Laboratório de Luz Síncrotron fará treinamento de cientistas para novo acelerador

Sabine Righetti
Anel de luz síncroton atual atende à metade da demanda do país e já é considerado obsoleto por cientistas

Quem pretende fazer pesquisa usando o novo acelerador de luz síncroton que está sendo construído em Campinas, interior de São Paulo, poderá fazer uma espécie de treinamento em julho no CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais).

A chamada “escola de síncrotron” vai abordar desde conceitos básicos da produção e das propriedades da luz síncrotron até a apresentação de técnicas e tecnologias específicas possíveis com o uso das fontes de luz.

A ideia é mostrar para cientistas de todo o país as potencialidades do novo anel de luz síncroton batizado de Sirius, que deve ficar pronto até 2018. Quanto mais gente usando o equipamento quando ele entrar em operação, melhor.

Diferentemente do acelerador de partículas do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), famoso pela observação do bóson de Higgs em 2012, os aceleradores brasileiros -o que já existe em Campinas (foto acima) e o que está em construção- funcionam como fonte da chamada luz síncrotron. É uma ampla gama do espectro luminoso, com grande intensidade.

Essa radiação, gerada pela aceleração de elétrons que correm em órbita fechada num anel, é emitida em feixes de luz finos que podem gerar imagens em alta resolução, por exemplo, de materiais deteriorados ou de uma única molécula.

POR DENTRO DO OVO

Para se ter uma ideia de sua aplicação em estudos científicos, palenotólogos brasileiros poderão usar a luz síncrotron para gerar imagens em 3D do interior de um ovo fossilizado de dinossauro. Até hoje, é necessário quebrar um fóssil para analisar seu interior.

O anel de luz síncrotron atual foi inaugurado em 1998 e, hoje, é considerado obsoleto. O novo anel terá o dobro de energia de operação do atual e medirá cinco vezes mais que o de hoje. A obra, que começou em 2010, está estimada em cerca de U$200 milhões –e, por enquanto, conseguiu escapar dos cortes na área de ciência.

“Precisamos mostrar para os cientistas a capacidade do anel, senão ele corre o risco de ser subutilizado”, diz a física Ana Carolina Zeri, do CNPEM.

A “escola de síncrotron” acontece de 10 a 21 de julho de 2017 no CNPEM, com aulas teóricas e práticas. As inscrições vão até 3 de abril. O centro estuda ainda a possibilidade de promover treinamentos itinerantes pelo país.