Famílias ainda priorizam a educação dos filhos homens

Sabine Righetti

As meninas ainda estão mais fora da escola e têm menos tempo e menos estímulo para estudar do que os meninos.

Os dados foram levantados pela ONG Plan International e divulgados no dia 11 de outubro, Dia Internacional das Meninas (leia mais sobre os dados do Brasil aqui).

Os números mostram que papais e mamães ainda priorizam a educação dos filhos homens em detrimento das meninas.

Os meninos têm mais tempo livre para estudar e brincar (o que desenvolve aspectos não cognitivos do aprendizado), enquanto as meninas ainda acabam se ocupando com tarefas do lar.

Isso significa que limpar a casa e arrumar a cama (delas e dos irmãos) ainda é tido como uma tarefa feminina.

No Brasil, 76,8% das meninas consultadas disseram que lavam a louça em casa, mas que só 12,5% de seus irmãos fazem a mesma tarefa.

Entre as famílias de renda mais baixa, as meninas acabam cuidando da casa e dos irmãos mais novos enquanto a mãe trabalha.

Com isso, claro, falta tempo para estudar.

FORA DA ESCOLA

Em países mais pobres que o Brasil, como na Índia, no Peru e em países africanos, as meninas têm maior chance de ficar fora da escola.

Como estudar custa caro, os pais acabam matriculando apenas os filhos meninos. As meninas ficam com as atividades domésticas (que não requerem estudos).

A mesma coisa acontece em países de orientação islâmica.

Como reverter essa situação?

A Plan International sugere que cada país tenha políticas específicas para a inclusão de meninas na escola – coisa que o Brasil ainda não tem.

Ou seja, já que meninos e meninas são tratados de maneira distinta, eles precisam ter políticas específicas.

No Brasil, por exemplo, quase 40% das meninas revelam que o caminho até a escola é perigoso. O que estamos fazendo para mudar isso?

E o que fazer para que as meninas tenham o mesmo tempo para estudar do que os meninos? Ou para elas se sintam valorizadas na escola?

Deixo as perguntas.

 

Comentários

  1. E são as mães as primeiras e principais educadoras de meninas E meninos… O machismo exacerbado da nossa sociedade prejudica todo mundo, não só as meninas!

  2. O Machismo começa de casa, quando a mãe e o pai aceitam que o menino façam alguma coisa só porque ele é homem.

    Falta o exemplo também, porque o homem não pode descer do pedestal para compartilhar as tarefas domésticas, afinal ele é homem, a mulher existe pra quê?

    1. Porque a cultura cristã machista ensina desde cedo às nossas crianças que o casamento aqui leia-se “ritual macabro machista” onde um macho (pai) entrega a fêmea objeto para outro macho (noivo), é quase uma obrigação. A mulher nasce e cresce aprendendo a ser objeto, por mais que os pais ensinem em casa, a sociedade diminui a figura da mulher. Acredito que ainda teremos revoluções na condição da mulher na sociedade, mas essa ruptura só será significativa quando forem rompidas as amarras do “modelo de família cristão arcaico” ao qual vivemos. Tarefas domésticas cabem a todos que habitam sob o mesmo teto, e não unicamente às mulheres. Mulher não é objeto, não é para servir, vejo casamento como uma união, onde duas pessoas que se amam decidem construir uma vida juntas, mas isso não quer dizer que devam ser estereotipadas no ideal cristão machista. Mulher bonita, poderosa, é mulher que tem oportunidade e consegue cursar a universidade, fazer um mestrado, um doutorado, que conquista casa própria, carro, que tem padrão de vida, com ou sem um homem. Mas como disse, isso é questão de oportunidade, de meio, não é possível para todos as nossas mulheres infelizmente.

  3. Pois é, acho um absurdo isso, estava falando isso que minha irmã tem 3 meninos e ninguém faz nada em casa,mesmo quando ela fez uma operação e teve que depender de outras pessoas, eu falei porque ele não fazem, e ela disse porque são homens né, entendi que isso é por causa dos meus pais. Mas eu abri minha mente pra quando eu ter os meus, o menino e a menina fazer as mesmas coisas em casa, assim o menino não fica tão dependente de ter alguma mulher pra fazer tudo pra eles, ta ai o sexo frágil né!

    1. Adriana, sim, os dados da última Pnad/IBGE mostram que a quantidade de mulheres analfabetas é maior do que dos homens. Atenciosamente, Sabine

  4. Concordo que as meninas ainda vivem em famílias machistas, nas quais as tarefas domésticas são incumbência exclusivamente feminina. E, de fato, tem menos tempo para estudar. Porém, em contra-ponto ao que está escrito no texto, creio que os meninos abandonam os estudos mais cedo, porque ingressavam antes no mercado de trabalho, a fim de ajudar financeiramente em casa. As famílias poupam mais as meninas dessa obrigação. Assim, apesar de as meninas ficarem mais tempo na escola, não se dedicam ao estudo como deveriam, por causa das obrigações domésticas. De outro lado, creio que uma das grandes causas da evasão escolar atualmente seja a gravidez na adolescência, que também por causa de afazeres domésticos muitas vezes inviabiliza o prosseguimento dos estudos…enfim, de qualquer ângulo, nossas crianças não têm condições adequadas para estudar.

    1. Silvana, de acordo com um estudo da Plan International divulgado na última 6a feira, 12% dos meninos deixam o estudo para trabalhar no Brasil. Quanto às meninas, a taxa cai para 4%. É interessante notar que as meninas, embora em menor quantidade, também deixam os estudos para trabalhar – e que a maioria delas também está sobrecarregada com as tarefas do lar. Atenciosamente, Sabine

  5. Acho que todos devem ajudar nas tarefas do lar, porém as meninas acabaram se aproximando mais da mae e ajudando mais. Porém entendo que as meninas até vão melhor na escola que os meninos, como várias pesquisas já mostraram. Nao é machismo ensinar uma menininha a ser uma boa dona de casa, sem deixar de ser inteligente e studiosa. Duvido que algum pai chame a menina para mostrar como arruma o carro, coisa que normalmente fazem com os meninos.. isso não é machismo também? Temos que voltar as raizes e ensinar nossas meninas a serem mulherse, nao essa geração hibrida que está ai que nao sabe fazer nada em casa, eainda cobram que querem ser reconhecidas como mulheres.

    1. Barbara, obrigada pelo comentário. De fato as meninas tendem a reproduzir o que as mães fazem. Mas por que só as mães fazem as tarefas do lar? Certamente o pai não chamar a filha para falar sobre o carro é machismo – e é um dos fatores que explicam a desconexão das meninas com tecnologias e exatas. Isso também precisa ser mudado. Abraços, Sabine

  6. Plenamente de acordo com o comentário de Bárbara. O fato é que as meninas, por enquanto, vão tendo melhor desempenho na escola do que os rapazes. Quem não faz nada nunca tem tempo para nada. Conheço famílias onde todos os filhos homens, os irmãos, fazem todos os serviços de casa, naturalmente, por simples espírito de cooperação. Assim deve ser. O problema está na educação que os pais dão aos filhos, e não neles mesmos. Os pais precisam fazer revisão séria no modo de educar os filhos. A discriminação faz mal aos filhos, sempre.

  7. Nossa, estamos no Brasil, onde homens e mulheres trabalham, têm direitos iguais…Por que então, discutem sobre meninos e meninas?…hoje meninos fazem balé, e meninas estão no jiu-jitsu, karatê…Enfim, um menino pode lavar pratos, arrumar o quarto tanto quanto a menina…A diferença é que meninos fisicamente conseguem suportar mais peso que a menina…veja os pedreiros, há mais homens nesse trabalho….
    …Meninos e meninas podem fazem as mesmas tarefas em casa…é só saber educar desde pequeno, ENSINE o sentimento de ajudar a família, os pais, os irmãos, ser gentil, ensine desde pequeno como é gratificante ser útil dentro de casa…..E, nem pense em pagar seus filhos, não crie essa barreira colocando dinheiro como pagamento, pode dar como presente por estar feliz com a atitude do filho…Pais deram amor, deram tudo que pedem, sem serem pagos…ensinem o companherismo….o homem pode ir cozinhar, seu filho ajuda enquanto a mãe está ocupada…e assim por diante…TUDO DEPENDE DA EDUCAÇÃO QUE SE DÁ EM CASA…se começar muito tarde , não haverá muito resultado.

  8. tenho uma prima que é mestrada em letras e até bem sucedida financeiramente. ela é super feminista e é casada com um engenheiro civil. sempre quando eu chego na casa deles é ela quem está fazendo o almoço do final de semana ou passando uma vassoura na casa, quando a diarista não vai. resultado: nem mesmo as feministas conseguem livrar-se do instinto primitivo de cuidar da cria e do lar.

    1. Eu consigo! 🙂 Mesmo porque não é um “instinto primitivo”, é cultural. Dê uma passada em qualquer lar da Escandinávia e verá.

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