Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Principal reunião anual de cientistas do país começa com clima de ‘fim de festa’ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/07/17/principal-reuniao-anual-de-cientistas-do-pais-comeca-com-clima-de-fim-de-festa/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2017/07/17/principal-reuniao-anual-de-cientistas-do-pais-comeca-com-clima-de-fim-de-festa/#respond Mon, 17 Jul 2017 16:01:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2912
A presidente da SBPC, Helena Nader, fala na abertura da reunião anual de cientistas (Pietro Sitchin/SBPC)

O principal encontro anual de cientistas do país, a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), começou com clima de desânimo neste domingo (16), em Belo Horizonte. Nas quase quatro horas de abertura do evento, que acontece na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a queda de recursos para pesquisa no país foi tema recorrente.

“Estou amarga mesmo. Estou triste”, disse a biomédica Helena Nader em seu discurso. À frente da instituição desde 2011, quando o então chefe da casa, Marco Anonio Raupp, virou ministro de Ciência, Nader enfatizou o corte de verba para ciência, tecnologia e inovação.

Presença constante em Brasília (no último dia 12,  ela estava na Câmara dos Deputados falando sobre cortes em ciência), Nader se emocionou em vários momentos da abertura do evento. No hino nacional, nas homenagens e no seu próprio discurso.

MENOS DA METADE

Para se ter uma ideia, hoje o orçamento federal para ciência, tecnologia, inovação e comunicações (a pasta de “comunicações” foi integrada à Ciência na gestão Temer) é menos da metade do que era em 2014. Isso desconsiderando a inflação no período.

O CNPq, agência federal que fomenta a pesquisa científica ligada à pasta de Ciência, por exemplo, fechou 2016 com orçamento de R$1,4 bilhão. Em 2016, o valor tinha sido exatamente o dobro: R$2,8 bilhões (desconsiderando a inflação).

Com o corte, quem mais sai perdendo são os bolsistas –principal motor da ciência no país. Na prática, quem entrar hoje em um curso de graduação ou de pós no país tem menos chances de conseguir uma bolsa de pesquisa. É uma espécie de “salário” para que o estudante se dedique integralmente à ciência.

O clima entre governo e cientistas anda tão hostil que o ministro da pasta, Gilberto Kassab (PSD), mandou um representante do ministério para a abertura da SPBC –que foi timidamente vaiado pela plateia.

A reunião anual da SBPC reúne há quase 70 anos cientistas de todo o país durante uma semana. Nesta edição, estão previstas 69 conferências e 82 mesas-redondas –fora os minicursos, pôsteres e exposições (veja a programação aqui).

Mais do que tratar de avanços da pesquisa nacional, a expectativa é que a falta de dinheiro para a pesquisa siga em pauta durante toda a reunião.

Um dos temas na agenda, por exemplo, é disseminar a campanha #ConhecimentoSemCortes, que teve início na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A proposta é colher assinaturas em uma petição on-line para pressionar o governo federal a retomar o patamar de investimentos em ciência de 2014.

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Finlândia deve acabar com as disciplinas escolares até 2020 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/11/14/finlandia-deve-acabar-com-disciplinas-escolares-ate-2020/#respond Mon, 14 Nov 2016 17:54:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2772 Famosa por criticar o formato antiquado das escolas, a chefe de educação de Helsinki, capital da Finlândia, Marjo Kyllonen, anunciou na imprensa internacional que pretende abolir as disciplinas nas escolas.

A ideia é que até 2020 todas as escolas finlandesas trabalhem por projetos agregando os conteúdos no lugar de dividir o conhecimento em caixinhas: de física, de línguas, de matemática. A proposta será de um ensino totalmente interdisciplinar.

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Escola tradicional, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas

Aplicativo da Folha calcula nota do Enem e chances no Sisu após a prova

Se a mudança der certo, a Finlândia será o primeiro país do mundo oficialmente a acabar com as disciplinas –algo que própria Marjo chamou de uma “revolução na educação”.

A proposta pode se espalhar mundo afora: a Finlândia está no topo das avaliações internacionais de educação e inspira políticas públicas de vários países.

POR PROJETOS

Hoje, algumas escolas de elite do mundo da Europa, da Ásia e dos Estados Unidos já fazem experimentos interdisciplinares no chamado ensino por projeto. Funciona assim: os alunos têm de criar produtos ou soluções usando conhecimentos de várias disciplinas simultaneamente.

Isso acontece principalmente nos laboratórios –e o movimento já chegou ao Brasil: o tradicional colégio Bandeirantes acaba de anunciar que a partir de 2017 os laboratórios de física, de química, de biologia e de artes serão integrados em um único espaço com vários docentes.

A eliminação total de disciplinas ministradas em salas de aula, no entanto, como propõe a Finlândia, é uma novidade.

Os professores daquele país já estão sendo preparados para mudança, afinal, eles ainda são formados em áreas do conhecimento.Na Finlândia, a formação de professor inclui várias etapas de residência na escola –como fazem os estudantes de medicina– e vai até o nível do mestrado.

“Você iria a um médico que usa tecnologia do século 19? Eu não”, disse Marjo em entrevista recente. Especialista em “educação do futuro”, ela sempre destaca o aspecto retrógrado da nossa educação.

No Brasil, o excesso de disciplinas voltou a ser assunto com a proposta recente de reforma do ensino médio o governo federal. Hoje, algumas etapas da educação básica, como o ensino médio chegam, a ter 13 disciplinas diferentes. A ideia, agora, é concentrar os conteúdos em quatro grandes áreas: linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática. É assim que funciona, hoje, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

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Escola tradicional de SP, Bandeirantes elimina divisão de turmas por área e por notas https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/31/escola-tradicional-de-sp-bandeirantes-elimina-divisao-de-turmas-por-area-e-por-notas/#respond Mon, 31 Oct 2016 10:00:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2750 Conhecida por estimular a competitividade entre seus alunos, o Bandeirantes, uma das melhores escolas do país no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), anunciou que vai eliminar a divisão dos alunos por áreas do conhecimento e por notas a partir de 2017.

Até hoje, funcionava assim: os alunos do colégio escolhiam qual área seguir no ensino médio –exatas, humanas e biológicas– dependendo do que pretendiam prestar no vestibular. Depois, as turmas eram divididas de acordo com suas notas. Para se ter uma ideia, algumas séries de biológicas, por exemplo, chegam a ter cinco turmas, de A (com os melhores alunos) até E.

A escola seguiu essa classificação durante metade de sua história (o Bandeirantes tem 72 anos e deu início à separação de alunos em áreas e turmas em 1980). Em 1990, o Band, como é conhecido, eliminou a separação por notas dos estudantes do fundamental 2 (5º ao 9º ano). A do médio se manteve.

Confira o especial Enem 2016

“Hoje, isso já não faz mais sentido”, diz  Mauro de Salles Aguiar, diretor presidente da escola –cuja mensalidade, no médio, sai por R$3,4 mil.  A ideia da escola é flexibilizar o currículo e permitir que o aluno selecione algumas disciplinas nas quais pretende se aprofundar –algo parecido com a atual proposta de reforma do ensino médio do governo federal.

O colégio também está de olho no desenvolvimento dos chamados “aspectos não cognitivos” dos alunos, que ganham cada vez mais importância no cenário internacional. Isso significa desenvolver habilidades como liderança, comunicação e capacidade de trabalhar em grupo.

Esses quesitos já são cobrados, por exemplo, nos exames de ingresso de direito na FGV-SP, nas engenharias do Insper e na medicina da faculdade do Albert Einstein. Mais: a expectativa é que o exame internacional PISA, da OCDE, passe a agregar aspectos não cognitivos na sua prova que, hoje, avalia línguas, ciências e matemática.

Outro cenário também incentivou a mudança: no Band, quase 10% dos alunos do 3º ano do ensino médio (hoje, são 500 estudantes nessa etapa) aplicam para estudar em universidades do exterior, principalmente dos Estados Unidos, cujos processos seletivos vão muito além das notas. “A expectativa é que em alguns anos 20% de nossos alunos apliquem para universidades estrangeiras”, diz Aguiar.

INTERDISCIPLINARIDADE

Em 2017, além da eliminação da turmas por áreas e por notas, o Bandeirantes vai fazer uma outra mudança importante: as antigas aulas de laboratório de física, de química, de biologia e de artes serão ministradas em conjunto em um novo laboratório de “ciências e artes” –que vai ocupar um andar inteiro do prédio. A proposta é trabalhar por projetos com, simultaneamente, professores de várias áreas.

Bem conceituado entre especialistas de educação, o Band coleciona uma série de personalidades entre seus ex-alunos. Dentre eles, o atual prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP), o político Mário Covas e o jornalista José Simão.

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Se o governo ouvisse a ciência, aumentaria a carga de esportes na escola https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/se-governo-ouvisse-a-ciencia-aumentaria-a-carga-de-esportes-na-escola/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/27/se-governo-ouvisse-a-ciencia-aumentaria-a-carga-de-esportes-na-escola/#respond Thu, 27 Oct 2016 22:41:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2740 Os educadores podem não saber disso, mas estudos que envolvem neurociência têm mostrado evidências importantes que relacionam a prática de exercícios regularmente ao desempenho acadêmico. Trocando em miúdos: mais tempo na quadra de esportes pode significar melhores notas na escola.

Então não seria interessante que cientistas e educadores trabalhassem juntos para desenvolver estudos para guiar tomadas de decisão na área de educação? Pois é. Essa é a proposta da Rede Nacional de Ciência para Educação, que conecta educadores e cientistas com o objetivo de embasar decisões na área de educação.

A relação entre esportes e o desempenho acadêmico é um exemplo clássico desse trabalho “em rede”.

De acordo com o neurocientista Roberto Lent, que trabalha com plasticidade e evolução do cérebro na UFRJ, e que coordena a rede, uma série de estudos recentes mostram que exercícios físicos melhoram a memória e até a produção de novos neurônios no hipocampo –área do cérebro responsável pela aprendizagem (veja aqui um dos estudos).

Ele abordou o tema em um evento da rede promovido nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Ayrton Senna, em São Paulo.

Em experimentos com ratinhos, é possível “contar” os novos neurônios produzidos. Já em humanos, os resultados são observados a partir de imagens do cérebro.

“Baseado nisso, o governo não deveria tornar educação física uma disciplina opcional”, diz Lent. Vale lembrar: na proposta de reforma curricular do ensino médio, anunciada por meio de Medida Provisória em setembro, educação física e artes passam a ser disciplinas eletivas. A proposta tem sido criticada por especialistas, que receiam que algumas escolas simplesmente não tenham essa opção para os alunos.

MAIS DISPOSIÇÃO

Outros trabalhos mostram também que a endorfina, neurotransmissor produzido com a prática de exercícios, melhora a disposição de maneira geral –o que ajuda na concentração e nas aulas. Mais: exercícios físicos ajudam no sono, que, por sua vez, tem um papel importantíssimo na memória. Para a psicologia, os exercícios físicos ajudam a desenvolver o trabalho em grupo, a liderança e a disciplina.

A ideia da Rede Nacional de Ciência para Educação, criada em 2012, é justamente prover políticas públicas na área de educação de informações científicas que possam ajudar a tomada de decisão. Hoje, há educadores, cientistas, economistas, fonoaudiólogos e pesquisadores de várias áreas do conhecimento envolvidos no trabalho.

“Isso significa que se o governo tivesse ouvido os cientistas, aumentaria as horas de educação física”, diz Lent.

De acordo com com Daniele Botaro, pós-doutoranda do Instituto Ayrton Senna, que também integra a rede, uma das propostas é que os próprios professores tragam temas de pesquisa para a ciência.

“Um professor pode observar um fenômeno em sala de aula e traz uma pergunta para os cientistas responderem”, diz.  Isso é muito comum em países como nos Estados Unidos.

 

 

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‘Rankings oferecem retrato importante, mas incompleto’, diz USP em ‘resposta’ ao RUF https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/04/rankings-oferecem-retrato-importante-mas-incompleto-diz-usp-em-resposta-ao-ruf/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/10/04/rankings-oferecem-retrato-importante-mas-incompleto-diz-usp-em-resposta-ao-ruf/#respond Tue, 04 Oct 2016 22:11:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2729 Em uma espécie de pronunciamento oficial após a publicação do RUF – Ranking Universitário Folha, a USP publicou um texto institucional em que analisa e critica diferentes metodologias de rankings –com a opinião de especialistas na área e do reitor da universidade, Marco Antonio Zago. A USP perdeu, pela primeira vez, a liderança no RUF de 2016.

O ranking, que existe há cinco anos, classifica 195 universidades, identificadas por Estado, natureza administrativa, tamanho e idade. A UFRJ lidera a listagem, seguida pela USP e pela Unicamp. A melhor universidade de fora do Sudeste é a UFRGS, em 5º lugar. A melhor privada, em 21º lugar, é a PUC-Rio.

USP perde a liderança das universidades para a UFRJ

Melhor do país em avaliações no exterior, USP reorganiza contas

RUF: confira ranking de universidades e de 40 cursos

A diferença entre a universidade paulista e a carioca é pequena: a UFRJ ultrapassa a USP por 0,43 ponto. Para se ter uma ideia, a USP voltaria à liderança se tivesse uma nota média no Enade, avaliação oficial do governo, que vale dois pontos no RUF –a universidade não participa do exame por considerá-lo controverso.

Na época em que o RUF de 2016 fora publicado, a USP, procurada, não se pronunciou sobre a queda na classificação. Publicou apenas um texto institucional em que noticiava a posição da universidade no ranking da Folha.

Agora, o novo artigo institucional esmiúça os resultados:

“A USP se deparou com os resultados de dois rankings universitários: perdeu a liderança de quatro anos no Ranking Universitário Folha (RUF) e caiu colocações na lista mundial divulgada pelo Times Higher Education (THE), permanecendo, porém, no primeiro lugar entre as universidades da América Latina. Já na última edição do QS World University Ranking, a USP subiu 23 colocações e obteve sua melhor avaliação na história da lista. Esta aparente discrepância nos indica que, apesar de sua importância, os rankings universitários precisam ser relativizados.” (do texto)

De acordo com o material, uma das críticas aos rankings de universidades, destacadas pelo próprio reitor, é a avaliação de instituições com características tão distintas em um mesmo pacote.

“É importante ter em mente que os rankings não são instrumentos neutros, mas sim construídos e utilizados intencionalmente, para fins e contextos específicos”, diz, no texto da USP, a bibliotecária Solange dos Santos. Ela é autora de uma das primeiras teses de doutorado em solo nacional sobre rankings universitários, defendida em 2015 na USP (leia mais aqui).

MAIS DINHEIRO

A própria USP já utilizou rankings universitários em suas políticas internas. Durante a gestão do reitor anterior, João Grandino Rodas (2010-2013), a universidade distribuía bônus em dinheiro a funcionários e docentes cada vez que subia ou tinha um bom desempenho em diferentes classificações de universidades.

A medida por interrompida por Zago por questões financeiras: quando assumiu, em 2014, Zago encontrou uma universidade em crise financeira, que gastava mais do que recebia do governo só para pagar salários.

O reitor, no entanto, acompanha as listagens de perto: neste ano, foi Zago quem fez a palestra inaugural do encontro internacional do IREG, braço da Unesco criado em 2009 justamente com o objetivo de avaliar rankings de universidades.

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Eu, que amo estudar, quase larguei o ensino médio https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/09/10/eu-que-amo-estudar-quase-larguei-o-ensino-medio/#respond Sat, 10 Sep 2016 18:08:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2709 Nessa semana, diante da divulgação dos resultados do Ideb, escrevi uma análise sobre o problema do ensino médio no país. O índice mostrou que continuamos falhando especialmente na última etapa da educação básica. Os alunos continuam indo mal e largando a escola.

O problema é realmente sério. Quem me conhece minimamente sabe que eu adoro estudar –o que, inclusive, acabou me levando a pesquisar e a escrever sobre educação. E até eu, que amo aprender, quase larguei o ensino médio durante a minha adolescência.

Aluno chega à escola de peito estufado e sai de cabeça baixa

Educação só funciona se aluno estiver emocionalmente envolvido

Assim como acontece com a maioria dos alunos, eu fui me desconectando da escola. No começo, eu acordava animada para ir para a escola, gostava da “tia” e das brincadeiras do recreio. Aos poucos, isso foi se perdendo.

Conforme a escola avançava, eu deixava de ter uma relação afetiva com aquilo. A escola passou a me dar medo: da bronca, da nota baixa, da prova, do bullying. Eu mal sabia o nome dos meus professores no começo do ensino médio porque eram muitos –hoje, são 13 disciplinas que compõem o quadro escolar nessa etapa. Eles também não sabiam o meu nome. Eu tinha um número na minha sala: 33.

Eu gostava de fazer contas, mas comecei a lidar mal com elas no ensino médio. A minha paixão pela lógica foi substituída pelo terror à memorização de fórmulas da matemática e da física –aliás, eu não tinha a mais vaga ideia de quão linda pode ser a física, da escala nanométrica à astronomia. Eu detestei física do começo ao fim, até chegar à faculdade.

SONO

Toda noite, durante o ensino médio, eu ia dormir preocupada com a escola. Perdia o sono e, no dia seguinte, mal conseguia acordar antes das 6 horas para estar na aula às 7 horas. Mais tarde, lendo estudos de educação e de psicologia, descobri que, por questões fisiológicas mesmo, os adolescentes têm dificuldades de acordar cedo. A cabeça deles simplesmente não funciona de manhã. Ora, então por que diabos as aulas no ensino médio até hoje começam às 7 horas nas redes pública e privada?

Pois é. É uma tortura mesmo.

Deixei de ver sentido nas horas que passava nas aulas. Todos os dias, chegava em casa e fazia um balanço do que havia aprendido. Na maioria das vezes eu concluía que tinha aprendido coisas “inúteis” porque não via conexão daquilo com a minha vida. E, já que eu não tinha aprendido nada, como pensava, por que eu estava na escola?

Essa é a sensação relatada pela maioria de quem larga os estudos nessa fase: a escola parece perda de tempo. E, no Brasil, muita gente desiste: metade de quem entra na escola não termina os estudos no ensino médio! Claramente temos um problema sério que estamos ignorando.

Por sorte, meus pais não me deixaram desistir. Discutimos ao longo de todo o meu 1º ano do ensino médio o que eu faria da vida, cheguei a mudar da escola. Resolvi seguir nos estudos mediante um plano: eu iria trabalhar nas horas vagas depois da escola e, com o dinheiro poupado, faria intercâmbio no 2º ano do ensino médio. Isso me segurou.

Fui e, lá fora, no Reino Unido, as aulas começavam mais tarde e eu podia fazer disciplinas extracurriculares. Mais independente, comecei a circular sozinha pela cidade, ir a museus e ao cinema. Conheci novos livros. Continuei trabalhando depois da escola.

Quando voltei da empreitada, já estava no 3º ano do ensino médio, preparando-me para o vestibular. Resolvi terminar, faltava pouco! Aos 17 anos, entrei em um curso concorrido de jornalismo em uma universidade estadual paulista. Ufa. E nunca mais parei de estudar.

Toda vez que escrevo sobre os problemas do ensino médio, conto um pouco da minha história. Eu, que amo estudar, e que agora estou planejando até um pós-doutorado, quase parei a escola na minha adolescência. Isso me parece bem grave.

A escola brasileira tem o poder de acabar com o ânimo de seus alunos –e os culpa por isso. Até quando vamos ignorar esse nosso fracasso?

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Governo atrasa pagamento de bolsistas da graduação e da pós https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/09/governo-atrasa-pagamento-de-bolsistas-da-graduacao-e-da-pos/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/09/governo-atrasa-pagamento-de-bolsistas-da-graduacao-e-da-pos/#respond Tue, 09 Aug 2016 22:54:37 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2639 Quem tem bolsa de pesquisa da Capes ou do CNPq, as duas agências federais que fomentam a ciência no país, pode ter levado um susto neste mês. O pagamento de parte dos bolsistas, previsto para entrar no 5º dia útil de cada mês, ou seja, sexta-feira (5), ainda não caiu.

Desde segunda-feira (8), o Abecedário recebeu pelo menos 30 mensagens de bolsistas de iniciação científica, de mestrado e de doutorado –das duas agências federais– reclamando que ficaram sem receber o benefício neste mês de agosto. Alguns pesquisadores disseram que entraram em contato com o governo, mas ficaram sem resposta.

Agência corta 20% das bolsas nacionais de pesquisa na graduação

Capes e CNPq informaram ao blog que parte dos bolsistas teve atraso no pagamento por “problemas técnicos”. A Capes diz, em nota, que “os bolsistas que não receberam o benefício terão as mensalidades creditadas em suas contas até o fim desta semana”. De acordo com o CNPq, o pagamento será feito em até 48 horas –o que coincide com o fim desta semana.

Uma das bolsistas que falou com a reportagem disse que o atraso recorrente nas bolsas tem causado “desespero” entre quem recebe o benefício. “Todos os meses ficamos nessa mesma apreensão”, diz. “Nunca sabemos quando vamos receber o dinheiro.”

‘SALÁRIO’

A bolsa de pesquisa é uma espécie de salário, sem vínculo empregatício, que os cientistas recebem por um tempo durante a realização de uma pesquisa na graduação (o que é chamado de iniciação científica) ou na pós-graduação. Para se ter uma ideia, a bolsa na graduação é de R$400 mensais e chega a R$2.200 no doutorado.

Pesquisadores empregados não podem receber o benefício. Ou seja, a bolsa é a principal fonte de renda de quem estuda e produz ciência no país.

“Minha sorte é que recebo uma bolsa extra de R$ 550 de estágio docente aqui na universidade, senão eu não teria R$2,00 para o bandeijão!”, disse um bolsista de doutorado, em redes sociais. Outra bolsista disse que, se suas aulas no Rio não tivessem sido interrompidas por causa das Olimpíadas, ela não teria como pagar pelo transporte até a universidade.

O atraso das bolsas coincidiu com um anúncio de corte de 20% das bolsas de iniciação científica do CNPq por falta de recursos, o que causou reação no meio acadêmico. A biomédica Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) chamou o corte de bolsas de “tragédia”. “Estamos vivendo um dos piores tempos da história da ciência do país em termos de cortes de recursos.”

Bolsistas estudando em universidades do exterior, pelo programa Ciência sem Fronteiras, também estão insatisfeitos. A principal reclamação é o imbróglio na renovação da concessão do bolsa de quem faz doutorado pleno no exterior, em até quatro anos. Esse processo é anual, mas a análise do pedido de renovação tem demorado mais do que o esperado –o que acaba interrompendo o benefício de alguns bolsistas.

Em julho, o governo anunciou a liberação de R$ 568,3 milhões extraorçamentários para o pagamento de bolsas de pós-graduação especificamente da Capes, incluindo do programa de intercâmbio Ciência sem Fronteiras. Na ocasião, o ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que “as bolsas da Capes estão mantidas” e  disse que “os estudantes bolsistas podem ficar tranquilos.”

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‘Escola sem partido’ propõe pluralismo de ideias, mas vai contra o debate https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/escola-sem-partido-propoe-pluralismo-de-ideias-mas-vai-contra-o-debate/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/escola-sem-partido-propoe-pluralismo-de-ideias-mas-vai-contra-o-debate/#respond Mon, 01 Aug 2016 21:11:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2613 Muita gente tem se manifestado sobre o Programa Escola sem Partido, proposta de 2015, do procurador do Estado de São Paulo Miguel Nagib, que pretende incluir na legislação de educação brasileira, a LDB de 1996, nove artigos que tratam dos princípios da escola e dos deveres dos professores. Ok, vamos lá.

O projeto define, por exemplo, que as escolas devem ter “neutralidade política, ideológica e religiosa”. Diz, por exemplo, que escolas confessionais “cujas práticas educativas sejam orientadas por concepções, princípios e valores morais, religiosos ou ideológicos” devem obter dos pais ou responsáveis pelos estudantes uma autorização expressa para a veiculação de conteúdos.

Até aí, tudo bem, faz sentido: algumas escolas religiosas, por exemplo, ensinam que Deus criou homem e mulher –o chamado “criacionismo– e afirmam que o evolucionismo deve ser considerado apenas para o vestibular. Bom, parece importante que pais sejam claramente avisados de que seus filhos aprenderão esse tipo de conteúdo, dessa forma.

Folha realiza debate sobre Escola sem Partido na quarta; inscreva-se

Artigo: Movimento Escola sem Partido é um partido cheio de contradições

Opinião: Quem tem medo do Escola sem Partido?

O problema é que a proposta não para por aí. O projeto define, também, por exemplo, que “o Poder Público não se imiscuirá na orientação sexual dos alunos”. Opa! Temos um problema aqui. Sabemos que um dos principais motivos de abandono da escola pelas meninas é justamente a gravidez precoce. Não seria o caso de, no sentido oposto do que o projeto propõe, levar esse tema à sala de aula? E de discutir, como já sugeri aqui, neste blog, assuntos atuais e urgentes como a violência contra mulheres e homossexuais?

Mais: de acordo com a proposta, o Estado não fará “aplicação dos postulados da teoria ou ideologia de gênero”. Bom, sabemos, no mínimo, que muitas meninas decidem não seguir carreiras de exatas justamente porque entendem que matemática, física ou tecnologia não é coisa para elas. Enquanto as escolas de países desenvolvidos caminham no sentido de trabalhar a ideia de gênero e profissões, por exemplo, parece assustador ignorar esse tema na escola brasileira.

DEMANDA

O movimento Escola sem Partido não surge numa virada de noite, mas atende uma demanda emergente de pais, que se indignaram com imagens recentes de professores doutrinadores. Teve vídeo de sala de aula pipocando na internet sobre isso e tudo mais. Ok, isso é válido, mas o movimento surge com a proposta de “pluralismo de ideias” e acaba indo contra o debate em sala de aula simplesmente porque o cerceia por meio de uma lei.

A proposta é filha da Lei Escola Livre, recentemente aprovada em Alagoas, que estipula como dever do professor abster-se de introduzir “conteúdos que possam estar em conflito com as convicções morais, religiosas ou ideológicas dos estudantes ou de seus pais ou responsáveis”. Esse trecho, como escreve Miguel Nagib, foi retirado do Escola sem Partido porque “poderia impedir a abordagem de conteúdos científicos ou factuais em sala de aula, o que seria, além de indefensável do ponto de vista educacional, incompatível com a Constituição.” Ok.

Vale ainda lembrar que o projeto ignora a formação de professores. Ora, sabemos que cursos de licenciatura são recheados de teoria, inclusive já tratamos disso nesta Folha. Se a ideia é debater a doutrinação na sala de aula, o caminho não seria começar pela formação de quem dá aula? É importante que os próprios docentes identifiquem se estão expondo ideias ou trilhando o caminho da doutrinação.

Precisamos levar o debate para a sala de aula, temos de fazer com que nossos meninos e meninas reflitam, falem e escrevam sobre tudo o que está ao nosso redor. A escola tem de formar cabeças pensantes e indignadas, no lugar de criar um monte de reprodutores de conteúdo. Limitar o papel da escola e colar cartazes com “deveres do professor” não parece ser, nem de longe, uma solução.

 

 

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Como explicar na escola ‘dois homens se beijando’? Aqui vão algumas dicas. https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/como-explicar-dois-homens-se-beijando-na-escola-aqui-vao-algumas-dicas/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/como-explicar-dois-homens-se-beijando-na-escola-aqui-vao-algumas-dicas/#respond Mon, 20 Jun 2016 22:53:56 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2582 O recente atentado na boate gay Pulse, em Orlando (EUA), considerado o maior dos EUA desde o 11 de setembro, trouxe um debate nas redes sociais que vale ser trazido para este blog. Muita gente se manifestou contra a homossexualidade sob o argumento de que é “difícil explicá-la para as crianças”. O Abecedário reuniu, então, algumas dicas de como tratar o tema com os estudantes.

Há uma literatura infantil considerável que aborda  homossexualidade livre de preconceitos. Os títulos em inglês e em alemão (a Alemanha se preocupa há tempos com o tema!) são mais diversos e mais antigos, mas também é possível achar obras bacanas e recentes na nossa língua portuguesa.

Sobre relacionamento gay, duas boas sugestões em português são as obras infantis “Meus dois pais”, do autor conhecido por suas novelas Walcyr Carrasco (2010, ed. Ática), e “Olívia tem dois pais”, de Márcia Leite (2010, Cia das Letras) –esse último lindamente ilustrado.

Leia artigo de Julio Wiziack: Homofobia

Muita gente pode dizer que, ah, não quer falar sobre relacionamento gay com seus filhos ou com seus estudantes –especialmente em escolas confessionais. Ok, então vale conhecer a literatura infantil que trata de preconceito de maneira ampla. É o caso de “Meu amigo Jim”, de Kitty Crowther (Cosac Naif, 2007). O livro se debruça sobre as diferenças ao contar a história da amizade entre um pássaro todo preto e uma gaivota branquinha.

Vejam que interessante: a obra de Crowther pode servir como base para debater, em sala de aula ou em casa, o preconceito racial ou de gênero –que ainda fere e mata mundo afora.

Títulos em outros idiomas sobre o tema também podem ser usados de maneira multidisciplinar em sala de aula. O curso de inglês para crianças, por exemplo, pode trazer a leitura de obras como “The Princes and the Treasure” (“Os príncipes e o tesouro”, Handsome Prince Publishing, 2014), de Jeffrey Miles. Trata-se de um conto de fadas que termina com o casamento entre dois príncipes.

Outra dica adicional à leitura é a escrita. Pedir que os alunos produzam desenhos ou textos, dependendo do ano escolar, sobre homossexualidade e preconceito pode ser uma ótima forma de fazer com que reflitam e discutam o assunto em sala de aula. Produzir, aliás, é considerado por especialistas em educação o meio mais efetivo de reflexão na escola.

Falar sobre relacionamento gay e preconceito com nossas crianças e jovens é urgente. Não se trata de “incentivar” a homossexualidade, como alguns argumentam, mas de abordar o tema de maneira clara em um país em que o casamento gay é permitido por lei e que a definição de “família” foi alterada.  Mais: o Brasil é o país que mais mata homossexuais em todo o mundo, de acordo com o movimento LGBT internacional. Não podemos mais ignorar isso.

Se é difícil falar sobre homossexualidade com nossas crianças, mais difícil ainda –para não dizer impossível– será explicar a violência contra os gays.

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O que as melhores universidades do mundo podem ensinar ao nosso governo https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/o-que-as-melhores-universidades-do-mundo-podem-ensinar-ao-nosso-governo/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/o-que-as-melhores-universidades-do-mundo-podem-ensinar-ao-nosso-governo/#respond Wed, 01 Jun 2016 15:27:29 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=2556 Os Estados Unidos concentram sete das dez melhores universidades do mundo, de acordo com avaliações internacionais como o THE (Times Higher Education). São escolas muito boas porque têm corpo docente de altíssimo nível, recursos e os melhores alunos do mundo, que criam soluções bastante criativas para os problemas de nossa sociedade.

Como essas universidades conseguem isso? Com diversidade. As universidades norte-americanas têm uma política fortíssima de diversidade étnica, racial, social e de gênero de seus alunos. A ideia é formar turmas mais heterogêneas possível –algo bem diferente do que o novo governo está fazendo.

Queda da USP em ranking mostra deterioração da imagem do Brasil

Explico. Uma universidade como Harvard (Boston, EUA) –6ª melhor do mundo no ranking de universidades THE e 1ª na listagem de Shangai– tem, em média, 20% de seus alunos vindos de outros países. São chineses, sul coreanos, sauditas, indianos, latinos.

Mais: Harvard, assim como as universidades de ponta no mundo, tem uma intensa política de prospecção de bons alunos, incluindo aqueles que não podem pagar pelo curso. A universidade visita escolas públicas, vai atrás de competições de empreendedorismo jovem, de olimpíadas internacionais de física e de matemática, busca os melhores estudantes em cursos on-line livres de plataformas como Coursera e EdX.

Se Harvard encontrar um bom estudante que não pode pagar pela taxa anual, que gira em torno de U$60 mil (cerca de R$200 mil), a universidade garante uma bolsa de estudos integral. O aluno tem direito às aulas, material escolar, moradia, alimentação e plano de saúde. É mais do que as nossas universidades públicas brasileiras oferecem por aqui.

Esse mix de boas cabeças diferentes, com diversos backgrounds, histórias de vida, culturas, religiões, orientação sexual e visões de mundo, forma turmas riquíssimas de alunos. Imagine uma sala de aula de um curso de medicina ou de economia que misture as melhores cabeças do mundo em diversas etnias, sexo e classe social? Pois é.

FACEBOOK

Os resultados são as melhores soluções para os problemas de nossa sociedade. É de universidades com foco em diversidade que saem ideias disruptivas como o Facebook, o LinkedIn, o Airbnb, o Uber e onde se formam os CEOs e líderes das principais instituições e empresas do mundo.

Por falar em empresas, muitas seguem a lógica das universidades norte-americanas ao formar seus quadros de liderança e conselhos. Há estudos que mostram que cúpulas heterogêneas deixam as empresas 25% mais produtivas do que aquelas formadas apenas por homens brancos –como tende a acontecer em cargos de liderança no setor produtivo mundo afora.

Agora vamos voltar ao Brasil. E vamos extrapolar. Se o novo governo fosse uma sala de aula de uma universidade, seria composta por alunos homens, brancos, com orientação política parecida e background bastante similar. São pessoas que enfrentaram os mesmos desafios e obstáculos, que fazem uma mesma leitura da vida. E que, consequentemente, têm pouca diversidade na solução de problemas. Basicamente, são pessoas que pensam igual.

A diversidade de pessoas em uma universidade, empresa ou governo é necessária não apenas para atender o movimento feminista, a demanda das minorias, a representação racial. Não é só isso. A diversidade é necessária para termos, afinal, diversidade na solução dos problemas, para aumentar a criatividade, a produtividade. E, parece-me, o Brasil está extremamente carente de boas, criativas e produtivas soluções.

 

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