos pais ir em busca da melhor espaço educacional (escolas) para os filhos. E um modo de se fazer isso seria a família ter conhecimento do PPP da instituição. Selecionar bem resulta em melhores resultados. Até no grupo seleto das melhores escolas do país, há de se encontrar “pontos fracos” em umas e em outras não, e nem por isso elas são de outro patamar. Segundo, a garantia da efetiva responsabilidade pelo monitoramento do ensino e da aprendizagem deveria ser a máxima para todos (governo e sociedade civil) os que são responsáveis pelo sucesso e progresso da nação.
    Um abç,
    Cristina Kirchmayr.

  9. Olá. A proposta é MARAVILHOSA. Infelizmente nosso país não possui condições para arcar com este maravilhoso projeto. Trabalho a 3 anos em escolas de tempo integral, antes de transformar uma escola que já existe em ETI é importante que o governo ofereça uma boa estrutura. As crianças acabam ficando o dia todo na sala de aula por falta de espaço e material adequado para desenvolver as oficinas, o que deveria ser atividades de formação e recreação se tornam em momentos de tédio

  10. Eu trabalho e gostaria muito de conseguir uma vaga em uma escola de tempo integral para meu filho.no ensino fundamental,mas tem sido uma grande luta,não tenho conseguido nada.será que existe mesmo ou é uma brincadeira? apenas para enganar o pobre?.moro na zona sul e nunca ouvir falar desse tipo de escola por aqui.só vejo passar no horário pulítico.

  11. Eu Não Posso Fazer O Jovem Aprendiz Estudando em Escola Integral, Muito Menos Realizar Um Sonho Meu de ser Jogador De Futebol, Esse tipo de ensino atrapalhou minha vida totalmente!!!!!

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