USP e FGV vão oferecer disciplina conjunta sobre empreendedorismo

Sabine Righetti

A FGV (Fundação Getúlio Vargas), melhor escola particular de administração do país, e a Poli-USP, melhor pública em engenharias, vão assinar nesta quinta-feira (21) uma parceira inédita para oferta de uma disciplina conjunta em empreendedorismo. A ideia do curso é capacitar alunos de graduação das duas escolas para a criação de novos negócios de base tecnológica, ou seja, novas soluções que evolvem tecnologia.

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O curso, denominado “Criação de negócios tecnológicos”, será opcional para os alunos de graduação das duas escolas. As aulas serão cada semana em uma instituição, de forma alternada, e vão contar com docentes da Poli-USP e da FGV.

Essa será a primeira vez que o curso será oferecido nesse formato. As duas escolas já tinham feito uma experiência em caráter embrionário com 30 alunos da FGV e da Poli-USP –mas as aulas aconteciam só na FGV e os docentes também eram apenas da escola de administração.

Esse grupo “embrionário”, de acordo com Tales Andreassi, professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, também contou com mentores. São empreendedores convidados para dar coaching aos grupos, falar sobre suas respectivas trajetórias e ensinar a empreender.

Entre os negócios que estão em desenvolvimento pelos alunos do grupo “embrionário” estão, por exemplo, uma solução de otimização de uso da água para irrigação agrícola e uma solução para monitoramento remoto de saúde de pacientes.

ALÉM DOS MUROS

A experiência conjunta das duas escolas –uma privada e uma pública– é interessante porque aproxima duas áreas que ainda estão separadas por muros nas instituições de ensino superior do Brasil: o conhecimento em administração e em tecnologia, imprescindível para boa parte dos empreendedores. Juntas, uma escola se beneficia do conhecimento da outra.

Quem já empreende sabe o quanto é importante aliar administração e tecnologia. Em entrevista à Folha há cerca de um ano, o criador da empresa Buscapé, Romero Rodrigues, que se formou na Poli-USP há mais de dez anos, contou que chegou a fazer algumas disciplinas na vizinha FEA-USP, em gestão e em marketing, enquanto estudava engenharia.Ele fez isso por conta própria, nas poucas horas vagas que tinha durante o curso de engenharia.

Agora, a disciplina conjunta da FGV e da Poli-USP sinaliza uma preocupação das duas escolas no sentido de interdisciplinariedade, de misturar conhecimentos e de estimular alunos para empreender. No lugar de usar horas vagas para estudar empreendedorismo, a tendência é que os alunos dessas escolas tenham o empreendedorismo cada vez mais como sua prioridade. É assim, aliás, que funciona nas melhores instituições de ensino do mundo.

A Poli-USP já tem sinalizado há alguns anos uma preocupação cada vez maior em empreendedorismo e inovação. Há dois anos, colocou em funcionamento o InovaLab@POLI, um laboratório multidisciplinar aberto, dentro da Poli-USP, que pode ser utilizado pelos alunos da USP para a realização de trabalhos de diversas disciplinas. De acordo com o professor Eduardo Zancul, vice-coordenador do InovaLab@POLI, mais da metade dos frequentadores do espaço vem de cursos fora das engenharias.