Como se aprende a dar aula?

Sabine Righetti

Toda vez que eu entrevisto algum especialista em educação, faço as mesmas perguntas: como se aprende a dar uma boa aula? O que forma um bom professor?

Em geral, escuto a mesma reposta: o problema é que os professores tendem a dar aula do jeito que tiveram aula. Aí o modelo sempre se reproduz e ninguém inova na sala de aula.

Faz sentido.

Quando eu comecei a dar aula, eu reproduzia tudo o que vi na minha vivência escolar. Até o jeito de se posicionar em sala de aula. O jeito de olhar. As pausas.

Até que passei um tempo nos Estados Unidos e tive outra experiência didática. Passei a questionar meus modelos.

Hoje, estou fazendo um exercício para entender como diferentes aulas têm de ser dadas.

SEM POWER POINT

Nessa pesquisa de campo, descobri coisas legais.

Alguns professores com quem tive contato, por exemplo, começam o semestre tentando tatear o nível dos alunos que encontram. E, a partir daí, montam as suas aulas.

Outros fazem aulas totalmente participativas, em formato de debate, com a sala em formato de círculo, sem exposição e sem power point.

Tem alguns que trazem um problema para a sala de aula, pedem para os alunos resolverem e então entram com a teoria.

É o caso por exemplo da professor Jonilda  Ferreira, que conheci no Nordeste. Ela dá aula na rede municipal de uma escola da Paraíba sem giz e lousa.

Ensina fração “na pizzaria de um amigo”, por exemplo. A escola tem, sozinha, mais medalhas de ouro em olimpíadas de matemática do que todas as escolas públicas juntas da maioria dos Estados do Brasil (leia aqui).

Antes de dar aula, é importante ter contato com diferentes metodologias para ter condições de escolher –ou de criar– a sua própria técnica.

Você dá aula? Conte para a gente como desenvolveu a sua técnica!

 

Comentários

  1. Estou em processo de implantação de uma nova metodologia. Estudei sobre as NTICs e, na escola pública, não é fácil, mas nesse processo cometi alguns erros ano passado que vou procurar corrigir esse ano.

    Em biologia, peguei todo o conteúdo do bimestre e dividi em 5 ou 6 grupos, os participantes são livres para escolher o grupo ou mudar. Não há prova. Os assuntos são assistidos previamente na net, através de um link disponibilizado via email da turma. Os grupos implementam um modelo do seu tema. A partir dos vídeos assistidos faço um apanhado geral, eles começam a trabalhar vou em cada grupo instigando curiosidades (problemas) que eles resolvem e devem apresentar ao final do trabalho. Os grupos têm relatores, apresentadores, pesquisadores e um líder.

    1. Yuri, que bacana! Você faz isso no fundamental ou médio? Parece muito legal. Abraços e obrigada pelo comentário, Sabine

    2. Espero que mantenha-se nessa conduta e que não surjam superiores imediatos ou mediatos para dissuadi-lo de propor mudanças. Em educação tudo acontece! Há um medo de mudar que congela até os melhores neurônios!

      1. Isso e verdade.O problema das pessoas e serem tao presas aos seu metodos que nao enxergam quando outros sao mais eficazes.

  2. E como vc dá aulas hoje, Sabine. 😉 Conte pra gente o que você viu nos EUA que te fez repensar o formato.

    1. Oi, Alessandra! Obrigada pelo interesse 🙂 Eu dou aula hoje em dia na pós-graduação e nunca parei para pensar no nível dos meus alunos antes de montar o programa do semestre. Nos eua, tive uma professora (chinesa) que no 1o dia de aula fez 3 perguntas de base sobre o assunto dela (economia internacional) e pediu para os alunos responderem em 15 minutos anonimamente. Aí ela avaliou as respostas e só depois montou o programa do semestre, de acordo com o nível do aluno. Outra diferença é que aqui no Brasil temos uma tradição francesa, em que o professor fala e o aluno escuta – só fala se tiver embasamento teórico. Nos eua eu era convidada pelos professores a refletir e opinar com base nessa reflexão a aula toda. É isso que estou trazendo para as minhas aulas. Mas quero mais! 🙂 abs e continue no blog!

      1. Grata por compartilhar, Sabine.

        Há um livro de um prof. Markus Brauer, “Ensinar na Universidade”, publicado em 2012, que oferece ótimas ideias de trabalho. Inclusive algo semelhante ao que propõe a profa. chinesa. abraços!

  3. Acho legal a ideia de se trocar experiencias con outros educadores cada turma exige um metodo e podemos meaclar varios.Eu tenho preferencia pela pratica e resoluçao de problemas.

  4. Acredito que nossos professores foram maus alunos, pois INFELIZMENTE, só virou professor aqueles que não conseguiram passar pra outras profissões, virando professor por acidente….é só perguntar em uma sala de aula: QUEM QUER SER PROFESSOR? ninguém quer…por causa do SALÁRIO….portanto temos somente aqueles que já eram fracos virando professor…os bons vão ser outra coisa por causa do dinheiro, afinal ninguém trabalha porque quer, mas sim para ganhar dinheiro e se manter…NINGUÉM TRABALHA PQ GOSTA, no máximo trabalha NAQUILO que gosta, o que é muito diferente…

    1. Existem sim muitas pessoas que acabam se tornando professores por falta de opção, mas garanto que não são todas. É claro que o salário dos professores não é dos melhores, mas salário não é tudo, realização pessoal, vivências diversificadas e vocação também são importantes na escolha de uma profissão. Eu fui boa aluna, tive bons professores e sou uma educadora que gosta do que faz. Poderia ter escolhido outra coisa, mas não seria feliz se trabalhasse apenas por um salário.

    2. Ser professor é dádiva, não são os ruins que viram professor, são os bons! Pode até ser que tenham alguns professores que são por falta de opção, mas garanto que tem muitos profissionais que nasceram para isso e que amam o que fazem! Amam trabalhar, porque além de um salário em troca, recebemos sorrisos e promessas de um futuro melhor! Se os professores tendem a dar aula do jeito que tiveram, sou uma professora de sorte! Porque só tive aulas incríveis com professores incríveis, cada um com a sua metodologia e seus recursos, porém todos eles me mostraram o motivo de estarem ali na frente, me mostraram que realmente acreditam e que querem passar o que conhece para o aluno.

  5. Eu tbém não gosto de power point então faço um super sinótico do conteúdo da aula do dia no quadro negro e vou buscando inserir este conteúdo nas práticas do dia a dia dos alunos. Dispo-los em círculos e colocar o assunto em pauta tbém dá muito certo.

  6. De fato a pergunta que poderíamos fazer é: Por que os alunos não gostam da Escola ou ainda, qual é o verdadeiro papel da Escola?
    Li os comentários acima e gostei de todos, mas, como comentou o educador acima o nosso modelo não nos leva a questionar e ficamos muito tempo passivo em sala. Penso que, além de enxugar o currículo, este deve ter uma finalidade laboral e além disso programas que levam o jovem a rever sua prática diária tendem a reverter o processo de apenas escutar e mais, executar sem saber o porque. Em nossa Escola estamos com um projeto piloto para 40 alunos – PEI – Programa de Enriquecimento Instrumental, desenvolvido pelo Prof. Reuven Feuerstein e acreditamos que teremos mudanças.

  7. NÃO DOU AULA, TRABALHO, SOU UM PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO.NÃO EXISTE RECEITA PRONTA, CADA REGIÃO É UMA REGIÃO, CADA SALA DE AULA É ÚNICA, CADA ALUNO É UM ALUNO. MINHA FILOSOFIA É APRENDER SEMPRE PARA TENTAR ENSINAR CADA VÉZ MELHOR, POIS TENHO CERTEZA QUE NEM SEMPRE O QUE VALE PARA ALGUNS NÃO SERVE PARA OUTROS.

  8. Oi, gostei muito do seu post. Sou aluna e tenho que dar aula para um professor , vc me da algumas dicas? obrigada!!

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