Insper inaugura moradia inédita em escolas privadas para alunos bolsistas
Matheus Siqueira, 23, aluno de administração de empresas do Insper, está de mudança. Ele vai ser um dos moradores da nova residência estudantil da escola –a primeira em uma instituição de ensino privada do país.
O prédio fica a algumas quadras da sede do Insper, no Itaim Bibi (zona Sul de São Paulo), e vai abrigar 51 bolsistas. A inauguração acontece nessa sexta (11).
Hoje, alguns alunos com bolsas do Insper, como o Matheus, moram em apartamentos alugados pela própria escola. Outros vivem com suas famílias em áreas periféricas da cidade –e podem gastar algumas horas por dia no trânsito.
A ideia da escola é manter os alunos por perto para facilitar os estudos. É assim que funcionam as moradias estudantis de universidades públicas brasileiras. A maioria mantém prédios para os alunos dentro do próprio campus.
MODELO AMERICANO
A iniciativa é inédita em instituições de ensino superior privadas no país, como o Insper. É, no entanto, relativamente comum em universidades particulares em países como nos EUA. Lá, a residência estudantil costuma estar incluída no valor da anualidade. Sai de graça para quem não pode pagar.
Matheus, por exemplo, está entre quem não poderia pagar um aluguel e a mensalidade da escola (cerca de R$4,2 mil). Ele contou ao Abecedário que depois de perder a mãe, aos dez anos, foi morar com seus padrinhos –e teve de trabalhar desde os 15 anos para ajudar nas contas. Sempre estudou em escola pública.
“Se eu dissesse para qualquer pessoa naquela época que eu queria estudar em uma das melhores universidades do país, ninguém iria acreditar”, diz. “Eu tive sorte porque o Insper acreditou em mim muito antes de que eu conseguisse provar que valeria a pena investir na minha carreira.”
A moradia do Insper recebeu o nome de “Toca da Raposa”, em alusão ao mascote da escola. O prédio é uma doação da Fundação Brava –que cedeu o espaço em comodato e bancou toda a reforma. Parte das bolsas aos alunos de baixa renda também vem de doações, inclusive de ex-alunos.
Universidades de elite como Insper e a FGV-SP têm incentivado a inclusão de alunos de baixa renda. Não é por acaso: a literatura mostra que escolas com turmas heterogêneas em termos de gênero, origem e renda formam alunos melhores. “A gente percebe na sala de aula o quanto que as diferenças de origem dos alunos faz diferença nas discussões.”
Hoje, Matheus diz que gasta praticamente todo o seu tempo estudando. Ele também trabalha como monitor da disciplina de estratégia competitiva basicamente “ajudando o professor”. E o que pretende fazer quando se formar? “Eu quero fazer a diferença.”