Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Na ditadura, brasileiro passava só 2 anos na escola e mais de 1/3 era analfabeto https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/10/08/na-ditadura-brasileiro-passava-em-media-dois-anos-na-escola-e-13-era-analfabeto/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/10/08/na-ditadura-brasileiro-passava-em-media-dois-anos-na-escola-e-13-era-analfabeto/#respond Mon, 08 Oct 2018 20:05:57 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/15352259185b81b03e391a7_1535225918_3x2_rt-320x213.jpg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3438 Os brasileiros passavam, em média, dois anos na escola nas décadas de 1960 e 1970 — quando mais de um terço da população com mais de 15 anos era completamente analfabeta no país. As informações são de um estudo do Inep-MEC chamado “estatísticas da educação básica no Brasil“.  É um dos raros compilados de dados educacionais que incluem o período da ditadura militar (1964-1985) no Brasil.

Para se ter uma ideia, na década de 1960 os homens brasileiros estudavam, em média, 2,4 anos ao longo da vida. Já o tempo de escola das mulheres era ainda menor: 1,9 ano. Entre a população negra, a taxa de escolarização total caía para menos de um ano (0,9 ano de estudo). Nesse período, quase 46% da população era analfabeta, ou seja: tinha mais de quinze anos e não conseguia nem escrever o próprio nome.

A média de tempo na escola se manteve na faixa dos dois anos também na década de 1970: 2,6 anos para os homens e 2,2 anos para as mulheres. Nesse período, quatro em cada dez brasileiros ainda eram analfabetos. A taxa de analfabetismo cai para um terço dos brasileiros (33%) na década de 1980.

Na prática, os dados mostram que a escola nessa época era para poucos: há os que conseguiam estudar e os que estavam excluídos do sistema — o que joga a média para baixo.  Faz sentido: a ideia de “educação para todos” para o exercício da cidadania e para qualificação para o trabalho é um conceito da redemocratização. Surge na Constituição de 1988 como um direito de todos e um dever do Estado e da família.

A Constituição de 1988 define, por exemplo, que a educação básica seria obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade “assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria” (art. 208).

Hoje, o tempo de escolarização dos brasileiros subiu para sete anos — ainda longe dos doze anos que representariam ensino fundamental e médio completos. Todos os alunos do país estão matriculados no início da escola, mas, em média, um em cada dois estudantes deixa a escola no caminho e não termina o ensino médio. Os analfabetos ainda representam cerca de 7% dos brasileiros.

Informações sobre escolarização nas décadas de 1960 e 1970 eram tiradas de levantamentos do IBGE, mas não há dados efetivamente sobre “qualidade” da educação nesse período. Os censos anuais da educação básica do Inep-MEC, por exemplo, que mostram aspectos estruturais das escolas, começaram a ser feitos na década de 1990. Por esses dados, é possível saber que, ainda hoje, há escolas no Brasil sem banheiro e que só 10% das instituições de educação básica no Brasil contam com laboratório de ciências. Já o Ideb (Índice da Educação Básica), calculado a partir das notas dos alunos e do fluxo, tem pouco mais de uma década.

Entre especialistas, no entanto, o acesso à educação é o primeiro ponto a ser analisado nas políticas públicas na área. “Não dá para se falar em qualidade sem falar em acesso à educação”, diz Luiz Cláudio Costa, ex-presidente do Inep-MEC e um dos principais experts em avaliação de educação do país. Costa costuma repetir que acesso é o “primeiro indicador de qualidade de educação”. “Um sistema de educação não será bom enquanto houver estudante de fora dele.”

]]>
0
Termina sexta (21) inscrição para ONG que leva profissional para escola pública https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/09/18/termina-sexta-21-inscricao-para-ong-que-leva-profissional-para-escola-publica/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/09/18/termina-sexta-21-inscricao-para-ong-que-leva-profissional-para-escola-publica/#respond Tue, 18 Sep 2018 18:35:11 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/5.-Ensina-Pedro-Sarvat-levando-o-aprendizado-para-o-lado-de-fora-da-sala-de-aula.-320x213.png https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3418 Até sexta (21), profissionais formados em qualquer área do conhecimento que já pensaram em dar aula podem se inscrever em uma programa de uma ONG que leva pessoas interessadas em educação para a sala de aula de escolas pública do país.

A proposta é da ONG Ensina Brasil, braço brasileiro de uma organização conhecida mundialmente, a Teach for All (Ensino para Todos).

A ideia nasceu nos EUA. Lá, os selecionados das melhores universidades do país passam, por meio da ONG, dois anos dando aula em escolas públicas antes de entrar no mercado de trabalho. Isso inclui, por exemplo, engenheiros formados no MIT dando aula de matemática em escolas vulneráveis do país.

A ideia da ONG é desenvolver uma rede de lideranças em educação. Ou seja: não se trata de um programa para substituir professores que estejam faltando na rede pública de ensino (o que, de fato, é um problema real). A proposta é viabilizar que pessoas interessadas em educação possam vivenciar a sala de aula antes de, por exemplo, trabalhar com políticas públicas na área.

Isso porque um dos problemas da área é que quem pensa propostas para educação pública estudou na rede privada de ensino — e desconhece os problemas, o cotidiano e a realidade das escolas públicas do país.

Para se ter uma ideia, de acordo com dados da ONG, dois terços dos participantes do programa no mundo (a ONG está em 45 países) seguem atuando em educação depois da experiência na sala de aula — inclusive em posições de liderança em redes de ensino e ONGs da área.

“O problema é grande demais para fazer alguma coisa sozinho. A gente acredita no poder coletivo dessas pessoas e não no super herói ou super heroína”, diz Erica Butow, CEO do Ensina Brasil.

Por aqui, essa é a terceira chamada de inscrições. Nas anteriores, a seleção — que dura cinco etapas — chegou a ter 12 mil candidatos para 130 vagas — incluindo candidatos formados no ITA e na USP.  A ideia do processo é avaliar aspectos dos candidatos como resiliência, resolução de problemas e empatia.

Os “ensinas” aprovados passam dois anos no programa em uma das 39 escolas públicas de redes municipais e estaduais parceiras do programa. Essas redes são responsáveis pelo pagamento do salário dos selecionados.

Nesse tempo, os “ensinas” recebem tutoria e formação pedagógica de 1.400 horas realizada em parceria com faculdades credenciadas pelo MEC (para dar aula no Brasil é preciso ter licenciatura).

A ONG, hoje, tem apoio no Brasil de organizações como Fundação Lemann, Fundação Itaú Social, Instituto Sonho Grande, Instituto Samuel Klein e The Haddad Foundation.

 

 

]]>
0
Precisamos falar sobre os professores das escolas privadas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/precisamos-falar-sobre-os-professores-das-escolas-privadas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/precisamos-falar-sobre-os-professores-das-escolas-privadas/#respond Wed, 23 May 2018 19:03:34 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/15271035125b05c01805a1d_1527103512_3x2_lg-320x213.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3188 A paralisação de professores da rede privada de São Paulo contra uma revisão de direitos da categoria, nesta quarta (23), trouxe à tona uma figura que costuma passar batido pelos debates de educação no país: o professor da escola privada.

A questão é que o docente das escolas pagas enfrenta praticamente os mesmos desafios de quem dá aula nas instituições públicas de ensino. Dificilmente, no entanto, falamos sobre eles.

O país tem, hoje, 2,2 milhões de docentes na educação básica, de acordo com o Censo da Educação Básica de 2016. Desses, dois em cada dez professores trabalham exclusivamente na rede privada. Isso significa quase meio milhão de profissionais. A imensa maioria (oito em cada dez) trabalha nas escolas públicas.

Agora, os professores da rede privada viraram assunto porque se posicionaram contra uma proposta do sindicato patronal dos estabelecimentos de ensino do estado. Dentre outras coisas, a ideia da entidade é reduzir bolsas a filhos de docentes e cortar o tempo de recesso dos professores.

Professores de cerca de 40 escolas de elite da capital paulista começaram uma paralisação que, em alguns casos, teve apoio de pais e de alunos.

Bom, é uma ilusão achar que os problemas da escola brasileiras estão restritos aos muros da educação pública. A começar pelo salário do professor.

SALÁRIO MENOR 

Um estudo publicado em 2017 pelo Inep-MEC mostrou que quem dá aula na rede pública ganha mais, em média, que o docente da rede privada. O salário médio de um professor de escola pública é de R$ 3.335 para 40 horas semanais. O valor é R$ 736 maior do que o de um professor da rede privada (R$ 2.599), na mesma jornada.

Isso significa que professores ganham bem em escolas particulares de elite, mas, em escolas privadas de bairro, menores, que são a imensa maioria no país, o salário é bem menor do que na rede pública.

Um dos motivos que leva os docentes para a rede privada são as possibilidades de bolsas para os filhos nas escolas em que trabalham. Esse é justamente um dos benefícios que estão em debate na proposta do sindicato patronal. Hoje, filho de quem dá aula em uma escola privada não paga para estudar. As escolas alegam que o benefício traz um impacto muito grande, especialmente em colégios pequenos. Dez docentes podem significar, por exemplo, vinte bolsas.

Esse debate é, na prática, uma tentativa de as escolas particulares equalizarem as contas. Em tempos de crise, de desemprego e de inadimplência dos pais, muitas instituições de ensino estão patinando para fechar o mês.

Vale, no entanto, lembrar da situação em que estão os docentes. Os professores são os profissionais que mais sofrem da síndrome de burnout, que é um completo esgotamento mental. Novamente o problema, claro, não se restringe a quem dá aula na rede pública.

ESGOTAMENTO MENTAL

Um estudo publicado em 2014 no periódico científico de psicologia da USF (Universidade São Francisco), feito por docentes da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mostra que professores da rede privada no Brasil também sofrem de burnout. Especificamente na rede privada do Rio Grande do Sul, onde se concentrou a pesquisa, a relação entre professores e alunos é um dos principais estopins do esgotamento mental dos docentes.

Isso se traduz, por exemplo, como relata o estudo, em “falta de limite e de educação” por parte dos alunos –o que pode ser ainda pior na rede privada do que pública de ensino. “Se, por um lado, pais de alunos de escolas privadas tendem a participar mais do cotidiano escolar, por outro, essa participação pode se reverter em uma espécie de controle da atividade dos professores”, diz um docente de uma escola privada de São Paulo que prefere não se identificar. “Corremos um risco real ao dar uma bronca em um aluno de escola privada.”

Os professores da rede privada são minoria, mas são parte importante do sistema de educação do país. Como escrevem os autores do estudo, é necessário rever as políticas educativas, as formas de gestão e os métodos de intervenção nas instituições para auxiliar. Podemos aproveitar esse momento para fazer justamente isso.

 

]]>
0
Professor: não desista de suas alunas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/07/professor-nao-desista-de-suas-alunas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/07/professor-nao-desista-de-suas-alunas/#respond Mon, 07 May 2018 22:08:56 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3122
Roda de conversa de alunas de ensino médio da Etec Pirituba, na zona norte de São Paulo – Karime Xavier / Folhapress

Um professor de educação física que comanda um projeto de tênis de mesa no interior de São Paulo me mandou uma mensagem perguntando o que ele poderia fazer para não desistir de suas alunas. De acordo com ele, as meninas vão largando projetos extracurriculares, como os esportivos, conforme crescem. Isso acontece por causa de ciúmes de namorado, por decisão dos pais ou até, diz ele, por causa de cólica menstrual.

“O que fazer para continuar investindo em minhas alunas?”, ele me perguntou.

O questionamento do professor me remeteu à série napolitana de Elena Ferrante, sucesso de vendas no Brasil. Na obra, a autora relata a história de duas meninas muito inteligentes que estavam na escola na década de 1940. As duas foram desestimuladas a estudar pela família, afinal, eram meninas, né? Eis que surge o papel fundamental de uma professora, que resolve insistir para que uma delas siga na educação básica –o que incluiu até empréstimo de livros didáticos e visita à família da garota.

[spoiler alert]

A menina que estudou se torna uma escritora famosa. A outra, que saiu da escola no que seria o nosso ensino fundamental 1, casa-se na adolescência, é abusada pelo marido que a sustentava e foge para trabalhar em um chão de fábrica fazendo embutidos.

[fim do spoiler]

Estou visitando a obra de Elena Ferrante para destacar duas coisas. Em primeiro lugar, garantir a educação básica das meninas –inclusive nas atividades extracurriculares– é uma forma de possibilitar que elas tenham escolhas no futuro. Em segundo lugar, educadores, coordenadores pedagógicos, diretores de escolas e até gestores públicos devem ter um olhar especial para as meninas, assim como teve a professora da obra de Elena Ferrante.

NAMORADO NÃO DEIXA

Agora vamos voltar ao professor do interior de São Paulo. De acordo com ele, muitas meninas deixam de frequentar o projeto de tênis de mesa porque começam a namorar. E o namorado “não deixa” que elas façam os treinos. O contrário (garoto largar o esporte porque a namorada impede), claro, não acontece. O professor de educação física começa a dar cada vez mais atenção aos meninos, assíduos, enquanto as meninas vão sumindo.

Ora,  estamos no Brasil, não na Suécia ou na Dinamarca. Por aqui, alguns homens (ou garotos) ainda acham que devem tomar decisões pelas mulheres (ou garotas). Não seria o caso de conversar com a menina –ou com todas as meninas da escola– sobre o assunto? “Esse também é o papel do educador”, diz Márcia Azevedo, coordenadora pedagógica do Colégio Espírito Santo, pesquisadora da Unicamp e coordenadora do curso de pedagogia da Fappes (Faculdade Paulista de Pesquisa e Ensino Superior).

“Se a menina não tem consciência do lugar que ela está ocupando e da dimensão disso, é função dos educadores, da escola, da família, conscientizá-la”, diz Márcia. “Faz parte da educação ampliar o nível de consciência das decisões.”

Muitas meninas brasileiras também acabam sumindo de projetos extracurriculares por causa de afazeres domésticos. Elas têm de cuidar dos irmãos menores, fazer a comida, lavar a louça da casa. Não podem gastar tempo com tênis de mesa. Nesse caso, também não deveríamos ter uma olhar específico para as meninas que começam a sumir pelo caminho?

Mais: os debates mais recentes de educação falam sobre a escola do futuro de maneira individualizada. Isso significa que a escola e os professores devem ter uma olhar único para cada aluno, que envolva inclusive questões pessoais e familiares. Cada criança e adolescente deve ser trabalhado e estimulado de uma maneira própria. Nesse caso, reforço: é papel do educador, também, avaliar a disponibilidade das meninas para atividades educativas.

(Já em relação à cólica menstrual, bom, ouso dizer que isso pode ser uma espécie de desculpa da aluna para não assumir a proibição do namorado às aulas de tênis de mesa.)

DESEMPENHO ACADÊMICO

Participar de projetos extracurriculares esportivos pode ser determinante na vida acadêmica. Estudos em áreas como a neurociência mostram que a prática de exercícios como o tênis de mesa de maneira regular está associada ao bom desempenho acadêmico. Mais tempo na quadra de esportes pode significar melhores notas na escola. Isso tem a ver com concentração e com desenvolvimento, por exemplo, de capacidade de liderança e de resiliência. Vamos estimular essas capacidades só nos meninos?

Alunos são diferentes e têm necessidades variadas, mas todos podem e devem se desenvolver da mesma maneira. No lugar de desistir das meninas, professor, sugiro que lute por elas.

 

**

Você é professor e já passou por uma história parecida? Ou quer compartilhar uma experiência na educação? Mande-me um email! sabine.righetti@grupofolha.com.br

]]>
0
Um em cada cinco nascidos no país é filho de adolescente (mas não podemos falar sobre sexo!) https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/10/20/um-em-cada-cinco-nascidos-no-pais-e-filho-de-adolescente-mas-nao-podemos-falar-sobre-sexo/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/10/20/um-em-cada-cinco-nascidos-no-pais-e-filho-de-adolescente-mas-nao-podemos-falar-sobre-sexo/#respond Fri, 20 Oct 2017 18:25:31 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2959

Recentemente, visitei algumas escolas públicas da cidade de São Paulo e algo me chamou atenção: havia muitas meninas grávidas. Em uma das escolas, na zona Sul de São Paulo, quatro garotas assistiam aula sustentando um barrigão. Traduzindo em estatística, isso representava, naquela escola, uma em cada dez meninas do, atenção, ensino fundamental. Elas tinham menos de 15 anos.

A gravidez na adolescência é tão comum no país que, hoje, uma em cada cinco crianças que nascem no país é filha de adolescente. É um índice terrivelmente alto. Quem conhece essa realidade, já sabe o caminho: essas meninas começam a ser excluídas na própria escola até abandonarem os estudos –e dificilmente voltam mais tarde.

E o que a gente está fazendo para melhorar esse quadro? Na prática, nada. Ao contrário: estamos querendo impedir que as escolas falem sobre sexo. E estamos proibindo que menores de idade tenham acesso a exposições que abordem o assunto.

Qualquer especialista em educação diria que, gente, não é bem por aí.

Precisamos falar sobre sexo nas escolas –e precisamos falar sobre gênero também. Precisamos falar sobre métodos anticoncepcionais, sobre o que representa ter um filho em idade precoce. Precisamos ler sobre o assunto, debater e pedir que os jovens escrevam e reflitam. Que façam desenhos. Que reflitam de novo. Que esbocem planos e projetos para a própria vida. Que tenham perspectiva.

Acontece que estamos caminhando para o outro lado. Projetos em debate hoje no país, como o Escola sem Partido, querem proibir que assuntos de política, de educação sexual e de temas ligados à gênero sejam fomentados na escola. De acordo com quem defende esse projeto, esses temas devem ser tratados em casa, pela família.

(Aliás, na última visita que fiz a uma escola pública, o assunto “gênero” veio à tona logo nos primeiros minutos. Uma menina questionou um professor que tinha pedido para um aluno mexer na horta e não ela, “que iria se sujar”. A resposta da garota: “Você diz isso só porque sou menina”. Pronto. Está colocado o debate de gênero.)

MASP

A sensibilidade com o debate sobre sexo na adolescência é tão grande que chegou às artes. Recentemente, o MASP tarjou sua exposição sobre histórias da sexualidade para maiores de 18 anos. Os menores não podem ir, atenção, nem acompanhados de seus responsáveis. Não podemos mostrar arte que trate de sexo para adolescentes em um país em que 20% dos nascidos são filhos de adolescentes. 

Isso faz algum sentido?

A arte está aí justamente para isso: para a reflexão, para a abstração, para o debate. A arte desperta –não para o sexo, mas para a reflexão do que o sexo significa. Faz pensar. Quanto menos falarmos disso, maior será o tabu, mais sozinhos estarão os nossos adolescentes e, óbvio, maiores serão os índices de gravidez precoce. 

O próximo passo será tarjar exposições de ciência que abordem reprodução?

Eu me pergunto onde vivem as pessoas que pensam projetos, criam regras e desenham políticas públicas nesse país. Essas pessoas já foram a alguma escola pública? Já entraram, falaram com os alunos e ouviram o que eles têm para dizer? Estudante não é bobo, adolescente menos ainda. Está na hora de pararmos de encarar com hipocrisia esse país.

]]>
0
Conheça o professor de escola que criou uma exposição de ciências que roda o país https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/07/07/conheca-o-professor-de-escola-que-criou-uma-exposicao-de-ciencias-que-roda-o-pais/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/07/07/conheca-o-professor-de-escola-que-criou-uma-exposicao-de-ciencias-que-roda-o-pais/#respond Fri, 07 Jul 2017 20:14:35 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2879

Quem passou pelo shopping Market Place (zona Sul de São Paulo) nas últimas semanas deve ter cruzado com uma exposição de ciências que ocupa o lugar de uma loja no piso superior. O que os visitantes não sabem é que a iniciativa –e toda a construção dos equipamentos— é de um professor de física do ensino médio do interior de São Paulo, Júlio Abdalla, 61.

A história começou há cerca de 20 anos, quando ele montou uma mostra de experimentos de física na escola em que dava aula. Em 2014, conta, ele refez a exposição e decidiu transformá-la em “uma mostra itinerante para viajar de norte a sul do Brasil”. Deu o nome de ExperCiência.

Museus devem incentivar perguntas

Os experimentos foram desenvolvidos pelo professor, com recursos próprios e com ajuda de marceneiros, serralheiros e outros profissionais. “Para sua elaboração, uso meu conhecimento em ciências e também pesquiso bastante.” Essa pesquisa inclui visitas a museus de ciências de ponta de países como EUA, Reino Unido e Alemanha.

Em uma das atividades da exposição (o chamado gerador de Van de Graaf) é possível experimentar um efeito da eletrostática. O equipamento, quando tocado, faz com que os cabelos do visitante fiquem literalmente em pé. É um dos preferidos das crianças.

Hoje, o acervo da ExperCiência tem cerca de 50 equipamentos. Parte deles já esteve, diz Abdalla, nos estados do Amazonas, Pará, Ceará, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. De acordo com Abdalla, essa é a única exposição significativa de ciências que viaja pelo país.

Há também experimentos em dois grandes museus permanentes: o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, em Porto Alegre e o Catavento, em São Paulo. De acordo com Abdalla, mais de 200 mil pessoas já brincaram no ExperCiência. São quase três estádios do Maracanã lotados.

ATÉ SÁBADO

No Market Place, a exposição termina no sábado (8). A definição de um novo destino depende de parcerias –com shoppings, por exemplo. “O nosso desejo é expor em todos os cantos do país, mas como dependemos de parcerias, são elas que acabam influenciando os locais.”

Júlio Abdalla ainda dá aula de física, agora na escola Gabarito, que ele próprio criou há 15 anos, inicialmente com aulas de reforço de física, química e matemática para o vestibular.

Para ele, o ensino de ciências no país é muito ruim. “Faltam investimentos e interesse em levar conhecimento para a população”, diz. “Vejo algumas iniciativas de desenvolvimento de parques  de ciências em algumas cidades, que logo são abandonados ou  inutilizados.”

]]>
0
E se a criança não tiver mãe para fazer um desenho na escola? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/05/13/e-se-a-crianca-nao-tiver-mae-para-fazer-um-desenho-na-escola/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/05/13/e-se-a-crianca-nao-tiver-mae-para-fazer-um-desenho-na-escola/#respond Sun, 14 May 2017 02:27:57 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2856

Há alguns dias, visitei umas escolas em São Paulo para uma atividade acadêmica com alunos da FGV-SP e inevitavelmente nos deparamos com um exercício pelo qual eu passei quando estava na escola (e você também deve ter passado): a elaboração de uma cartinha para as mães. No chamado “mês das mães”, a tarefa do desenho ou do textinho costuma passar pelas aulas de português a artes, de alunos de diferentes séries, em escolas públicas e privadas.

Mas e se o aluno não tiver mãe?

Estiquei os olhos para a cartinha de um aluninho de uma das escolas por onde passei. O texto, no lugar de “mãe”, dizia em garranchos algo do tipo: “Vó, se você morrer eu estou ferrado.”

A cada cinco crianças nascidas no Brasil, uma é filha de mãe adolescente. Em uma das escolas públicas que nós também visitamos, cerca de 10% das alunas do ensino fundamental estavam grávidas. Elas tinham algo entre 13 e 14 anos. Filhos de mães adolescentes têm grandes chances de ser criados pelas avós.

Alguém já pensou que uma criança que está na escola pode ter na avó a sua figura maternal? Ou pode ser órfã? Pode estar morando em um abrigo provisoriamente? Pode viver com o pai e a nova esposa dele? Pode ser um filho de um casal gay de dois homens e, portanto, não ter a ideia da “mãe”?

Fiquei pensando se, hoje, os professores (todos, de escolas públicas e privadas) têm alguma ideia de como é a composição da família de seus alunos. Besteira? Não. Uma das bases da educação na Finlândia, considerada a melhor do mundo, é justamente a relação entre professores e alunos. Os docentes conhecem seus estudantes e, com isso, sabem que tipo de exercício funciona para a realidade de cada um deles. Importantíssimo.

FESTINHA

Mais: muitas escolas (aqui do Brasil) insistem em fazer a festinha de dias das mães em pleno dia útil. Convidam as mães a levar comidas e bebidas para a escola e organizam pequenas apresentações dos alunos. Super lindinho, mas também problemático.

Algumas mães vão, outras não podem. Ora, não é toda profissão que permite que uma mulher consiga tirar algumas horas do dia para acompanhar uma festinha. E se aquela mãe for uma cirurgiã, uma pilota de avião, se estiver viajando a trabalho –ou mesmo se for uma professora dando aula em outra escola? Pois é.

A escola precisa mudar no ritmo das mudanças da sociedade. A família não é mais a mesma e os exercícios em sala de aula que visam trabalhar a ideia da família também precisam ser alterados.

Os professores precisam conhecer os seus alunos e a realidade na qual estão inseridos. Sem isso, a educação vira um processo burocrático e, pior, traumático.

]]>
0
Base nacional curricular exige laboratório de ciências que as escolas não têm https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/08/base-nacional-curricular-exige-laboratorio-de-ciencias-que-as-escolas-nao-tem/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/02/08/base-nacional-curricular-exige-laboratorio-de-ciencias-que-as-escolas-nao-tem/#respond Wed, 08 Feb 2017 17:27:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2815 Apenas uma em cada dez escolas públicas que oferecem ensino fundamental no Brasil tem um ingrediente importante para colocar em prática algumas das recomendações da base nacional curricular em discussão no país: os laboratórios de ciência.

De acordo com dados do Censo Escolar 2015, apenas 9% das escolas públicas de ensino fundamental (1º ao 9º ano) contam com laboratórios voltados, de alguma maneira, à experimentação científica. Isso dá menos de 10 mil escolas de ensino fundamental regular, de um total de 112.393 espalhadas pelos país.

Aluno brasileiro gosta de ciências, mas é massacrado pelo conteúdo

Alguns dos objetivos de ensino descritos na atual Base Nacional Curricular em discussão dependem de laboratórios de ciências. É possível, por exemplo, “desenvolver o interesse, o gosto e a curiosidade pela ciência” sem laboratórios voltados para isso? Não.

A segunda versão da base que propõe conteúdos mínimos para as escolas –e que ainda deve ser reformulada– é ainda mais específica. De acordo com o documento, os alunos do 7º ano, por exemplo, devem realizar “experimentos simples para determinar propriedades físicas, como densidade, temperatura de ebulição e temperatura de fusão.” Sem laboratórios?

Mais: as turmas 7º ano também devem “distinguir substâncias de suas misturas”. E os do 8º ano devem, diz o texto, “verificar experimentalmente evidências comuns de transformações químicas.” Hein?

RUIM NA PARTICULAR

A carência de espaços de experimentação, no entanto, não está restrita às instituições públicas: as escolas privadas também carecem de laboratórios para ensinar ciências fora dos livros.

De acordo com dados do Censo Escolar, 65% das instituições privadas de ensino fundamental contam com laboratórios de ciência. As demais ensinam ciências da natureza apenas de maneira teórica.

Os dados revelam algumas obviedades. A primeira é que a Base Nacional Curricular é um grande devaneio se considerarmos a atual infraestrutura das escolas do país.

Nas áreas rurais, por exemplo, diz o Censo, só 1% das escolas públicas têm laboratórios de ciência. Como, então, implementar o que o documento propõe se a melhoria da infraestrutura dessas escolas nem sequer está na pauta?

ENSINO MÉDIO

A segunda obviedade é que, nessas condições, todo o debate sobre reforma do ensino médio –que também está em discussão no país– é questionável.

Ora, como um aluno vai escolher efetivamente sua trajetória no ensino médio, como propõe a atual reforma dessa etapa de ensino, se não teve acesso a condições mínimas para desenvolver conhecimentos científicos no fundamental?

Trocando em miúdos, estamos discutindo propostas impossíveis de serem realizadas nas escolas sem que outras medidas sejam tomadas em curto prazo.

E, pior, estamos impedindo que a imensa maioria de nossos brasileirinhos tenha condições de desenvolver a curiosidade científica, de se questionar efetivamente e de tentar achar respostas para suas perguntas por meio da experimentação.

]]>
0
Finlândia deve acabar com as disciplinas escolares até 2020 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/#respond Mon, 14 Nov 2016 17:54:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 Famosa por criticar o formato antiquado das escolas, a chefe de educação de Helsinki, capital da Finlândia, Marjo Kyllonen, anunciou na imprensa internacional que pretende abolir as disciplinas nas escolas.

A ideia é que até 2020 todas as escolas finlandesas trabalhem por projetos agregando os conteúdos no lugar de dividir o conhecimento em caixinhas: de física, de línguas, de matemática. A proposta será de um ensino totalmente interdisciplinar.

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Escola tradicional, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas

Aplicativo da Folha calcula nota do Enem e chances no Sisu após a prova

Se a mudança der certo, a Finlândia será o primeiro país do mundo oficialmente a acabar com as disciplinas –algo que própria Marjo chamou de uma “revolução na educação”.

A proposta pode se espalhar mundo afora: a Finlândia está no topo das avaliações internacionais de educação e inspira políticas públicas de vários países.

POR PROJETOS

Hoje, algumas escolas de elite do mundo da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos já fazem experimentos interdisciplinares no chamado ensino por projeto. Funciona assim: os alunos têm de criar produtos ou soluções usando conhecimentos de várias disciplinas simultaneamente.

Isso acontece principalmente nos laboratórios –e o movimento já chegou ao Brasil: o tradicional colégio Bandeirantes acaba de anunciar que a partir de 2017 os laboratórios de física, de química, de biologia e de artes serão integrados em um único espaço com vários docentes.

A eliminação total de disciplinas ministradas em salas de aula, no entanto, como propõe a Finlândia, é uma novidade.

Os professores daquele país já estão sendo preparados para mudança, afinal, eles ainda são formados em áreas do conhecimento.Na Finlândia, a formação de professor inclui várias etapas de residência na escola –como fazem os estudantes de medicina– e vai até o nível do mestrado.

“Você iria a um médico que usa tecnologia do século 19? Eu não”, disse Marjo em entrevista recente. Especialista em “educação do futuro”, ela sempre destaca o aspecto retrógrado da nossa educação.

No Brasil, o excesso de disciplinas voltou a ser assunto com a proposta recente de reforma do ensino médio o governo federal. Hoje, algumas etapas da educação básica, como o ensino médio chegam, a ter 13 disciplinas diferentes. A ideia, agora, é concentrar os conteúdos em quatro grandes áreas: linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. É assim que funciona, hoje, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

]]>
0
Escola tradicional de SP, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/#respond Mon, 31 Oct 2016 10:00:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2750 Conhecida por estimular a competitividade entre seus alunos, o Bandeirantes, uma das melhores escolas do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), anunciou que vai eliminar a divisão dos alunos por áreas do conhecimento e por notas a partir de 2017.

Até hoje, funcionava assim: os alunos do colégio escolhiam qual área seguir no ensino médio –exatas, humanas e biológicas– dependendo do que pretendiam prestar no vestibular. Depois, as turmas eram divididas de acordo com suas notas. Para se ter uma ideia, algumas séries de biológicas, por exemplo, chegam a ter cinco turmas, de A (com os melhores alunos) até E.

A escola seguiu essa classificação durante metade de sua história (o Bandeirantes tem 72 anos e deu início à separação de alunos em áreas e turmas em 1980). Em 1990, o Band, como é conhecido, eliminou a separação por notas dos estudantes do fundamental 2 (5º ao 9º ano). A do médio se manteve.

Confira o especial Enem 2016

“Hoje, isso já não faz mais sentido”, diz  Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente da escola –cuja mensalidade, no médio, sai por R$3,4 mil.  A ideia da escola é flexibilizar o currículo e permitir que o aluno selecione algumas disciplinas nas quais pretende se aprofundar –algo parecido com a atual proposta de reforma do ensino médio do governo federal.

O colégio também está de olho no desenvolvimento dos chamados “aspectos não cognitivos” dos alunos, que ganham cada vez mais importância no cenário internacional. Isso significa desenvolver habilidades como liderança, comunicação e capacidade de trabalhar em grupo.

Esses quesitos já são cobrados, por exemplo, nos exames de ingresso de direito na FGV-SP, nas engenharias do Insper e na medicina da faculdade do Albert Einstein. Mais: a expectativa é que o exame internacional PISA, da OCDE, passe a agregar aspectos não cognitivos na sua prova que, hoje, avalia línguas, ciências e matemática.

Outro cenário também incentivou a mudança: no Band, quase 10% dos alunos do 3º ano do ensino médio (hoje, são 500 estudantes nessa etapa) aplicam para estudar em universidades do exterior, principalmente dos Estados Unidos, cujos processos seletivos vão muito além das notas. “A expectativa é que em alguns anos 20% de nossos alunos apliquem para universidades estrangeiras”, diz Aguiar.

INTERDISCIPLINARIDADE

Em 2017, além da eliminação da turmas por áreas e por notas, o Bandeirantes vai fazer uma outra mudança importante: as antigas aulas de laboratório de física, de química, de biologia e de artes serão ministradas em conjunto em um novo laboratório de “ciências e artes” –que vai ocupar um andar inteiro do prédio. A proposta é trabalhar por projetos com, simultaneamente, professores de várias áreas.

Bem conceituado entre especialistas de educação, o Band coleciona uma série de personalidades entre seus ex-alunos. Dentre eles, o atual prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP), o político Mário Covas e o jornalista José Simão.

]]>
0