O Enem e a ideia de um exame único nacional
No próximo final de semana, dias 26 e 27 de outubro, quase 8 milhões de aluninhos do Brasil devem fazer o Enem (Exame Médio do Ensino Médio).
A prova, feita pelo MEC desde 1998, passou a ter um caráter nacional em 2004 e vem ganhando cada vez mais adeptos. Teve recorde de inscritos neste ano.
O número ainda deve crescer nos próximos anos. Isso porque o Enem está ganhando cada vez mais importância no cenário educacional brasileiro.
A proposta do Enem é bacana. O exame serve como um termômetro de como estão as escolas que oferecem ensino médio no país e ainda pode contar pontos para o ingresso na universidade.
O problema do Enem é fazer com que as escolas se movam em função dele.
Ou seja, as escolas passam a priorizar o que é cobrado na prova (sobre isso, leia Falta referência nacional para currículo nas escolas).
Isso, dizem alguns educadores, é ruim porque currículos que não estão na prova, mas são importantes para a formação dos adolescentes, ficam fora da sala de aula.
EXAME ÚNICO
Outra vantagem do Enem destacada por especialistas da educação é a realização de um exame único para o ensino superior.
Em alguns casos, o Enem substitui o vestibular. Neste ano, quase todas as universidades federais aderiram ao Enem e usarão os pontos obtidos no exame como critério de ingresso no Sisu (Sistema de Seleção Unificado).
O desempenho no Enem ainda será usado na vida universitária dos alunos.
Quem quiser bolsa do Prouni (para universidades particulares) ou no Ciência sem Fronteiras (bolsas acadêmicas em universidades do exterior) tem de ter uma boa nota no Enem.
A ideia de um exame nacional é tentadora. Nos EUA, por exemplo, a nota no exame SAT é considerada no processo seletivo de todas as universidades daquele país como parte do processo de ingresso.
Lá o estudante escolhe a carreira e a universidade depois de ter feito SAT. Ou seja: se for bem, escolhe cursos concorridos (como a medicina no Brasil). Se for mal, parte para outras carreiras.
Aqui, no caso das federais, estamos caminhando para isso. Em universidades estaduais, o Enem serve para complementar a nota e o aluno tem de fazer o vestibular tradicional. Primeiro escolhe a carreira e depois faz a prova.
As dez melhores escolas no Enem 2011
1 | SP | SÃO PAULO | OBJETIVO COLÉGIO INTEGRADO | Privada | 737,152381 |
2 | MG | IPATINGA | COLÉGIO ELITE VALE DO AÇO | Privada | 718,8833333 |
3 | MG | BELO HORIZONTE | COLÉGIO BERNOULLI – UNIDADE LOURDES | Privada | 718,1849078 |
4 | SP | SÃO PAULO | VÉRTICE COLÉGIO UNID. II | Privada | 714,9984375 |
5 | CE | FORTALEZA | COLÉGIO ARI DE SA CAVALCANTE | Privada | 710,5462766 |
6 | PI | TERESINA | INST. DOM BARRETO | Privada | 707,0741573 |
7 | SP | MOGI DAS CRUZES | INTEGRADO DE MOGI DAS CRUZES OBJETIVO COLÉGIO | Privada | 706,1213235 |
8 | MG | VIÇOSA | COLÉGIO DE APLICACAO DA UFV – COLUNI | Federal | 704,2851027 |
9 | MG | BELO HORIZONTE | COLÉGIO SANTO ANTONIO | Privada | 702,3111925 |
10 | RJ | RIO DE JANEIRO | COLÉGIO DE SÃO BENTO | Privada | 702,168269 |
O Enem é excelente. Apesar de ser uma prova trabalhosa, o resultado tem validade em todas as universidades federais. Com o tempo, os candidatos estarão melhores preparados para escolher a carreira de acordo com o desempenho na prova. Muito melhor do que passar muitos anos fazendo vestibular esperando ser aprovado num curso prestigiado, por exemplo.
Elton,
Pessoalmente não me agradam nem o ENEM (pior das opções), nem o vestibular tradicional, nem o modelo americano (muito subjetivo e imprevisível). O melhor sistema na minha opinião seria algo parecido com o usado na Inglaterra, isto é, um ensino generalista até o fim do décimo ano, terminando com um primeiro exame externo parecido com os GCSE’s ingleses e, depois, dois anos de ensino especializado com quatro ou cinco matérias apenas, escolhidas de acordo com a área de estudo pretendida na universidade, e terminando com novos exames externos mais avançados no estilo dos A-Levels ingleses.
As universidades usariam, então, as notas nesses novos “A-Levels” junto possivelmente com outros critérios (p.ex. outros testes de aptidão, entrevistas, notas anteriores nos exames do décimo ano, etc.) para selecionar os alunos.
vestibular nacional é proposta que todo ministro teve na sua mesa, houve ensaios disto no Rio e SP, empresas como a Cesgranrio nasceu disto, mas havia um risco de se cometer um dos crimes mais vergonhosos de todos os possíveis em educação. Qual seja, aluno com boas notas e carente dessas condições para
fazer o curso ter que desistir e outro com menos nota e mais condições financeiras acabe fazendo o curso no seu lugar.
Haddad não só não teve vergonha para tanto, como contou com sustentáculos outros nisso, como o fato do INEP ser impenetrável à transparência pública para que socialmente não se fique sabendo
disto. E já gastou bilhões fazendo provas quando deveria ter negociado para que as participantes aplicassem simultaneamente provas que seriam equalizadas por uma comissão do MEC – não precisariam ser todas iguais, mas com níveis próximos – e investir
esses bilhões em condições de minimizar tal crime. Pior ainda: os bilhões gastos com provas já se consumiram e se fossem em estruturas nas públicas serviriam para todas as gerações. Mas, entretanto, para reverter isso tinha que antes ter trocado de mentalidade. Qual é a diferença entre mentalidade deste nível hoje e de escravocrata?
O ENEM e o SISU irão causar um verdadeiro desastre na educação superior do Brasil. Isto porque os alunos com boas notas vão preenchendo as vagas de diferentes cursos, esquecendo as suas preferências e a sua vocação, apenas para garantir uma vaga em Federais. Acredito que essa invenção petista, assim como a famigerada Escola Plural em Belo Horizonte, será abandonada em alguns anos.
Na teoria este exame é muito bom se de fato comtemplasse quem deveria contemplar, mas o que acontece é que ele está, aos poucos, substituindo os tais vestibulares e o que é pior só que tira as melhores notas são os alunos das escolas privadas, alunas estes que são selecionados a dedos para prestar o tal exame, ao contrário do que acontecer com os alunas da rede pública, no caso deles não há restrição de ano, de turma, enfim presta quem quer e como quer! O que será que vai acontecer com a educação deste país.
Sabine,
Medicina não é um curso de graduação nos Estados Unidos. O aluno precisa primeiro concluir um bacharelado de quatro anos e depois aplicar separadamente para uma “Medical School”, que dura mais quatro anos. Como parte da aplicação para a Medical School, os alunos têm que fazer um outro exame padronizado, o MCAT, que é muito mais avançado que o SAT.
Outra diferença importante é que, em muitas universidades americanas (p.ex. Harvard e MIT), o aluno em geral não escolhe o curso de graduação antes de entrar no bacharelado. O aluno é admitido sem curso definido no primeiro ano e declara um “major” (área de concentração principal) só no segundo ano normalmente. Portanto, embora haja alguma relação entre nota do SAT e admissão, não há relação direta, até onde eu saiba, entre nota do SAT e escolha do curso.
É importante mencionar também que o sistema americano de seleção de alunos é completamente diferente do brasileiro. O SAT geral e os SAT Subject Tests (exigidos também por algumas universidades) são apenas um entre múltiplos critérios de admissão, que envolvem também notas do ensino médio (GPA), entrevistas, atividades extracurriculares e, até mesmo fatores extra-acadêmicos como gênero ou raça. Qualquer tentativa de vender o ENEM, que é um péssimo exame, como uma tentativa de reproduzir o modelo americano de seleção é apenas propaganda do governo brasileiro.
Marcelo, você tem toda a razão.
Sabine,
é perigoso publicar informações erradas. Nem todas as universidades nos Estados Unidos considera a nota do SAT e o processo de admissão é muito mais holístico.
Joana, o SAT é parte do processo seletivo dos EUA. Cada universidade complementa do jeito que quiser: provas adicionais, entrevistas, projetos. Há universidades que não consideram oficialmente o SAT, mas conferem a nota como um critério de eliminação. abraços e obrigada, Sabine
O SAT realmente faz parte de muitos processos seletivos, mas não de todos e não pode ser considerado como um exame nacional. Os alunos não precisam obrigatoriamente fazer o SAT para entrar na universidade – podem escolher o ACT ou mesmo já são muitas as universidades que oferecem a opção Test-Optional, em que os alunos não precisam nem mandar as notas destes testes padronizados. Nestes casos, as notas do SAT não são parte do processo seletivo nem são critério de eliminação.
É importante realçar isto.
Marcelo, obrigada pelo seu comentário. Eu quis dizer que se o aluno for bem no SAT ele escolhe carreiras concorridas como a medicina é concorrida no Brasil. Nos EUA o aluno não escolhe o curso, mas entra na universidade escolhendo mais ou menos uma área de concentração (artes, saúde, exatas etc). E, sim, o SAT serve sobretudo para a escolha da universidade. Abraços, Sabine
Sabine,
Depende da universidade. Em Harvard ou no MIT, por exemplo, o aluno não escolhe nem área de concentração. Ele é admitido no MIT (ponto) ou no “Harvard College” (a escola de graduação da Universidade de Harvard). Uma vez admitido, ele pode depois escolher estudar biologia, economia, ciência política, engenharia, ou o que ele quiser (se for oferecido pela universidade).
Em outras universidades, entretanto, é como você descreveu. O aluno já aplica preliminarmente para o “College of Engineering”, ou para o “College of Fine Arts”, ou para a “School of Humanities and Social Sciences” e, assim por diante, escolhendo assim uma “grande área”, mas, de qualquer forma, o aluno, insisto, nunca escolhe um curso específico a priori como se faz no vestibular brasileiro. É possível também, às vezes. aplicar para mais de um “college” na mesma universidade.
Adicionalmente, não existe tampouco nos EUA um sistema único de seleção e alocação de alunos a universidades no país inteiro baseado exclusivamente na classificação em um exame nacional como no modelo SISU/ENEM, que viola severamente a autonomia das universidades para definir o perfil dos seus próprios alunos.
Sabine… Vc esqueceu de mencionar que não existe um único SAT por ano. Existem vários. São oito ou seis… ENEM não!
Antes, um candidato de medicina podia fazer até 15 vestibulares, conseguindo conciliar as datas (tem o caso daquela menina de MG, a Mariana Villas Boas, que passou em uns 10 de medicina). Agora, a vida inteira de um candidato se resume a único dia. Podendo apenas concorrer com uma única nota. Pra educação, isso é ruim. As diferenças entre as habilidades ficam niveladas apenas por uma única prova. Se antes se podia ir bem em uma prova e ir mal em outra, agora isso não existe. Sem contar na pressão psicológica que gera nos estudantes…
E o TRI, que sempre inventam a desculpa de que é difícil entendê-lo? Pra mim, que não sou cético, parece uma desculpa preguiçosa pra não ter que se dar ao trabalho de esclarecer. E tbm é de uma arrogância duvidar da capacidade dos serem humanos entenderem o método. E acaba que sim, matemática e redação tem um peso muito maior na nota. Basta fazer aritmética quando se olha a nota global, sem pesos.
Johnny, você tem razão. Há vários SAT por ano e são várias modalidades. Um aluno pode fazer um SAT tradicional e um voltado para exatas, por exemplo. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine
ao meu ver , esse foi o melhor comentário. felicidades , johnny. disse tudo …
EU acredito que o ENEM beneficia apenas os alunos de escolas publicas e da região norte nordeste e centro-oeste. Sou do estado de sp, e aqui voce tem que dar a alma para passar em FISICA na Ufscar, enquanto na Unesp temos 2 candidatos por vaga no mesmo curso.
Sou a favor do Enem como vestibular de âmbito nacional. Quando fui fazer o vestibular, era uma bagunça: tinha que pagar um monte de inscrição, viajar de cidade em cidade, a segunda fase de uma chocava com a primeira fase de outra… Não apenas o Enem foi uma ótima novidade na seleção ao ensino superior, como falta, agora, as Universidades Federais unificarem os currículos, ao menos nas disciplinas mais fundamentais: assim, um aluno poderia cursar o primeiro semestre no Rio Grande do Norte e o segundo no Rio Grande do Sul sem perder o fluxo.
Eis a cara do mostro. Dizer que isso sempre esteve presente nos vesttibulares das pública, isso provo, sendo exatamente parte da sua desgraça.
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Enem: governo vence ações e blinda redação
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,enem-governo-vence-acoes-e-blinda-redacao,1089376,0.htm