Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Empresas estrangeiras são as que mais têm pesquisa com USP, Unesp e Unicamp https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/09/empresas-estrangeiras-sao-as-que-mais-tem-pesquisa-com-usp-unesp-e-unicamp/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/09/empresas-estrangeiras-sao-as-que-mais-tem-pesquisa-com-usp-unesp-e-unicamp/#respond Thu, 09 Aug 2018 15:06:54 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/brito-cruz-320x213.jpg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3351 Na lista das dez empresas com mais artigos científicos publicados com as universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp), oito são estrangeiras. As exceções são a Petrobras, que lidera a quantidade de pesquisas em parceria com essas universidades, e a Embraer, que fica em 10° lugar.

O levantamento, inédito, é do diretor-científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz. Foi apresentado nesta quarta (8), no lançamento do livro “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais” [Com-Arte/Fapesp, 256 págs., R$ 50].

Brito Cruz analisou a quantidade de estudos científicos publicados pelas universidades públicas de São Paulo em co-autoria com empresas, de 2011 a 2017, na base de periódicos acadêmicos Web of Science. “Estamos falando de parceria científica de verdade”, disse. “São estudos feitos de maneira conjunta. Não se trata de a empresa colocar dinheiro para a universidade pintar a parede de um laboratório.”

Entre as empresas de fora com mais trabalhos acadêmicos com os cientistas paulistas no período analisado estão a Novartis (com 118 estudos), a Roche (73) e a Merck (59) — veja lista ao final do texto.

O ranking traz cenários interessantes. Por exemplo, uma pequena empresa nacional de Ribeirão Preto (340km da capital paulista), a Apis Flora, figura em 23° lugar com 26 estudos feitos com universidades. Eles trabalham com produtos para saúde derivados de mel e de própolis — e têm mais estudos acadêmicos com universidades paulistas do que companhias gigantes como a Sanofi (26° lugar, com 22 estudos) e a Microsoft (37° lugar, com 12 estudos).

A Apis Flora, como destacou Brito Cruz, já teve investimento da própria Fapesp para fazer pesquisa. A empresa ganhou, por exemplo, em 2008, um aporte de recursos por meio do programa Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) para o desenvolvimento de biocurativos a partir de extrato de própolis para tratar queimaduras.

Os dados de Brito Cruz mostram, ainda, que a quantidade de estudos feitos com empresas no total de publicações das universidades de São Paulo vem aumentando em ritmo frenético e se compara a de países desenvolvidos. Na USP e na Unicamp, por exemplo, quase 3% de todos os estudos científicos publicados entre 2015 e 2017 tiveram parceria com alguma empresa. A taxa é um pouco maior do que a da Universidade da Califórnia em Davis, que fica no meio do Vale do Silício (EUA).

“Isso serve para desmontar um discurso recorrente de que universidades públicas não fazem pesquisa com indústria”, diz Brito Cruz. “Pelo menos no Estado de São Paulo isso não é verdade.”

DESEMPENHO

O livro “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais”, que traz o estudo de Brito Cruz, reúne trabalhos de 18 especialistas em ensino superior e avaliações de desempenho acadêmico das universidades [um dos estudos da obra, sobre os principais rankings internacionais de universidades que existem, é de minha autoria!]

A obra é coordenada por Jacques Marcovitch, professor e ex-reitor da USP, e faz parte de uma proposta da própria Fapesp de analisar formas de mensurar desempenho acadêmico e de refletir sobre as universidades paulistas. No ano passando, Marcovitch coordenou outra publicação, “Universidade em Movimento” [Com-Arte/Fapesp, 256 págs., R$ 40], na qual os autores trataram de gestão das universidades e da crise financeira instalada na USP.

Empresas com mais artigos científicos com universidades paulistas
(2011-2017)

  1. Petrobras (199 estudos)
  2. Novartis (118)
  3. Roche (73)
  4. Merck (59)
  5. Westat (53)
  6. AstraZeneca (52)
  7. Pfizer (51)
  8. GSK (50)
  9. Agilent (49)
  10. Embraer (47)

Fonte: Brito Cruz, Carlos Henrique (2018): “Indicadores sobre Interação Universidade-Empresa em Pesquisa em São Paulo” em “Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e comparações internacionais” (p. 198)

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Por que precisamos de bolsas de pesquisa na graduação e na pós? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/02/por-que-precisamos-de-bolsas-de-graduacao-e-de-pos-graduacao-no-brasil/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/02/por-que-precisamos-de-bolsas-de-graduacao-e-de-pos-graduacao-no-brasil/#respond Fri, 03 Aug 2018 01:33:58 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/capes-320x213.jpeg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3328 Podemos ficar sem bolsas de graduação e de pós-graduação no meio do ano que vem. A afirmação é de Abílio Baeta, presidente da Capes, agência federal de fomento à ciência ligada ao MEC, e veio à tona nesta quinta (2), em nota enviada pela entidade à pasta de educação.

O documento traz uma matemática assustadora: o teto de gastos que deve ser imposto à Capes em 2019 pode inviabilizar o pagamento de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado e outras formas de fomento a partir de agosto de 2019 — o que afeta quase meio milhão de pessoas. A questão é que a fatia do orçamento do MEC previsto para a Capes no ano que vem não dá conta de manter as bolsas vigentes.

Para se ter uma ideia, o valor aprovado para a Capes neste ano (R$3,94 bilhões) é cerca de metade do dinheiro empenhado em 2015 (R$7,77 bilhões) — e o montante ficaria ainda menor no ano que vem.

Qual é o problema disso?

A produção de conhecimento no Brasil é quase totalmente baseada no trabalho de pesquisadores de programas de pós-graduação, que recebem bolsas para se dedicarem exclusivamente às suas pesquisas. É como se fosse um salário pago pelo governo — só que sem nenhum benefício, como arrecadação de aposentadoria, de fundo de garantia ou férias.

Por exemplo: um aluno de doutorado de uma universidade brasileira que esteja trabalhando na compreensão de uma determinada doença recebe mensalmente R$2.200 da Capes para se dedicar exclusivamente à sua pesquisa. São pessoas na faixa dos 30 anos que, muitas vezes, têm família e filhos. Dependem desse dinheiro — e não podem ter outro trabalho remunerado.

O trabalho de um doutorando como esse pode levar a terapias para uma doença, melhor interpretação de exames, insumos para vacinas. E por aí vai.

Mesma coisa acontece com quem tem uma bolsa de mestrado (R$1.500 mensais). Supondo que esse mestrando seja da área de sociologia e que esteja trabalhando com um tema ligado, por exemplo, à violência urbana. Uma nova análise na área, novos dados e levantamentos podem levar a políticas públicas mais eficazes. Como o próprio presidente da Capes, que é sociólogo, diz: “Não tem como resolver problema urbano, violência e corrupção sem humanidades.”

Com esse modelo, o país tem produzido bastante conhecimento. Para se ter uma ideia, em 2017 o Brasil ficou entre os 15 países que mais produzem ciência no mundo, de acordo com o ranking do Scimago. Foram 73.697 estudos novos publicados ao longo do ano. Isso dá mais de 200 estudos por dia.

A comunidade acadêmica, claro, recebeu a nota da Capes enviada ao MEC como uma bomba. Isso porque o dinheiro está sendo cortado de todos os lados: o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, de onde sai o dinheiro de outra agência federal de fomento à ciência, o CNPq, já perdeu metade do seu orçamento desde 2014 (e ganhou a pasta de comunicações nesse período).

Como informa a Folha, o MEC atribuiu o corte de recursos ao Ministério do Planejamento, que disse, em nota, que os recursos para o MEC em para 2019 estão acima do limite constitucional.

De acordo com a biomédica Helena Nader, presidente emérita da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a notícia surpreendeu a comunidade acadêmica. “Tínhamos uma sinalização positiva do governo em relação aos recursos para pesquisa”, diz. “Até para plantar soja precisamos de ciência.”

A expectativa da comunidade científica, diz Nader, no entanto, é que o cenário seja revertido. O presidente Temer tem de sancionar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que define os recursos de cada pasta federal em 2019, nos próximos dias. “Estamos contando com o veto”, diz Nader.

 

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Impacto das universidades brasileiras é baixo mesmo na América Latina https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/20/impacto-das-universidades-brasileiras-e-baixo-mesmo-na-america-latina/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/20/impacto-das-universidades-brasileiras-e-baixo-mesmo-na-america-latina/#respond Fri, 20 Jul 2018 18:07:32 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/unicamp-320x213.jpeg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3290 O Brasil tem as melhores universidades latino-americanas, de acordo com um ranking britânico divulgado na quarta (18) pelo THE – Times Higher Education. No entanto, quando olhamos especificamente para o impacto das instituições brasileiras, que é um dos critérios analisados pelo ranking THE, o Brasil perde para países como Peru, Equador e Colômbia.

O THE avalia as universidades especificamente da América Latina com base em cinco indicadores: ensino, pesquisa científica, impacto da pesquisa, internacionalização e relação com a indústria. O Brasil vai bem na maioria dos quesitos, mas derrapa no impacto de seus trabalhos acadêmicos.

Considerando os cinco compoentes da fórmula do THE, a Unicamp lidera a América Latina, seguida pela USP. Seis universidades brasileiras estão entre as dez primeiras da região — um número maior do que no ano passado, quando havia cinco (neste ano, as federais de Minas e do Rio Grande do Sul entraram para o topten, enquanto a UFRJ caiu para 12º lugar).

Quem tem mais impacto na região latino-americana, no entanto, é a Universidade Caytano Heredia, do Peru, seguida pela Diego Portales (Chile). A primeira brasileira na avaliação de impacto, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), aparece em 16º lugar depois de instituições da Colômbia, do Equador, da Argentina e do México. A Unicamp está em 28º lugar seguida da USP, em 29º.

O componente que avalia o impacto das universidades no ranking latino-americano do THE vale um 20% da nota recebida pela universidade (na listagem mundial, esse item vale ainda mais: 30% da nota). Para fazer o cálculo, o THE se debruça sobre a quantidade de trabalhos científicos de cada universidade mencionados em outros trabalhos publicados posteriormente.

O Brasil vai mal nessa análise porque os trabalhos brasileiros são menos citados mundialmente do que aqueles feitos em outros países da América Latina. O baixo impacto dos trabalhos acadêmicos por aqui é, aliás, o que mais tem derrubado as universidades brasileiras em comparações globais. Para se ter uma ideia, a USP, que já esteve em 158º lugar no ranking THE global (em 2012), hoje está na classificação 251-300 no mundo.

Por que isso acontece?

Há algumas explicações. Em primeiro lugar, o Brasil ainda publica boa parte de seus estudos científicos em português (estima-se que 70% dos mais de 300 periódicos científicos nacionais sejam em língua portuguesa). Isso impede que cientistas que não falem o nosso idioma consigam ler e citar os trabalhos brasileiros. Tem mais impacto as universidades que priorizam estudos publicados em inglês.

Há, ainda, quem diga que o problema esteja na qualidade dos trabalhos acadêmicos brasileiros mesmo. Se um estudo científico não trouxer uma descoberta relevante, então dificilmente será citado por trabalhos feitos posteriormente.

Mas atenção: isso não significa que a qualidade dos pesquisadores das universidades brasileiras seja ruim (a literatura sobre o assunto ressalta, inclusive, que indicador de impacto não serve para medir produção individual, mas sim a produção das instituições).

Acontece que para publicar um estudo que abale a comunidade acadêmica global é preciso ter recursos para infra-estrutura, para insumos de laboratório, para pagar alunos de pós-graduação. E, por aqui, para se ter uma ideia, os investimentos federais destinados à ciência já caíram pela metade desde 2014.

O corpo docente das universidades brasileiras, avaliado no THE no indicador de “ensino”, aliás, está entre os melhores da região. Nove dentre as dez universidades mais bem avaliadas nesse quesito são do Brasil — a exceção é a Universidade dos Andes, da Colômbia, em 10º lugar.

No lugar de comemorar a boa posição da Unicamp e da USP na avaliação geral das universidades latino-americanas do THE, vale a pena esmiuçar os indicadores e projetar cenários. Enquanto os investimentos em ciência não se normalizarem no Brasil, o impacto da ciência brasileira vai continuar caindo na América Latina e no mundo –e aí vamos caminhar em passos largos para o final da fila de qualquer ranking.

 

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Grupos de mídia levam jornalistas para ensinar educação midiática em escolas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/#respond Tue, 03 Jul 2018 10:00:18 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Captura-de-tela-2018-07-01-16.01.08-320x213.png http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3275 Dois grandes jornais britânicos anunciaram na última quinta (28) que vão trabalhar juntos em um projeto de educação midiática nas escolas do Reino Unido. A proposta do The Times e The Sunday Times é levar seus jornalistas para escolas daquele país para que os alunos sejam expostos a histórias jornalísticas reais, pesquisa e apuração.

O que está por trás da iniciativa é uma preocupação crescente dos grupos de comunicação com a disseminação de notícias falsas (fake news). São os textos com cara de jornalismo que se disseminam especialmente por redes sociais. O problema é que pessoas podem tomar decisões baseadas em notícias falsas — como decidir em quem votar — sem saber que estão sendo enganadas.

A atuação de grupos de mídias em escolas não é novidade no Reino Unido. Desde 2006, a BBC — maior e mais antiga emissora do mundo — institucionalizou a necessidade de promover alfabetização midiática nas escolas daquele país. O grupo disponibiliza materiais on-line baseados no currículo escolar do Reino Unido para serem utilizados por estudantes e professores. Entre as iniciativas, há até um game — o iReporter — que simula o primeiro dia de trabalho de um jornalista de verdade apurando uma história.

Neste ano, a BBC também anunciou que levará seus jornalistas para as escolas britânicas para ajudar no projeto de educação midiática (é o “BBC journalists return to school”). A decisão do grupo surgiu depois de uma pesquisa nacional que mostrou que apenas 2% das crianças e dos adolescentes daquele país têm a capacidade de leitura crítica necessária para discernir uma notícia falsa de uma notícia verdadeira.

No Brasil, não há nenhuma pesquisa que identifique a capacidade de discernimento de notícias reais e falsas pelos estudantes brasileiros. Tampouco há iniciativas de grupos de mídia voltadas às escolas do país. Há, no entanto, uma série de pesquisas sendo conduzidas na área. Uma delas é a da jornalista Jéssica Santos, que está estudando iniciativas de alfabetização no acesso a notícias em um mestrado profissional na ESPM.

“Enquanto pesquisadores tentam compreender porque somos tão suscetíveis ao cenário complexo de desordem informacional, cabe às empresas jornalísticas participar ativamente de projetos que ajudem as pessoas a conhecer o processo de seleção, de produção e de financiamento das notícias”, diz Jéssica.

“Desordem informacional” é o nome dado pelos acadêmicos à disseminação de notícias falsas aliada à incapacidade de discernimento entre a informação real e a falsa.

Além dos grupos de mídia do Reino Unido, jornais norte-americanos também têm atuado em educação midiática em escolas. Caso do The Washington Post e do The New York Times — esse último, por exemplo, tem uma seção no seu próprio site que reúne material jornalístico que pode ser usado por professores nas escolas.

“São organizações que já enfrentam o desafio com iniciativas que comprovam a eficácia de equipar a sociedade para lidar com a sobrecarga de informações e a dificuldade em determinar a veracidade do que é propagado nas mídias.”

A ESPM, onde Jéssica faz pós-graduação, estabeleceu neste ano a chamada Cátedra Palavra Aberta ESPM — em parceria com uma ONG homônima que se dedica ao consumo midiático. A expectativa da cátedra é fomentar academicamente os trabalhos na área. 

 

 

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Brasileiro assume grupo ligado à Unesco que trata de rankings universitários https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brasileiro-assume-grupo-ligado-a-unesco-que-trata-de-rankings-universitarios/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brasileiro-assume-grupo-ligado-a-unesco-que-trata-de-rankings-universitarios/#respond Thu, 28 Jun 2018 12:33:16 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Luiz-CláudioIREG-320x213.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3231 O matemático Luiz Cláudio Costa, ex-presidente do Inep-MEC (até 2012) e professor aposentado da Universidade Federal de Viçosa, dentre outras credenciais, acaba de assumir a principal referência mundial em rankings universitários: o Observatório de Rankings Acadêmicos e de Excelência (IREG, na sigla em inglês) ligado à Unesco.

Criado em 2009, a ideia do observatório é acompanhar e discutir em uma reunião anual as metodologias e os impactos de rankings universitários nacionais e internacionais de todo o mundo — como o RUF (Ranking Universitário Folha). O RUF, aliás, apresentou sua metodologia na reunião anual do IREG em 2013, em Varsóvia, na Polônia.

Para se ter uma ideia, a estimativa é que existam hoje cerca de 20 rankings globais de universidades, que analisam e comparam instituições de todo o mundo, e mais de 60 rankings nacionais como o RUF. Essas avaliações olham para indicadores como produção científica de cada instituição, nível de formação dos docentes e taxa de evasão dos alunos.

O primeiro deles, do jornal U.S.News (EUA), o “U.S. News & World Report”, surgiu em 1983 com objetivo de orientar alunos estrangeiros que buscavam estudar daquele país. Vale lembrar que em boas universidades americanas, cerca de um em cada cinco alunos vem de países como China e Arábia Saudita. O ranking é publicado anualmente até hoje e inspirou listagens de países como Canadá, México, Chile e do Brasil (caso do RUF).

A questão é que, como mostra a literatura acadêmica na área, rankings universitários impactam a decisão de alunos, a gestão de universidades de todo o mundo e as políticas públicas voltadas ao ensino superior. Uma das ideias da gestão de Costa no IREG, diz, é avaliar se rankings universitários têm melhorado a qualidade do ensino superior de todo mundo. “Também vamos discutir em profundidade o desbalanço que hoje existe nos rankings em favor das atividades de pesquisa em relação as atividades de ensino. É muito difícil medir ‘qualidade de ensino'”.

O blog conversou com Luiz Cláudio Costa com exclusividade. O especialista elogiou os conceitos e pressupostos do RUF, que considera “muito adequados à realidade brasileira”. Acompanhe a seguir a conversa.

Abecedário – Por que é importante que a Unesco se volte ao tema dos rankings universitários como tem feito por meio do IREG?
Luiz Cláudio Costa – A Unesco é uma importante organização que tem um forte vinculo com a educação. É muito importante quando falamos de educação superior e de avaliação, com o objetivo de melhorar a qualidade, termos dados e metodologias bem definidas. Esse é um papel que a Unesco deve ter, auxiliar na discussão de metodologias, na definição de alguns termos e até mesmo no uso dos rankings. A instituição já fez uma publicação sobre o assunto em 2013 (“Rankings and Accontability in Higher Education, Uses and Misuses”). Ela foi parte importante na criação do IREG, mas precisamos fortalecer o diálogo com a Unesco para que a sociedade, pesquisadores e as próprias instituições tenham mecanismos para analisar sua performance e propor melhorias para o ensino superior.

O que pretende abordar na sua gestão no IREG?
Já apresentei alguns temas que pretendo priorizar, dentro do pressuposto de que a avaliação só tem sentido se induzir melhoria de qualidade, e esse deve ser o adequado uso dos rankings. Vamos fazer uma discussão durante todo esse ano e apresentaremos os resultados em 2019 na Universidade de Bologna (Itália), se ao longo dos anos,  considerando o marco do ranking de Shangai Ranking em 2003 [primeiro ranking a a avaliar universidades de todo o mundo, feito na China],  os rankings contribuíram para a melhoria de qualidade nas universidades. Vamos convidar algumas universidades para falar de suas experiências.
Também criei um grupo de estudo para definir aquilo que chamamos de “semântica dos rankings”, por exemplo, o que significa “full time students” [estudantes em período integral]. Entendo que é preciso que os rankings tenham uma certa padronização em seus conceitos. Da mesma forma, estaremos discutindo em profundidade o desbalanço que hoje existe nos rankings em favor das atividades de pesquisa (é mais fácil de medir publicações de alto impacto) em relação às atividades de ensino. É muito difícil medir “qualidade de ensino”. Hoje a maioria dos rankings trabalha com “reputação”. Esse é um grande desafio.

Hoje a literatura já fala em 60 rankings nacionais de universidades e mais de 20 rankings internacionais. Na sua opinião, por que os rankings viraram um fenômeno tão grande?
Veja, estamos tratando de um tema que é muito caro à sociedade: educação de qualidade. É um bem social no qual cada vez mais as pessoas investem tempo e dinheiro. É portanto importante ter alguns parâmetros  para se medir a qualidade das instituições de ensino superior. É também importante para o país, para os governantes saber que as suas instituições estão produzindo educação e conhecimento de qualidade. Cada vez mais os rankings ganham a atenção da sociedade. É um fenômeno que veio para ficar. 

Há algum ranking de universidades no mundo que ache particularmente interessante?
Acho muito interessante o conceito do THE [Times Higher Education, que é britânico] e do QS University Rankings [também britânico, elaborado inicialmente junto com o THE], mesmo que tenham algumas restrições na forma que eles avaliam o ensino. Dos rankings nacionais o “U.S. News & World Report” se destaca. Gosto muito dos conceitos e pressupostos do RUF, muito adequados à realidade brasileira. Tem um novo ranking, que eu estou chamando da segunda geração dos rankings, o “Moscow University Ranking (MosIUR)”, que vale a pena observar. Eles estão tentando responder as perguntas corretas e necessárias, por exemplo, como buscar indicadores para medir a qualidade do ensino e a relação da universidade com a sociedade (extensão).

No caso do Brasil, há algo que seja importante avaliar quando se trata de qualidade nas universidades que ainda não esteja sendo analisado?
O Brasil tem uma tradição histórica de avaliação realizada pelo Estado, como indutor de qualidade. Essa tradição começa na pós-graduação e, na graduação, veio o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), do Inep-MEC. Apesar dos avanços, uma das dificuldades do Sinaes é que as suas avaliações também têm repercussão nos processos de regulação e supervisão, e alguns de seus indicadores precisam ser revistos. Um deles, por exemplo o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que na realidade não é um conceito e não é preliminar, mas é sim um indicador de qualidade curso. Deveria ser usado com esse objetivo. Enfim temos avanços. Fora do governo, como já disse anteriormente, o RUF trouxe avanços e um outro olhar, como por exemplo, empregabilidade. Acho que precisamos ainda avançar no acompanhamento da trajetória do egresso.

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Melhores universidades do mundo criam disciplinas seguindo demanda dos alunos https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/02/28/melhores-universidades-do-mundo-criam-disciplinas-seguindo-demanda-dos-alunos/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/02/28/melhores-universidades-do-mundo-criam-disciplinas-seguindo-demanda-dos-alunos/#respond Wed, 28 Feb 2018 14:21:24 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3107
O professor de ciência política da UnB Luis Felipe Miguel, que ministrará disciplina sobre o ‘golpe de 2016’ – Ruy Baron – 6.ago.2014 / Valor

Recentemente a universidade federal UnB causou um barulho nacional ao criar uma disciplina eletiva chamada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”, oferecida pelo curso de graduação de ciência política daquela instituição. O ministro da Educação, Mendonça Filho, não gostou da proposta. Houve reação de todos os lados. Nesta semana, a Unicamp anunciou uma disciplina na mesma linha, optativa e oferecida por cerca de 30 docentes do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) da universidade. Segundo informações obtidas pelo Abecedário, a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) também vai ofertar uma disciplina sobre o golpe, optativa, ministrada por quatro docentes das ciências sociais.

Uma universidade pública brasileira pode oferecer um curso que claramente se opõe ao atual governo?

Para responder isso, vamos entender como funcionam as 195 universidades brasileiras –públicas e privadas. De acordo com a Constituição de 1988, “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial” (artigo 207). O principal marco legal da educação brasileira, a LDB, de 1996, também afirma que, no exercício de sua autonomia, as universidades são asseguradas de “criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior”(artigo 53).

Na prática, o que a Constituição e a LDB querem dizer é que as universidades devem seguir uma lógica própria, do ensino superior e da ciência, ao oferecer seus cursos. O governo não pode interferir, mesmo que os recursos para funcionamento da instituição venham do próprio governo. Isso leva o nome de autonomia didática.

Agora vamos ver como funciona fora do Brasil. Se você estudasse em Harvard, a melhor universidade do mundo de acordo com o ranking de universidades ARWU de 2017, você poderia fazer um curso de filosofia a partir de super heróis, poderia estudar a polarização das eleições americanas de 2016 ou ainda teria a possibilidade de fazer um curso de economia e política social sob a ótica libertária. Essas disciplinas optativas estão à disposição (em meio a outras milhares de opções) dos alunos daquela universidade que, antes de começar o ano letivo, selecionam de dois a quatro cursos por semestre.

SOB DEMANDA

Em universidades como Harvard, as disciplinas são mantidas se tiverem demanda. Um professor pode criar e ofertar um curso que considere fantástico, mas que, sem alunos, estará fadado a desaparecer. Ainda não há dados sobre a proposta da Unicamp, mas o curso da UnB está com lista de espera.

Mais: em boas universidades do mundo, os alunos tendem a fazer disciplinas fora da sua área e, inclusive, inscrevem-se em tópicos com os quais discordam. Nos primeiros dias de aula, os alunos de universidades de ponta como Harvard frequentam os cursos previamente selecionados para conhecer detalhes do programa e, também, para entender como pensam os professores. Se concordarem com o professor, alguns ficam. Se discordarem, outros também ficam justamente porque esses estudantes são treinados a ouvir os argumentos de quem pensa diferente deles. É assim que se dão os debates de qualidade.

Se a gente seguisse a mesma lógica no Brasil, a disciplina da UnB ou da Unicamp não seria questionada pela oposição, ao contrário: os alunos que discordam da ideia de um golpe, baseados em teses e autores distintos, fariam o curso para entender os argumentos dos docentes e para expor suas próprias ideias.

No dia seguinte ao da eleição dos EUA, a Universidade de Stanford, também entre as melhores do mundo, por exemplo, suspendeu as aulas e fez um dia de meditação para que os alunos refletissem sobre o que tinha acontecido. A Universidade de Michigan, que também está entre as melhores do mundo, promove com frequência debates entre especialistas contra e a favor do aborto, ou do Obamacare ou da deportação em massa de imigrantes estimulando os alunos a votarem em quem teve o melhor argumento. Proibir debates, ou cursos, está fora de cogitação.

Aqui no Brasil, Mendonça Filho (MEC) perguntou, no Twitter, se a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em nome da autonomia universitária, “defenderia a criação de uma disciplina intitulada ‘O PT, o petrolão e o colapso econômico do Brasil’?” E continuou:  “É inaceitável o uso de recursos humanos e materiais das universidades públicas para servir para a divulgação de teses malucas do PT, seus aliados ou qualquer partido político.”

No caso do curso da Unicamp, que acaba de ser anunciado, o professor do IFCH Armando Boito Júnior afirmou, em reportagem da Folha, que “cada professor vai dar aula sobre o tema que pesquisa”. “São pesquisadores e especialistas no assunto, ninguém vai lá para dar opinião”, diz.

Se os cursos propostos seguirem a lógica de ensino e de pesquisa instituída pela própria universidade, que é autônoma, e não em “teses malucas” como afirma o ministro, se forem optativos e se houver demanda, não me parece que o governo possa legalmente interferir e, tampouco, impedir, a oferta das disciplinas.

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Laboratório de Luz Síncrotron fará treinamento de cientistas para novo acelerador https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/03/31/laboratorio-de-luz-sincrotron-fara-treinamento-de-cientistas-para-usar-novo-acelerador/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/03/31/laboratorio-de-luz-sincrotron-fara-treinamento-de-cientistas-para-usar-novo-acelerador/#respond Sat, 01 Apr 2017 00:57:41 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2840
Anel de luz síncroton atual atende à metade da demanda do país e já é considerado obsoleto por cientistas

Quem pretende fazer pesquisa usando o novo acelerador de luz síncroton que está sendo construído em Campinas, interior de São Paulo, poderá fazer uma espécie de treinamento em julho no CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais).

A chamada “escola de síncrotron” vai abordar desde conceitos básicos da produção e das propriedades da luz síncrotron até a apresentação de técnicas e tecnologias específicas possíveis com o uso das fontes de luz.

A ideia é mostrar para cientistas de todo o país as potencialidades do novo anel de luz síncroton batizado de Sirius, que deve ficar pronto até 2018. Quanto mais gente usando o equipamento quando ele entrar em operação, melhor.

Diferentemente do acelerador de partículas do Cern (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear), famoso pela observação do bóson de Higgs em 2012, os aceleradores brasileiros -o que já existe em Campinas (foto acima) e o que está em construção- funcionam como fonte da chamada luz síncrotron. É uma ampla gama do espectro luminoso, com grande intensidade.

Essa radiação, gerada pela aceleração de elétrons que correm em órbita fechada num anel, é emitida em feixes de luz finos que podem gerar imagens em alta resolução, por exemplo, de materiais deteriorados ou de uma única molécula.

POR DENTRO DO OVO

Para se ter uma ideia de sua aplicação em estudos científicos, palenotólogos brasileiros poderão usar a luz síncrotron para gerar imagens em 3D do interior de um ovo fossilizado de dinossauro. Até hoje, é necessário quebrar um fóssil para analisar seu interior.

O anel de luz síncrotron atual foi inaugurado em 1998 e, hoje, é considerado obsoleto. O novo anel terá o dobro de energia de operação do atual e medirá cinco vezes mais que o de hoje. A obra, que começou em 2010, está estimada em cerca de U$200 milhões –e, por enquanto, conseguiu escapar dos cortes na área de ciência.

“Precisamos mostrar para os cientistas a capacidade do anel, senão ele corre o risco de ser subutilizado”, diz a física Ana Carolina Zeri, do CNPEM.

A “escola de síncrotron” acontece de 10 a 21 de julho de 2017 no CNPEM, com aulas teóricas e práticas. As inscrições vão até 3 de abril. O centro estuda ainda a possibilidade de promover treinamentos itinerantes pelo país.

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FGV-SP tem dois alunos africanos refugiados em nova turma de admistração pública https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/16/fgv-sp-tem-dois-alunos-africanos-refugiados-em-nova-turma-de-admistracao-publica/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/16/fgv-sp-tem-dois-alunos-africanos-refugiados-em-nova-turma-de-admistracao-publica/#respond Thu, 16 Feb 2017 14:29:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2825
Jefte Makengo Vicente, 20, da Angola, e Charles Mbole Tepuh, 26, de Camarões, na FGV-SP (foto: divulgação FGV-SP)

Dois estudantes africanos –ambos refugiados– começam, nesta quinta-feira (16),  o curso de administração pública na FGV-SP. É a primeira vez que a escola recebe estudantes com esse perfil.

Jefte Makengo Vicente, 20, da Angola, e Charles Mbole Tepuh, 26, de Camarões, chegaram ao Brasil há cerca de um ano. Ficaram sabendo do processo seletivo para estrangeiros da FGV-SP pela ONG Educafro– Charles, inclusive, aprendeu português e vive na ONG.

A seleção na FGV-SP para quem é de fora do país tem entrevista, carta de motivação e de recomendação. A nova porta de entrada foi criada pela escola em 2015 para aumentar a presença de alunos de fora que, claro, não teriam condições de fazer Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ou vestibular.

A possibilidade de ingresso de estrangeiros na escola atraiu ainda um aluno dinamarquês para o curso de administração totalmente em inglês criado em 2015. Ele também começa a estudar nesta quinta (16). Nesse caso, ele recebeu bolsa do próprio governo da Dinamarca.

“A gente só não esperava receber refugiados”, diz Marco Antonio Carvalho, vice-coordenador do cursos de administração pública da escola. A aprovação de Jefte e de Charles fez com que a escola tivesse de se mexer para recebê-los –ir atrás de patrocínio, por exemplo.

Conseguiram: o escritório de advocacia Mattos Filho vai bancar o curso dos meninos. A doação é de cerca de R$500 mil.

De acordo José Eduardo Carneiro Queiroz, sócio-diretor do Mattos Filho, a ideia de apoiar refugiados está crescendo no escritório. Desde o ano passado, o Mattos Filho conta com uma advogada que se dedica exclusivamente aos trabalhos voluntários da empresa na área de direitos humanos. “Os refugiados precisam de todo tipo de orientação jurídica como regularização da sua situação legal e ajuda para trazer a família”, diz.

QUESTÕES POLÍTICAS

Jeft saiu da Angola sozinho “por questões políticas”. Mora no Brás (zona Leste de São Paulo). “Não gosto muito de sair à noite”, diz. “A única coisa que quero agora é me instruir.”

Mais tímido, Charles é fluente em inglês e francês. Planeja fazer um intercâmbio nos Estados Unidos ou Reino Unido durante o curso –prática comum entre alunos da FGV-SP. Hoje, ele mora na Vila Prudente (zona Leste de São Paulo) e, no Brasil, só conta com um tio que chegou antes por aqui.

Há alguns anos, a FGV-SP tem criado iniciativas para diversificar o perfil social, racial e a origem de seus alunos. Em 2015, a escola matriculou os primeros alunos moradores de uma favela em São Paulo –ambos com bolsa integral.

E como tem sido a experiência no Brasil até agora? “Uma pessoa refugiada não vê prazer em nada”, diz Jeft. “Agora, estou começando a gostar daqui.”

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Arábia Saudita, Irã e Turquia estão entre os países que mais mandam estudantes para os EUA https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/01/arabia-saudita-ira-e-turquia-estao-entre-os-paises-que-mais-mandam-estudantes-para-os-eua/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/01/arabia-saudita-ira-e-turquia-estao-entre-os-paises-que-mais-mandam-estudantes-para-os-eua/#respond Wed, 01 Feb 2017 23:26:58 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2807 Pelo menos três países de maioria islâmica estão na lista dos que mais mandam estudantes para as universidades dos Estados Unidos: a Arábia Saudita, o Irã e a Turquia.

De acordo com um relatório que curiosamente se chama “Open doors” (“Portas abertas”), do Instituto de Educação Internacional dos EUA, quase 10% dos estudantes estrangeiros matriculados hoje em instituições de ensino superior norte-americanas são sauditas, iranianos ou turcos. Isso representa cerca de 100 mil alunos –o suficiente para encher um estádio inteiro do Maracanã e ainda ficar gente de fora.

Os alunos de origem islâmica viraram um assunto no início do governo Trump depois que o novo presidente dos Estados Unidos proibiu a entrada temporariamente de pessoas de sete países que seguem o Corão: Iraque, Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália e Iêmen.

No dia seguinte ao anúncio do veto, um cientista iraniano com bolsa de estudos em Harvard –considerada a melhor universidade do mundo– foi impedido de entrar nos Estados Unidos.

A lista de Trump causou rebuliço nas universidades americanas. Isso porque as grandes instituições de elite têm, em média, 25% dos seus alunos vindos de outros países. Para se ter uma ideia, hoje há um milhão de alunos estrangeiros em universidades dos EUA, de acordo com o “Open doors”.

A presença de alunos, pesquisadores e docentes estrangeiros é considerada um indicador de qualidade por rankings de universidades. Entende-se que salas de aulas mais heterogêneas formam melhores alunos.

Além disso, a presença de alunos de fora é fundamental para a própria economia das instituições de ensino dos EUA. Para se ter uma ideia, uma universidade como Harvard custa, em média, U$70 mil ao ano (mais de R$200 mil). Quem vem de fora tende a pagar as maiores taxas.

REUNIÃO

A maioria das instituições de ensino já convocou reuniões de emergência com estudantes, pesquisadores e docentes dos países banidos. A recomendação é que ninguém saia do país para férias, visita ou mesmo para participação em congressos científicos –há risco de que, mesmo com visto, essas pessoas não consigam regressar aos Estados Unidos.

Algumas instituições de ensino, como a Universidade de Stanford, na Califórnia, anunciou que falará em breve também com estudantes de países que, por enquanto, estão fora do veto de Trump, mas que podem estar sob “risco”.

Caso do Paquistão e da Arábia Saudita –que, aliás, está entre os três países que mais enviam estudantes aos Estados Unidos.

De acordo com o “Open doors”, o Brasil é o 8º país na lista dos que mais mandam estudantes para as universidades norte-americanas. O visto para os brasileiros, no entanto, ficou mais difícil no novo governo Trump.

Confira a lista abaixo de quem mais envia alunos para universidades dos EUA:

1. China
2. Índia
3. Arábia Saudita
4. Coréia do Sul
5. Canadá
6. Vietnã
7. Taiwan
8. Brasil
9. Japão
10.México
11.Irã
12. Reunido Unido
13. Turquia
14. Nigéria
15. Alemanha

Open Doors 2016

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Óvulo de mulher que estudou em universidades bem ranqueadas nos EUA vale mais https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/17/ovulo-de-mulher-que-estudou-em-universidades-bem-ranqueadas-nos-eua-vale-mais/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/17/ovulo-de-mulher-que-estudou-em-universidades-bem-ranqueadas-nos-eua-vale-mais/#respond Thu, 17 Nov 2016 17:50:48 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2778 O impacto de rankings universitários e de outras formas de avaliação de educação pode chegar a áreas improváveis. De acordo com informações de um trabalho publicado pelo físico Marcos Barbosa de Oliveira, da Faculdade de Educação da USP, um óvulo de uma mulher que estuda em uma universidade de excelência como Harvard pode valer até dez vezes mais do que o preço de um óvulo “comum” no mercado nos EUA.

Isso porque Harvard é classificada como a melhor universidade do mundo em avaliações como o ranking de Xangai. Está também no top10 do ranking global de universidades Times Higher Education, que tem uma metodologia de avaliação diferente da chinesa.

Aplicativo da Folha calcula nota do Enem e chances no Sisu após a prova

Nos Estados Unidos, a comercialização de óvulos e de esperma para fertilização é permitida por lei. Lá, também é possível receber dinheiro para participar de testes clínicos de novos medicamentos. No Brasil, esse tipo de comércio é proibido.

Como os cientistas afirmam que os genes da mãe desempenham papel dominante no desenvolvimento das partes dos cérebros responsáveis pela inteligência, os óvulos das mulheres consideradas “mais inteligentes” –por exemplo aquelas que conseguem passar pelo filtro de Harvard– passam a valer mais.

A diferença de valores, de acordo com o artigo de Oliveira, é gritante: enquanto os óvulos das “harvardianas” chegam a U$S50 mil cada (cerca de R$ 170 mil), o preço médio do mercado para as mulheres que estudam em universidades medíocres nos rankings globais sai por uma média de U$S 5 mil a unidade (R$17 mil).

EUGENIA

Oliveira trabalha com os riscos embutidos nas possibilidades tecnológicas –incluindo o de eugenia. O artigo dele está no livro “Domínio das tecnologias” (ed. Letras a Margem, 2015). Em outros trabalhos, ele questiona a neutralidade da ciência, as formas neoliberais (com foco na produtividade) de avaliação de ciência e trata de má conduta científica.

Na época em que se identificou os genes maternos como responsáveis pela inteligência, na década de 1980, por meio de uma técnica nova de “marcadores genéticos”, o risco de eugenia sob nova roupagem entrou em debate nos corredores acadêmicos. Por exemplo: a possibilidade de regimes repressivos autorizarem apenas as mulheres mais inteligentes a terem filhos.

Outra possibilidade levantada foi simplesmente a de que homens interessados no QI (quociente de inteligência) de seus filhos poderiam, de repente, começar a achar mais atraentes as mulheres inteligentes.

 

 

 

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