Licença paternidade aumentada ajuda a integrar os pais na educação dos pequenos

Sabine Righetti

A discussão é antiga e, finalmente, saiu do papel: a partir de agora, papais terão licença-paternidade estendida de cinco para 20 dias. A mudança está no chamado “Marco Legal da Primeira Infância”, que vai afetar a rotina de cerca de 20 milhões de brasileirinhos, de zero a seis anos de idade. Foi publicado nesta quarta-feira (9) no Diário Oficial.

A alteração é super importante porque permite que os os papais comecem a se integrar um pouco mais nos cuidados e na educação dos filhos desde os primeiros dias.

Hoje, na prática, o que acontece é que as mães se dedicam aos primeiros cuidados do bebê e acabam ficando com todo o resto. A educação dos filhos ainda é vista como uma tarefa prioritariamente feminina. Já escrevi sobre isso aqui no blog em um período em que visitei reuniões de pais em uma série de escolas –só encontrei mães nas instituições de ensino.

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A questão é que a criança, mesmo pequenininha, tem o direito de estabelecer vínculo também com o seu pai . Óbvio. “É um momento de criação de vínculo e de necessidades biológicas básicas. Então, é fundamental que o pai participe desse processo junto com a mãe, diz, em nota, Rodrigo Torres, da Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Ou seja, estar com o papai, agora, passa a ser visto como um direito fundamental dos brasileirinhos. É uma mudança significativa de abordagem.

PASSINHOS

O novo “Marco Legal da Primeira Infância” é mais um passinho no país para dar atenção aos pequeninhos. O ensino infantil –de zero a cinco anos– já é obrigatório. O que será ensinado na escola infantil, no entanto, ainda está sendo decidido –um dos debates atuais diz respeito à inclusão da alfabetização  na proposta curricular nacional para os brasileirinhos.

Isso é super importante: é justamente na primeira infância, ou seja, até os seis anos, que o cérebro das crianças é esculpido conforme as suas experiências. É isso que a psicologia e a medicina chamam de “janela de oportunidade”: se determinados circuitos cerebrais não forem ativados nessa fase, há uma poda dos neurônios não utilizados.

É na primeira infância que a criança, quando brinca, ativa o cérebro por meio da imaginação e da capacidade de concentração. Ela desenvolve características importantes que vão definir a sua personalidade e aspectos não-cognitivos de sua formação –o que é conhecido como “inteligência emocional”.

Dá para deixar os pais fora disso? Não, claro que não dá.