No boicote dos alunos ao Enade, quem se prejudica são as escolas
Em nota ao MEC, um fórum de representantes do ensino superior pede que Enade (prova do governo federal que avalia o desempenho dos alunos de graduação) e Enem (que avalia os estudantes do ensino médio) tenham a mesma importância. Assim, os alunos que boicotarem o Enade sairiam prejudicados como acontece com o Enem (leia sobre a nota aqui).
Não são poucas as instituições de ensino superior que entram em contato com a Folha para reclamar do Enade.
O problema não é ser avaliado pelo governo, dizem. A questão é o modo como a coisa é feita. Se os alunos deixarem a prova do Enade em branco, a instituição zera na avaliação — e é taxada como uma escola de má qualidade.
“Isso acontece muito, não há comprometimento dos alunos com o Enade”, diz um gestor de uma escola à Folha.
“Os alunos não querem perder o domingo de sol fazendo prova”, diz outro gestor.
COMO O ENEM
No Enem é diferente. Todo mundo quer ir bem no exame porque a sua nota é usada, por exemplo, no processo seletivo de todas as universidades federais do país. Mas ir bem no Enade não faz a menor diferença.
Mesmo assim, o Enade é, hoje, a principal forma de avaliação de ensino superior do MEC. A prova é aplicada todos os anos em um conjunto de cursos, de modo que cada curso é avaliado a cada três anos.
O exame é obrigatório, mas se o aluno deixar a folha em branco ele não sofre nenhum tipo de punição. Isso porque sua nota individual não é divulgada.
A nota no Enade também não é registrada no histórico escolar ou no diploma do aluno. Isso foi acordado entre o governo e a UNE quando o exame foi implementado há dez anos.
O próprio aluno nunca fica sabendo quanto ele tirou na prova. A única nota divulgada é a média do seu curso na instituição.
Quem boicota diz que vai continuar boicotando porque é contra a avaliação — ou contra essa forma de avaliação.
E o MEC diz que Enade e Enem têm natureza distintas e que não devem ser comparados.
Muito bem. Como resolver esse imbróglio?
A culpa é sempre dos alunos. Fiz o Enade ano passado. Me dedique muito e até agora não sei qual foi minha nota porque o inep ainda não divulgou. Como a culpa pode set dos alunos se eles sequer têm o direito de saber suad notas. Qual é a importância que o governo dá para essa prova? Me parece mais um caso de dinheiro público gasto à toa.
Jefferson, talvez esse seja um dos fatores que desmotivam os alunos a fazerem o Enade. Quem sabe os alunos pudessem se mobilizar e exigir sua nota? Abraços e continue comentando, Sabine.
Sou gestor de curso que participou do Enade. Alunos que realizaram a prova (2012) informaram que os fiscais, presentes nas salas, comunicavam que bastava que a lista fosse assinada e a avaliação entregue (mesmo que em branco) que estava tudo bem. Assim fica difícil. O MEC precisa rever a questão da divulgação da nota do aluno e inclui-la no seu histórico escolar e diploma, dessa maneira o boicote seria evitado.
Fiz a prova, me dediquei. Não divulgaram as notas individuais e nem o gabarito.
Se tivesse que fazer novamente, desta vez, assinaria e iria embora. É um desrespeito com o aluno.
Os alunos não possuem nenhuma ferramenta de amparo e o ENADE acaba tornando-se a única desforra desses. Instituições sem comprometimento com o saber existe de monte, nas federais são chamadas de uniesquinas… Já nas federais o que reina é a politicagem, se adere as greves impostas por partidos que financiam professores e demais funcionários da instituição, então você consegue nota, caso contrário é reprovado… Em ambos os casos a arbitrariedade e péssima qualidade de ensino é rebatida no ENADE simples assim.
Sabine,
A minha instituição de ensino lançou um comunicado em que diz que utilizará a nota que for tirada no Enade como nota para a Segunda Avaliação Individual (Prova 2ª etapa). Pelo que disseram, farão uma regra de três, em que acerto total do Enade = 100% nota, e a nota que for tirada equivalerá a nota do aluno em sua prova.
Isto é permitido????
Joana, imagino que isso não seja permitido. Você pode me mandar essa informação por email para apurarmos? Meu email é sabine.righetti@grupofolha.com.br Obrigada