Todo mundo tem de passar pela universidade?

Sabine Righetti

Há hoje nos Estados Unidos um debate que vale ser trazido para o Brasil: todo mundo tem de passar pela universidade?

Por lá, muita gente termina a universidade completamente endividado. Isso porque até mesmo as universidades públicas norte-americanas são pagas – e caras. Quem estuda, paga.

O problema é que muita gente não consegue uma boa colocação profissional assim que acaba o curso.

Em alguns casos, especialmente depois da crise econômica de 2008, essa colocação pode nunca vir. Mas as dívidas ficam.

Essa matemática que não fecha faz com que muita gente defenda os community colleges nos EUA – que são espécies de escolas técnicas de nível superior mais baratas e mais curtas (duram cerca de dois anos).

Normalmente, estudantes desses colleges terminam o curso empregados e sem dívidas.

E por aqui? Todo mundo tem de fazer ensino superior? Não. Nem sempre compensa.

Tenho conversado com muita gente que terminou a faculdade de direito e de administração por aqui, mas continua com o mesmo cargo que tinha antes do curso superior. E agora tem dívidas.

Muita gente no Brasil financia um curso superior de quatro anos em oito anos – e paga 50% durante a faculdade e mais 50% depois de se formar.

A dívida é tão pesada que alguns casos a família toda abre os bolsos.

ENSINO TÉCNICO

Não há colleges por aqui. Mas há cursos técnicos muito bem avaliados.

E o Brasil tem uma carência de técnicos tão grande que em algumas áreas os salários estão bastante altos e competitivos.

O país também carece de pessoas que simplesmente sejam fluentes em inglês.

Diante de um potencial turístico como o do Brasil, prestes a sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o simples fato de falar inglês pode ser muito mais produtivo do que uma graduação.

Tudo depende do que o estudante está buscando ao se matricular no ensino superior.

É claro que, diferentemente dos Estados Unidos, por aqui ainda é baixa a quantidade de gente que tem ensino superior.

Estima-se que menos de 15% da população em idade universitária (de 18 a 24 anos) esteja na sala de aula de universidades. Nos EUA, essa taxa é pelo menos três vezes maior.

Mas vale a pena analisar muito bem quais são os ganhos reais de um curso de ensino superior — especialmente se for pago.

Em alguns casos, outras alternativas de estudos podem valer mais a pena.

 

Comentários

  1. Concordo totalmente, mas será que conseguiremos mudar a cultura do bacharelado que ronda o Brasil? Aqui, se formar numa faculdade de direito de quinta categoria é mais sedutor do que fazer um curso técnico cujos profissionais estão escassos no mercado.

  2. Parece haver ocorrido um engano, pois estudos específicos são realizados em colleges britânicos e não em americanos, onde a denominação se refere a instituições de ensino superior similares a universidades.

    1. Os colleges americanos também oferecem cursos mais curto e, na maioria das vezes, voltados para a comunidade. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine

    2. NA verdade os community colleges americanos ofertam quase que somente cursos específicos e de dois anos de duração. São equivalentes aos cursos sequenciais oferecidos no Brasil. Isso é diferente dos “college of …” que existem dentro das universidades. Uma outra coisa é que os community colleges oferecem também cursos “meia-entrada”, que dão diploma em alguma coisa mas podem ser usados para eliminar 50% de um curso (major) dentro de uma universidade normal.

  3. Cara Sabine,
    é importante ressaltar os diferenciadores de políticas públicas de educação dos EUA e do Brasil. Assim, como os índices de analfabetismos que temos (e da carência de profissionais num país de dimensão continental). As políticas educacionais não podem/devem contemplar somente as demandas do mercado. Nos dê referências mais desafiadoras ao Estado e menos favorecedoras do Mercado.

    1. Jorge, é verdade. Nossos índices de educação básica ainda estão muito ruins. O último IDHM mostrou que um em cada quatro homens adultos no Nordeste é analfabeto! Temos um longo caminho pela frente. Obrigada pelo seu comentário e continue acompanhando o blog! Sabine

  4. Para encarar a vida aqui creio que precisamos sim, estudar, muito bom se passar por uma Unversidade, mas nunca esquecendo que a melhor passagem aqui é por Jesus Cristo.
    Porque sem Ele todo esse estudo nada vai valer, principalmente para nosso destino quando fechar-mos os olhos aqui na terra.

    1. O curso superior virou o sonho provinciano , sonho de pessoas, e sobremaneira de empresas$$$$ que ministram ( Na maioria das vezes) cursos abaixo do nível desejável. E todos fizerem DIREITO, quem vai fazer o “TORTO” Educação e religião não devem ser confundidas. afinal o projeto saído da prancheta do arquiteto é tão importante quanto sua execução.

  5. Infelizmente vivemos no país o modismo da “capacitação”: devemos ter diplomas de graduação, pós-graduação, especialização, doutorado, pós-doc, MBAs, etc, etc. Como se o profissional com toda esse conhecimento fosse fazer milagres dentro de uma empresa ou órgão publico. Assim, foi vendida a ideia de que sem o curso superior, vc está limitado, proliferando cursos superiores noturnos, de rápida duração, baixa mensalidade, baixa qualidade pois não pode força-los muito pois estão cansados e não podem ser reprovados para não desistirem, como se pudéssemos formar bons profissionais em baciadas. Imaginem um engenheiro calculista que aprendeu apenas as formulas importantes para seus cálculos e as aplica automaticamente!!? Para que 5 anos se posso aprender em 3 anos?! Hoje no principal hospital da América Latina , HC, formam em media 2 médicos especialistas com residência medica por modalidade por ano !!? Por que?? Por que é difícil formar bons médicos, precisa ter dedicação, sacrifício e muito suor. Essa é a característica de bons profissionais. A sociedade precisa refletir sobre o que é querer bons profissionais e o que é necessário para tê-los.

  6. Sabine, também me fiz esse questionamento há algum tempo e uma estudante de ciências sociais me deu uma resposta com um ponto importante (não me lembro mais o nome dela, senão citaria).
    O ensino superior no Brasil também oferece uma diferenciação de status social. Quem faz direito vira “doutor”. O mesmo não acontece com quem faz um curso técnico. Há um certo estigma. Afinal, você já viu algum filho de família quatrocentona que faça somente curso técnico?
    Conversando também com alguns colegas que fizeram curso técnico de ensino médio, vi que, quem pode, parte na sequência para um ensino superior e de qualidade. Acho que, no Brasil, a questão do ensino técnico não está bem equacionada. E o superior, para além de uma necessidade mercadológica, carrega um aspecto de sonho. É quase como a casa própria. E ainda é para poucos (menos de 10% da população tem ensino superior, contando os pagos).
    Enfim, só queria levantar esse ponto. Parabéns pelo blog.

    1. Oi, Simone! Que bom te ver por aqui 🙂 Concordo com o status social. Inclusive quem faz graduação no Brasil tem direito a cela individual no sistema penitenciário — o que não faz o menor sentido. Há uma valorização muito grande de quem passa pela universidades, mesmo que a sociedade e o mercado estejam precisando de outros tipos de formação. Um beijo grande, Sabine.

    2. Acho que esse ponto que a Simone levantou é bastante importante. É inegável que o curso superior dá status e sair do ensino médio para a universidade é praticamente obrigatório para os filhos de classe média-alta.

      O ponto, para mim, são as expectativas que se tem em relação à função da universidade. Desde a escola, somos ensinados que universidade = emprego. E não só aqui no Brasil. Na Europa, um grande número de jovens se desiludiu com essa promessa após se formar e não encontrar um emprego que pedisse tal qualificação –especialmente nos países em grave crise econômica, como Espanha, Portugal e Itália.

      Penso que desvincular emprego e faculdade seria mais realista, tanto no Brasil quanto no mundo. Academia é academia. Posso querer estudar literatura, por exemplo, e trabalhar no comércio. Mas nosso país precisa ainda de muita mão-de-obra qualificada para vislumbrarmos esse futuro menos utilitarista para o ensino superior.

      1. Verdade!!! Trabalho nas forças armadas e sou formado em filosofia. É por causa desse pensamento que você mencionou que sempre escuto ” pra que serve a filosofia?”

    3. O estudo deve sempre ser encarado como investimento (de tempo e de dinheiro) e, como, qualquer investimento, deve ter um retorno superior ao que foi gasto.

      Vale à pena investir em um curso de nível superior e depois não usar esse curso pra nada? Quantas pessoas colocam o diploma na gaveta e continuam trabalhando em empregos que exigem somente o nível médio?

      O objetivo deve ser sempre o retorno. Pra que estudar inglês se, ao final, você não conseguir assistir a um filme sem legenda ou comprar um livro traduzido? É dinheiro jogado fora.

      No mais, doutor é quem faz doutorado.

      E, diploma, não traz dinheiro pra ninguém. Tirando artista e atleta, ninguém fica rico ganhando salário. Enriquece quem monta um negócio próprio: o dono de restaurante, de clínica, de academia, de construtora, de curso, etc.

      Com dinheiro, não há o que se falar em status.

      1. Um recente relatório do Banco Mundial aponta que no Brasil cada ano passado em ensino superior aumenta o salário médio em 12%. Isso é um dos mais altos prêmios por educação superior do mundo. E não importa se estamos falando de uma formação de qualidade ou não.
        A sociedade brasileira ainda acredita que a formação superior é fundamental para a realização profissional. Basta ver o exagero de profissões regulamentadas de nível superior.

      2. Com o devido respeito, o raciocínio segundo o qual deve ser mais bem remunerado quem ‘estudou mais’, especialmente nos niveis mais elevados, privilegia a ficção que o titulo acadêmico faz presumir. Não se pode desprezar a realidade do que o profissional produz ou pode produzir. Por isso o que o mercado paga tende a depender da complexidade e do grau de responsabilidade de cada atividade. Assim, se ter diploma de ‘mestre’, ‘doutorado’, ou o que mais for pode a priori revelar alguma capacidade para pesquisa acadêmica na área e tempo específicos de cada título, isso pode não se repetir no exercício das profissões, mesmo porque o dinamismo das necessidades dos setores público e privado requer habilidades mutantes, que tornam obrigatória a atualização, reflexão e o estudo constante (o que só pode ser individual). Por isso, se aqui o blog põe em questão a ‘necessidade de graduação’, de igual maneira devemos refletir sobre muitos cursos de pós-grado inúteis, inclusive os ‘stricto sensu’. Não é incomum ver jovens com doutorado sentindo-se muito injustiçados ao ver que ninguém se interessa pelas suas qualificações, a nao ser a própria universidade. E vamos combinar: ‘doutor’ não deve ser quem tem o certificado do ‘doutorado’, mas sim aquele sujeito capacitado para ‘doutrinar’, ou seja, fazer a ciência avançar, e que demonstra isso no que faz e produz. Quantos desses temos no Brasil?

  7. Sabine, na verdade já temos uma figura semelhante de curso superior, que são os cursos sequenciais (duas diferentes modalidades, que não lembro os nomes, mas uma dando direito a diploma e outra a certificado). São cursos superiores, mas não de graduação, logo não habilitam para a pós-graduação. Várias faculdades/centros universitários oferecem esses cursos, mas não tenho dados sobre a procura por eles.

    Também existem os cursos superiores de tecnologia, tanto públicos quanto privados, com boa procura. Esses, em geral, são de graduação.

  8. Sabine,
    ótimo texto, além de todos pontos já sinalizados por você o mercado de trabalho formal hoje exige o curso para que se assuma cargos de gestão.
    Já acompanhei situações que a falta do “diploma” invalidou promoções e contratações – no contexto que acompanhei não tinha o menor cabimento, as pessoas eram muito capacitadas para as funções, porém diretrizes (de RH ou governança corporativa) barraram a contratação.
    A mudança de postura deve ocorrer em todas as esferas.
    A qualidade dos cursos superiores no pais esta cada vez pior.

    1. Fabiana, é verdade. Não faz o menor sentido as empresas pedirem diploma de ensino superior apenas para formalização de um processo! Bem lembrado! abraços, Sabine

  9. Infelizmente, vem ano e passa ano e continuamos tendo o USA como farol de nossos rumos. Enquanto não nos dermos conta que financiar nossos estudos, seja, em que grau for, da mais futuro que financiar carro, não deixaremos de sermos do 3° mundo.

  10. Um amigo que trabalhou numa fábrica no Japão durante seis meses, quando trancou seu curso de Engenharia (3o. ano na USP) há 10 anos, me relatou o seguinte: o pessoal da fábrica ficou espantado que ele era universitário no Brasil!
    Pois no Japão há uma restrição muito forte para entrada na universidade. Não sei qual é a proporção da população que entra na universidade, mas a diferença salarial entre um alto executivo e um operário de chão de fábrica não é tão alto quanto no Brasil.

    Portanto entendo ser um movimento natural para o Brasil que nem todos façam universidade. Há uma “taxa de equilíbrio” da proporção de universitários no cômputo da população. O que precisamos fundamentalmente é qualidade na educação básica, o que tornará nossos jovens de 15 a 17 anos com capacidade para conseguir emprego em qualquer lugar do mundo.

    O que está ocorrendo, infelizmente, é uma “precarização” do ensino superior, o que só dificulta a melhoria na qualidade do ensino básico.

  11. Fiquei espantado em saber que mesmo as faculdades Públicas no EUA são pagas. NO Brasil temos o privilégio de muitas universidade públicas serem gratuitas, porém, o acesso é para quem dispõe de muito estudo e muitas vezes o valor para este preparo é caríssimo. Realmente alguns cursos Técnicos no Brasil estão valorizados e a indústria se encarrega deste índice. O curso de administração é citado por alguns formados uma formação básica mas sem vantagem pois caso não tenha o próprio empreendimento dificilmente será o administrador e com remuneração atrativa. Já o curso de Direito vejo que há muita concorrência e a área empresarial está atraindo por ter remuneração fixa.
    O ensino Técnico no Brasil precisaria estar atrelado ao ensino medio, digo enraizado ou obrigatório, assim o jovem teria mais chance no mercado de trabalho. Certamente estudar um curso Técnico e aprimorar com a faculdade ou encontrar o curso que seja de seu interesse será mais fácil.

  12. Muito interessante o ponto de vista!
    Mas no Brasil existem cursos que se assemelham aos Colleges americanos, são os cursos superiores de tecnologia, que formam os tecnólogos.

  13. Sabine, e quanto às FATECs?

    Acredito que temos um ensino técnico muitas vezes travestido de superior, já que neste não é fomentada a questão de pesquisa e sim a forma utilitarista do conhecimento. Entretanto, por questão de, seja status ou exigência de mercado, as pessoas acabam se enfiando em dívidas para adquirir apenas um papel “diplomável”, já que o conteúdo per si ou é aquém ou se iguala ao do ensino técnico. Isso deveria ser revisado com urgência.

  14. Há um erro de edição no seu artigo. “Community colleges” nos EUA são de fato os cursos de 2 anos, que podem ser uma extensão do estudo secundário, um curso profissional, ou um caminho para faculdade completa.

    Mas “college” assim sem adjetivo é a faculdade de 4 anos. Escrever “college” no lugar de “community college” é um erro, que conduz a confusão como a de diversos comentários acima.

    1. O erro no texto é comum no Brasil. Já vi muita gente do ramo confundir “community college”, as instituições às quais a Sabine se refere erroneamente como college, com “liberal arts college”, as instituições de elite que oferecem formação geral em 4 anos. Seria muito interessante editar isso ou publicar uma correção para evitar que essa confusão se propague ainda mais. Os “community colleges”, como o nome indica, são geridos pela comunidade (nade de instituições federais ou estaduais) e oferecem formação profissionalizante voltada para os interesses imediatos locais. Estive em dois community colleges nos últimos anos e achei a proposta muito interessante como alternativa ao que temos aqui no Brasil.

        1. [ Seria muito interessante editar isso ou publicar uma correção para evitar que essa confusão se propague ainda mais] Eis uma coisa linear da qual sempre estarei afim

  15. também me arrependo de ter feito curso superior, ainda mais no brasil em que na parte de engenharia em algumas universidades nao termos prática alguma e o que as industrias estao precisando sao de tecnicos!

  16. Trata-se de uma questão relativa. Em uma sociedade como a nossa em que a educação básica é de baixa qualidade, o processo universitário é importante. Não apenas pelo conhecimento específico de área (administração, direito, engenharia,…), mas pela formação do indivíduo enquanto ente social e transformador. Trabalho em equipe, capacidade de análise crítica, proatividade e disposição para inovações. São características formativas importantes, que não são adquiridas em um livro ou disciplina, mas em um ambiente de convívio comunitário tal qual a universidade. Do ponto de vista empresarial e governamental, fica a crítica, já apontada nesses comentários, que a formação qualificada não implica mão-de-obra supérflua. Está no âmbito da gestão empresarial ou governamental aproveitar os talentos e capacidades de sua equipe de trabalho. É assim que se forma uma empresa verdadeiramente competitiva e inovadora.

  17. Muito bom o artigo, eu fiz curso técnico de Processamento de Dados a 10 anos. Foi a melhor escolha que fiz.

    Ainda não fiz uma faculdade e não tenho nenhum arrependimento. Mas mesmo sem a faculdade eu me mantenho atualizado através de cursos e livros sobre novas tecnologias para não ficar defasado.

  18. sabine infelizmente no brasil profissional e mal preparado desde a escola ate a faculdade muitos estudam foram por causa dsso salva excessoes algumas faculdades puc e usp eas federais demais defasado,eu mesmo faço engenharia na fei vo ter quer a Alemanha pela Volkswagen fazer intercambio nosso sistema e ruim demais

  19. Outra coisa a ser levada em consideração, além de algumas bastante pertinentes, levantadas por outras pessoas, é que o ensino superior no país virou NEGÓCIO, e dos bem lucrativos! E aí um problema: o mercado exige profissionais graduados, mas não quer pagar o salário por isso e contrata um tecnólogo ou de nível médio em profissões correlatas para suprir sua carência. Daí fica uma confusão: profissionais com subempregos, uma demanda enorme de outros, egressos dessas faculdades, com muito pouco competência técnica…. e a baixa valorização (R$) das pessoas com nível médio. aliás, atualmente existem excelentes escolas formando técnicos de nível médio. Mas somos um país sem estatística…. e poucos estudos são veiculados, indicando para onde caminha essa humanidade!!

  20. Moro e estudo nos EUA desde 2007 e adoro os Community College daqui. Fiz dois anos de cursos na minha área(Comunicação & Marketing) no Harper College de Palatine, no subúrbio de Chicago) para atualizar meus conhecimentos adquiridos na excelente ESPM. Atualmente frequento o Ivy Tech de Indianópolis. Adoro os professores e o método de ensino.
    Os Community College oferecem muitos cursos, que preparam jovens de classes sociais de pouco poder aquisitivo para o mercado de trabalho de nível intermediário. Os salários é que não são muito atrativos, mas já são um começo, em geral varia de $8 a $15 dólares por hora para um recém formado.
    Discordo do leitor que comenta que as opções de cursos nos Community College americanos são limitadas, pois você pode cursar marketing, línguas, enfermagem, iniciação à matemática, e até cursos atualmente mais procurados, como culinária, linguas(espanhol e mandarim), práticos-assistentes para consultórios odontológicos e médicos. O importante em relação ao Community College é o baixo valor que você paga por cada módulo ou classe, que tem duração de 4 meses, cerca de $400/módulo, e em geral você precisa completar 60 créditos para obter o diploma, o que demanda de 2 a 3 anos de classes correlatas, e depende da disponibilidade de investimento/ou poder de endividamento do estudante. Mas o grande ‘lance’ do Community College além do custo baixo é a ligação que ele faz com Universidades de renome. Se você é um aluno com ótimas notas, você será aceito em cursos de engenharia, medicina, etc, em universidades de grande reputação, obviamente pagas, mas você já tem dois anos feitos no Comunnity College, o que já traz uma economia para seu bolso, numa eventual meta de obter um diploma de 4 ou 6 anos, dependendo do bacharelado pretendido.
    Quero dar também meu testemunho sobre o Brasil, onde trabalhei como funcionário por mais de 3O anos no setor de engenharia e projetos. Tanto a FATEC como menciona o comentário de um leitor, como a maioria das escolas rofissionalizantes tipo o SENAI e SESI, fornecem ao mercado de trabalho brasileiro excelentes alunos que em poucos anos de exeriência prática, se tornam excelentes profissionais e muitas vezes, prósperos empresários. Conheço pessoalmente vários exemplos desse sucesso nos ramos de Motion Control e HVAC-R onde trabalhei os últimos 22 anos. Com menção especial para a Escola SENAI Rodrigues Alves do Ipiranga. Alunos sérios e dedicados fatalmente resultarão em profissionais de sucesso, seja no Brasil ou em qualquer outro país. Evidentemente, os investimentos do Governo no SENAI e SESI tem grande parcela desse sucesso. Muitas empresas privadas também tem participação importantíssima nisso, pois investem forte nos laboratórios dessas escolas SENAI/SESI.

    1. Oi Ana Maria! entendo seu ponto de vista, mas vamos analisar dois aspectos: o primeiro diz respeito a lei de oferta e procura. Vc comenta secretariado, eu te diria que eh uma profissao que reduziu muito as oportunidades de vagas nos ultimos 10 anos, a maioria dos gerentes, e muitos departamentos atualmente nao tem secretarias. Meio ambiente, considero uma area ainda embrionaria no Brasil em termos de ofertas de vagas acho que pode crescer. Informatica tem campo para crescimento de ofertas. O Segundo ponto de vista eh que em todos os setores de oferta de emprego, vai se dar melhor o profissional com muito talento/preparo em matematica, mesmo no nivel tecnico, por isso exaltei a FATEC, ou o Colegio Federal de Sao Paulo, e outras do mesmo calibre que existem pelo Brasil, como uma escola tecnologica de Santa Catarina. Aqui nos EUA as profissoes ligadas com a matematica avancada(engenharia mecatronica e eletronica, quimica, fisica, finacas, etrc) estao entre as mais bem remuneradas. E volto a tocar na mesma tecla da oferta e procura- SC tem um parque industrial e textil invejavel, e sempre vai precisar de mao de obra especializada. Gigantes globais como a WEG, Brastemp, EMBRACO e tantas outras firmas tem suas fabricas em SC. Por exemplo, a instalacao dessa nova fabrica da BMW em SC. Quantas vagas de torneiro mecanico com especializacao em automacao industrial e CNC este gigante do setor automotivo pode criar em 2014? Cursar uma escola tecnica (refrigeracao, pneumatica, textil, mecatronica, etc) eh um motivo a mais para no futuro um jovem partir para um campo da engenharia. Conheco muita gente que realizou esse sonho, obviamente a custa de muito esforco e dedicacao nos estudos, principalmente em matematica(algebra, geometria, etc). Esse eh o futuro das boas oportunidades de emprego de nivel medio e superior.

  21. Me desculpe mas acho totalmente ao contrário. Aqui no Brasil o ensino Técnico não é valorizado. Meu sobrinho sempre foi um aluno aplicado e fez um curso técnico em informática, ele era um excelente aluno, mas não conseguiu estagiar em empresa e nem um emprego na área. Da turma dele, ninguém conseguiu emprego em informática e olha que moramos em SP-Capital. Ele ficou arrependido de ter feito, o tempo que perdeu daria pra estudar pra uma prova na Fatec.
    Tenho uma conhecida que fez Técnico em Secretariado e outra em Meio Ambientes, as duas estão desempregadas e não consegue serviço na área.
    Surgiu a oportunidade de eu fazer um curso técnico, mas depois desses casos, desisti e prefiro esperar um pouco mais e fazer um curso tecnológico.
    Aqui no país o curso superior é mais valorizado, tanto que se tornou requisito mínimo. Estou velha pra fazer uma faculdade, mas não vou perder meu tempo com ensino técnico.

  22. Que terrível seria se as pessoas começassem a largar suas faculdades por um ensino profissionalizante. Imagino um futuro tecnocrático de um regime autoritário que forma pessoas para trabalharem e obedecer a ordens de seus superiores sem potencial para pensar o mundo de forma diferente. Justamente por não focar no destino profissional a universidade permite a formação de seres pesantes criticamente. A universidade tem que ser para todos sim por questões de democracia, pessoas devem ter o direito ao acesso à universidade e à conclusão de seus respectivos cursos. Se nos EUA acontece esse problema de endividamento e nem todos conseguem acessá-la é porque os EUA com essa cultura da meritocracia é um péssimo exemplo em política social.

  23. Não acho que a universidade forma seres pensantes nos dias de hoje. Os estudantes da academia estão praticamente se tornando escravos da pesquisa, da mesma forma que os trabalhadores com o mercado. Dedicam o tempo para satisfazer as vontades dos superiores, pois o foco de tudo deixou de ser simplesmente a curiosidade e sede de saber, e virou questão de currículo e status, pelo menos nas áreas científicas.

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