O que as melhores universidades do mundo podem ensinar ao nosso governo
Os Estados Unidos concentram sete das dez melhores universidades do mundo, de acordo com avaliações internacionais como o THE (Times Higher Education). São escolas muito boas porque têm corpo docente de altíssimo nível, recursos e os melhores alunos do mundo, que criam soluções bastante criativas para os problemas de nossa sociedade.
Como essas universidades conseguem isso? Com diversidade. As universidades norte-americanas têm uma política fortíssima de diversidade étnica, racial, social e de gênero de seus alunos. A ideia é formar turmas mais heterogêneas possível –algo bem diferente do que o novo governo está fazendo.
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Explico. Uma universidade como Harvard (Boston, EUA) –6ª melhor do mundo no ranking de universidades THE e 1ª na listagem de Shangai– tem, em média, 20% de seus alunos vindos de outros países. São chineses, sul coreanos, sauditas, indianos, latinos.
Mais: Harvard, assim como as universidades de ponta no mundo, tem uma intensa política de prospecção de bons alunos, incluindo aqueles que não podem pagar pelo curso. A universidade visita escolas públicas, vai atrás de competições de empreendedorismo jovem, de olimpíadas internacionais de física e de matemática, busca os melhores estudantes em cursos on-line livres de plataformas como Coursera e EdX.
Se Harvard encontrar um bom estudante que não pode pagar pela taxa anual, que gira em torno de U$60 mil (cerca de R$200 mil), a universidade garante uma bolsa de estudos integral. O aluno tem direito às aulas, material escolar, moradia, alimentação e plano de saúde. É mais do que as nossas universidades públicas brasileiras oferecem por aqui.
Esse mix de boas cabeças diferentes, com diversos backgrounds, histórias de vida, culturas, religiões, orientação sexual e visões de mundo, forma turmas riquíssimas de alunos. Imagine uma sala de aula de um curso de medicina ou de economia que misture as melhores cabeças do mundo em diversas etnias, sexo e classe social? Pois é.
Os resultados são as melhores soluções para os problemas de nossa sociedade. É de universidades com foco em diversidade que saem ideias disruptivas como o Facebook, o LinkedIn, o Airbnb, o Uber e onde se formam os CEOs e líderes das principais instituições e empresas do mundo.
Por falar em empresas, muitas seguem a lógica das universidades norte-americanas ao formar seus quadros de liderança e conselhos. Há estudos que mostram que cúpulas heterogêneas deixam as empresas 25% mais produtivas do que aquelas formadas apenas por homens brancos –como tende a acontecer em cargos de liderança no setor produtivo mundo afora.
Agora vamos voltar ao Brasil. E vamos extrapolar. Se o novo governo fosse uma sala de aula de uma universidade, seria composta por alunos homens, brancos, com orientação política parecida e background bastante similar. São pessoas que enfrentaram os mesmos desafios e obstáculos, que fazem uma mesma leitura da vida. E que, consequentemente, têm pouca diversidade na solução de problemas. Basicamente, são pessoas que pensam igual.
A diversidade de pessoas em uma universidade, empresa ou governo é necessária não apenas para atender o movimento feminista, a demanda das minorias, a representação racial. Não é só isso. A diversidade é necessária para termos, afinal, diversidade na solução dos problemas, para aumentar a criatividade, a produtividade. E, parece-me, o Brasil está extremamente carente de boas, criativas e produtivas soluções.