Para diversificar perfil de aluno, FGV-SP lança curso noturno de administração

Sabine Righetti
Fachada da Escola de Administração da FGV-SP (no centro de São Paulo)

Conhecida por ser uma escola tradicional de administração no país, a FGV-SP acaba de dar um passo importante para diversificar o perfil dos seus alunos. A partir de 2018, 50 estudantes poderão fazer administração de empresas à noite.

Hoje, a escola oferece o curso exclusivamente diurno em período integral (é o melhor curso privado do país no RUF de 2016). Ou seja: os alunos têm de se dedicar apenas aos estudos nos anos iniciais –até começar a fase de estágios.

A ideia do curso noturno, de acordo com Nelson Lerner Barth, coordenador do curso de administração, é alcançar quem já trabalha.

Isso inclui quem não poderia deixar o emprego de lado por questões financeiras. Também estão no alvo os estudantes mais velhos, que já estão no mercado de trabalho em outra área e pretendem fazer uma segunda graduação.

Esse é um passo importante na diversificação do perfil dos alunos da escola –um processo que foi intensificado internamente há cerca de cinco anos.

A escola tem, por exemplo, um cursinho pré-vestibular para alunos que vieram de escola pública. É uma iniciativa coordenada pelos próprios alunos regulares da graduação. Estudantes de baixa renda que passam no processo seletivo da FGV-SP têm bolsa garantida (o curso todo sai por cerca de R$250 mil).

ESCOLA PÚBLICA

Em 2015, a escola recebeu os primeiros alunos moradores de favela de São Paulo.  Nesse ano, dois refugiados africanos ingressaram na escola.

A FGV-SP sabe que turmas heterogêneas –em termos de gênero, perfil social e idade– rendem aulas mais dinâmicas.

Funciona mais ou menos assim: se todos os alunos forem brancos, de famílias abastadas e egressos de escolas particulares, por exemplo, a visão de mundo do grupo será muito parecida. Quando se monta uma turma bem misturada, com diferentes perfis de estudantes, os debates ficam muito mais acalorados.

Justamente por isso, as melhores universidades do mundo –como as americanas Harvard e MIT– têm cerca de 25% de alunos estrangeiros e investem em turmas com diferentes perfis sociais (o que inclui até misturar ateus, islâmicos e budistas numa mesma classe).

No caso do curso noturno da FGV-SP, a expectativa é ter também alunos que trabalham por opção –caso de herdeiros de empresas.  “O curso noturno é também um facilitador para quem gosta de estudar à noite”, diz Barth.

As inscrições para o processo seletivo de administração de empresas diurno (200 vagas) e noturno (50 vagas) seguem até outubro. O processo seletivo foi modificado no ano passado: agora inclui carta de motivação e entrevista. É uma tentativa de mapear alunos que, além de demonstrar interesse no curso, também tenham boa capacidade de arguição (característica considerada hoje fundamental na formação de lideranças).

O curso noturno terá duração de cinco anos –um ano a mais do que a opção diurna. O valor total será o mesmo, mas as mensalidades do noturno saem um pouco mais em conta, já que o pagamento é diluído no curso que tem maior duração.