‘Rankings oferecem retrato importante, mas incompleto’, diz USP em ‘resposta’ ao RUF
Em uma espécie de pronunciamento oficial após a publicação do RUF – Ranking Universitário Folha, a USP publicou um texto institucional em que analisa e critica diferentes metodologias de rankings –com a opinião de especialistas na área e do reitor da universidade, Marco Antonio Zago. A USP perdeu, pela primeira vez, a liderança no RUF de 2016.
O ranking, que existe há cinco anos, classifica 195 universidades, identificadas por Estado, natureza administrativa, tamanho e idade. A UFRJ lidera a listagem, seguida pela USP e pela Unicamp. A melhor universidade de fora do Sudeste é a UFRGS, em 5º lugar. A melhor privada, em 21º lugar, é a PUC-Rio.
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A diferença entre a universidade paulista e a carioca é pequena: a UFRJ ultrapassa a USP por 0,43 ponto. Para se ter uma ideia, a USP voltaria à liderança se tivesse uma nota média no Enade, avaliação oficial do governo, que vale dois pontos no RUF –a universidade não participa do exame por considerá-lo controverso.
Na época em que o RUF de 2016 fora publicado, a USP, procurada, não se pronunciou sobre a queda na classificação. Publicou apenas um texto institucional em que noticiava a posição da universidade no ranking da Folha.
Agora, o novo artigo institucional esmiúça os resultados:
“A USP se deparou com os resultados de dois rankings universitários: perdeu a liderança de quatro anos no Ranking Universitário Folha (RUF) e caiu colocações na lista mundial divulgada pelo Times Higher Education (THE), permanecendo, porém, no primeiro lugar entre as universidades da América Latina. Já na última edição do QS World University Ranking, a USP subiu 23 colocações e obteve sua melhor avaliação na história da lista. Esta aparente discrepância nos indica que, apesar de sua importância, os rankings universitários precisam ser relativizados.” (do texto)
De acordo com o material, uma das críticas aos rankings de universidades, destacadas pelo próprio reitor, é a avaliação de instituições com características tão distintas em um mesmo pacote.
“É importante ter em mente que os rankings não são instrumentos neutros, mas sim construídos e utilizados intencionalmente, para fins e contextos específicos”, diz, no texto da USP, a bibliotecária Solange dos Santos. Ela é autora de uma das primeiras teses de doutorado em solo nacional sobre rankings universitários, defendida em 2015 na USP (leia mais aqui).
MAIS DINHEIRO
A própria USP já utilizou rankings universitários em suas políticas internas. Durante a gestão do reitor anterior, João Grandino Rodas (2010-2013), a universidade distribuía bônus em dinheiro a funcionários e docentes cada vez que subia ou tinha um bom desempenho em diferentes classificações de universidades.
A medida por interrompida por Zago por questões financeiras: quando assumiu, em 2014, Zago encontrou uma universidade em crise financeira, que gastava mais do que recebia do governo só para pagar salários.
O reitor, no entanto, acompanha as listagens de perto: neste ano, foi Zago quem fez a palestra inaugural do encontro internacional do IREG, braço da Unesco criado em 2009 justamente com o objetivo de avaliar rankings de universidades.