Protestos e polêmicas ficaram fora do Enem

Sabine Righetti

Ao contrário do que boa parte dos candidatos do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) esperava, a prova deixou de lado as manifestações populares que acontecem no país desde junho.

Nenhuma das questões do exame realizado neste sábado e domingo tocou no assunto. Tampouco a redação, que foi sobre Lei Seca.

O fato surpreendeu os alunos, que esperavam as manifestações pelo menos na redação — eles só falaram sobre isso no sábado.

Mas a ausência dos protestos no exame não surpreendeu os professores. Todos os docentes ouvidos pela Folha foram unânimes ao dizer que o Enem não aborda temas polêmicos, que deem margem para os alunos darem sua própria opinião.

Ou seja, uma redação sobre protestos daria margem para o aluno se posicionar contra ou a favor dos protestos. E contra ou a favor do próprio governo.

O MEC argumenta que os protestos ficaram de fora porque a prova é feita no primeiro semestre. Não teria dado tempo de incluir o tema.

Mas os alunos ficaram decepcionados. “É o assunto do momento. Só se fala nisso”, disse um deles.

Alguns especialistas que conversaram comigo demonstraram certa preocupação com um possível enviesamento do Enem.

Ao evitar temas polêmicos, o exame exclui também temas politizados. Mas não deixa de trazer quatro questões sobre história da África (ou seja, 25% do total), que é uma das bandeiras que o atual governo defende (leia aqui).

Por que devemos nos preocupar com o Enem? Simples: porque o que cai na prova determina o que será ensinado nas escolas (leia mais sobre isso). E isso é muito importante.

Você fez Enem? O que achou da prova e do tema da redação? Comente!

Comentários

  1. Olá Sabine e Todos

    Apareceu no ENEM uma questão do tipo que pesquiso (136, caderno azul). É dito que 144m é altura e ao mesmo tempo que ser AB, cuja figura induz AB no prédio, portanto, inclinado. Feito a figura (veja link abaixo) , se 144 for a parte inclinada precisa de seno de 15º para determinar o valor de x. Como foi dado tangente, deve ser o outro segmento que mede 144. Como se aprende tais truques? Só pagando um bom pré-ENEM e voltamos aos velhos vestibulares de sempre. E pra continuar como sempre, já passado mais 3 horas do fim da prova o MEC não liberou gabarito e nem como a banca acha que resolve cada questão, como sempre foi e parte da tragédia do que se faz por avaliação no Brasil: impõe que o candidato responda sem que deva satisfação do que queria como resposta.

    http://www.cursinhodapoli.org.br/htmls/resolucao/resolucao-frame.asp?CQ={C880C037-557F-45E7-AC82-FE4B6AD381C6}&CP=162

    1. Sim concordo com você Prof. quando fiz o cursinho da Poli em 2003/2004 ja se comentava dessa unificação dos Exames vestibulares e que diferença de todos os exames até agora, fiz em 2007 deste ano não tenho a nota especifica mas foi a nota que me ajudou na primeira fase da fuvest…, 2009 e 2010…., e olha Matematica em 2009, Nota 540.8 , e em 2010 Nota 666.5… e Triste fico pelos nossos jovens que a cada vez mais distantes estão dos portões das Universidades Estaduais e Federais!!!! sim uma veradeira Tragédia!!!

    2. Desculpe professor mas, discordo do senhor. Cateto Oposto e Cateto Adjacente é Tangente. Se fosse seno precisaria de hipotenusa, e não tinha angulo de 90° na prova.

  2. A prova de matemática foi a mais facil de todas. E não sei porque os alunos ficaram tão decepcionados quando viram que não tinham temas polemicos e falados na prova, todo mundo sabe que a redação do ENEM não é tema polemico, falado e/ou político, muito menos a prova, não sei porque tanta surpresa assim.

  3. A percepção que eu tenho, em relação a não colocação dos temas ligados a manifestações populares, foi a insegurança do poder central sobre as incertezas políticas decorrentes de tais assuntos.

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