Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que precisamos de bolsas de pesquisa na graduação e na pós? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/02/por-que-precisamos-de-bolsas-de-graduacao-e-de-pos-graduacao-no-brasil/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/08/02/por-que-precisamos-de-bolsas-de-graduacao-e-de-pos-graduacao-no-brasil/#respond Fri, 03 Aug 2018 01:33:58 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/capes-320x213.jpeg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3328 Podemos ficar sem bolsas de graduação e de pós-graduação no meio do ano que vem. A afirmação é de Abílio Baeta, presidente da Capes, agência federal de fomento à ciência ligada ao MEC, e veio à tona nesta quinta (2), em nota enviada pela entidade à pasta de educação.

O documento traz uma matemática assustadora: o teto de gastos que deve ser imposto à Capes em 2019 pode inviabilizar o pagamento de bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado e outras formas de fomento a partir de agosto de 2019 — o que afeta quase meio milhão de pessoas. A questão é que a fatia do orçamento do MEC previsto para a Capes no ano que vem não dá conta de manter as bolsas vigentes.

Para se ter uma ideia, o valor aprovado para a Capes neste ano (R$3,94 bilhões) é cerca de metade do dinheiro empenhado em 2015 (R$7,77 bilhões) — e o montante ficaria ainda menor no ano que vem.

Qual é o problema disso?

A produção de conhecimento no Brasil é quase totalmente baseada no trabalho de pesquisadores de programas de pós-graduação, que recebem bolsas para se dedicarem exclusivamente às suas pesquisas. É como se fosse um salário pago pelo governo — só que sem nenhum benefício, como arrecadação de aposentadoria, de fundo de garantia ou férias.

Por exemplo: um aluno de doutorado de uma universidade brasileira que esteja trabalhando na compreensão de uma determinada doença recebe mensalmente R$2.200 da Capes para se dedicar exclusivamente à sua pesquisa. São pessoas na faixa dos 30 anos que, muitas vezes, têm família e filhos. Dependem desse dinheiro — e não podem ter outro trabalho remunerado.

O trabalho de um doutorando como esse pode levar a terapias para uma doença, melhor interpretação de exames, insumos para vacinas. E por aí vai.

Mesma coisa acontece com quem tem uma bolsa de mestrado (R$1.500 mensais). Supondo que esse mestrando seja da área de sociologia e que esteja trabalhando com um tema ligado, por exemplo, à violência urbana. Uma nova análise na área, novos dados e levantamentos podem levar a políticas públicas mais eficazes. Como o próprio presidente da Capes, que é sociólogo, diz: “Não tem como resolver problema urbano, violência e corrupção sem humanidades.”

Com esse modelo, o país tem produzido bastante conhecimento. Para se ter uma ideia, em 2017 o Brasil ficou entre os 15 países que mais produzem ciência no mundo, de acordo com o ranking do Scimago. Foram 73.697 estudos novos publicados ao longo do ano. Isso dá mais de 200 estudos por dia.

A comunidade acadêmica, claro, recebeu a nota da Capes enviada ao MEC como uma bomba. Isso porque o dinheiro está sendo cortado de todos os lados: o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, de onde sai o dinheiro de outra agência federal de fomento à ciência, o CNPq, já perdeu metade do seu orçamento desde 2014 (e ganhou a pasta de comunicações nesse período).

Como informa a Folha, o MEC atribuiu o corte de recursos ao Ministério do Planejamento, que disse, em nota, que os recursos para o MEC em para 2019 estão acima do limite constitucional.

De acordo com a biomédica Helena Nader, presidente emérita da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), a notícia surpreendeu a comunidade acadêmica. “Tínhamos uma sinalização positiva do governo em relação aos recursos para pesquisa”, diz. “Até para plantar soja precisamos de ciência.”

A expectativa da comunidade científica, diz Nader, no entanto, é que o cenário seja revertido. O presidente Temer tem de sancionar a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que define os recursos de cada pasta federal em 2019, nos próximos dias. “Estamos contando com o veto”, diz Nader.

 

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USP, Unicamp e Unifesp suspendem aula a semana toda; veja funcionamento das universidades https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/usp-suspende-aulas-a-semana-toda-veja-funcionamento-das-universidades-nesta-segunda-28/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/05/27/usp-suspende-aulas-a-semana-toda-veja-funcionamento-das-universidades-nesta-segunda-28/#respond Sun, 27 May 2018 23:40:53 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/usp-320x213.jpeg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3209 A greve dos caminhoneiros já afeta o ensino superior de todo o país. No final deste domingo (27), universidades importantes como a USP anunciaram que as aulas estão temporariamente suspensas. Outras instituições manterão as aulas, mas não haverá cobrança de faltas e nem avaliações dos alunos.

Na USP, os alunos de graduação não terão aula a semana toda —em todos os campi da universidade. As atividades estão suspensas de segunda a quarta; na quinta e na sexta, o recesso de Corpus Christie está mantido.

A assessoria de imprensa da USP informou que cada unidade informará os alunos sobre as atividades de pós-graduação e de extensão. Nas redes sociais, alunos de pós-graduação da universidade mostravam preocupação com a manutenção de suas pesquisas –especialmente nos trabalhos que dependem de laboratório.

Em São Paulo, a Unicamp que as aulas da graduação, de pós-graduação e todas as atividades de extensão estão suspensas até quarta (30). A Unifesp também terá todas as atividades acadêmicas e administrativas suspensas no mesmo período.

No Rio de Janeiro, a maioria das universidades públicas (estaduais e federais) anunciou suspensão das aulas nesta segunda (28). É o caso da UERJ, UFRJ, UFF, UniRio e Rural. O Abecedário não conseguiu informações sobre a UENF.

Universidade estaduais como a Unesp (São Paulo), UEL (Londrina), a UEM (Maringá) e a UEPG (Ponta Grossa), também não terão aula. Cerca de quinze universidades federais cancelaram temporariamente as atividades. Não houve aulas nesta segunda nas universidades federais da Bahia (UFBA), de São Carlos (UFSCar), de Minas (UFMG), de Pernambuco (UFPE), Rural de Pernambuco (UFRPE), Lavras (UFLA), do Triângulo Mineiro (UFTM), São João Del-Rei (UFSJ), Sergipe (UFS), a Tecnológica do Paraná (UTFPR), de Grande Dourados (UFGD), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Santa Maria (UFSM), de Itajubá (Unifei) e de Santa Catarina (UFSC).

Isso não significa, no entanto, que as universidades estarão fechadas. Serviços administrativos, por exemplo, devem seguir operando normalmente.

Na FGV-SP, na capital paulista, as aulas da graduação e da pós estão mantidas. Não haverá, no entanto, cobrança de falta de alunos que eventualmente não conseguirem participar das atividades. Os coordenadores dos cursos estão solicitando que os docentes evitem atividades de avaliação dos alunos e novos conteúdos.

No Insper, em São Paulo, as aulas da graduação foram suspensas até quarta (30). Outras instituições privadas também não tiveram aulas nesta segunda. É o caso da PUC-RS, da PUC Paraná, da Puccamp (Campinas), da Unisinos e da Unip. A maioria dessas instituições já havia interrompido as aulas na sexta (25).  A PUC-GO, em Goiânia, deve ter aulas normalmente.

Se você é aluno de alguma universidade, a recomendação é ligar para a instituição antes de sair de casa nesta segunda (28) para verificar se as atividades especificamente do seu curso estão mantidas. As universidades que não cancelaram as aulas a semana toda devem anunciar nesta (28) como vão operar a partir de terça-feira.

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Tem informações sobre o funcionamento das universidades nesta semana? Mande para sabine.righetti@grupofolha.com.br ou para @binerighetti no Twitter.

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SISUmetro: confira sua chance de ingresso na universidade a partir da nota oficial do Enem https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/18/sisumetro-confira-sua-chance-de-ingresso-na-universidade-a-partir-da-nota-oficial-do-enem/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/18/sisumetro-confira-sua-chance-de-ingresso-na-universidade-a-partir-da-nota-oficial-do-enem/#respond Thu, 18 Jan 2018 10:55:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3052

Quem fez o último Enem já pode ter uma ideia de quais instituições públicas de ensino conseguirá entrar. É que o MEC divulga nesta quinta (18) as notas oficiais dos alunos que fizeram o exame em 2017. Com nota em mãos, é possível acessar o app Quero minha nota!, da Folha em parceria com a empresa TunEduc, e ter uma estimativa bem precisa das possibilidades de ingresso no ensino superior público pelo chamado SISUmetro.

Para conseguir fazer o cálculo, basta baixar o aplicativo Quero minha nota!, preencher sua nota oficial no Enem e as informações sobre o curso escolhido. Se você já era usuário do app e tinha preenchido suas respostas no Enem, basta atualizar a informação com a nota oficial divulgada pelo MEC.

Baixe o app ‘Quero minha Nota!’ (Android)

Baixe o app ‘Quero minha Nota!”(iOS)

RUF: confira os melhores cursos e universidades do país

Como errar menos ao escolher uma carreira específica

O SISUmetro mostra a possibilidade de ingresso nas instituições públicas (institutos federais, universidades federais e algumas estaduais), a partir das notas de corte do ano passado. Os critérios de cada universidade, que dão pesos diferentes às quatro áreas do Enem dependendo do curso, também são considerados.

Ter uma ideia de qual é sua chance de ingresso no ensino superior é importante para que o estudante consiga fazer um bom planejamento antes da abertura da inscrição do SISU — sistema do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. Seguindo cronogramas anteriores, o SISU deve abrir inscrições cerca de duas semanas após a liberação da nota oficial.

Uma das dicas é, por exemplo, avaliar a qualidade das instituições que você tem chance de ser aprovado a partir de informações do RUF – Ranking Universitário da Folha. Analisar as características do curso de cada instituição, o que os alunos matriculados falam sobre ele na internet e como é a cidade onde fica o campus do curso são igualmente importantes para errar menos ao entrar no ensino superior.

O Enem tem ganhado cada vez mais importância no cenário do ensino superior do país. A nota dos alunos no exame também é usada para financiamento estudantil nas instituições de ensino privadas: é preciso ter no mínimo 450 pontos.  Em 2017, mais de  seis milhões de alunos se inscreveram no exame. Um em cada dez alunos que fizeram o Enem já usam o Quero minha Nota!.

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Como errar menos ao escolher uma carreira específica na adolescência https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/12/04/como-errar-menos-ao-escolher-uma-carreira-especifica-na-adolescencia/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/12/04/como-errar-menos-ao-escolher-uma-carreira-especifica-na-adolescencia/#respond Tue, 05 Dec 2017 00:03:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3025 No Brasil, cometemos uma crueldade sem tamanho no nosso sistema de ensino superior: obrigamos os jovens vestibulandos a escolher uma carreira específica para a vida inteira como “economia empresarial e controladoria com ênfase em negócios internacionais” antes mesmo de entrar na universidade. O problema é que o nosso ensino médio não prepara ninguém para escolher uma carreira específica, o cérebro dos jovens não está pronto para decisões de longo prazo e, se o aluno escolher o curso errado, ele tem de sair do sistema para prestar vestibular de novo. Isso significa perda de tempo e de dinheiro –público ou privado.

Quem aí não conhece alguém que mudou de curso na universidade várias vezes? Ou, pior: quem aí não conhece pelo menos uma pessoa que sabe que está na carreira errada? Recentemente, falei em um TED na USP sobre como errar menos ao escolher uma carreira específica na adolescência. Já que não podemos mudar a porta de entrada no sistema de ensino superior no país, podemos ao menos reduzir a influência da rigidez desse sistema na escolha dos cursos superiores.

Quer saber como? Assista ao TED abaixo e espalhe a ideia!

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Sem salário há três meses, docente da UERJ pede emprego com cartaz para pagar contas atrasadas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/06/11/sem-salario-ha-tres-meses-docente-da-uerj-pede-emprego-com-cartaz-para-pagar-contas-atrasadas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/06/11/sem-salario-ha-tres-meses-docente-da-uerj-pede-emprego-com-cartaz-para-pagar-contas-atrasadas/#respond Mon, 12 Jun 2017 01:25:45 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2866

Sem salário há quase três meses (e com atraso também no 13º salário e nas férias de 2016), o engenheiro químico Evandro Brum Pereira, 61, resolveu postar neste domingo (11) uma foto pedindo trabalho –e a imagem acabou viralizando nas redes sociais.

Na imagem feita pela filha do docente, Thais, 19, Pereira descreve um currículo impecável e deixa o celular para ofertas de trabalho. “Recebi muitas ligações de gente pedindo a minha conta bancária para fazer um depósito”, disse ao Abecedário. “Fiquei emocionado.”

A proposta do docente ao divulgar a imagem, diz, foi fazer uma manifestação. “As pessoas precisam saber que docentes e funcionários da UERJ estão sem salário há meses. Alguém precisa resolver essa situação.”

O engenheiro químico conta que deixou a iniciativa privada na década de 1990 no setor de petróleo para entrar na carreira docente.

Agora, sem salário e com uma família para sustentar, Pereira diz que tem contas atrasadas e dívidas no cheque especial. “Estou me virando como todos os demais docentes e funcionários da UERJ. Estamos todos com dívidas.”

Para se ter uma ideia, um docente em final de carreira com um currículo equivalente ao de Pereira (o que inclui doutorado e pós-doc no exterior) receberia, hoje, um salário líquido de cerca de 12 salários mínimos ao mês. Os salários, diz, estão sem reajuste há cerca de uma década.

MÃOS ATADAS

O Abecedário conversou recentemente com o reitor da universidade, Ruy Garcia Marques. Formado na própria universidade há cerca de 40 anos, ele disse estar de “mãos atadas”. “Estamos na maior crise financeira de nossa história.”

Recentemente, a gestão de Marques negou uma proposta do governo do Rio que queria reduzir os salários em 30% para atualizar os pagamentos atrasados (a redução real seria de 40% considerando a inflação dos últimos 12 meses). Por enquanto, não há previsão de regularização dos salários.

A crise financeira também atingiu os serviços terceirizados da universidade, como coleta de lixo e segurança. De acordo com a bióloga da UERJ Gisele Lobo, especialista em esponjas, muitos alunos e docentes deixaram de ir ao campus porque estão com medo da falta de segurança, especialmente nos cursos noturnos. “Já o meu lixo eu levo para a minha casa”, diz Gisele.

Mesmo sem salário, Pereira, Gisele e outros servidores seguem trabalhando para não prejudicar os alunos –são cerca de 25 mil estudantes na graduação e na pós.

Fundada em 1950, a UERJ está classificada em 13º lugar no país no último RUF -Ranking Universitário Folha. Destaca-se em cursos como direito, no qual figura em 10º lugar no país. “Estamos perdendo credibilidade. Ninguém mais vai querer estudar na UERJ”, diz Pereira.

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Enem: veja em qual universidade você consegue entrar via app da Folha https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/enem-veja-em-qual-universidade-voce-consegue-entrar-via-app-da-folha/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/enem-veja-em-qual-universidade-voce-consegue-entrar-via-app-da-folha/#respond Wed, 18 Jan 2017 14:16:13 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2801 Quem fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2016 pode, a partir desta quarta (18), ter uma ideia de quais universidades conseguirá entrar com sua pontuação no exame. Basta inserir a nota oficial na prova, divulgada pelo MEC, no app Quero a Minha Nota! 2016, da Folha em parceria com a empresa de tecnologia educacional TunEduc.

Funciona assim: se você já baixou o app e já tinha inserido suas respostas no Enem 2016, basta fazer uma atualização da sua nota conforme a divulgação oficial do MEC.

Se você ainda não estava usando o app, você pode baixá-lo agora. Acesse as lojas da Apple ou o Google Play –o aplicativo é gratuito. Até agora, mais de 300 mil alunos usuários, de cerca de 20 mil escolas de todo o país, estão usando o sistema. É um dos apps mais baixados no país na área de educação.

A partir das notas no exame, os usuários poderão checar suas chances de entrar nos cursos que participam do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). Isso será feito a partir de um cálculo com base nas notas de corte do ano anterior –é o “SiSumetro”, ferramenta que integra o app (saiba mais aqui).

O Enem é o principal exame que avalia o ensino médio do país. Desde 2009, serve como processo seletivo de universidades federais e de parte das estaduais e das públicas. Em 2016, o exame teve mais de nove milhões de inscritos.

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Dirigente de universidade precisa ter doutorado? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/12/23/dirigente-de-universidade-precisa-ter-doutorado/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/12/23/dirigente-de-universidade-precisa-ter-doutorado/#respond Fri, 23 Dec 2016 21:09:02 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2789 Nesta semana, a proposta de mudar o estatuto da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) de modo que seu dirigente não precise ter doutorado causou barulho nas redes sociais. O que mais me perguntaram é: quem dirige uma instituição de ensino precisa, afinal, do título de doutor? Vamos lá.

Hoje, quem comanda as universidades brasileiras tem de ser professor e pesquisador com doutorado e com bons anos de experiência acadêmica. É assim em todas as 195 universidades brasileiras de ensino presencial e também na Univesp, que oferece cursos semipresenciais.

No caso da Univesp, o conselho curador da universidade afirmou –no seu primeiro dia de atuação– que a necessidade de doutorado para ocupar o cargo de comando da universidade é restritiva demais e que, portanto, seria melhor tirar o status de “universidade” da instituição. Se deixasse de ser universidade, a Univesp poderia ser comandada por quem tiver um título de graduação.

Ok, mas há um risco nisso. Ora, se não houver mais exigências acadêmicas para a presidência da instituição e se o gestor é nomeado pelo governador, então alguém ligado ao governo poderia assumir a chefia de instituições de ensino e de pesquisa como a Univesp? Parece temerário.

Nas faculdades, a escolha do dirigente é mais flexível e algumas delas têm ousado. Caso da FGV-SP. Lá, o atual diretor foi selecionado em um processo que teve candidato até da Holanda. O eleito, no caso, Luiz Artur Brito, é engenheiro, passou pelo setor produtivo e, sim, tem doutorado.

Quem é contra a exigência de doutorado para o cargo de reitor ou presidente de uma instituição de ensino argumenta que a titulação acadêmica não garante boa gestão. Faz sentido: a própria USP, por exemplo, gastou 22% acima do previsto com pessoal e encargos sociais em 2013. Teve suas contas negadas pelo TCE –o que parece que irritou o governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Mas dá para comandar uma instituição que faz ensino, pesquisa e extensão, como as universidades ou como uma instituição de ponta como a FGV-SP, sem ter experiência em pesquisa? Não. Que tal selecionar, então, um currículo que seja acadêmico e que, ao mesmo tempo, tenha experiência em gestão?

Pois é.

E NA USP?

Também me perguntaram, nas redes sociais, se a USP sofria algum risco de ter seu estatuto alterado e, assim, perder o status de universidade. Bom, na Univesp a proposta de mudança no estatuto foi possível porque o conselho da universidade é formado por cinco nomes externos à instituição –indicados pelo próprio governo.

Na USP, uma universidade bem maior e mais antiga do que a Univesp, apenas seis dos 123 membros do conselho são de fora da universidade. Unicamp e Unesp seguem o mesmo padrão. Isso significa que, nem em um dia de loucura, USP, Unesp e Unicamp colocariam na pauta do conselho a mudança de seu próprio status de “universidade”. Se colocassem, não seria aprovado. Se fosse, a universidade viria abaixo.

Ao que tudo indica, reduzir a restrição acadêmica para o chefe de uma universidade sob o pretexto de melhorar a sua qualidade é, além de um contrassenso, uma abertura perigosa que pode se espalhar por outras instituições públicas de ensino e de pesquisa de maneira irreversível.

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Finlândia deve acabar com as disciplinas escolares até 2020 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/#respond Mon, 14 Nov 2016 17:54:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 Famosa por criticar o formato antiquado das escolas, a chefe de educação de Helsinki, capital da Finlândia, Marjo Kyllonen, anunciou na imprensa internacional que pretende abolir as disciplinas nas escolas.

A ideia é que até 2020 todas as escolas finlandesas trabalhem por projetos agregando os conteúdos no lugar de dividir o conhecimento em caixinhas: de física, de línguas, de matemática. A proposta será de um ensino totalmente interdisciplinar.

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Escola tradicional, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas

Aplicativo da Folha calcula nota do Enem e chances no Sisu após a prova

Se a mudança der certo, a Finlândia será o primeiro país do mundo oficialmente a acabar com as disciplinas –algo que própria Marjo chamou de uma “revolução na educação”.

A proposta pode se espalhar mundo afora: a Finlândia está no topo das avaliações internacionais de educação e inspira políticas públicas de vários países.

POR PROJETOS

Hoje, algumas escolas de elite do mundo da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos já fazem experimentos interdisciplinares no chamado ensino por projeto. Funciona assim: os alunos têm de criar produtos ou soluções usando conhecimentos de várias disciplinas simultaneamente.

Isso acontece principalmente nos laboratórios –e o movimento já chegou ao Brasil: o tradicional colégio Bandeirantes acaba de anunciar que a partir de 2017 os laboratórios de física, de química, de biologia e de artes serão integrados em um único espaço com vários docentes.

A eliminação total de disciplinas ministradas em salas de aula, no entanto, como propõe a Finlândia, é uma novidade.

Os professores daquele país já estão sendo preparados para mudança, afinal, eles ainda são formados em áreas do conhecimento.Na Finlândia, a formação de professor inclui várias etapas de residência na escola –como fazem os estudantes de medicina– e vai até o nível do mestrado.

“Você iria a um médico que usa tecnologia do século 19? Eu não”, disse Marjo em entrevista recente. Especialista em “educação do futuro”, ela sempre destaca o aspecto retrógrado da nossa educação.

No Brasil, o excesso de disciplinas voltou a ser assunto com a proposta recente de reforma do ensino médio o governo federal. Hoje, algumas etapas da educação básica, como o ensino médio chegam, a ter 13 disciplinas diferentes. A ideia, agora, é concentrar os conteúdos em quatro grandes áreas: linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. É assim que funciona, hoje, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

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Entenda o RUF: confira as respostas para as perguntas mais frequentes sobre o ranking https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/21/entenda-o-ruf-confira-as-respostas-para-as-perguntas-mais-frequentes-sobre-o-ranking/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/21/entenda-o-ruf-confira-as-respostas-para-as-perguntas-mais-frequentes-sobre-o-ranking/#respond Wed, 21 Sep 2016 16:02:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2722 A Folha publicou nesta segunda (19) a quinta edição do RUF -Ranking Universitário Folha e tem recebido muitas mensagens com dúvidas de usuários. Seguem, abaixo, os questionamentos mais comuns sobre o ranking.

Por que meu curso (nutrição, zootecnia e outros) não foi avaliado pelo RUF?
O RUF avalia as 40 carreiras com mais ingressantes no país, como administração, direito e medicina, de acordo com os dados do último Censo do Ensino Superior. A demanda para essas carreiras pode variar de ano para ano. Na edição do RUF de 2014, por exemplo, o curso de “filosofia” estava entre as carreiras com maior demanda no país (Censo de 2012). A partir do RUF 2015, “moda” entrou para os cursos de maior demanda no país e passou a ser avaliado no RUF no lugar de “filosofia” (Censo de 2013).

Por que a Unicamp foi avaliada em “jornalismo” se não tem um curso de “jornalismo”?
A Unicamp tem um curso de “comunicação social – midialogia” cadastrado como “comunicação social” no MEC –uma das áreas avaliadas na carreira “comunicação/jornalismo” do RUF. Sobre isso, consulte o dicionário de cursos do RUF aqui.

Meu curso não recebeu pontuação no indicador “avaliação de mercado”. Por que isso acontece?
O indicador de mercado de trabalho considerou 5.975 entrevistas realizadas pelo Datafolha em 2014, 2015 e 2016 com profissionais do mercado (de empresas, hospitais, consultórios, escolas e afins). Esses profissionais são ouvidos sobre as três melhores instituições nas áreas em que contratam. Os cursos sem pontuação nesse indicador não foram mencionados nas entrevistas com os empregadores.

Por que a minha faculdade não foi avaliada no ranking de universidades?
O ranking de universidades do RUF avalia e classifica as 195 instituições de ensino superior credenciadas como “universidades” no MEC. Já os 40 rankings de cursos consideram as carreiras oferecidas por universidades, faculdades e centros universitários. Institutos federais e cursos tecnólogos e a distância, por enquanto, não fazem parte das avaliações.

O Enade vale até 5 pontos, mas, no RUF, ele vale dois pontos. Como isso é possível?
No ranking de universidades, um dos subindicadores de qualidade do ENSINO avalia o desempenho dos alunos no Enade e vale dois pontos (ou 2% da nota recebida pela universidade). Nesse quesito, calculamos a nota da instituição no Enade (até cinco pontos) proporcionalmente no valor do indicador do RUF (até dois pontos).

Minha instituição de ensino não forneceu dados diretamente ao RUF. Como fomos avaliados?
Todos os dados do RUF são coletados em bases de dados do Inep-MEC (Censo de Ensino Superior 2014), Inpi (patentes solicitadas de 2005 a 2014), SciELO e Web of Science (artigos publicados em 2012 e 2013; citações recebidas em 2014) e agências de fomento à ciência estaduais e federais (dados de 2014). Também são realizadas duas pesquisas de opinião nacionais exclusivas, conduzidas pelo Datafolha, com empregadores e com docentes cadastrados como avaliadores do MEC. Visitas às instituições de ensino não fazem parte da metodologia.

Minha instituição tem dois cursos de “administração”, em dois campi diferentes. Dá para saber qual é a nota de cada um dos cursos?
Não. No caso de instituições com o mesmo curso oferecido em mais de um campus ou unidade, a nota daquela carreira será calculada com base em uma média das notas do curso oferecido em cada um dos campi.

Meu curso se chama “ciências jurídicas”. Quero saber se foi avaliado na carreira “direito”.
Sim. As 40 carreiras avaliadas no RUF consideram uma série de cursos com diferentes nomenclaturas. Para saber quais cursos fazem parte de cada carreira, acesse o dicionário de cursos.

 

>> Acesse aqui todas as reportagens e análises do RUF 2016.

 

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‘Escola sem partido’ propõe pluralismo de ideias, mas vai contra o debate https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/escola-sem-partido-propoe-pluralismo-de-ideias-mas-vai-contra-o-debate/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/escola-sem-partido-propoe-pluralismo-de-ideias-mas-vai-contra-o-debate/#respond Mon, 01 Aug 2016 21:11:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2613 Muita gente tem se manifestado sobre o Programa Escola sem Partido, proposta de 2015, do procurador do Estado de São Paulo Miguel Nagib, que pretende incluir na legislação de educação brasileira, a LDB de 1996, nove artigos que tratam dos princípios da escola e dos deveres dos professores. Ok, vamos lá.

O projeto define, por exemplo, que as escolas devem ter “neutralidade política, ideológica e religiosa”. Diz, por exemplo, que escolas confessionais “cujas práticas educativas sejam orientadas por concepções, princípios e valores morais, religiosos ou ideológicos” devem obter dos pais ou responsáveis pelos estudantes uma autorização expressa para a veiculação de conteúdos.

Até aí, tudo bem, faz sentido: algumas escolas religiosas, por exemplo, ensinam que Deus criou homem e mulher –o chamado “criacionismo– e afirmam que o evolucionismo deve ser considerado apenas para o vestibular. Bom, parece importante que pais sejam claramente avisados de que seus filhos aprenderão esse tipo de conteúdo, dessa forma.

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O problema é que a proposta não para por aí. O projeto define, também, por exemplo, que “o Poder Público não se imiscuirá na orientação sexual dos alunos”. Opa! Temos um problema aqui. Sabemos que um dos principais motivos de abandono da escola pelas meninas é justamente a gravidez precoce. Não seria o caso de, no sentido oposto do que o projeto propõe, levar esse tema à sala de aula? E de discutir, como já sugeri aqui, neste blog, assuntos atuais e urgentes como a violência contra mulheres e homossexuais?

Mais: de acordo com a proposta, o Estado não fará “aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero”. Bom, sabemos, no mínimo, que muitas meninas decidem não seguir carreiras de exatas justamente porque entendem que matemática, física ou tecnologia não é coisa para elas. Enquanto as escolas de países desenvolvidos caminham no sentido de trabalhar a ideia de gênero e profissões, por exemplo, parece assustador ignorar esse tema na escola brasileira.

DEMANDA

O movimento Escola sem Partido não surge numa virada de noite, mas atende uma demanda emergente de pais, que se indignaram com imagens recentes de professores doutrinadores. Teve vídeo de sala de aula pipocando na internet sobre isso e tudo mais. Ok, isso é válido, mas o movimento surge com a proposta de “pluralismo de ideias” e acaba indo contra o debate em sala de aula simplesmente porque o cerceia por meio de uma lei.

A proposta é filha da Lei Escola Livre, recentemente aprovada em Alagoas, que estipula como dever do professor abster-se de introduzir “conteúdos que possam estar em conflito com as convicções morais, religiosas ou ideológicas dos estudantes ou de seus pais ou responsáveis”. Esse trecho, como escreve Miguel Nagib, foi retirado do Escola sem Partido porque “poderia impedir a abordagem de conteúdos científicos ou factuais em sala de aula, o que seria, além de indefensável do ponto de vista educacional, incompatível com a Constituição.” Ok.

Vale ainda lembrar que o projeto ignora a formação de professores. Ora, sabemos que cursos de licenciatura são recheados de teoria, inclusive já tratamos disso nesta Folha. Se a ideia é debater a doutrinação na sala de aula, o caminho não seria começar pela formação de quem dá aula? É importante que os próprios docentes identifiquem se estão expondo ideias ou trilhando o caminho da doutrinação.

Precisamos levar o debate para a sala de aula, temos de fazer com que nossos meninos e meninas reflitam, falem e escrevam sobre tudo o que está ao nosso redor. A escola tem de formar cabeças pensantes e indignadas, no lugar de criar um monte de reprodutores de conteúdo. Limitar o papel da escola e colar cartazes com “deveres do professor” não parece ser, nem de longe, uma solução.

 

 

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