Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Precisamos falar sobre os professores das escolas privadas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/precisamos-falar-sobre-os-professores-das-escolas-privadas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/23/precisamos-falar-sobre-os-professores-das-escolas-privadas/#respond Wed, 23 May 2018 19:03:34 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/15271035125b05c01805a1d_1527103512_3x2_lg-320x213.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3188 A paralisação de professores da rede privada de São Paulo contra uma revisão de direitos da categoria, nesta quarta (23), trouxe à tona uma figura que costuma passar batido pelos debates de educação no país: o professor da escola privada.

A questão é que o docente das escolas pagas enfrenta praticamente os mesmos desafios de quem dá aula nas instituições públicas de ensino. Dificilmente, no entanto, falamos sobre eles.

O país tem, hoje, 2,2 milhões de docentes na educação básica, de acordo com o Censo da Educação Básica de 2016. Desses, dois em cada dez professores trabalham exclusivamente na rede privada. Isso significa quase meio milhão de profissionais. A imensa maioria (oito em cada dez) trabalha nas escolas públicas.

Agora, os professores da rede privada viraram assunto porque se posicionaram contra uma proposta do sindicato patronal dos estabelecimentos de ensino do estado. Dentre outras coisas, a ideia da entidade é reduzir bolsas a filhos de docentes e cortar o tempo de recesso dos professores.

Professores de cerca de 40 escolas de elite da capital paulista começaram uma paralisação que, em alguns casos, teve apoio de pais e de alunos.

Bom, é uma ilusão achar que os problemas da escola brasileiras estão restritos aos muros da educação pública. A começar pelo salário do professor.

SALÁRIO MENOR 

Um estudo publicado em 2017 pelo Inep-MEC mostrou que quem dá aula na rede pública ganha mais, em média, que o docente da rede privada. O salário médio de um professor de escola pública é de R$ 3.335 para 40 horas semanais. O valor é R$ 736 maior do que o de um professor da rede privada (R$ 2.599), na mesma jornada.

Isso significa que professores ganham bem em escolas particulares de elite, mas, em escolas privadas de bairro, menores, que são a imensa maioria no país, o salário é bem menor do que na rede pública.

Um dos motivos que leva os docentes para a rede privada são as possibilidades de bolsas para os filhos nas escolas em que trabalham. Esse é justamente um dos benefícios que estão em debate na proposta do sindicato patronal. Hoje, filho de quem dá aula em uma escola privada não paga para estudar. As escolas alegam que o benefício traz um impacto muito grande, especialmente em colégios pequenos. Dez docentes podem significar, por exemplo, vinte bolsas.

Esse debate é, na prática, uma tentativa de as escolas particulares equalizarem as contas. Em tempos de crise, de desemprego e de inadimplência dos pais, muitas instituições de ensino estão patinando para fechar o mês.

Vale, no entanto, lembrar da situação em que estão os docentes. Os professores são os profissionais que mais sofrem da síndrome de burnout, que é um completo esgotamento mental. Novamente o problema, claro, não se restringe a quem dá aula na rede pública.

ESGOTAMENTO MENTAL

Um estudo publicado em 2014 no periódico científico de psicologia da USF (Universidade São Francisco), feito por docentes da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, mostra que professores da rede privada no Brasil também sofrem de burnout. Especificamente na rede privada do Rio Grande do Sul, onde se concentrou a pesquisa, a relação entre professores e alunos é um dos principais estopins do esgotamento mental dos docentes.

Isso se traduz, por exemplo, como relata o estudo, em “falta de limite e de educação” por parte dos alunos –o que pode ser ainda pior na rede privada do que pública de ensino. “Se, por um lado, pais de alunos de escolas privadas tendem a participar mais do cotidiano escolar, por outro, essa participação pode se reverter em uma espécie de controle da atividade dos professores”, diz um docente de uma escola privada de São Paulo que prefere não se identificar. “Corremos um risco real ao dar uma bronca em um aluno de escola privada.”

Os professores da rede privada são minoria, mas são parte importante do sistema de educação do país. Como escrevem os autores do estudo, é necessário rever as políticas educativas, as formas de gestão e os métodos de intervenção nas instituições para auxiliar. Podemos aproveitar esse momento para fazer justamente isso.

 

]]>
0
Finlândia deve acabar com as disciplinas escolares até 2020 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/#respond Mon, 14 Nov 2016 17:54:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 Famosa por criticar o formato antiquado das escolas, a chefe de educação de Helsinki, capital da Finlândia, Marjo Kyllonen, anunciou na imprensa internacional que pretende abolir as disciplinas nas escolas.

A ideia é que até 2020 todas as escolas finlandesas trabalhem por projetos agregando os conteúdos no lugar de dividir o conhecimento em caixinhas: de física, de línguas, de matemática. A proposta será de um ensino totalmente interdisciplinar.

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Escola tradicional, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas

Aplicativo da Folha calcula nota do Enem e chances no Sisu após a prova

Se a mudança der certo, a Finlândia será o primeiro país do mundo oficialmente a acabar com as disciplinas –algo que própria Marjo chamou de uma “revolução na educação”.

A proposta pode se espalhar mundo afora: a Finlândia está no topo das avaliações internacionais de educação e inspira políticas públicas de vários países.

POR PROJETOS

Hoje, algumas escolas de elite do mundo da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos já fazem experimentos interdisciplinares no chamado ensino por projeto. Funciona assim: os alunos têm de criar produtos ou soluções usando conhecimentos de várias disciplinas simultaneamente.

Isso acontece principalmente nos laboratórios –e o movimento já chegou ao Brasil: o tradicional colégio Bandeirantes acaba de anunciar que a partir de 2017 os laboratórios de física, de química, de biologia e de artes serão integrados em um único espaço com vários docentes.

A eliminação total de disciplinas ministradas em salas de aula, no entanto, como propõe a Finlândia, é uma novidade.

Os professores daquele país já estão sendo preparados para mudança, afinal, eles ainda são formados em áreas do conhecimento.Na Finlândia, a formação de professor inclui várias etapas de residência na escola –como fazem os estudantes de medicina– e vai até o nível do mestrado.

“Você iria a um médico que usa tecnologia do século 19? Eu não”, disse Marjo em entrevista recente. Especialista em “educação do futuro”, ela sempre destaca o aspecto retrógrado da nossa educação.

No Brasil, o excesso de disciplinas voltou a ser assunto com a proposta recente de reforma do ensino médio o governo federal. Hoje, algumas etapas da educação básica, como o ensino médio chegam, a ter 13 disciplinas diferentes. A ideia, agora, é concentrar os conteúdos em quatro grandes áreas: linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. É assim que funciona, hoje, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

]]>
0
Museus devem incentivar perguntas no lugar de dar respostas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/12/08/museus-devem-incentivar-perguntas-no-lugar-de-dar-respostas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/12/08/museus-devem-incentivar-perguntas-no-lugar-de-dar-respostas/#respond Mon, 08 Dec 2014 11:54:00 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1600 Crianças devem frequentar museus de ciências para aprender sobre ciência, certo? Errado.

De acordo com Robert Semper, um dos diretores do museu Exploratorium, que fica em São Francisco, EUA, o objetivo de espaços de divulgação científica como os museus é despertar a curiosidade das crianças para as ciências e não ensinar conceitos que devem ser memorizados. “Isso é função da escola”, diz. “Espaços não formais de educação devem instigar a curiosidade dos visitantes.”

Essa conversa interessante surgiu durante uma visita técnica ao Exploratorium, acompanhada de Semper e de um colega saudita, Amr Almadani, que coordena um espaço de interação de ciências voltado para a questão energética (Mishkat Interactive Center for Atomic and Renewable Energy). A ideia era entender como os museus de ciência contribuem para a educação científica e como podem estimular as crianças para as carreiras de ciência e as engenharias (“STEM”, na sigla em inglês).

Curiosamente, EUA, Arábia Saudita e Brasil –os três países envolvidos nesse encontro– sofrem por falta de mão-de-obra nas carreiras científicas. O Brasil, por exemplo, forma menos de 50 mil engenheiros por ano (precisaria de pelo menos o dobro) e carece de profissionais em áreas como física e química. De acordo com o MEC, há pelo menos 70 mil vagas sem dono para ministrar aula nessas áreas. A preferência nacional dos estudantes é por cursos como administração e direito.

Para Semper, os museus de ciência servem para atrair o aluno para aquilo que ele está aprendendo na escola, mas não devem ter o propósito de ensinar.”A  escola é obrigatória e a maioria dos alunos não liga para o que está estudando. Aqui, as crianças vêm ao museu porque querem, no final de semana, e se conectam com aquilo que vêm.”

No Exploratorium, as crianças (e adultos –vi vários deles) interagem com luzes e espelhos, brincam com aparelhos que mostram com a propagação do som, interagem com uma bola eletromagnética famosa por deixar os cabelos em pé. Tudo simples, barato e manuseável. “Se alguma coisa quebrar, a gente conserta facilmente aqui mesmo na nossa oficina”, diz Semper.

E como avaliar se os vistantes aprenderam os conceitos científicos apresentados no museu? De acordo com Semper, não se trata de fazer os visitantes preencherem um formulário respondendo a perguntas conceituais. “A proposta é que as pessoas saim do museu mais questionadoras, mais interessadas e com perguntas mais inteligentes.”

TREINAMENTO

Isso tudo que acontece no museu, claro, não é desconectado da escola. Hoje, 30% do orçamento do Exploratorium (que vem do governo, de associações e do ingresso individual –em torno de R$50,00) é despendido com treinamento de professores. Quem dá aula nos EUA pode aplicar para uma espécie de bolsa do Exploratorium e, se aprovados, passam as férias de verão em treinamento no espaço de São Francisco, recebendo um salário extra.

Outros espaços de ciência que conheci nos EUA, como o Lawrence Hall of Science, que fica no topo de uma montanha na Universidade de Berkeley, igualmente na Califórnia, também trabalham com professores. O Lawrence Hall é conhecido pelo seu programa de desenvolvimento de currículo e de material didático para as aulas de ciências, exportado, hoje, para 25 países. Um dos projetos principais desenvolvidos lá junta ciência e literatura, por meio de livros sobre a lua, por exemplo. Afinal, por que não ler sobre ciência?

No Brasil, há museus de ciência igualmente ricos e interessantes, como o Catavento, que fica no centro de São Paulo. O problema é que a maioria dessas iniciativas está concentrada justamente em São Paulo, onde, estima-se, 18% da população frequenta museus (indicador semelhante ao encontrado em países europeus). Se considerarmos o país todo, apenas 4% da população declara visitar museus com frequência, de acordo com um estudo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Considerando que os museus de ciência contribuem para estimular as pessoas para as áreas científicas, será que não está na hora de aumentarmos esse indicador?

 

Esse post foi escrito da São Francisco, onde estou conduzindo uma pesquisa com Amr Almadani e outros colegas sobre inovação, empreendedorismo e educação com apoio da Einsenhower Fellowships.

]]>
0
Avaliação da educação básica revela ineficiência extrema das escolas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/09/06/avaliacao-da-educacao-basica-revela-ineficiencia-extrema-das-escolas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/09/06/avaliacao-da-educacao-basica-revela-ineficiencia-extrema-das-escolas/#comments Sun, 07 Sep 2014 01:32:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1336 A infinitude de dados sobre educação básica divulgados pelo MEC na última sexta-feira (5) deixa pelo menos uma certeza: a escola no Brasil continua sendo extremamente ineficiente. E não há nem sinal de mudança.

Vamos analisar juntos.

Os dados divulgados pelo governo são resultado da prova do Ideb (Índice Brasileiro de Educação Básica). É um exame aplicado no final de cada ciclo da educação brasileira: no 5º ano do ensino fundamental (os chamados “anos iniciais”), no 9º ano do ensino fundamental (os “anos finais”) e no 3º ano do ensino médio.

Confira as notas do Ideb por Estado

Essa prova é feita em todas as escolas públicas do país e em um conjunto de escolas particulares, de maneira que a amostra seja representativa nacionalmente.

Os dados mostram que as notas dos alunos vão despencando conforme os anos avançam.

Vamos pegar o caso do Estado de São Paulo. No final dos anos inicias (5º ano do ensino fundamental), a nota ficou em 5,70 –e até melhorou em relação à última avaliação, de 2011, quando a nota ficou em 5,40.

Na conclusão dos anos finais (9º ano do ensino fundamental), a coisa piora. A nota, em São Paulo, cai para 4,40, um pouquinho melhor do que a avaliação de 2011 (cuja nota ficou em 4,30).

GARGALO NO ENSINO MÉDIO

Aí chega o ensino médio, com 3,70 na prova –conceito ainda pior do que em 2011, quando a nota ficou em 3,90. Ao todo, 16 Estados brasileiros tiveram notas piores no ensino médio público em comparação às suas próprias notas em 2011.

Por que as notas obtidas nos anos iniciais da escola são o teto máximo da avaliação e, ao longo do caminho escolar, o aluno só piora?

Simples: isso acontece porque a escola é ineficiente. Quem chega ao ensino médio no Brasil hoje traz um acúmulo de problemas de formação desde o começo do ensino fundamental. São déficits de aprendizado que compõem uma espécie de efeito cascata ao longo dos anos escolares e desembocam com força no final do período escolar.

Funciona mais ou menos assim: sem ter aprendido direito a fazer contas ou a interpretar textos nos primeiros anos do ensino fundamental, o aluno brasileiro derrapa nos anos finais, quando encontra disciplinas específicas como física e química.

Diante de tanta dificuldade, a possibilidade de que o aluno desista é imensa. E, no Brasil, sim, os alunos desistem: hoje, metade dos estudantes brasileiros simplesmente não termina o ensino médio. Os alunos ficam pelo caminho.

Como pode um país onde faltam médicos e engenheiros permitir que metade dos jovens que entram na escola simplesmente fiquem pelo caminho sem terminar o ensino médio?

Formar metade de quem entra na escola é desastroso. É um índice de 50% de perda. Se a educação brasileira fosse uma empresa, estaria falida.

E, pior: o Ideb revela o desempenho justamente de quem permaneceu na escola, ou seja, de quem fez a prova do 3º ano do ensino médio. Trocando em miúdos, nem os melhores e mais persistentes alunos, que são os que ficaram na escola, conseguem bons resultados.

O problema, para especialistas em educação como Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann, é que o sistema não olha para as crianças que estão com dificuldade ao longo do caminho: “O aluno que chega ao ensino médio não veio de Marte, ele veio do ensino fundamental que tem problemas.”

Sim, o ensino fundamental tem problemas que desembocam no ensino médio, que também tem problemas. Diante de indicadores tão negativos, a única pergunta que consigo fazer agora é: até quando vamos continuar ignorando esses problemas?

 

]]>
95
Mesmo com bons salários é difícil achar bons professores https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/04/03/mesmo-com-bons-salarios-e-dificil-achar-bons-professores/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/04/03/mesmo-com-bons-salarios-e-dificil-achar-bons-professores/#comments Thu, 03 Apr 2014 19:35:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=747 Desde que comecei este blog, há meio ano, muitos dirigentes de escola têm entrado em contato comigo para falar sobre o mesmo assunto: a dificuldade de encontrar bons professores.

Isso acontece mesmo com bons salários.

Algumas escolas particulares “top” de São Paulo chegam a pagar R$ 50 a hora/aula para os professores. São exceções, claro, mas isso equivale ao salário médio, por exemplo, de um advogado (veja aqui).

Mesmo assim os processos seletivos dessas escolas não fecham.

Muita teoria e pouca prática formam os professores

Salman Khan: ‘Bom professor é o que faz o aluno aprender por si’

RUF: Veja quais são os melhores cursos de pedagogia do Brasil

A reclamação é que é difícil achar docentes com boa formação teórica que consigam ensinar o conteúdo e que estejam conectados com a realidade do aluno de hoje.

O que isso significa?

Significa que quem está na sala de aula agora é bem diferente dos alunos que nós fomos (eu, os professores e talvez você, leitor).

Hoje, o processo de aprendizado começa mais cedo, o acesso à informação vai além do livro didático e as famílias têm uma composição diferente.

Tudo mudou. A maneira como se ensina precisa ser modificada também.

CRIANÇAS RUINS

“Mas  a postura que se assume é que as crianças são ruins e difíceis de ensinar”, diz Flávia Manzione, coordenadora do Prisma –um centro de formação de professor da escola Santa Maria (zona sul de São Paulo).

O próprio Prisma é uma tentativa de dar formação continuada aos docentes dentro da própria escola.

Isso porque até mesmo as boas universidades, diz Manzione, deixam a desejar na formação de professores. Já escrevi sobre isso na Folha algumas vezes.

UM BOM GUIA

Conversando com Manzione, eu me lembrei da entrevista que fiz com o matemático Salman Khan, criador da Khan Academy.

De acordo com Khan, o bom professor não é aquele que dá aulas sensacionais.

“Um professor incrível é o que conhece profundamente o assunto que pretende passar, mas que entende que precisa passar ao estudante ferramentas para que ele descubra o conhecimento por si só.” (leia aqui)

Ou seja: o bom professor na verdade é um ótimo guia.

Nossos cursos de licenciatura, do modo como são pensados hoje, são capazes de formar ótimos guias conectados com a realidade dos alunos?

 

]]>
80
Como se aprende a dar aula? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/02/06/como-se-aprende-a-dar-aula/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/02/06/como-se-aprende-a-dar-aula/#comments Thu, 06 Feb 2014 12:00:02 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=587 Toda vez que eu entrevisto algum especialista em educação, faço as mesmas perguntas: como se aprende a dar uma boa aula? O que forma um bom professor?

Em geral, escuto a mesma reposta: o problema é que os professores tendem a dar aula do jeito que tiveram aula. Aí o modelo sempre se reproduz e ninguém inova na sala de aula.

Faz sentido.

Quando eu comecei a dar aula, eu reproduzia tudo o que vi na minha vivência escolar. Até o jeito de se posicionar em sala de aula. O jeito de olhar. As pausas.

Até que passei um tempo nos Estados Unidos e tive outra experiência didática. Passei a questionar meus modelos.

Hoje, estou fazendo um exercício para entender como diferentes aulas têm de ser dadas.

SEM POWER POINT

Nessa pesquisa de campo, descobri coisas legais.

Alguns professores com quem tive contato, por exemplo, começam o semestre tentando tatear o nível dos alunos que encontram. E, a partir daí, montam as suas aulas.

Outros fazem aulas totalmente participativas, em formato de debate, com a sala em formato de círculo, sem exposição e sem power point.

Tem alguns que trazem um problema para a sala de aula, pedem para os alunos resolverem e então entram com a teoria.

É o caso por exemplo da professor Jonilda  Ferreira, que conheci no Nordeste. Ela dá aula na rede municipal de uma escola da Paraíba sem giz e lousa.

Ensina fração “na pizzaria de um amigo”, por exemplo. A escola tem, sozinha, mais medalhas de ouro em olimpíadas de matemática do que todas as escolas públicas juntas da maioria dos Estados do Brasil (leia aqui).

Antes de dar aula, é importante ter contato com diferentes metodologias para ter condições de escolher –ou de criar– a sua própria técnica.

Você dá aula? Conte para a gente como desenvolveu a sua técnica!

 

]]>
23
‘Escola do futuro’ vai desconsiderar idade dos alunos ao montar as turmas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2013/10/07/escola-do-futuro-vai-desconsiderar-idade-dos-alunos-ao-montar-as-turmas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2013/10/07/escola-do-futuro-vai-desconsiderar-idade-dos-alunos-ao-montar-as-turmas/#comments Mon, 07 Oct 2013 16:45:51 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=240 As escolas deveriam se preocupar menos com exames, com uma grade fechada de disciplinas e com a idade dos alunos.

Essas são algumas das observações de um grupo de especialistas em educação reunidos em um encontro sobre educação do futuro chamado Learning 2030, que aconteceu em Waterloo, no Canadá.

O evento foi promovido pela Waterloo Global Science Initiative. A ideia foi discutir como será, em 2030, a chamada high school (ensino médio) de quem está nascendo agora em 2013.

Os especialistas que participaram do evento afirmam que a “escola do futuro” vai agrupar alunos por áreas de interesse a partir da high school.

A ideia é que as turmas –de até 30 alunos por professor– sejam formadas com base em critérios muito diferentes da idade dos meninos.

Por exemplo, uma turma de física reuniria alunos de 15 a 18 anos de acordo com o interesse dos estudantes pela disciplina.

Os meninos estariam juntos porque têm mais ou menos as mesmas aptidões e não porque têm a mesma idade.

Esse tipo de experiência já vem sido realizada com sucesso em algumas escolas inovadoras dos EUA.

No Brasil, algumas escolas particulares adotam a proposta de juntar alunos de todo o ensino médio em cursos extracurriculares. Mas essas instituições ainda são exceção.

MAIS TECNOLOGIA

O grupo canadense também defende que as escolas invistam mais em novas tecnologias em sala de aula, já que as tecnologias são irreversíveis. E são mesmo.

Dados da Pnad, pesquisa do IBGE divulgada na semana passada, mostram que a partir do 7º ano a maioria dos alunos brasileiros já tem celular.

Na rede privada de ensino, a maioria tem celular já no 4º ano.  Estão conectados à internet, cansados de lousa e giz.

Os especialistas do Canadá afirmam ainda que o professor deve ter mais autonomia. Ensino apostilado? Nem pensar!

O que você acha? A idade é um fator crucial na formação de uma turma ou os grupos deveriam ser montados a partir do interesse dos estudantes? Deixe seu comentário!

 

 ps’ Thank you Peter McMahon for your invitation to join the Summit! I’ll be there next year.

]]>
31
Vamos falar sobre educação? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2013/09/09/vamos-falar-sobre-educacao/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2013/09/09/vamos-falar-sobre-educacao/#comments Mon, 09 Sep 2013 03:30:11 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=22 Bem vindos ao Abecedário, o novo blog da Folha sobre educação.

A ideia aqui é debater o que diz respeito ao universo do ensino. Escolha da escola, formação de professores, qualidade da educação, avaliação de ensino, rankings universitários nacionais e internacionais, políticas de educação e outros tópicos que os leitores trouxerem.

Vamos falar com estudantes, professores, especialistas em educação, gestores e com quem mais nos ajudar a discutir o tema.

O blog surge no dia do lançamento da segunda edição do RUF (Ranking Universitário Folha), uma iniciativa que avalia as 192 universidades brasileiras e os 30 cursos com mais matriculados no país, como administração, direito e medicina.

O RUF traz o levantamento de dados públicos de educação e duas pesquisas feitas pelo Datafolha. Para a edição lançada hoje, foram cerca de dez meses de trabalho.

O Abecedário vai esmiuçar esses dados levantados pelo RUF. São números sobre produção científica nas universidades, qualidade de ensino e inovação.

O blog também vai se debruçar sobre outras bases de dados que tragam um raio-x do que acontece nas salas de aula Brasil afora. Quanto mais insumos tivermos, mais ricas serão as nossas discussões.

Entre, leia, comente e mande sugestões!

]]>
17