Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Grupos de mídia levam jornalistas para ensinar educação midiática em escolas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/#respond Tue, 03 Jul 2018 10:00:18 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Captura-de-tela-2018-07-01-16.01.08-320x213.png http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3275 Dois grandes jornais britânicos anunciaram na última quinta (28) que vão trabalhar juntos em um projeto de educação midiática nas escolas do Reino Unido. A proposta do The Times e The Sunday Times é levar seus jornalistas para escolas daquele país para que os alunos sejam expostos a histórias jornalísticas reais, pesquisa e apuração.

O que está por trás da iniciativa é uma preocupação crescente dos grupos de comunicação com a disseminação de notícias falsas (fake news). São os textos com cara de jornalismo que se disseminam especialmente por redes sociais. O problema é que pessoas podem tomar decisões baseadas em notícias falsas — como decidir em quem votar — sem saber que estão sendo enganadas.

A atuação de grupos de mídias em escolas não é novidade no Reino Unido. Desde 2006, a BBC — maior e mais antiga emissora do mundo — institucionalizou a necessidade de promover alfabetização midiática nas escolas daquele país. O grupo disponibiliza materiais on-line baseados no currículo escolar do Reino Unido para serem utilizados por estudantes e professores. Entre as iniciativas, há até um game — o iReporter — que simula o primeiro dia de trabalho de um jornalista de verdade apurando uma história.

Neste ano, a BBC também anunciou que levará seus jornalistas para as escolas britânicas para ajudar no projeto de educação midiática (é o “BBC journalists return to school”). A decisão do grupo surgiu depois de uma pesquisa nacional que mostrou que apenas 2% das crianças e dos adolescentes daquele país têm a capacidade de leitura crítica necessária para discernir uma notícia falsa de uma notícia verdadeira.

No Brasil, não há nenhuma pesquisa que identifique a capacidade de discernimento de notícias reais e falsas pelos estudantes brasileiros. Tampouco há iniciativas de grupos de mídia voltadas às escolas do país. Há, no entanto, uma série de pesquisas sendo conduzidas na área. Uma delas é a da jornalista Jéssica Santos, que está estudando iniciativas de alfabetização no acesso a notícias em um mestrado profissional na ESPM.

“Enquanto pesquisadores tentam compreender porque somos tão suscetíveis ao cenário complexo de desordem informacional, cabe às empresas jornalísticas participar ativamente de projetos que ajudem as pessoas a conhecer o processo de seleção, de produção e de financiamento das notícias”, diz Jéssica.

“Desordem informacional” é o nome dado pelos acadêmicos à disseminação de notícias falsas aliada à incapacidade de discernimento entre a informação real e a falsa.

Além dos grupos de mídia do Reino Unido, jornais norte-americanos também têm atuado em educação midiática em escolas. Caso do The Washington Post e do The New York Times — esse último, por exemplo, tem uma seção no seu próprio site que reúne material jornalístico que pode ser usado por professores nas escolas.

“São organizações que já enfrentam o desafio com iniciativas que comprovam a eficácia de equipar a sociedade para lidar com a sobrecarga de informações e a dificuldade em determinar a veracidade do que é propagado nas mídias.”

A ESPM, onde Jéssica faz pós-graduação, estabeleceu neste ano a chamada Cátedra Palavra Aberta ESPM — em parceria com uma ONG homônima que se dedica ao consumo midiático. A expectativa da cátedra é fomentar academicamente os trabalhos na área. 

 

 

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Lixo na praia mostra que precisamos muito mais do que educação https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/31/lixo-na-praia-mostra-que-precisamos-muito-mais-do-que-educacao/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/31/lixo-na-praia-mostra-que-precisamos-muito-mais-do-que-educacao/#respond Wed, 31 Jan 2018 20:39:13 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3083

Quem passou por alguma praia recentemente neste verão talvez tenha se deparado com um fenômeno comum, mesmo nas regiões mais remotas do litoral brasileiro: o lixo. Em uma caminhada de uns dez minutos que fiz no litoral de Santa Catarina no começo de janeiro, por exemplo, encontrei garrafas pet, latinhas de cerveja e de energéticos, canudinhos, plásticos de picolé. Fui recolhendo o que achei até que, sozinha, eu não tinha mais braços suficientes para tanto lixo acumulado.

O problema é que quando a maré sobe, ou quando chove, tudo aquilo que se acumula na areia vai para o mar –e causa um estrago danado. Já há, inclusive, estudos que mostram que até 2050 os Oceanos terão mais plásticos do que peixes.

Por que as pessoas jogam lixo na praia?

Fiz essa pergunta alto para quem estava lá comigo entre latinhas e pacotes de batata frita e tive como resposta o mesmo que você deve ter pensado: “as pessoas não têm educação”. Ok. Então vamos entender o que isso significa.

“Não ter educação” e, por causa disso, jogar lixo na praia, na rua e nos espaços públicos, pode ser entendido como falta de conhecimento. Não aprendi algo então tenho uma determinada atitude por desconhecimento dos impactos do que eu faço. As pessoas, em tese, não saberiam que aquele lixo plástico jogado na areia inevitavelmente vai parar no mar.  Tampouco saberiam que o peixe pode morrer ao ingerir esse plástico –ou, então, pode ingerir pedaços microscópicos de plástico e você, ao comer o peixe, acaba comendo o plástico. É a ideia de “cadeia alimentar”, que aparece na escola no ensino fundamental e pode ser tema até de vestibular.

CADEIA ALIMENTAR

Não me parece, no entanto, que o lixo naquela praia seja um caso de falta de conhecimento. Chuto dizer que a maioria das pessoas que estava lá em Santa Catarina –e que jogou latinha de cerveja por onde passou– tinha passado pelas aulas de biologia da escola. Aquelas pessoas provavelmente tinham diploma de ensino superior –ou até alguma pós-graduação. Cruzei com gente opinando sobre política e ostentando um português elegante –ou falando outras línguas, como espanhol e alemão.

Então qual é a questão?

O problema pode estar no formato da nossa educação. Aprendemos conceitos importantes de maneira muito teórica e temos aulas expositivas focadas em livros didáticos com pouca experimentação. Pode ser que aquelas pessoas da praia tenham conhecimento ambiental, sim, mas não internalizaram os conceitos aprendidos. Trocando em miúdos: quem joga uma sacola plástica na areia da praia pode até acertar uma questão do Enem sobre poluição ou cadeia alimentar, por exemplo, mas talvez não compreenda completamente que aquele seu próprio lixo interfere no ecossistema do qual faz parte.

Mais: pessoas altamente instruídas no Brasil podem ter baixíssima noção de cidadania, do que é ser cidadão, de regras de divisão de espaços públicos. Talvez porque estejam viciadas pelos hábitos de gerações anteriores, que jogavam lixo na praia, as pessoas seguem fazendo o mesmo. Ou então aquelas pessoas estão mais acostumadas a ambientes privados e controlados, e acreditam que sempre haverá alguém para limpar o rastro que se deixa por aí.

Aqui, vamos das aulas de ciências à sociologia. Será que estamos discutindo o suficiente, na escola, sobre a formação sociocultural brasileira, que é impregnada pela ideia de “ser servido”? E debatemos o quanto isso afeta, inclusive, o nosso próprio ecossistema?

Ao que tudo indica, “falta de educação” não explica o lixo encontrado na praia. Precisamos, primeiro, entender de qual educação estamos falando.

 

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Se o governo ouvisse a ciência, aumentaria a carga de esportes na escola https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/se-governo-ouvisse-a-ciencia-aumentaria-a-carga-de-esportes-na-escola/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/se-governo-ouvisse-a-ciencia-aumentaria-a-carga-de-esportes-na-escola/#respond Thu, 27 Oct 2016 22:41:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2740 Os educadores podem não saber disso, mas estudos que envolvem neurociência têm mostrado evidências importantes que relacionam a prática de exercícios regularmente ao desempenho acadêmico. Trocando em miúdos: mais tempo na quadra de esportes pode significar melhores notas na escola.

Então não seria interessante que cientistas e educadores trabalhassem juntos para desenvolver estudos para guiar tomadas de decisão na área de educação? Pois é. Essa é a proposta da Rede Nacional de Ciência para Educação, que conecta educadores e cientistas com o objetivo de embasar decisões na área de educação.

A relação entre esportes e o desempenho acadêmico é um exemplo clássico desse trabalho “em rede”.

De acordo com o neurocientista Roberto Lent, que trabalha com plasticidade e evolução do cérebro na UFRJ, e que coordena a rede, uma série de estudos recentes mostram que exercícios físicos melhoram a memória e até a produção de novos neurônios no hipocampo –área do cérebro responsável pela aprendizagem (veja aqui um dos estudos).

Ele abordou o tema em um evento da rede promovido nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Ayrton Senna, em São Paulo.

Em experimentos com ratinhos, é possível “contar” os novos neurônios produzidos. Já em humanos, os resultados são observados a partir de imagens do cérebro.

“Baseado nisso, o governo não deveria tornar educação física uma disciplina opcional”, diz Lent. Vale lembrar: na proposta de reforma curricular do ensino médio, anunciada por meio de Medida Provisória em setembro, educação física e artes passam a ser disciplinas eletivas. A proposta tem sido criticada por especialistas, que receiam que algumas escolas simplesmente não tenham essa opção para os alunos.

MAIS DISPOSIÇÃO

Outros trabalhos mostram também que a endorfina, neurotransmissor produzido com a prática de exercícios, melhora a disposição de maneira geral –o que ajuda na concentração e nas aulas. Mais: exercícios físicos ajudam no sono, que, por sua vez, tem um papel importantíssimo na memória. Para a psicologia, os exercícios físicos ajudam a desenvolver o trabalho em grupo, a liderança e a disciplina.

A ideia da Rede Nacional de Ciência para Educação, criada em 2012, é justamente prover políticas públicas na área de educação de informações científicas que possam ajudar a tomada de decisão. Hoje, há educadores, cientistas, economistas, fonoaudiólogos e pesquisadores de várias áreas do conhecimento envolvidos no trabalho.

“Isso significa que se o governo tivesse ouvido os cientistas, aumentaria as horas de educação física”, diz Lent.

De acordo com com Daniele Botaro, pós-doutoranda do Instituto Ayrton Senna, que também integra a rede, uma das propostas é que os próprios professores tragam temas de pesquisa para a ciência.

“Um professor pode observar um fenômeno em sala de aula e traz uma pergunta para os cientistas responderem”, diz.  Isso é muito comum em países como nos Estados Unidos.

 

 

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Eu, que amo estudar, quase larguei o ensino médio https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/#respond Sat, 10 Sep 2016 18:08:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2709 Nessa semana, diante da divulgação dos resultados do Ideb, escrevi uma análise sobre o problema do ensino médio no país. O índice mostrou que continuamos falhando especialmente na última etapa da educação básica. Os alunos continuam indo mal e largando a escola.

O problema é realmente sério. Quem me conhece minimamente sabe que eu adoro estudar –o que, inclusive, acabou me levando a pesquisar e a escrever sobre educação. E até eu, que amo aprender, quase larguei o ensino médio durante a minha adolescência.

Aluno chega à escola de peito estufado e sai de cabeça baixa

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Assim como acontece com a maioria dos alunos, eu fui me desconectando da escola. No começo, eu acordava animada para ir para a escola, gostava da “tia” e das brincadeiras do recreio. Aos poucos, isso foi se perdendo.

Conforme a escola avançava, eu deixava de ter uma relação afetiva com aquilo. A escola passou a me dar medo: da bronca, da nota baixa, da prova, do bullying. Eu mal sabia o nome dos meus professores no começo do ensino médio porque eram muitos –hoje, são 13 disciplinas que compõem o quadro escolar nessa etapa. Eles também não sabiam o meu nome. Eu tinha um número na minha sala: 33.

Eu gostava de fazer contas, mas comecei a lidar mal com elas no ensino médio. A minha paixão pela lógica foi substituída pelo terror à memorização de fórmulas da matemática e da física –aliás, eu não tinha a mais vaga ideia de quão linda pode ser a física, da escala nanométrica à astronomia. Eu detestei física do começo ao fim, até chegar à faculdade.

SONO

Toda noite, durante o ensino médio, eu ia dormir preocupada com a escola. Perdia o sono e, no dia seguinte, mal conseguia acordar antes das 6 horas para estar na aula às 7 horas. Mais tarde, lendo estudos de educação e de psicologia, descobri que, por questões fisiológicas mesmo, os adolescentes têm dificuldades de acordar cedo. A cabeça deles simplesmente não funciona de manhã. Ora, então por que diabos as aulas no ensino médio até hoje começam às 7 horas nas redes pública e privada?

Pois é. É uma tortura mesmo.

Deixei de ver sentido nas horas que passava nas aulas. Todos os dias, chegava em casa e fazia um balanço do que havia aprendido. Na maioria das vezes eu concluía que tinha aprendido coisas “inúteis” porque não via conexão daquilo com a minha vida. E, já que eu não tinha aprendido nada, como pensava, por que eu estava na escola?

Essa é a sensação relatada pela maioria de quem larga os estudos nessa fase: a escola parece perda de tempo. E, no Brasil, muita gente desiste: metade de quem entra na escola não termina os estudos no ensino médio! Claramente temos um problema sério que estamos ignorando.

Por sorte, meus pais não me deixaram desistir. Discutimos ao longo de todo o meu 1º ano do ensino médio o que eu faria da vida, cheguei a mudar da escola. Resolvi seguir nos estudos mediante um plano: eu iria trabalhar nas horas vagas depois da escola e, com o dinheiro poupado, faria intercâmbio no 2º ano do ensino médio. Isso me segurou.

Fui e, lá fora, no Reino Unido, as aulas começavam mais tarde e eu podia fazer disciplinas extracurriculares. Mais independente, comecei a circular sozinha pela cidade, ir a museus e ao cinema. Conheci novos livros. Continuei trabalhando depois da escola.

Quando voltei da empreitada, já estava no 3º ano do ensino médio, preparando-me para o vestibular. Resolvi terminar, faltava pouco! Aos 17 anos, entrei em um curso concorrido de jornalismo em uma universidade estadual paulista. Ufa. E nunca mais parei de estudar.

Toda vez que escrevo sobre os problemas do ensino médio, conto um pouco da minha história. Eu, que amo estudar, e que agora estou planejando até um pós-doutorado, quase parei a escola na minha adolescência. Isso me parece bem grave.

A escola brasileira tem o poder de acabar com o ânimo de seus alunos –e os culpa por isso. Até quando vamos ignorar esse nosso fracasso?

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Como explicar na escola ‘dois homens se beijando’? Aqui vão algumas dicas. https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/como-explicar-dois-homens-se-beijando-na-escola-aqui-vao-algumas-dicas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/como-explicar-dois-homens-se-beijando-na-escola-aqui-vao-algumas-dicas/#respond Mon, 20 Jun 2016 22:53:56 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2582 O recente atentado na boate gay Pulse, em Orlando (EUA), considerado o maior dos EUA desde o 11 de setembro, trouxe um debate nas redes sociais que vale ser trazido para este blog. Muita gente se manifestou contra a homossexualidade sob o argumento de que é “difícil explicá-la para as crianças”. O Abecedário reuniu, então, algumas dicas de como tratar o tema com os estudantes.

Há uma literatura infantil considerável que aborda  homossexualidade livre de preconceitos. Os títulos em inglês e em alemão (a Alemanha se preocupa há tempos com o tema!) são mais diversos e mais antigos, mas também é possível achar obras bacanas e recentes na nossa língua portuguesa.

Sobre relacionamento gay, duas boas sugestões em português são as obras infantis “Meus dois pais”, do autor conhecido por suas novelas Walcyr Carrasco (2010, ed. Ática), e “Olívia tem dois pais”, de Márcia Leite (2010, Cia das Letras) –esse último lindamente ilustrado.

Leia artigo de Julio Wiziack: Homofobia

Muita gente pode dizer que, ah, não quer falar sobre relacionamento gay com seus filhos ou com seus estudantes –especialmente em escolas confessionais. Ok, então vale conhecer a literatura infantil que trata de preconceito de maneira ampla. É o caso de “Meu amigo Jim”, de Kitty Crowther (Cosac Naif, 2007). O livro se debruça sobre as diferenças ao contar a história da amizade entre um pássaro todo preto e uma gaivota branquinha.

Vejam que interessante: a obra de Crowther pode servir como base para debater, em sala de aula ou em casa, o preconceito racial ou de gênero –que ainda fere e mata mundo afora.

Títulos em outros idiomas sobre o tema também podem ser usados de maneira multidisciplinar em sala de aula. O curso de inglês para crianças, por exemplo, pode trazer a leitura de obras como “The Princes and the Treasure” (“Os príncipes e o tesouro”, Handsome Prince Publishing, 2014), de Jeffrey Miles. Trata-se de um conto de fadas que termina com o casamento entre dois príncipes.

Outra dica adicional à leitura é a escrita. Pedir que os alunos produzam desenhos ou textos, dependendo do ano escolar, sobre homossexualidade e preconceito pode ser uma ótima forma de fazer com que reflitam e discutam o assunto em sala de aula. Produzir, aliás, é considerado por especialistas em educação o meio mais efetivo de reflexão na escola.

Falar sobre relacionamento gay e preconceito com nossas crianças e jovens é urgente. Não se trata de “incentivar” a homossexualidade, como alguns argumentam, mas de abordar o tema de maneira clara em um país em que o casamento gay é permitido por lei e que a definição de “família” foi alterada.  Mais: o Brasil é o país que mais mata homossexuais em todo o mundo, de acordo com o movimento LGBT internacional. Não podemos mais ignorar isso.

Se é difícil falar sobre homossexualidade com nossas crianças, mais difícil ainda –para não dizer impossível– será explicar a violência contra os gays.

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Reorganização das escolas: mudar aluno é diferente de mudar cadeira https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/12/04/reorganizacao-das-escolas-mudar-aluno-e-diferente-de-mudar-cadeira/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/12/04/reorganizacao-das-escolas-mudar-aluno-e-diferente-de-mudar-cadeira/#respond Fri, 04 Dec 2015 21:35:03 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2294 Existe uma máxima nos recursos humanos que diz que mudar pessoas de lugar, por exemplo em uma empresa, é diferente de mudar móveis de uma sala para outra. As pessoas que serão afetadas por uma eventual mudança física devem ser consultadas antes de qualquer decisão. É preciso falar com o José e com a Maria antes mudá-los da sala do administrativo para o jurídico.

Pois bem. Parece que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) não entende muito de literatura de recursos humanos. Há dois meses, o governo decidiu que mudaria 311 mil estudantes de escola –cerca de 10% do total matriculado no Estado de São Paulo. Com isso, 92 escolas seriam fechadas.

Digo “seriam” fechadas porque tudo indica que as escolas vão ficar onde estão. Depois de tanto barulho desde o anúncio das mudanças, o governo decidiu voltar tudo como eram antes nesta sexta-feira (4).

Sob protestos, Alckmin suspende plano de reorganização de escolas

Leia editorial da Folha: Confusão escolar

Vamos lá: o argumento do governo era de uma “reorganização escolar”. A Secretaria da Educação do governo disse que precisava dessa mudança para equilibrar o número de salas de aula ociosas versus salas superlotadas. A proposta também seria aumentar, com a reorganização, o número das chamadas escolas de segmento único, ou seja, que oferecem só um ciclo de ensino.

Ok. O problema é que o governo fez o anúncio meio que de qualquer jeito e pegou os alunos e os professores de surpresa. Alguns alunos ficaram sabendo que teriam de mudar de escola porque aquela seria fechada no ano que vem e disseram que não, não vamos mudar. Ao contrário: vamos ocupar a escola até que o governo desista da mudança.

Até agora, já são cerca de 200 escolas do Estado de São Paulo ocupadas. Algumas delas nem seriam afetadas pelas mudanças, mas decidiram apoiar a causa estudantil.

Há quem diga até que a oposição ao PSDB entrou na causa para minar o governo –e o próprio governador já disse que o debate ganhou tom político. Seja como for, os estudantes estão aí por todo os lados reclamando que não querem que a coisa seja feita desse jeito.

EM QUEDA DE MATRÍCULAS

De fato, o número de matriculados vem caindo ano a ano na rede estadual. Nas duas últimas décadas, o  sistema público perdeu mais de 2 milhões de alunos. Isso porque as famílias paulistas estão tendo menos filhos e, quando podem, migram seus pequenos para a rede privada de ensino, que cresce em matrículas.

Aumentar o número de escolas dedicadas a determinadas faixas etárias, como propõe o governo, também parece uma boa ideia.  As chamadas escolas de segmento único têm resultados melhores do que aquelas que misturam vários níveis de ensino e que colocam no mesmo prédio os pequeninhos da educação infantil e os adolescentes do ensino médio.

Mas, peraí: e aquela família que tem filhos de oito, de doze e de dezessete anos na mesma escola e que não foram consultadas sobre a mudança? Cada um vai para uma escola e os pais que se virem para acompanhá-los? Pois é.

Para piorar a situação, o governo decidiu reagir com agressividade descomunal aos protestos dos estudantes que disseram não, não vou mudar de escola, vou ficar por aqui mesmo e que foram às ruas para reclamar. Teve moleque preso, bombas de gás para todo lado.

EM QUEDA DE POPULARIDADE

A população não gostou do que viu, a popularidade do governador caiu e, nesta sexta-feira (4), o governo Alckmin decidiu suspender a reorganização. Que bagunça!

É claro que a educação paulista precisa ser pensada e reorganizada, mas não dá para fazer isso sem consultar as partes envolvidas. A nova geração de estudantes está aí para mostrar algo importante: nada, agora, será decidido goela abaixo. Os jovens querem ser ouvidos.

 

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Quem tem iPhone agora pode usar app da Folha que ‘adianta’ nota no Enem https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/25/quem-tem-iphone-agora-pode-usar-app-da-folha-que-adianta-nota-no-enem/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/25/quem-tem-iphone-agora-pode-usar-app-da-folha-que-adianta-nota-no-enem/#respond Wed, 25 Nov 2015 16:16:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2255 Boa notícia para quem tem iPhone: o aplicativo Quero minha nota!, que calcula uma prévia da nota de quem fez Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), agora também pode ser baixado no sistema operacional iOS.

O app, lançada pela Folha em parceria com a empresa TunEduc, confere o gabarito do Enem e entrega aos usuários uma estimativa bastante precisa da sua nota no exame. Desde outubro, o app já estava disponível para quem tem sistema operacional Android.

iOS: baixe o app ‘Quero minha nota!’

Android: baixe o app ‘Quero minha nota!’

Versão web do ‘Quero minha nota!’

O cálculo das notas é feito com base nas informações sobre as respostas no Enem da amostra de usuários. O Quero minha nota! usa mesma tecnologia do MEC para fazer os cálculos –a chamada TRI. É um sistema que atribui pesos diferentes para as questões, dependendo do grau de dificuldade delas.

Com uma prévia da nota do Enem em mãos, o estudante consegue estimar em quais cursos e universidades conseguiria entrar nesse ano, considerando as notas de corte do ano passado. O MEC deve divulgar as notas oficiais de quem fez o exame somente em janeiro de 2016.

Quase cem mil estudantes já baixaram o app e inseriram suas respostas no Enem. Quanto mais usuários inserirem suas respostas no Enem no sistema, mais preciso será o cálculo da nota de cada aluno.

A prova do Enem foi realizada nacionalmente nos dias 24 e 25 de outubro. Trata-se do maior exame do mundo em número de aplicantes –neste ano, foram mais de oito milhões de estudantes inscritos.

As notas do exame são usadas como processo seletivo das universidades federais e como parte da nota no vestibular de algumas escolas estaduais e particulares. A nota no Enem também é usada para obtenção de financiamento estudantil –nesse caso, é preciso ter um mínimo de 450 pontos na prova e não ter zerado na redação.

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Confira agora sua nota no Enem 2015 por meio de aplicativo da Folha https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/10/confira-agora-sua-nota-no-enem-2015-por-meio-de-aplicativo-da-folha/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/10/confira-agora-sua-nota-no-enem-2015-por-meio-de-aplicativo-da-folha/#respond Tue, 10 Nov 2015 03:22:11 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2214 Quem fez Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste ano já pode ter uma prévia da sua nota nas quatro áreas do conhecimento do exame com ajuda do aplicativo Quero a minha nota! 

O app –lançado pela Folha em parceria com a empresa TunEduc– confere o gabarito do Enem e entrega aos usuários uma estimativa bastante precisa da sua nota no exame.

O cálculo das notas é feito com base nas informações sobre as respostas no Enem da amostra de usuários. O Quero a minha nota! usa mesma tecnologia do MEC para fazer os cálculos –a chamada TRI. É um sistema que atribui pesos diferentes para as questões, dependendo do grau de dificuldade delas.

Baixe o app ‘Quero a minha nota!’ (Android)

Versão web do ‘Quero a minha nota!’

As notas das áreas de Ciências Humanas e de Matemática já estavam disponíveis no aplicativo há alguns dias; a partir desta segunda-feira (9), os usuários também conseguem acessar as suas respectivas notas de Linguagens e de Ciências da Natureza.

Com uma prévia da nota do Enem em mãos, o estudante consegue estimar em quais cursos e universidades conseguiria entrar nesse ano, considerando as notas de corte do ano passado. O MEC deve divulgar as notas oficiais de quem fez o exame somente em janeiro de 2016.

Até agora, cerca 70 mil estudantes já baixaram o app e inseriram suas respostas no Enem. Quanto mais usuários inserirem suas respostas no Enem no sistema, mais preciso será o cálculo da nota de cada aluno.

O Enem é o maior exame do mundo em número de aplicantes –neste ano, foram mais de oito milhões de estudantes inscritos. As notas do exame são usadas como processo seletivo das universidades federais e como parte da nota no vestibular de algumas escolas estaduais e particulares.

A nota no Enem também é usada para obtenção de financiamento estudantil –nesse caso, é preciso ter um mínimo de 450 pontos na prova.

 

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Só uma em cada cem crianças refugiadas chega à universidade https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/05/so-uma-em-cada-cem-criancas-refugiadas-chega-a-universidade/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/05/so-uma-em-cada-cem-criancas-refugiadas-chega-a-universidade/#respond Thu, 05 Nov 2015 08:54:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2194 Abrigo, água, roupas, comida. Quando pensamos na ajuda às famílias refugiadas, dificilmente lembramos do acesso à escola. O problema é que fora do sistema de ensino, a criança refugiada tem poucas chances de se desenvolver e pode se tornar um adulto excluído da sociedade.

Hoje, de acordo com dados da ONU, metade das crianças refugiadas está fora da sala de aula. Das que conseguem seguir estudando, apenas 1% chegará à universidade. As informações foram apresentadas pelo alto comissário para refugiados da ONU, António Guterres, em um debate sobre educação em situações de violência do WISE, um dos principais congressos de educação do mundo. O evento acontece em Doha, no Qatar.

O assunto é especialmente importante agora, lembrou Guterres, já que estamos enfrentando a pior crise humanitária desde a 2a Guerra Mundial. A ONU estima que há, hoje, cerca de 60 milhões de pessoas refugiadas no mundo –metade delas são crianças.

Crise dos refugiados em 60 fotos

O abandono das escolas começa no país de origem. De acordo com Elisabeth Decrey Warner, co-fundadora da ONG suíça “Geneva Call”, que atende crianças em regiões de conflito, muitos pais tiram os filhos dos estudos por medo da violência e dos ataques às instituições de ensino –comuns em países como Paquistão, Nigéria, Quênia e cada vez mais vistos na Síria.

CURRÍCULO ESPECIAL

Quando fogem, dificilmente as crianças seguem estudando em campos de refugiados ou nos países que as abrigam. Isso porque não basta uma matrícula na escola: é preciso um currículo especial.

Para a ativista de direitos humanos moçambicana Graça Machel, os sistemas de ensino que atendem refugiados precisam, primeiramente, fazer com que as crianças voltem a ser crianças. “O trauma de algumas crianças refugiadas ou em situação de violência é tão grande, que poucas conseguem se concentrar nos estudos”, diz.

Estamos falando de meninos e meninas que perderam sua família, viram sua cidade natal ser destruída ou que sofreram abuso sexual e outros tipos de violência (leia mais aqui).

Se metade das crianças refugiadas está fora da escola, a outra metade vai deixando as aulas pelo caminho. Não conseguem se concentrar, desanimam porque estão muito defasadas, não compreendem a língua do país que abrigou sua família ou acabam se submetendo a casamentos precoces — na Síria, o número de meninas casadas dobrou após o início da guerra (leia aqui).

No final, a matemática é cruel: enquanto uma em cada cem crianças refugidas chega ao ensino superior, 70 crianças em cem chegarão à universidades nos países desenvolvidos (no Brasil, a média é de 14 crianças em cem).

É possível ter uma política unificada que consiga atender cerca de 30 milhões de crianças refugidas no mundo? “Não me pergunte se é possível, nós temos que resolver isso. Não temos nenhuma outra opção”, diz Machel.

 

Sabine Righetti viajou a Doha a convite da organização do WISE 

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‘Educamos meninas mal porque tratamos mulheres mal’, diz Michelle Obama https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/educamos-meninas-mal-porque-tratamos-mulheres-mal-diz-michelle-obama/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/educamos-meninas-mal-porque-tratamos-mulheres-mal-diz-michelle-obama/#respond Wed, 04 Nov 2015 10:16:38 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2172 Se quisermos mais meninas nas escolas, precisamos refletir sobre como tratamos as mulheres na sociedade. Essa foi a mensagem da primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, em discurso de abertura do WISE 2015, um dos principais congressos de educação do mundo.

“Não podemos separar a maneira como educamos as meninas e como tratamos as mulheres”, disse a senhora Obama no evento que começou nesta quarta-feira (4) em Doha, no Qatar.

De acordo com Michelle, ainda existem meninas fora da escola porque vemos as mulheres como cidadãs de segunda classe –o que está ligado a assédio sexual, à violência doméstica e ao estupro.

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Famílias ainda priorizam a educação dos filhos homens

Ativista do direito à educação de meninas, Michelle foi uma escolha certa para abrir o WISE em um momento em que a educação das meninas está mais ameaçada com o avanço de movimentos extremistas que perseguem meninas que estudam, destroem escolas femininas e sequestram crianças para casamento. “Estamos regredindo”, disse a xeica Moza bint Nasser, presidente da Fundação Qatar, que mantém o congresso.

NA SÍRIA

Situações de pobreza e de conflito, em geral, expulsam as meninas da escola. Exemplo disso é que o número de meninas casadas (e fora da escola) na Síria dobrou desde o início da guerra naquela região, de acordo com Mabel van Oranje, que comanda a ONG “Girls not Brides” (“Garotas e não noivas”). “Educação tem de fazer parte de ações humanitárias”, defendeu.

Mesmo fora da guerra, famílias de todo o mundo ainda priorizam a educação dos filhos homens em detrimento dos estudos das meninas, que acabam se ocupando de tarefas domésticas.

E, sim, isso acontece no Brasil: em pesquisa recente realizado pela ONG internacional Plan, 76,8% das meninas consultadas disseram que lavam a louça em casa, mas que só 12,5% de seus irmãos fazem a mesma tarefa. Trocando em miúdos: mesmo quando matriculadas, as meninas têm menos tempo para estudar do que seus irmãos.

Para Michelle Obama, a inclusão de meninas nas escolas e de mulheres no mercado de trabalho –e nas posições de liderança– devem caminhar juntas. “Precisamos que os homens olhem ao redor nas suas respectivas instituições e se perguntem: onde estão as mulheres na chefia?”

O congresso WISE reúne mais de dois mil acadêmicos, ongueiros e políticos de todo o mundo –como, no caso do Brasil, o ministro Celso Pansera (Ciência) e Carlos Nobre, presidente da Capes (agência federal de fomento à ciência). É uma das apostas dos xeiques do Qatar para tornar o país uma espécie de referência em educação e inovação em todo o mundo.

 

Sabine Righetti viajou a Doha a convite da organização do WISE 

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