Eleição direta para reitor é raridade nas melhores universidades do mundo
O movimento estudantil da USP está reivindicando eleições diretas para reitoria da USP.
Isso significa que a escolha do reitor, chefe máximo da universidade, seria feita diretamente por alunos, funcionários e docentes, como acontece com a escolha do presidente do país pela população.
Por conta disso, há um grupo de alunos acampado na reitoria da USP. Hoje, eles iniciaram uma greve (leia aqui).
A USP decidiu ontem mudar um pouca as regras da eleição à reitor. Por exemplo, o processo que tinha dois turnos ficou com um turno só.
Mas o principal foi mantido: é um pequeno grupo de representantes da USP que escolhe três nomes, manda ao Conselho Universitário que, em seguida, envia a lista para apreciação do governador.
Em geral, o escolhido do governador é o primeiro colocado. Mas não é regra: o atual reitor da USP, João Grandino Rodas, era o segundo nome da lista tríplice encaminhada ao então governador José Serra em 2008.
A pergunta é: nas grandes universidades do mundo as eleições para reitor têm voto direto?
Não.
Em boa parte das universidades americanas e britânicas, mesmo nas públicas, a eleição também acontece por meio de colégios eleitorais que são compostos de diferentes maneiras.
Em alguns deles, ex-alunos e participantes do setor privado também fazem parte da decisão.
Na Universidade de Nova Iorque, por exemplo, alunos, docentes e funcionários renomados fazem parte da escolha.
Na Universidade de Michigan, ex-alunos estão no grupo que ajuda a eleger o chefe máximo. A atual reitora está no cargo há mais de dez anos – e permanece enquanto os eleitores considerarem produtivo.
Na Universidade Colégio de Londres, umas das melhores do Reino Unido, quem escolhe o reitor é um grupo de empresários e de profissionais liberais, eleito pela comunidade acadêmica da universidade.
Em processos decisivos como o da Universidade Colégio de Londres, o reitor pode ser um docente da instituição ou mesmo alguém que venha do setor privado. Um gestor mesmo.
Por aqui, a comunidade da USP reivindica que alunos e funcionários tenham direito ao voto.
Diferentemente do que acontece na Unesp e na Unicamp, que também são universidades estaduais paulistas, na USP funcionários e alunos não são representados.
Além disso, os alunos da USP também querem eliminar a lista tríplice e a sua passagem pelo Conselho Universitário e pelo governador. Assim, dizem, a escolha dos membros da universidade seria garantida.
Quem é contra a eleição direta teme o surgimento de um nome “soberano”.
Também há o argumento de que os chefes das universidades públicas devem, sim, em última instância, ser nomeados pelo governador (no caso das estaduais).
De todo modo, incluir ex-alunos e setor privado, como as principais universidades do mundo fazem, está fora da pauta de discussão na USP.
Fico sinceramente impressionado com esse tipo de matéria, que só consegue atingir, com diria minha avó, a profundidade de um pires. O título que diz encampar as melhores universidades do mundo não se sustenta ao longo da matéria, que cita quatro universidades, restritas aos Estados Unidos e à Inglaterra. Onde está o resto do mundo?
Além disso, essa matéria tão propositiva é ineficaz em responder se esse modelo funciona de fato. Ele pode ou não ser adotado pela maioria das universidades consideradas de excelência. Mas, na prática, isso acarreta em que tipo de melhorias para a democratização do ensino e acesso à universidade? Inclusive porque, mesmo empregando a lógica meritocrática, a Universidade de São Paulo consta entre as melhores do mundo e figura no topo da lista como a melhor da América Latina. Ainda sim, sua estrutura de poder hierárquica e burocratiza impede a ampliação do acesso ao ensino superior, a permanência estudantil, a garantia de direitos sociais aos estudantes e trabalhadores e, sobretudo, a impossibilidade de reformular os problemas – do micro ao macro – que se expõe à olhos nus para todos aqueles que estão envolvidos com a universidade. Ou seja: talvez na Universidade de Nova Iorque, na College de Londres, enfim, em todas essas também existam problemas tão graves quanto na USP, e que se mantém e se consolidam cada vez mais porque sua gestão não é democrática, mas sim autoritária.
Uma pena que sua matéria seja tão rasa e superficial. Queria, sinceramente, ter o espaço que você tem em um jornal de grande circulação como a Folha de S.Paulo para disseminar um conteúdo e uma reflexão que fosse de fato relevante para os leitores. Você deveria se sentir envergonhada por escrever um texto dessa maneira tão displicente.
Leonardo, a USP é a melhor universidade do Brasil e da América Latina, mas está longe de ser uma das melhores universidades do mundo. Ela está em 158o lugar no principal ranking universitário THE e em 471 no Leinden, por exemplo. As melhores do mundo de acordo com todos os rankings internacionais são universidades americanas e britânicas. E, nessas universidades, nenhuma eleição para reitor tem voto direto. É isso que o texto mostra. Abraços, Sabine.
Lá vem o velho discurso, falando em gestão autoritária e bobagens do gênero. A Universidade de Beijin ou Pequim, na China Comunista, está entre as 200 melhores do mundo e não me consta que aquele país pratique a democracia; imagina no campus universitário. Mandam prender domiciliarmente até prêmios Nobel?
Leonardo Sa..a materia diz “melhores universidades do mundo” logo tem que se olhar quase q apenas para EUA e UK mesmo!
Se olhar para as top-10, ai sim sao so esses dois paises.
Achei bastante inoportuno esse uso das universidades americanas e britânicas (“as melhores universidades do mundo”) como modelos. Me cheira a complexo de vira-lata.
O que há é a intenção de justificar o atual modelo (pouco ou nada democrático) e propor ainda maior participação da esfera privada usando o argumento esvaziado do “bom exemplo”. Me pergunto se esse modelo é considerado inquestionável, completamente aceito, nessas universidades. Provavelmente, não.
E não é porque não há precedentes (e há, sim, precedentes que o texto não cita) que novas iniciativas não devem ser propostas.
Quando o assunto é universidade, o ponto de vista parece ser sempre o “de cima para baixo”: “Na Universidade de Nova Iorque, por exemplo, alunos, docentes e funcionários RENOMADOS fazem parte da escolha”. Aqui fica claro esse posicionamento. Apenas os RENOMADOS podem participar das escolhas que dizem respeito a toda uma comunidade universitária. Os alunos? Um bando de adolescentes incapazes, não-renomados…
Talvez seja um doutorado que atribua a capacidade de participação política. Enquanto isso, os burocratas tomam conta das universidades…
Caique, de acordo com todos os rankings internacionais de universidades (THE, QS, ASWU, Leiden) as melhores universidades do mundo são americanas e britânicas. E, nessas universidades, nenhuma eleição para reitor tem voto direto. É isso que o texto mostra. Abraços, Sabine.
Ótima reportagem. e ainda para esclarecer, esquecendo pelo lado de apenas uma, ou USP, ou Unicamp, ou as Federais, mas sim todas elas, estão muito abaixo nos ranking mundiais. São universidades papéis, ou seja, as pesquisas se resumem a publicações no meio científico. Não há investimento para a elaboração ou criação de algo, patentes, entre outros. – Na UFRJ a Petrobras está ali dentro, inserida, e investindo em interesse próprio, ao invés do governo fazê-lo. O quê descobrimos no campo químico ou físico? Se lermos o RUF 2013, isto é citado, as universidades privadas não tem recursos para investir em pesquisas e as públicas o fazem com má qualidade.
Parabéns, ótima reportagem , vale lembrar que as melhores universidades são bancadas por verbas federais … e a USP unicamente por verbas estaduais … e que boa parte dos alnos da USP são de outros estados … logo não é justo com a população do estado .
João, obrigada pelo comentário! Abraços, Sabine.
Muito informativa a reportagem , parabéns!
Mariana, obrigada pelo comentário! Abraços, Sabine.
Só pq vc quer que o setor privado não está representado no CO da USP. A Fiesp (sim, a Fiesp) tem cadeira de representação no Conselho.
Fernando, tem sim. Dos 1925 votantes na USP, 1 é da Fiesp (de acordo com informações da USP). Abs, Sabine.
ou seja, a informação no seu blog está errada.
que reportagem lixo. vergonha de ver um jornal tão renomado se mostrar tão conservador, superficial tendencioso.
Leandro, isso é um post de um blog, não uma reportagem. Qual é exatamente a sua crítica? abraços, Sabine
De 54 universidades federais, 37 adotam paridade nas eleições para reitor
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=6645
Faltou apuração, colega.
Como ex-aluno da USP SEI q la se faz pouca politica e muita politicagem. Como qqer Gestor sabe muitas medidas necessarias sao impopulares. Qqr pessoa minimamente informada ou q tenha participado de eleicao classista SABE como se compra e/ou vende, no minimo, apoio (ja fui da comissao eleitoral sindical). recusar a lista triplice indicaria q em todo o corpo “elegivel” nao existem 3 capacitados/aceitaveis?!? Se estes argumentos nao bastam contra uma eleicao direta do reitor tenho mais uns 30. Otimo texto. Parabens por tocar em uma ferida q muitos evitam, e muitos outros usam como bandeira em politicagem
Realmente, a reportagem não é muito profunda, mas atende ao que foi proposto demonstrar que “as melhores universidades do mundo não tem eleição direta para reitor”. Também demonstra a ideologia neoliberal do jornal, ou seja, nas melhores do mundo não tem eleição, então porque ter na USP? Eu diria o seguinte, nós diferentemente de muitos países “desenvolvidos” entendemos educação como um direito público subjetivo (Ver Art. 205 Constituição), além disso, somos uma democracia, e como tal devemos dar poder de decisão ao povo em todo nível de poder, uma Universidade é importantíssima na produção de conhecimento e os discentes participarem no processo de escolha de Reitor é também assegurar que criaremos um conhecimento com um fim social e voltado para os reais problemas da sociedade e não um conhecimento que é voltado pela lógica de mercado, no qual a maior preocupação é o lucro, um exemplo disso é que na ciência médica se produz mais pesquisa voltada para estética, do que pesquisa para doenças que são comuns em classes sociais desfavorecidas.
Olá Sabine, suas reportagens são sempre muito boas e seus posts também. Admiro seu trabalho.
No entanto surgiu uma dúvida: sempre quis saber a melhor tradução para UCL (O famoso College London), uma vez que pretendo estudar lá.
Já havia lido “Universidade College London, Universidade College Londres, Colégio Universitário de Londres, Centro Universitário de Londres, Faculdade Universitária de Londres”..
Mas “Universidade Colégio de Londres” foi a primeira vez. Meio estranho aos olhos e ouvidos.
Qual foi a base para se usar essa expressão? Temos alternativas. A mim, parece Colégio Universitário de Londres o mais correto.
Bj.
vflope@gmail.com
Victor, boa pergunta. Há muitas variações mesmo. A UCL definitivamente não é um centro universitário. E aqui na Folha não usamos nomes em inglês. Mas talvez o ideal seria Universidade College London? Estou pensando… O que você pretende estudar lá? Abraços, Sabine
Olá Sabine,
Pretendo cursar Eng. Civil (Sanduíche).
Pesquisei no google, com restrição à sites de Portugal.
Os resultados mais comuns foram:
1) Universidade College London
2) Colégio Universitário de Londres
A questão também passa sobre os aspectos históricos do que seriam os “Colleges” no UK, que são um pouco diferentes dos USA.
Abç.
http://es.wikipedia.org/wiki/University_College_de_Londres
Ainda na wikipedia espanhola:
http://es.wikipedia.org/wiki/Imperial_College
O Imperial College também não é uma centro universitário, é um “College”, que se separou da UL.
Concluo (finalizando e sem querer ser chato já sendo) que o mais correto é:
Colégio Universitário de Londres – UCL
Colégio Imperial de Londres – Imperial.
Se quiser juntar tudo fica menos chato. Risos.
Abç.
A matéria e muito boa, sinceramente não sou a favor da escolha pelos alunos, a universidade não deve representar os interesses dos alunos e sim ao contrário.
Brasileiro e preguiçoso, folgado e quer sempre ter benefícios e levar vantagem, as universidades brasileiras não estão entre as melhores por dos alunos que querem sempre que a universidade faça algo por eles, imagina o Reitor nas mãos dos alunos? Vão querer fazer prova em grupo, em casa….talvez se estudassem mais, teríamos universidades melhores colocadas.
Parabéns pela matéria, universidade n pode ser para todos e sim para quem quer estudar….o Brasil com essa maldita inclusão está diplomando um monte de analfabetos. N se preocupando com a qualidade, por isso estamos longe da excelência.