A volta do boletim com notas de zero a dez
As aulas da rede municipal de ensino de São Paulo começaram hoje, 5, com uma novidade bem conhecida: o boletim escolar.
A partir deste ano, os estudantes terão um boletim eletrônico bimestral com comentários sobre o desenvolvimento do aluno, com notas de zero a dez e com contagem de faltas nas oito disciplinas comuns do ensino fundamental (como ciências, geografia e artes).
Antes, os alunos eram avaliados por conceito nas reuniões de pais –que eram semestrais.
E os pais só sabiam se seu filho foi à escola se ele chegasse em casa com leite (do programa Leve Leite). Ou seja: não era um acompanhamento exatamente voltado ao aprendizado dos pequenos.
A volta do boletim no formato “tradicional” é importante por muitos motivos.
O mais óbvio: ele permite que o próprio aluno saiba como está o seu desempenho.
Algumas escolas particulares que conheço inclusive trazem no boletim a nota do aluno em relação à nota média da sua turma. Assim o estudante tem uma ideia de como ele está em relação aos demais.
O boletim também é importante para mobilizar e envolver a família na educação dos seus filhos.
Sem ele, os pais ficam sem saber em quais áreas os pequenos estão se dando bem, em quais precisam de ajuda ou se é necessário diminuir as “horas de tela” (TV e vídeo-game, por exemplo) para aumentar as horas de estudos.
NOTA VERMELHA
Eu sempre fui boa aluna, mas até hoje me lembro da reação do meu pai à única nota “vermelha” (abaixo de 5) que tive. Foi em física, no antigo 7º ano.
Ele me fez estudar tanto que eu tirei dez nos dois bimestres seguintes. E até passei a gostar de física.
Quem não tem uma história assim?
A diferença é que eu era obrigada a levar para a escola a assinatura do meu pai no boletim.
Na rede municipal, não há –ainda– a necessidade de nenhum tipo de visto dos pais ou responsáveis.
REPETIÇÃO
Não menos importante: a volta do boletim com notas permite que os alunos sejam reprovados.
Agora, quem não tiver notas “azuis” poderá ser reprovado no 3º ano e do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Ou seja: é o fim da polêmica progressão continuada.
A ideia é que só chegará ao ensino médio quem tiver uma boa base.
Sem boletim e sem possibilidade de reprovação, os professores ficavam totalmente sem autonomia.
E como é possível que um aluno respeite um professor sem autonomia?
“E como é possível que um aluno respeite um professor sem autonomia?” Resposta: não é possível. Já está farta e dolorosamente demonstrado.
Me parece que essa situação é exclusiva da rede pública em São Paulo, estudei em escolas públicas na Bahia e no Paraná, sempre tivemos boletins bimestrais, com reunião de entrega em dois e assinaturas de visto em outros dois. Algumas políticas tradicionais são muito importantes para o bom andamento do aluno, essa é uma delas.
Como é?? Especialista em educação?? Como? Com esses dois últimos parágrafos. Se envergonhe do que disse, please.
Arnaldo, não entendi. Qual exatamente é sua crítica? abraços, Sabine
Sabine, considerar autonomia a capacidade de reprovar um aluno com base em notas ou desempenho e pretender a conquista de respeito desta forma é o que não tem cabimento para uma educadora.
Está bem claro para quem dá aula na rede pública de ensino atualmente: sem a possibilidade de reprovação, uma boa parcela dos alunos não respeitam o professor, respondem e até o ameaçam justamente porque “não há” o que os obrigue a prestar atenção às aulas e aprender.
não há, e não haverá o que os obrigue, ora veja.
Acho que tão importante quanto a possibilidade de reprovação (que incentiva o aluno a estudar) é a possibilidade, na escola pública, de suspensão e expulsão (que desincentiva o comportamento anti social).
Ainda que limitassem a expulsão a adolescentes (maiores de 12 anos).
A expulsão não impede o aluno de estudar, já que ele vai para outra escola, tentar um recomeço.
A impossibilidade de expulsão (mesmo em casos gravíssimos de agressão física de adolescentes a professoras) impede os demais alunos e os professores de aprender.
Em matéria de educação, não precisa reinventar a roda. O Brasil já teve um ótimo sistema público de educação. Quem estudou naquela época sabe disso. O boletim de notas assinado pelos pais, os livros e cartilhas Sodré e Caminho Suave, todo mundo aprendia. Ou repetia de ano. Assim é que tem que ser…
Não diz bobagem! Quem estudou nessas cartilhas tem 70 anos de idade ou ao menos já é cinquentão, O mundo mudou, as pessoas mudaram. Sabe como era a escola naquele tempo? ELITISTA! Não era todo mundo que conseguia uma vaga em escola pública a partir da 4ª série primária. E quem não colocasse os filhos na escola inicial também não tinha nenhuma punição…Acordemos! Os alunos precisam de professores que busquem didáticas coerentes! E precisam ser respeitados para aprender a respeitar!
Wanderly, de que mundo vc saiu?
Uma ótima noticia para começar bem o dia! Parabéns ao Municipio!
Anunciam isso como se fosse uma revolução no ensino. Deveriam ter vergonha. É por conta dessas políticas bizarras que as crianças de hoje mal sabem o português.
Sergio, você acha o boletim uma política bizarra? abraços, Sabine
Sabine, por que submeter as crianças a um modelo tão sabidamente ineficaz, que massacra as iniciativas das crianças com uma doutrina do tipo, cale a boca, não se expresse, tente controlar seus hormônios e se portar como um cão amestrado ? é bizarro você falar das notas neste contexto.
Talvez não tenha me feito entender. A política bizarra é justamente aquela que dispensa o boletim, ferramenta esta que jamais deveria ter sido abandonada. Agora falam da volta dele como algo revolucionário.
Sérgio, que tal nós atribuirmos uma nota a cada vez que usarmos o banheiro pra nos estimular a ter uma boa nutrição ?
Caramba. Não tinha mais boletim escolar? Mas se na minha época não tivesse boletim escolar a aula seria uma zorra do cacete. Com notas e reprovação algumas aulas já eram meio bagunçadas (não havia sequer celular), imagina se os alunos soubessem que se não estudassem não aconteceria nada… Seria impossível assistir aula, porque a turminha da “pesada” iria acabar com o coitado do professor. Eu era bom aluno e não fazia muita bagunça, mas nunca fui santo.
Na minha época para passar de ano era necessário ter média 7 e frequência mínima (acho que era 75%). Estudei em escola com boletim bimestral e em escola com boletim mensal.
são os professores da esquerda que acham o sistema de notas “excludente”, “punitivo” e por aí vai, é só olhar os sites dos professores “em luta”.
Caro, Kabus, foi exatamente um governo de direita que extinguiu notas e implantou os conceitos e um de esquerda que retornou com ele…
Philipe, de qual governo de direita voce está falando?
Na educação MUNICIPAL de São Paulo, a progressão continuada foi implantada pela “direitista” Luiza Erundina e o secretário de educação municipal “direitista” Paulo Freire, é isso?
Então tá…
Se não me falha a memória, a progressão continuada começou a ser implantada no governo Mário Covas e adotada pelo então ministro da Educação do então governo FHC….:))
Sérgio, o blogue mencionou educação MUNICIPAL. É difícil entender?
Mais memória: no município de São Paulo, a progeressão continuada foi implantada em 1992 (gestão Erundina, iniciada em 1990). Covas e FHC só foram eleitos governador e presidente em 1994.
De qualquer forma, o estado de SP só mudou esta estrovenga em 2011 (os tais “blocos” de 3 anos).
Mais: achar quer Covas e FHC são de “direita” deve ser mais um resultado desta politica educacional desastrada. Mas este é outro assunto.
Sabine, levei várias broncas de meus pais durante minha vida de estudante, pois, confesso, nunca fui um aluno muito brilhante, mas, sempre fui contra o sistema de progressão continuada, na forma que foi implantado. Porém, devemos lembrar uma coisa: Seus pais e os meus (e creio que sou bem mais velho que você) eram pessoas que davam importância a educação, diferentemente do que se vê atualmente (seriam hoje pontos “fora da curva”). Portanto, acho que a regressão pura e simples ao sistema anterior, se não se prever um bom acompanhamento e apoio aos alunos da Rede Municipal, poderá trazer de volta a evasão em grande número. Me preocupa o fato de nossas políticas públicas serem sempre na base do “8 ou 800”, nunca buscando o equilíbrio mais próximo do ideal, sendo isso particularmente mais danoso na Educação.
regressão continuada e pioria galopante
Demorou para que acordassem.
Não era permitida a retenção, não se poderia classificar o aluno.
Se esquecem que o mundo é assim: separa, classifica e dá méritos a quem merece.
São milhões de jovens que foram preparados para um mundo que não existe.
não há como acordar aquele que finge estar dormindo.
mesmo tendo estudado no melhor colégio da cidade , meus professores de física foram muito ruins . ( mas passei em 6 º lugar no vestibular na UFPR) .
Esta medida com certeza irá satisfazer o senso comum geral de que bom aluno tira boas notas e passa no vestibular, já aluno ruim repete de ano e é vagabundo.
Acho muito estranho que hoje o sistema de ensino seja semelhante ao de 15 anos atrás, do meu pai e até do meu avô. A única diferença é que antes não havia acesso a escola.
Autonomia não se desenvolve com controle e sim com suporte.
No fim segregamos crianças de acordo com a disposição intrínseca destas a aprender um assunto ou outro. Neste caso aquelas que enquadram no sistema de ensino são os “gênios dos vestibulares”, já os outros serão os eternos “burros delinquentes”.
E aí resolvemos toda a complexidade da educação com… um boletim. Pior ainda a própria autora do texto estimula uma competitividade absurda de comparar notas entre colegas.
Realmente para uma educadora o blog tem uma discussão bem rasa e não é desta postagem.
Parabéns!
ufa gustavo, que bom encontrar seu comentário sensivelmente arrazoado.
vamos considerar a corajosa exposição da colega Sabine como o impulso inicial e necessário pra ela reeditar seus posts com a riqueza de comentários como o seu.
Bom dia! sou professora de História e das disciplinas pedagógicas.Nessa questão de reprovação e aprovação, enquanto não houve uma política mais série no sistema avaliativo de amadurecimento no que diz respeito a formação continuada a educadores voltado ao sistema avaliativo e todos falarem a mesma língua desenvolvendo no educador e educando um espirito autônomo, dessa maneira termina desmistificando a cultura que encontra-se nos ambiente escolar do sistema avaliativo de facilidade de oportunidade para aprovação e o educador apontado como o único aplicador de nota; penso que a avaliação é a tomada de decisão, isto é a resignificação não somente da nossa prática, como também das aprendizagem dos nossos estudantes, dessa maneira estamos trabalhando em cima das dificuldades de aprendizagem dos nossos alunos e consequentemente desenvolvendo no estudante autonomia na sua construção do saber. Com essa minha colocação não estou a favor da aprovação e contra a reprovação, estou defendendo o entendimento da concepção da avaliação.
sabine, socorro, foi vc que começou.
Diante desse novo modelo educacional imposto pelo arcaico MEC, e o mecanismo de defesa para delinquntes chamado ECa, fica complicado ,manter o controle de turma sem mecanismos de apoio. O professor deve ter personalidade forte. Concordo com notas de 0 a 10
Concordo com a volta da reprovação, e também das notas. Só assim teremos uma educação melhor em nosso país.
DA HORA