Primeiro vestibular da Univesp mostra que ensino a distância tem demanda

Sabine Righetti

Muita gente torce o nariz quando se fala sobre ensino a distância no Brasil. Mas o fato é que há demanda.

O primeiro vestibular para os cursos de engenharias a distância oferecidos pela Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), por exemplo, teve uma média de 5,7 candidatos por vaga.

A procura é semelhante a de engenharias do campus de Pirassununga da USP, que varia entre 6 e 7 candidatos por vaga.

O primeiro vestibular da Univesp aconteceu agora em junho. Os dados são fresquinhos.

A Univesp ainda não tem informação etária dos candidatos, mas a expectativa é que eles sejam mais velhos do que a média dos estudantes de uma universidade pública.

MAIS VELHOS

Isso porque quem procura ensino a distância tende a estar fora da chamada “idade universitária”, ou seja, de 18 a 24 anos.

Na tradicional Poli-USP, por exemplo, sete em cada dez matriculados em 2013 nos cursos de engenharias tinham até 18 anos.

Os mais velhos não conseguem entrar no curso ou sequer tentam porque moram longe de São Paulo, trabalham, ainda não concluíram o ensino médio ou não teriam condições de fazer aulas presencialmente em período integral.

Quem não pode fazer engenharia em uma escola como a Poli-USP enquanto jovem estará fadado à exclusão do curso de engenharia em uma universidade pública?

Quero acreditar que não.

MINORIA

No Brasil, apenas 14% dos jovens em idade universitária estão no ensino superior. Ou seja: muitos dos que estão fora da universidade enquanto jovens poderão se interessar por ela no futuro –e podem ver no ensino a distância uma alternativa de estudos.

O problema é que, por aqui, essa modalidade de ensino virou sinônimo de diploma fácil, de curso rápido e de pouco aprofundamento.

Trata-se de um cenário bem diferente do observados nas melhores universidades do mundo, como as norte-americanas MIT e Harvard, que estão entrando de cabeça no ensino a distância e conquistando alunos em todo o mundo.

Já escrevi sobre isso aqui no blog.

Entendo que cursos a distância têm qualidade questionável quando são oferecidos por instituições que também têm ensino presencial com qualidade questionável.

Quando o histórico presencial é positivo (caso das universidades norte-americanas) ou quando a instituição é criada com objetivo de ser virtual (caso da Univesp), os resultados podem ser bem melhores.