Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Universidades do Brasil caem em ranking mundial de empregabilidade de egressos https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/09/12/universidades-do-brasil-caem-em-ranking-mundial-de-empregabilidade-de-egressos/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/09/12/universidades-do-brasil-caem-em-ranking-mundial-de-empregabilidade-de-egressos/#respond Wed, 12 Sep 2018 18:37:59 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/usp-320x213.jpeg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3404 As instituições de ensino superior do Brasil perderam algumas casas na avaliação mundial de empregabilidade de egressos da consultoria britânica QS. Na listagem divulgada nesta segunda (10), a USP — líder nacional — caiu de 61º lugar (na listagem de 2018) para 67º lugar (no ranking de 2019). Já a Unicamp, segunda colocada do país no ranking, caiu do grupo 201º-250º lugar no mundo em termos de empregabilidade para a faixa 250º-301º no mesmo período.

O ranking da QS avalia 650 universidades do globo e classifica as 500 melhores. A listagem tem base em cinco indicadores: reputação dos egressos no mercado de trabalho (30% da nota de cada universidade), sucesso dos ex-alunos (25%), parceria entre empregadores e docentes (25%), presença de empresas na universidade (10%) e empregabilidade dos formados até doze meses após a formatura (10%).

Olhando isoladamente os indicadores, no entanto, a USP vai bem em dois quesitos. A universidade, por exemplo, está em 26ª posição no mundo especificamente no indicador de sucesso dos ex-alunos. Isso significa que a USP forma boa parte dos líderes do mercado nacional. Isso já apareceu em uma pesquisa do Datafolha divulgada em 2017 — o levantamento mostrou que pelo menos um em cada dez líderes pesquisados no Brasil é “uspiano”.

A USP está, ainda, em 55ª posição na reputação entre as empresas no ranking de empregabilidade da QS. A boa reputação da universidade aparece também no RUF – Ranking Universitário Folha 2017. A universidade é a mais mencionada no país entre os empregadores consultados no Brasil.

A USP, no entanto, zera no indicador que avalia a presença das empresas nas universidades no ranking QS. Isso é medido pela quantidade de vezes que os empregadores consultados estiveram no campus da universidade doze meses antes da realização da pesquisa. A QS considera que essa conexão entre empregadores e estudantes é importante para criar networking e para a carreira dos futuros egressos. Quem lidera especificamente esse quesito é a Universidade de Ciência e Tecnologia Huazhong , da China.

Os Estados Unidos lideram a listagem geral de empregabilidade da QS com universidades como Stanford, MIT, Universidade da Califórnia em Los Angeles e Harvard. A Austrália, com as universidades de Sidney e de Melbourne, aparece na sequência. Em termos regionais, a PUC-Chile (37º lugar) e o Instituto Tecnológico de Monterrey do México (52º lugar) são os destaques da América Latina — seguidos pela USP.

Neste ano, seis brasileiras estão na lista das 500 universidades com melhor empregabilidade do mundo — todas da região Sudeste do país. No ranking publicado ano passado, o país tinha sete universidades da listagem. Saíram a PUC-SP e UnB; já a Unesp passou a figurar na listagem das 500 melhores do mundo em empregabilidade.

Essa é a terceira edição do ranking de universidades QS de empregabilidade. A consultoria britânica publica desde 2011 um ranking mundial de universidades no qual a reputação entre empregadores é um dos indicadores utilizados.

 

As brasileiras no ranking de empregabilidade da QS 2019

USP – 67º lugar
Unicamp –  250º -301º
UFRJ –  250º -301º
Unesp –  301º -500º
UFMG –  301º -500º
Unifesp –  301º -500º

Fonte: QS empregabilidade 2019

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‘Nobel’ da matemática muda da França para Suíça — e segue com pé no Brasil https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/27/nobel-da-matematica-muda-da-franca-para-suica-e-segue-com-pe-no-brasil/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/27/nobel-da-matematica-muda-da-franca-para-suica-e-segue-com-pe-no-brasil/#respond Fri, 27 Jul 2018 14:27:07 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/artur-avila-320x213.jpg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3307 O único ganhador brasileiro da medalha Fields — prêmio que é considerado o Nobel da matemática — está de malas prontas. O matemático Artur Avila (39) acabou de ser contratado pela Universidade de Zurique, na Suíça, onde começa a trabalhar em agosto. Ele deixa o CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, órgão do governo francês), onde era diretor de pesquisa, mas segue colaborando com o Impa (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada) — condição, diz, para que aceitasse a proposta suíça.

“Não queria interromper essa situação”, disse o matemático ao Abecedário.  “O Impa é a principal instituição de matemática do país.”

Avila chegou ao instituto aos 17 anos: fez mestrado e doutorado no Impa simultaneamente à graduação em matemática na UFRJ. Aos 21 anos, já estava no pós-doutorado na França — o que lhe dá um caráter de gênio na área mundialmente.

A condição de continuar com a colaboração em pesquisa com o Impa tem também um tom de nacionalismo. “Existem funções que posso exercer no Brasil para além da pesquisa em matemática”, diz. A principal delas é atrair estudantes brasileiros para a matemática — área em que o país ainda patina internacionalmente. Para se ter uma ideia, o Brasil está em 65° lugar na avaliação de matemática do PISA, da OCDE, dentre 70 países. É o pior desempenho do país no exame (as outras áreas avaliadas são ciências e linguagens).

Nessa missão, Avila quer inspirar a garotada. Dá palestras, circula em escolas, conversa com estudantes, tira selfies e, vira e mexe, entrega medalha na OBMEP (Olimpíadas Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), organizada pelo próprio Impa. Para ele,  a OBMEP é um caso de sucesso na educação do país. “Ganhar uma medalha dá um ânimo. Funciona realmente.”

O matemático brasileiro tem recebido convites de instituições renomadas de ensino e pesquisa mesmo antes da medalha Fields, prêmio que recebeu em 2014. “As pessoas não ganham um Fields do nada, então os bons nomes estão circulando e acabam recebendo convites”, diz. Somente neste ano, no entanto, decidiu analisar propostas.

Escolheu Zurique porque é um lugar bastante desenvolvido matematicamente. E tem dinheiro: “terei recursos para convidar pessoas do Brasil.” Na Suíça, além de pesquisa, que será sua principal atividade (ele trabalha com matemática pura), Avila vai ministrar um curso ligado à sua atividades de estudos.

A mudança dele para a Suíça não se trata, enfatiza, de uma fuga de cérebros — fenômeno em que pessoas altamente qualificadas deixam o país em busca de oportunidades fora. “Estou fugindo da França para Suíça!” (risos)

A Universidade de Zurique está entre as 100 melhores do mundo no ranking universitário THE e em 58° lugar no ranking de Shangai. Esse último considera a quantidade de prêmio Nobel e medalhas Fields no total docente como critério de qualidade da instituição.

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Grupos de mídia levam jornalistas para ensinar educação midiática em escolas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/07/03/grupos-de-midia-levam-jornalistas-para-ensinar-educacao-midiatica-em-escolas/#respond Tue, 03 Jul 2018 10:00:18 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Captura-de-tela-2018-07-01-16.01.08-320x213.png http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3275 Dois grandes jornais britânicos anunciaram na última quinta (28) que vão trabalhar juntos em um projeto de educação midiática nas escolas do Reino Unido. A proposta do The Times e The Sunday Times é levar seus jornalistas para escolas daquele país para que os alunos sejam expostos a histórias jornalísticas reais, pesquisa e apuração.

O que está por trás da iniciativa é uma preocupação crescente dos grupos de comunicação com a disseminação de notícias falsas (fake news). São os textos com cara de jornalismo que se disseminam especialmente por redes sociais. O problema é que pessoas podem tomar decisões baseadas em notícias falsas — como decidir em quem votar — sem saber que estão sendo enganadas.

A atuação de grupos de mídias em escolas não é novidade no Reino Unido. Desde 2006, a BBC — maior e mais antiga emissora do mundo — institucionalizou a necessidade de promover alfabetização midiática nas escolas daquele país. O grupo disponibiliza materiais on-line baseados no currículo escolar do Reino Unido para serem utilizados por estudantes e professores. Entre as iniciativas, há até um game — o iReporter — que simula o primeiro dia de trabalho de um jornalista de verdade apurando uma história.

Neste ano, a BBC também anunciou que levará seus jornalistas para as escolas britânicas para ajudar no projeto de educação midiática (é o “BBC journalists return to school”). A decisão do grupo surgiu depois de uma pesquisa nacional que mostrou que apenas 2% das crianças e dos adolescentes daquele país têm a capacidade de leitura crítica necessária para discernir uma notícia falsa de uma notícia verdadeira.

No Brasil, não há nenhuma pesquisa que identifique a capacidade de discernimento de notícias reais e falsas pelos estudantes brasileiros. Tampouco há iniciativas de grupos de mídia voltadas às escolas do país. Há, no entanto, uma série de pesquisas sendo conduzidas na área. Uma delas é a da jornalista Jéssica Santos, que está estudando iniciativas de alfabetização no acesso a notícias em um mestrado profissional na ESPM.

“Enquanto pesquisadores tentam compreender porque somos tão suscetíveis ao cenário complexo de desordem informacional, cabe às empresas jornalísticas participar ativamente de projetos que ajudem as pessoas a conhecer o processo de seleção, de produção e de financiamento das notícias”, diz Jéssica.

“Desordem informacional” é o nome dado pelos acadêmicos à disseminação de notícias falsas aliada à incapacidade de discernimento entre a informação real e a falsa.

Além dos grupos de mídia do Reino Unido, jornais norte-americanos também têm atuado em educação midiática em escolas. Caso do The Washington Post e do The New York Times — esse último, por exemplo, tem uma seção no seu próprio site que reúne material jornalístico que pode ser usado por professores nas escolas.

“São organizações que já enfrentam o desafio com iniciativas que comprovam a eficácia de equipar a sociedade para lidar com a sobrecarga de informações e a dificuldade em determinar a veracidade do que é propagado nas mídias.”

A ESPM, onde Jéssica faz pós-graduação, estabeleceu neste ano a chamada Cátedra Palavra Aberta ESPM — em parceria com uma ONG homônima que se dedica ao consumo midiático. A expectativa da cátedra é fomentar academicamente os trabalhos na área. 

 

 

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Sobre as mães de universitários que escrevem para o blog https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/sobre-as-maes-dos-universitarios-que-escrevem-para-o-blog/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/14/sobre-as-maes-dos-universitarios-que-escrevem-para-o-blog/#respond Mon, 14 May 2018 17:39:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3138
Praça do relógio na USP; para especialistas, participação de mães em vida universitária é fenômeno brasileiro (Eduardo Anizelli – 24.nov.2016/Folhapress)

Neste mês das mães, resolvi escrever sobre um interlocutor importante que tenho desde que comecei a me debruçar sobre o tema de ensino superior: as mães dos universitários brasileiros. Elas estão sempre aqui no blog, na página do Ranking Universitário da Folha e na minha caixa de entrada de e-mails.

Falei sobre essa forte presença maternal entre estudantes jovens e adultos no Congresso Internacional da FAUBAU (Brazilian Association for International Education), em abril, e ouvi, dos especialistas em educação estrangeiros que estavam presentes, que isso é um fenômeno tipicamente brasileiro — talvez latinoamericano. Pode ser.

Por aqui, recebo com frequência mensagens de mães de universitários pedindo informações sobre cursos e instituições de ensino superior de todo o país. Elas querem saber de tudo: preço, qualidade, empregabilidade, como funcionam as repúblicas estudantis. Tem muita festa? O objetivo declarado é ajudar os filhos e filhas que estão planejando entrar na universidade –ou já estão matriculados em um curso de graduação e até de pós-graduação.

Para se ter uma ideia, recebo mais mensagens de mães do que dos próprios filhos universitários!

Nas universidades brasileiras que visito para falar sobre o RUF, lá estão as mães. Já vi mães acompanhando seus filhos da graduação (e muitas vezes da pós-graduação) pelos corredores acadêmicos para questionar notas com os professores, justificar comportamentos e debater questões didáticas. Há pais, também, claro, mas elas são maioria. Dizem os coordenadores de curso, isso está ficando cada vez mais comum.

PROGRAMA DE TREINAMENTO

Há, ainda, algumas mães que levam seus filhos e filhas universitárias mais adiantados nos cursos universitários para as provas de programas de treinamento de grandes empresas. Entram com a cria no processo seletivo, ficam na sala de espera durante a prova, assim, avaliando se aquele ambiente é adequado.

Isso é um problema.

A idade universitária corresponde ao fim da adolescência e à passagem para a vida adulta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Um universitário está justamente aprendendo a resolver problemas, debater notas, escolher disciplinas. Ele tem que saber selecionar um programa de treinamento de acordo com a carreira que está desenhando. Não pode ter alguém tomando a decisão por ele.

As melhores universidades do mundo exigem que os alunos morem em residências universitárias estudantis (longe dos pais e das mães) justamente para aprender a conviver com a diferença, a resolver problemas sozinho, a gerenciar a própria vida. Isso pode ser mais importante do que muitos cursos porque desenvolve as habilidades sociais dos estudantes.

Em Stanford (EUA), por exemplo, todos os alunos de gradução moram no campus –mesmo que eles sejam originalmente das redondezas de Palo Alto, na Califórnia, onde fica a escola. A “mensalidade” da universidade inclui a moradia.

A literatura de educação mostra que atitudes superprotetoras dos pais podem render comportamentos infantilizados dos filhos –inclusive na idade adulta. Isso significa que se o jovem, em transição para a maturidade, não aprender a tomar decisões que dizem respeito a sua própria vida, ele não vai aprender nunca mais.

 

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Tem uma história inspiradora em educação para compartilhar com a gente neste mês das mães? Fale comigo no sabine.righetti@grupofolha.com.br

 

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Lixo na praia mostra que precisamos muito mais do que educação https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/31/lixo-na-praia-mostra-que-precisamos-muito-mais-do-que-educacao/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/31/lixo-na-praia-mostra-que-precisamos-muito-mais-do-que-educacao/#respond Wed, 31 Jan 2018 20:39:13 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3083

Quem passou por alguma praia recentemente neste verão talvez tenha se deparado com um fenômeno comum, mesmo nas regiões mais remotas do litoral brasileiro: o lixo. Em uma caminhada de uns dez minutos que fiz no litoral de Santa Catarina no começo de janeiro, por exemplo, encontrei garrafas pet, latinhas de cerveja e de energéticos, canudinhos, plásticos de picolé. Fui recolhendo o que achei até que, sozinha, eu não tinha mais braços suficientes para tanto lixo acumulado.

O problema é que quando a maré sobe, ou quando chove, tudo aquilo que se acumula na areia vai para o mar –e causa um estrago danado. Já há, inclusive, estudos que mostram que até 2050 os Oceanos terão mais plásticos do que peixes.

Por que as pessoas jogam lixo na praia?

Fiz essa pergunta alto para quem estava lá comigo entre latinhas e pacotes de batata frita e tive como resposta o mesmo que você deve ter pensado: “as pessoas não têm educação”. Ok. Então vamos entender o que isso significa.

“Não ter educação” e, por causa disso, jogar lixo na praia, na rua e nos espaços públicos, pode ser entendido como falta de conhecimento. Não aprendi algo então tenho uma determinada atitude por desconhecimento dos impactos do que eu faço. As pessoas, em tese, não saberiam que aquele lixo plástico jogado na areia inevitavelmente vai parar no mar.  Tampouco saberiam que o peixe pode morrer ao ingerir esse plástico –ou, então, pode ingerir pedaços microscópicos de plástico e você, ao comer o peixe, acaba comendo o plástico. É a ideia de “cadeia alimentar”, que aparece na escola no ensino fundamental e pode ser tema até de vestibular.

CADEIA ALIMENTAR

Não me parece, no entanto, que o lixo naquela praia seja um caso de falta de conhecimento. Chuto dizer que a maioria das pessoas que estava lá em Santa Catarina –e que jogou latinha de cerveja por onde passou– tinha passado pelas aulas de biologia da escola. Aquelas pessoas provavelmente tinham diploma de ensino superior –ou até alguma pós-graduação. Cruzei com gente opinando sobre política e ostentando um português elegante –ou falando outras línguas, como espanhol e alemão.

Então qual é a questão?

O problema pode estar no formato da nossa educação. Aprendemos conceitos importantes de maneira muito teórica e temos aulas expositivas focadas em livros didáticos com pouca experimentação. Pode ser que aquelas pessoas da praia tenham conhecimento ambiental, sim, mas não internalizaram os conceitos aprendidos. Trocando em miúdos: quem joga uma sacola plástica na areia da praia pode até acertar uma questão do Enem sobre poluição ou cadeia alimentar, por exemplo, mas talvez não compreenda completamente que aquele seu próprio lixo interfere no ecossistema do qual faz parte.

Mais: pessoas altamente instruídas no Brasil podem ter baixíssima noção de cidadania, do que é ser cidadão, de regras de divisão de espaços públicos. Talvez porque estejam viciadas pelos hábitos de gerações anteriores, que jogavam lixo na praia, as pessoas seguem fazendo o mesmo. Ou então aquelas pessoas estão mais acostumadas a ambientes privados e controlados, e acreditam que sempre haverá alguém para limpar o rastro que se deixa por aí.

Aqui, vamos das aulas de ciências à sociologia. Será que estamos discutindo o suficiente, na escola, sobre a formação sociocultural brasileira, que é impregnada pela ideia de “ser servido”? E debatemos o quanto isso afeta, inclusive, o nosso próprio ecossistema?

Ao que tudo indica, “falta de educação” não explica o lixo encontrado na praia. Precisamos, primeiro, entender de qual educação estamos falando.

 

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Calcule sua nota no Enem em aplicativo da Folha https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/11/05/calcule-sua-nota-no-enem-em-aplicativo-da-folha-2/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/11/05/calcule-sua-nota-no-enem-em-aplicativo-da-folha-2/#respond Sun, 05 Nov 2017 23:42:52 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2989

Quem fez o Enem neste ano pode conferir seu desempenho no aplicativo Quero minha nota!, da Folha em parceria com a empresa de tecnologia educacional TunEduc.

Funciona assim: depois de baixar o aplicativo, o usuário deve preencher suas respostas no Enem. Então, com base no gabarito do exame, o Quero minha nota! entrega uma estimativa bastante precisa da nota no exame de cada usuário.

Baixe o app ‘Quero minha Nota!’ (Android)

Baixe o app ‘Quero minha Nota!”(iOS)

Desde domingo (5), primeiro dia do Enem, os usuários podem preencher as respostas das provas de linguagens e de ciências humanas. O restante das respostas pode ser preenchido a partir de domingo (12), segundo dia do exame com matemática e ciências da natureza.

As notas são calculadas com uma tecnologia que simula a TRI, usada pelo MEC. Esse sistema atribui pesos diferentes para as questões, dependendo do grau de dificuldade delas.

SISUMETRO

A nota do exame é a porta de entrada nas universidades federais por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). O resultado no Enem também é usado por algumas instituições de ensino estaduais e privadas.

Com a estimativa da nota no Enem em mãos pelo Quero minha nota!, o estudante consegue estimar em quais cursos e universidades federais conseguiria entrar nesse ano. O cálculo é feito com base nas últimas notas de corte do exame.

Em 2016, mais de 400 mil alunos conferiram a estimativa da sua nota pelo aplicativo. Esse número deve ser superado neste ano: na segunda (13), quase 370 mil usuários já estavam usando o aplicativo.

número de inscritos no Enem foi o menor desde 2013: 6,1 milhões de alunos. Cerca de 30% dos inscritos não compareceram  ao primeiro dia do exame –a maior taxa desde 2009.

 

 

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Folha lança simulado para o Enem para fazer em 1 hora https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/10/23/folha-lanca-simulado-para-o-enem-para-fazer-em-1-hora/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/10/23/folha-lanca-simulado-para-o-enem-para-fazer-em-1-hora/#respond Mon, 23 Oct 2017 14:38:55 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2974

Folha e a empresa de tecnologia educacional Adaptativa lançam, nesta segunda (23), um simulado para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que dá para ser feito em 1 hora.

O simulado traz 20 questões –cinco em cada uma das quatro áreas abordadas no exame– com os temas mais recorrentes na prova. A expectativa é que os estudantes gastem até três minutos para resolver cada questão. Com isso, é possível terminar o simulado inteiro em 1 hora.

O exame real conta com 180 questões, divididas em dois dias.

Quem fizer a simulação da Folha receberá, assim que terminar, uma nota baseada nos erros e nos acertos na prova. Com o simulado, os estudantes que vão prestar o Enem conseguem ter uma ideia do que mais precisam estudar na reta final até a prova.

Neste ano, o Enem acontece em dois domingos: 5 e 12 de novembro. No primeiro domingo, o exame aborda linguagens e ciências humanas, além de redação, com 5h30 de prova. No domingo seguinte, serão cobrados matemática e ciências da natureza em 4h30 de exame.

O número de inscritos no Enem deste ano foi o menor desde 2013: 6,1 milhões de alunos. A nota do exame é usada no processo seletivo das universidades federais e de algumas instituições de ensino estaduais e privadas.

 

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Base nacional curricular exige laboratório de ciências que as escolas não têm https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/08/base-nacional-curricular-exige-laboratorio-de-ciencias-que-as-escolas-nao-tem/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/08/base-nacional-curricular-exige-laboratorio-de-ciencias-que-as-escolas-nao-tem/#respond Wed, 08 Feb 2017 17:27:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2815 Apenas uma em cada dez escolas públicas que oferecem ensino fundamental no Brasil tem um ingrediente importante para colocar em prática algumas das recomendações da base nacional curricular em discussão no país: os laboratórios de ciência.

De acordo com dados do Censo Escolar 2015, apenas 9% das escolas públicas de ensino fundamental (1º ao 9º ano) contam com laboratórios voltados, de alguma maneira, à experimentação científica. Isso dá menos de 10 mil escolas de ensino fundamental regular, de um total de 112.393 espalhadas pelos país.

Aluno brasileiro gosta de ciências, mas é massacrado pelo conteúdo

Alguns dos objetivos de ensino descritos na atual Base Nacional Curricular em discussão dependem de laboratórios de ciências. É possível, por exemplo, “desenvolver o interesse, o gosto e a curiosidade pela ciência” sem laboratórios voltados para isso? Não.

A segunda versão da base que propõe conteúdos mínimos para as escolas –e que ainda deve ser reformulada– é ainda mais específica. De acordo com o documento, os alunos do 7º ano, por exemplo, devem realizar “experimentos simples para determinar propriedades físicas, como densidade, temperatura de ebulição e temperatura de fusão.” Sem laboratórios?

Mais: as turmas 7º ano também devem “distinguir substâncias de suas misturas”. E os do 8º ano devem, diz o texto, “verificar experimentalmente evidências comuns de transformações químicas.” Hein?

RUIM NA PARTICULAR

A carência de espaços de experimentação, no entanto, não está restrita às instituições públicas: as escolas privadas também carecem de laboratórios para ensinar ciências fora dos livros.

De acordo com dados do Censo Escolar, 65% das instituições privadas de ensino fundamental contam com laboratórios de ciência. As demais ensinam ciências da natureza apenas de maneira teórica.

Os dados revelam algumas obviedades. A primeira é que a Base Nacional Curricular é um grande devaneio se considerarmos a atual infraestrutura das escolas do país.

Nas áreas rurais, por exemplo, diz o Censo, só 1% das escolas públicas têm laboratórios de ciência. Como, então, implementar o que o documento propõe se a melhoria da infraestrutura dessas escolas nem sequer está na pauta?

ENSINO MÉDIO

A segunda obviedade é que, nessas condições, todo o debate sobre reforma do ensino médio –que também está em discussão no país– é questionável.

Ora, como um aluno vai escolher efetivamente sua trajetória no ensino médio, como propõe a atual reforma dessa etapa de ensino, se não teve acesso a condições mínimas para desenvolver conhecimentos científicos no fundamental?

Trocando em miúdos, estamos discutindo propostas impossíveis de serem realizadas nas escolas sem que outras medidas sejam tomadas em curto prazo.

E, pior, estamos impedindo que a imensa maioria de nossos brasileirinhos tenha condições de desenvolver a curiosidade científica, de se questionar efetivamente e de tentar achar respostas para suas perguntas por meio da experimentação.

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Escola tradicional de SP, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/#respond Mon, 31 Oct 2016 10:00:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2750 Conhecida por estimular a competitividade entre seus alunos, o Bandeirantes, uma das melhores escolas do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), anunciou que vai eliminar a divisão dos alunos por áreas do conhecimento e por notas a partir de 2017.

Até hoje, funcionava assim: os alunos do colégio escolhiam qual área seguir no ensino médio –exatas, humanas e biológicas– dependendo do que pretendiam prestar no vestibular. Depois, as turmas eram divididas de acordo com suas notas. Para se ter uma ideia, algumas séries de biológicas, por exemplo, chegam a ter cinco turmas, de A (com os melhores alunos) até E.

A escola seguiu essa classificação durante metade de sua história (o Bandeirantes tem 72 anos e deu início à separação de alunos em áreas e turmas em 1980). Em 1990, o Band, como é conhecido, eliminou a separação por notas dos estudantes do fundamental 2 (5º ao 9º ano). A do médio se manteve.

Confira o especial Enem 2016

“Hoje, isso já não faz mais sentido”, diz  Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente da escola –cuja mensalidade, no médio, sai por R$3,4 mil.  A ideia da escola é flexibilizar o currículo e permitir que o aluno selecione algumas disciplinas nas quais pretende se aprofundar –algo parecido com a atual proposta de reforma do ensino médio do governo federal.

O colégio também está de olho no desenvolvimento dos chamados “aspectos não cognitivos” dos alunos, que ganham cada vez mais importância no cenário internacional. Isso significa desenvolver habilidades como liderança, comunicação e capacidade de trabalhar em grupo.

Esses quesitos já são cobrados, por exemplo, nos exames de ingresso de direito na FGV-SP, nas engenharias do Insper e na medicina da faculdade do Albert Einstein. Mais: a expectativa é que o exame internacional PISA, da OCDE, passe a agregar aspectos não cognitivos na sua prova que, hoje, avalia línguas, ciências e matemática.

Outro cenário também incentivou a mudança: no Band, quase 10% dos alunos do 3º ano do ensino médio (hoje, são 500 estudantes nessa etapa) aplicam para estudar em universidades do exterior, principalmente dos Estados Unidos, cujos processos seletivos vão muito além das notas. “A expectativa é que em alguns anos 20% de nossos alunos apliquem para universidades estrangeiras”, diz Aguiar.

INTERDISCIPLINARIDADE

Em 2017, além da eliminação da turmas por áreas e por notas, o Bandeirantes vai fazer uma outra mudança importante: as antigas aulas de laboratório de física, de química, de biologia e de artes serão ministradas em conjunto em um novo laboratório de “ciências e artes” –que vai ocupar um andar inteiro do prédio. A proposta é trabalhar por projetos com, simultaneamente, professores de várias áreas.

Bem conceituado entre especialistas de educação, o Band coleciona uma série de personalidades entre seus ex-alunos. Dentre eles, o atual prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP), o político Mário Covas e o jornalista José Simão.

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Eu, que amo estudar, quase larguei o ensino médio https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/#respond Sat, 10 Sep 2016 18:08:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2709 Nessa semana, diante da divulgação dos resultados do Ideb, escrevi uma análise sobre o problema do ensino médio no país. O índice mostrou que continuamos falhando especialmente na última etapa da educação básica. Os alunos continuam indo mal e largando a escola.

O problema é realmente sério. Quem me conhece minimamente sabe que eu adoro estudar –o que, inclusive, acabou me levando a pesquisar e a escrever sobre educação. E até eu, que amo aprender, quase larguei o ensino médio durante a minha adolescência.

Aluno chega à escola de peito estufado e sai de cabeça baixa

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Assim como acontece com a maioria dos alunos, eu fui me desconectando da escola. No começo, eu acordava animada para ir para a escola, gostava da “tia” e das brincadeiras do recreio. Aos poucos, isso foi se perdendo.

Conforme a escola avançava, eu deixava de ter uma relação afetiva com aquilo. A escola passou a me dar medo: da bronca, da nota baixa, da prova, do bullying. Eu mal sabia o nome dos meus professores no começo do ensino médio porque eram muitos –hoje, são 13 disciplinas que compõem o quadro escolar nessa etapa. Eles também não sabiam o meu nome. Eu tinha um número na minha sala: 33.

Eu gostava de fazer contas, mas comecei a lidar mal com elas no ensino médio. A minha paixão pela lógica foi substituída pelo terror à memorização de fórmulas da matemática e da física –aliás, eu não tinha a mais vaga ideia de quão linda pode ser a física, da escala nanométrica à astronomia. Eu detestei física do começo ao fim, até chegar à faculdade.

SONO

Toda noite, durante o ensino médio, eu ia dormir preocupada com a escola. Perdia o sono e, no dia seguinte, mal conseguia acordar antes das 6 horas para estar na aula às 7 horas. Mais tarde, lendo estudos de educação e de psicologia, descobri que, por questões fisiológicas mesmo, os adolescentes têm dificuldades de acordar cedo. A cabeça deles simplesmente não funciona de manhã. Ora, então por que diabos as aulas no ensino médio até hoje começam às 7 horas nas redes pública e privada?

Pois é. É uma tortura mesmo.

Deixei de ver sentido nas horas que passava nas aulas. Todos os dias, chegava em casa e fazia um balanço do que havia aprendido. Na maioria das vezes eu concluía que tinha aprendido coisas “inúteis” porque não via conexão daquilo com a minha vida. E, já que eu não tinha aprendido nada, como pensava, por que eu estava na escola?

Essa é a sensação relatada pela maioria de quem larga os estudos nessa fase: a escola parece perda de tempo. E, no Brasil, muita gente desiste: metade de quem entra na escola não termina os estudos no ensino médio! Claramente temos um problema sério que estamos ignorando.

Por sorte, meus pais não me deixaram desistir. Discutimos ao longo de todo o meu 1º ano do ensino médio o que eu faria da vida, cheguei a mudar da escola. Resolvi seguir nos estudos mediante um plano: eu iria trabalhar nas horas vagas depois da escola e, com o dinheiro poupado, faria intercâmbio no 2º ano do ensino médio. Isso me segurou.

Fui e, lá fora, no Reino Unido, as aulas começavam mais tarde e eu podia fazer disciplinas extracurriculares. Mais independente, comecei a circular sozinha pela cidade, ir a museus e ao cinema. Conheci novos livros. Continuei trabalhando depois da escola.

Quando voltei da empreitada, já estava no 3º ano do ensino médio, preparando-me para o vestibular. Resolvi terminar, faltava pouco! Aos 17 anos, entrei em um curso concorrido de jornalismo em uma universidade estadual paulista. Ufa. E nunca mais parei de estudar.

Toda vez que escrevo sobre os problemas do ensino médio, conto um pouco da minha história. Eu, que amo estudar, e que agora estou planejando até um pós-doutorado, quase parei a escola na minha adolescência. Isso me parece bem grave.

A escola brasileira tem o poder de acabar com o ânimo de seus alunos –e os culpa por isso. Até quando vamos ignorar esse nosso fracasso?

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