Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Grupos de mídia levam jornalistas para ensinar educação midiática em escolas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/#respond Tue, 03 Jul 2018 10:00:18 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Captura-de-tela-2018-07-01-16.01.08-320x213.png http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3275 Dois grandes jornais britânicos anunciaram na última quinta (28) que vão trabalhar juntos em um projeto de educação midiática nas escolas do Reino Unido. A proposta do The Times e The Sunday Times é levar seus jornalistas para escolas daquele país para que os alunos sejam expostos a histórias jornalísticas reais, pesquisa e apuração.

O que está por trás da iniciativa é uma preocupação crescente dos grupos de comunicação com a disseminação de notícias falsas (fake news). São os textos com cara de jornalismo que se disseminam especialmente por redes sociais. O problema é que pessoas podem tomar decisões baseadas em notícias falsas — como decidir em quem votar — sem saber que estão sendo enganadas.

A atuação de grupos de mídias em escolas não é novidade no Reino Unido. Desde 2006, a BBC — maior e mais antiga emissora do mundo — institucionalizou a necessidade de promover alfabetização midiática nas escolas daquele país. O grupo disponibiliza materiais on-line baseados no currículo escolar do Reino Unido para serem utilizados por estudantes e professores. Entre as iniciativas, há até um game — o iReporter — que simula o primeiro dia de trabalho de um jornalista de verdade apurando uma história.

Neste ano, a BBC também anunciou que levará seus jornalistas para as escolas britânicas para ajudar no projeto de educação midiática (é o “BBC journalists return to school”). A decisão do grupo surgiu depois de uma pesquisa nacional que mostrou que apenas 2% das crianças e dos adolescentes daquele país têm a capacidade de leitura crítica necessária para discernir uma notícia falsa de uma notícia verdadeira.

No Brasil, não há nenhuma pesquisa que identifique a capacidade de discernimento de notícias reais e falsas pelos estudantes brasileiros. Tampouco há iniciativas de grupos de mídia voltadas às escolas do país. Há, no entanto, uma série de pesquisas sendo conduzidas na área. Uma delas é a da jornalista Jéssica Santos, que está estudando iniciativas de alfabetização no acesso a notícias em um mestrado profissional na ESPM.

“Enquanto pesquisadores tentam compreender porque somos tão suscetíveis ao cenário complexo de desordem informacional, cabe às empresas jornalísticas participar ativamente de projetos que ajudem as pessoas a conhecer o processo de seleção, de produção e de financiamento das notícias”, diz Jéssica.

“Desordem informacional” é o nome dado pelos acadêmicos à disseminação de notícias falsas aliada à incapacidade de discernimento entre a informação real e a falsa.

Além dos grupos de mídia do Reino Unido, jornais norte-americanos também têm atuado em educação midiática em escolas. Caso do The Washington Post e do The New York Times — esse último, por exemplo, tem uma seção no seu próprio site que reúne material jornalístico que pode ser usado por professores nas escolas.

“São organizações que já enfrentam o desafio com iniciativas que comprovam a eficácia de equipar a sociedade para lidar com a sobrecarga de informações e a dificuldade em determinar a veracidade do que é propagado nas mídias.”

A ESPM, onde Jéssica faz pós-graduação, estabeleceu neste ano a chamada Cátedra Palavra Aberta ESPM — em parceria com uma ONG homônima que se dedica ao consumo midiático. A expectativa da cátedra é fomentar academicamente os trabalhos na área. 

 

 

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Melhores universidades do mundo têm até curso de meditação para combater estresse na pós https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/12/23/melhores-universidades-do-mundo-tem-ate-curso-de-meditacao-para-combater-estresse-na-pos/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/12/23/melhores-universidades-do-mundo-tem-ate-curso-de-meditacao-para-combater-estresse-na-pos/#respond Sat, 23 Dec 2017 22:05:12 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3039

Das muitas diferenças de uma universidade de ponta no mundo para as universidades brasileiras, o modo como se trata a questão da saúde mental dos estudantes talvez seja a mais gritante.

Em instituições de países como os Estados Unidos, a condição mental dos alunos é um assunto tratado com cuidado. Sabe-se que, especialmente na pós-graduação, os alunos sofrem com pressão para ter resultados brilhantes, com saudade da família que pode estar longe e com problemas de relacionamento. Tudo isso, claro, pode afetar a sua produtividade ou causar abandono do mestrado e do doutorado.

Estudantes de mestrado e doutorado relatam suas dores na pós-graduação

Orientadores de pós-graduação impõem dificuldades a alunos

A Folha retratou como isso acontece nas universidades brasileiras recentemente em uma série de reportagens. Mostrou que, por aqui, falta assistência para as condições mentais dos alunos da pós-graduação, falta conhecer o tamanho do problema e falta também que as universidades tenham uma política clara que crie, por exemplo, canais de denúncia em caso de assédio moral –relato comum entre os estudantes.

Mais ainda: falta falar sobre o assunto. E, sem assumir que o problema existe, vai ser difícil pensar em maneiras de abordar a saúde mental dos alunos como fazem algumas das melhores universidades do mundo.

MEDITAÇÃO ANTI-ESTRESSE

Na Universidade de Stanford, por exemplo, nos Estados Unidos, onde estive recentemente como pesquisadora, os alunos de pós são estimulados até a fazer disciplinas voltadas para saúde mental. Uma delas se chama “meditação para enfrentar o estresse na pós-graduação”. Quando estive lá, era oferecida na hora do almoço.

Em outra universidade que também conheço por dentro, a Universidade de Michigan, nos EUA, os alunos recebiam na porta de entrada uma série de instruções sobre assédio sexual, assédio moral, o que fazer nesses casos. Em Michigan, os estudantes também aprendiam como lidar com a neve e recebiam apoio caso se deprimissem no longo inverno que coincide com provas de final de semestre e com o Natal. Isso era importante porque um em cada quatro alunos daquela universidade vem de outros países (portanto, está sozinho e pode se sentir ainda mais deprimido no inverno escuro).

Quantos estudantes de pós-graduação no Brasil vieram de outros Estados? Quantos se sentem angustiados e deprimidos? E, sem dinheiro para voltar para casa porque as bolsas são apertadas para cidades de custo de vida alto (R$ 1.500 mensais no mestrado do CNPq, por exemplo), quantos ficarão sozinhos neste Natal?

Ninguém tem a menor ideia de nada disso.

A boa notícia é que a mudança pode começar com os orientadores responsáveis pelos alunos da pós. Recentemente, conversei com um professor do Instituto de Química da USP de São Paulo que me contou que tenta abordar os alunos no momento em que a euforia do início da pós passa e é substituída pela angustia.  É a hora em que a saudade aperta, os prazos estão curtos, a pesquisa empaca e o dinheiro não dá conta do entretenimento.

Esse professor conversa, recomenda leituras, indica a assistência psicológica da USP se for o caso –uma ótima ideia para professores de pós de todo o país. Não exclui a necessidade de abordagem institucional do problemas, mas é uma forma de parar de ignorá-lo.

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