Ninguém sabe se computadores e tablets melhoram ensino

Sabine Righetti

Na semana passada mediei um debate interessante no evento Desafios da Educação, que ficou bastante centrado em uma questão: novas tecnologias usadas em sala de aula, como tablets e computadores, melhoram a qualidade do ensino?

De acordo com os especialistas que estavam presentes, brasileiros e estrangeiros, ainda não temos uma resposta.

Ao que parece, algumas tecnologias podem melhorar indicadores de ensino desde que associadas ao bom e velho ensino presencial.

Ou seja: de nada adianta ter tablets em sala de aula se o professor não souber como aproveitar esse recurso com a turma.

“É importante saber disso para que as instituições de ensino não saiam comprando equipamentos de forma desenfreada sem saber o resultado do seu uso”, disse a diretora acadêmica do Insper, Carolina Costa, que é doutora em educação.

INCERTEZA

Ela mostrou uma revisão do que os cientistas estão escrevendo sobre o uso dessas tecnologias na educação. Os estudos revelam mais pontos de interrogação do que certezas.

Parte desses trabalhos, por exemplo, mostra que tecnologias tendem a melhorar o aprendizado de alunos que já apresentam boas notas e daqueles com perfil mais auto-didata (que conseguem aprender sozinhos).

Isso significa que um aluno que vai bem sem computador irá melhor ainda com o equipamento, mas quem vai mal continuará com o boletim no vermelho diante de novas tecnologias.

O mesmo acontece com os cursos oferecidos pela internet, como complemento de aulas presenciais ou exclusivamente a distância.

Também nesses cursos, diz Costa, os alunos com melhores notas presencialmente tendem a se sair melhor a distância. Isso porque eles tendem a ser mais interessados nos estudos, menos dispersos e, claro, mais estudiosos.

MARKETING

Esse debate é importante porque muitas instituições de ensino fazem do uso de tablets e de computadores em sala de aula como uma forma de marketing. Certamente você já viu alguma publicidade desse tipo. Essas escolas vendem a ideia de que são melhores porque têm um dispositivo desses por aluno, por exemplo.

Será que são mesmo?

Muitas universidades de ponta dos EUA, por exemplo, estão fazendo o caminho contrário. Na Universidade de Michigan, que está entre as melhores do mundo, parte dos docentes começou recentemente a proibir celulares, tablets e laptops em sala de aula porque esses equipamentos acabam mais distraindo os estudantes do que ajudando no aprendizado.

Minha experiência como docente concorda com essa ideia. Nas aulas que ministro, esses equipamentos também são vetados –a menos que estejam em uso durante uma atividade, por exemplo. Se liberados durante uma explanação ou um debate, é batata: os alunos vão para o Facebook.

E você? O que pensa sobre o uso desse tipo de tecnologia em sala de aula? Comente aqui no blog!