Abecedário https://abecedario.blogfolha.uol.com.br Universidades, escolas e rankings Mon, 10 Dec 2018 18:26:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 MEC deve apresentar ‘base curricular de professores’ nos próximos dias https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/12/10/mec-deve-apresentar-base-curricular-de-professores-nos-proximos-dias/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/12/10/mec-deve-apresentar-base-curricular-de-professores-nos-proximos-dias/#respond Mon, 10 Dec 2018 17:47:07 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/rossiele-320x213.jpg https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3478 O Ministério da Educação deve apresentar nos próximos dias uma referência para orientar os currículos dos cursos de licenciatura e de pedagogia de todo o país. São as graduações que formam os professores que dão aula em todas as escolas brasileiras.

A ‘base nacional curricular de professores’ será encaminhada pelo MEC  para avaliação do CNE (Conselho Nacional de Educação). A expectativa é que o órgão debata o conteúdo curricular por cerca de dois anos antes de chegar à versão final do documento. Se isso acontecer, a implementação da nova base deve começar em 2023.

O processo será semelhante ao da aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que, nesse caso, orienta a elaboração de currículos para o ensino infantil, fundamental e médio. A BNCC passou por cinco ministros de educação e foi aprovada na gestão do atual ministro Rossieli Soares da Silva. A última parte da BNCC, referente ao ensino médio, foi aprovada em novembro.

O ministro tem enfatizado que habilidades básicas de quem dá aula estejam na ‘base nacional curricular de professores’ — e, consequentemente, em todos os cursos que formam professores no país. De acordo com ele, hoje há diferenças muito grandes entre o que é ensinado em licenciatura e em pedagogia em diferentes instituições.

A iniciativa da base curricular de professores, no entanto, tem torcido o nariz especialmente de universidades públicas — que têm autonomia pedagógica, mas devem seguir as determinações do CNE.

Já nas instituições privadas de ensino superior, de onde sai a maioria dos professores do país, a principal preocupação é com os cursos de graduação a distância. Hoje, metade das matrículas em pedagogia no país são em cursos online.

O encaminhamento da ‘base nacional curricular de professores’ do MEC ao CNE deve ser a última tacada de Rossieli da Silva na pasta. O ministro — que já foi secretário estadual de educação no Amazonas — está de mudança para São Paulo, onde assume a Secretaria Estadual de Educação na gestão do governador eleito João Dória (PSDB).

 

 

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Brasileiro assume grupo ligado à Unesco que trata de rankings universitários https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brasileiro-assume-grupo-ligado-a-unesco-que-trata-de-rankings-universitarios/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/06/28/brasileiro-assume-grupo-ligado-a-unesco-que-trata-de-rankings-universitarios/#respond Thu, 28 Jun 2018 12:33:16 +0000 https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Luiz-CláudioIREG-320x213.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=3231 O matemático Luiz Cláudio Costa, ex-presidente do Inep-MEC (até 2012) e professor aposentado da Universidade Federal de Viçosa, dentre outras credenciais, acaba de assumir a principal referência mundial em rankings universitários: o Observatório de Rankings Acadêmicos e de Excelência (IREG, na sigla em inglês) ligado à Unesco.

Criado em 2009, a ideia do observatório é acompanhar e discutir em uma reunião anual as metodologias e os impactos de rankings universitários nacionais e internacionais de todo o mundo — como o RUF (Ranking Universitário Folha). O RUF, aliás, apresentou sua metodologia na reunião anual do IREG em 2013, em Varsóvia, na Polônia.

Para se ter uma ideia, a estimativa é que existam hoje cerca de 20 rankings globais de universidades, que analisam e comparam instituições de todo o mundo, e mais de 60 rankings nacionais como o RUF. Essas avaliações olham para indicadores como produção científica de cada instituição, nível de formação dos docentes e taxa de evasão dos alunos.

O primeiro deles, do jornal U.S.News (EUA), o “U.S. News & World Report”, surgiu em 1983 com objetivo de orientar alunos estrangeiros que buscavam estudar daquele país. Vale lembrar que em boas universidades americanas, cerca de um em cada cinco alunos vem de países como China e Arábia Saudita. O ranking é publicado anualmente até hoje e inspirou listagens de países como Canadá, México, Chile e do Brasil (caso do RUF).

A questão é que, como mostra a literatura acadêmica na área, rankings universitários impactam a decisão de alunos, a gestão de universidades de todo o mundo e as políticas públicas voltadas ao ensino superior. Uma das ideias da gestão de Costa no IREG, diz, é avaliar se rankings universitários têm melhorado a qualidade do ensino superior de todo mundo. “Também vamos discutir em profundidade o desbalanço que hoje existe nos rankings em favor das atividades de pesquisa em relação as atividades de ensino. É muito difícil medir ‘qualidade de ensino'”.

O blog conversou com Luiz Cláudio Costa com exclusividade. O especialista elogiou os conceitos e pressupostos do RUF, que considera “muito adequados à realidade brasileira”. Acompanhe a seguir a conversa.

Abecedário – Por que é importante que a Unesco se volte ao tema dos rankings universitários como tem feito por meio do IREG?
Luiz Cláudio Costa – A Unesco é uma importante organização que tem um forte vinculo com a educação. É muito importante quando falamos de educação superior e de avaliação, com o objetivo de melhorar a qualidade, termos dados e metodologias bem definidas. Esse é um papel que a Unesco deve ter, auxiliar na discussão de metodologias, na definição de alguns termos e até mesmo no uso dos rankings. A instituição já fez uma publicação sobre o assunto em 2013 (“Rankings and Accontability in Higher Education, Uses and Misuses”). Ela foi parte importante na criação do IREG, mas precisamos fortalecer o diálogo com a Unesco para que a sociedade, pesquisadores e as próprias instituições tenham mecanismos para analisar sua performance e propor melhorias para o ensino superior.

O que pretende abordar na sua gestão no IREG?
Já apresentei alguns temas que pretendo priorizar, dentro do pressuposto de que a avaliação só tem sentido se induzir melhoria de qualidade, e esse deve ser o adequado uso dos rankings. Vamos fazer uma discussão durante todo esse ano e apresentaremos os resultados em 2019 na Universidade de Bologna (Itália), se ao longo dos anos,  considerando o marco do ranking de Shangai Ranking em 2003 [primeiro ranking a a avaliar universidades de todo o mundo, feito na China],  os rankings contribuíram para a melhoria de qualidade nas universidades. Vamos convidar algumas universidades para falar de suas experiências.
Também criei um grupo de estudo para definir aquilo que chamamos de “semântica dos rankings”, por exemplo, o que significa “full time students” [estudantes em período integral]. Entendo que é preciso que os rankings tenham uma certa padronização em seus conceitos. Da mesma forma, estaremos discutindo em profundidade o desbalanço que hoje existe nos rankings em favor das atividades de pesquisa (é mais fácil de medir publicações de alto impacto) em relação às atividades de ensino. É muito difícil medir “qualidade de ensino”. Hoje a maioria dos rankings trabalha com “reputação”. Esse é um grande desafio.

Hoje a literatura já fala em 60 rankings nacionais de universidades e mais de 20 rankings internacionais. Na sua opinião, por que os rankings viraram um fenômeno tão grande?
Veja, estamos tratando de um tema que é muito caro à sociedade: educação de qualidade. É um bem social no qual cada vez mais as pessoas investem tempo e dinheiro. É portanto importante ter alguns parâmetros  para se medir a qualidade das instituições de ensino superior. É também importante para o país, para os governantes saber que as suas instituições estão produzindo educação e conhecimento de qualidade. Cada vez mais os rankings ganham a atenção da sociedade. É um fenômeno que veio para ficar. 

Há algum ranking de universidades no mundo que ache particularmente interessante?
Acho muito interessante o conceito do THE [Times Higher Education, que é britânico] e do QS University Rankings [também britânico, elaborado inicialmente junto com o THE], mesmo que tenham algumas restrições na forma que eles avaliam o ensino. Dos rankings nacionais o “U.S. News & World Report” se destaca. Gosto muito dos conceitos e pressupostos do RUF, muito adequados à realidade brasileira. Tem um novo ranking, que eu estou chamando da segunda geração dos rankings, o “Moscow University Ranking (MosIUR)”, que vale a pena observar. Eles estão tentando responder as perguntas corretas e necessárias, por exemplo, como buscar indicadores para medir a qualidade do ensino e a relação da universidade com a sociedade (extensão).

No caso do Brasil, há algo que seja importante avaliar quando se trata de qualidade nas universidades que ainda não esteja sendo analisado?
O Brasil tem uma tradição histórica de avaliação realizada pelo Estado, como indutor de qualidade. Essa tradição começa na pós-graduação e, na graduação, veio o Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), do Inep-MEC. Apesar dos avanços, uma das dificuldades do Sinaes é que as suas avaliações também têm repercussão nos processos de regulação e supervisão, e alguns de seus indicadores precisam ser revistos. Um deles, por exemplo o Conceito Preliminar de Curso (CPC), que na realidade não é um conceito e não é preliminar, mas é sim um indicador de qualidade curso. Deveria ser usado com esse objetivo. Enfim temos avanços. Fora do governo, como já disse anteriormente, o RUF trouxe avanços e um outro olhar, como por exemplo, empregabilidade. Acho que precisamos ainda avançar no acompanhamento da trajetória do egresso.

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Dilma vai concluir mandato sem saber se Ciência sem Fronteiras deu certo https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/08/10/dilma-vai-concluir-mandato-sem-saber-se-ciencia-sem-fronteiras-deu-certo/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/08/10/dilma-vai-concluir-mandato-sem-saber-se-ciencia-sem-fronteiras-deu-certo/#respond Mon, 10 Aug 2015 22:49:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1978 Uma das maiores frustrações de quem elabora políticas de educação é a demora para que os resultados comecem a aparecer. Com a presidente Dilma Rousseff não será diferente: a petista deve terminar o mandato sem saber se uma das principais bandeiras da sua gestão –o programa Ciência sem Fronteiras– funcionou para valer.

A ideia era enviar 100 mil estudantes brasileiros de ensino superior, de graduação e de pós, para passar um tempo em universidades estrangeiras. A proposta é que esses estudantes, ao retornarem ao Brasil, consigam trazer um pouco do que aprenderam lá fora entre os melhores e, assim, promovam algumas mudanças. O problema é que os impactos desse tipo de intercâmbio internacional em massa só começam a ser sentidos um tempão depois do retorno desses estudantes.

O programa federal já consumiu mais de R$ 3 bilhões do orçamento público de dois ministérios (de Ciência, Tecnologia e Inovação e de Educação). É muito dinheiro. Hoje, está bem perto das metas: 70 mil brasileiros já foram estudar lá fora e voltaram desde que o programa foi lançado, há quatro anos. Ainda há 30 mil deles no exterior.

De quem participou do CsF, um em cada três bolsistas foi para os Estados Unidos, onde estão as melhores universidades que existem.

Entre as escolas preferidas pelos brasileiros nos EUA estão a Universidade da Califórnia, a Universidade do Estado da Califórnia e a Universidade do Estado de Nova Iorque –instituições que figuram entre as 40 melhores do mundo, de acordo com o último ranking britânico de universidades “THE”. Para se ter uma ideia do que isso significa, a melhor do Brasil, a USP, não está nem entre as 200 melhores do mundo nesse mesmo ranking.

“Esses meninos vão transformar a ciência nacional”, diz a bióloga Helena Nader, presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Ela é tão entusiasta do programa que acabou criando uma espécie de tradição: desde 2012, a reunião anual da SBPC sempre traz uma sessão especial com relatos de ex-bolsistas do programa federal. Todos animados, cheios de ideia. Sim, dá gosto de ver.

MODELO CHINÊS

O projeto, no entanto, não é exatamente novo: o que o Brasil está fazendo agora é mais ou menos o que a China começou a fazer há alguns anos com o objetivo único de desenvolver o país.

Hoje, um em cada três estudantes estrangeiros nos Estados Unidos, adivinhe, é chinês! São mais de 300 mil chineses circulando agora em universidades de ponta dos EUA. A maioria deles está matriculada em áreas como administração, engenharias e computação –que são justamente algumas das prioridades do programa de intercâmbio brasileiro (para o desgosto e chororô de quem é de Humanas).

Quem está nos EUA, seja pelo CsF ou por outro tipo de apoio, relata uma espécie de mudança de comportamento nas universidades de elite: “A presença de brasileiros nas universidades dos EUA fez com que os americanos tivessem contato com um Brasil que eles desconheciam”, explica Eduardo Rubini, 19, que estuda economia na Universidade de Chicago. “Eles viram que não somos apenas uma república das bananas.”

Sim, a presença de brasileiros “top” em escolas igualmente “top” mundo afora pode estimular a colaboração entre o Brasil e países mais desenvolvidos. Esse é outro resultado do programa bem difícil de mensurar. Coincidência ou não, o número de estudantes dos EUA no Brasil mais do que dobrou de 2003 a 2013, passando de 1.554 para 4.223 –e ainda deve aumentar, se der certo a versão estadunidense do Ciência sem Fronteiras, encabeçado pelo presidente Obama (leia aqui).

Por aqui, no Brasil, há quem diga que corremos o risco de que alguns dos beneficiados pelo intercâmbio acabem ficando em território estrangeiro, fenômeno conhecido como “fuga de cérebros”. Sim, é um risco maior no Brasil do que na China, país ditatorial. Mas, afinal, o que será de um país que não pretende correr riscos?

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USP e FGV vão oferecer disciplina conjunta sobre empreendedorismo https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/05/21/usp-e-fgv-vao-oferecer-disciplina-conjunta-sobre-empreendedorismo/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/05/21/usp-e-fgv-vao-oferecer-disciplina-conjunta-sobre-empreendedorismo/#respond Thu, 21 May 2015 15:29:00 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1910 A FGV (Fundação Getúlio Vargas), melhor escola particular de administração do país, e a Poli-USP, melhor pública em engenharias, vão assinar nesta quinta-feira (21) uma parceira inédita para oferta de uma disciplina conjunta em empreendedorismo. A ideia do curso é capacitar alunos de graduação das duas escolas para a criação de novos negócios de base tecnológica, ou seja, novas soluções que evolvem tecnologia.

Em universidades ‘top’, quem não empreende é ‘loser’

RUF: veja os melhores cursos em administração e engenharia

O curso, denominado “Criação de negócios tecnológicos”, será opcional para os alunos de graduação das duas escolas. As aulas serão cada semana em uma instituição, de forma alternada, e vão contar com docentes da Poli-USP e da FGV.

Essa será a primeira vez que o curso será oferecido nesse formato. As duas escolas já tinham feito uma experiência em caráter embrionário com 30 alunos da FGV e da Poli-USP –mas as aulas aconteciam só na FGV e os docentes também eram apenas da escola de administração.

Esse grupo “embrionário”, de acordo com Tales Andreassi, professor e vice-diretor da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP, também contou com mentores. São empreendedores convidados para dar coaching aos grupos, falar sobre suas respectivas trajetórias e ensinar a empreender.

Entre os negócios que estão em desenvolvimento pelos alunos do grupo “embrionário” estão, por exemplo, uma solução de otimização de uso da água para irrigação agrícola e uma solução para monitoramento remoto de saúde de pacientes.

ALÉM DOS MUROS

A experiência conjunta das duas escolas –uma privada e uma pública– é interessante porque aproxima duas áreas que ainda estão separadas por muros nas instituições de ensino superior do Brasil: o conhecimento em administração e em tecnologia, imprescindível para boa parte dos empreendedores. Juntas, uma escola se beneficia do conhecimento da outra.

Quem já empreende sabe o quanto é importante aliar administração e tecnologia. Em entrevista à Folha há cerca de um ano, o criador da empresa Buscapé, Romero Rodrigues, que se formou na Poli-USP há mais de dez anos, contou que chegou a fazer algumas disciplinas na vizinha FEA-USP, em gestão e em marketing, enquanto estudava engenharia.Ele fez isso por conta própria, nas poucas horas vagas que tinha durante o curso de engenharia.

Agora, a disciplina conjunta da FGV e da Poli-USP sinaliza uma preocupação das duas escolas no sentido de interdisciplinariedade, de misturar conhecimentos e de estimular alunos para empreender. No lugar de usar horas vagas para estudar empreendedorismo, a tendência é que os alunos dessas escolas tenham o empreendedorismo cada vez mais como sua prioridade. É assim, aliás, que funciona nas melhores instituições de ensino do mundo.

A Poli-USP já tem sinalizado há alguns anos uma preocupação cada vez maior em empreendedorismo e inovação. Há dois anos, colocou em funcionamento o InovaLab@POLI, um laboratório multidisciplinar aberto, dentro da Poli-USP, que pode ser utilizado pelos alunos da USP para a realização de trabalhos de diversas disciplinas. De acordo com o professor Eduardo Zancul, vice-coordenador do InovaLab@POLI, mais da metade dos frequentadores do espaço vem de cursos fora das engenharias.
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Em tacada estratégica, Dilma escolhe professor de ética para Educação https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/03/27/em-tacada-estrategica-dilma-escolhe-professor-de-etica-para-educacao/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/03/27/em-tacada-estrategica-dilma-escolhe-professor-de-etica-para-educacao/#respond Sat, 28 Mar 2015 00:29:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1825 Nenhum outro nome indicado para um dos 39 ministérios do governo Dilma Rousseff foi escolhido tão estrategicamente quanto o novo ministro da Educação, anunciado nesta sexta-feira (27). Em meio a denúncias graves de corrupção, a presidente elegeu o professor de ética da USP, Renato Janine Ribeiro, 65, para o cargo. Uma tacada de mestre.

Explico. Renato Janine não é ligado a nenhum partido e não assume uma postura favorável ao governo. E ensina nada menos do que ética. Há pouco mais de uma semana, Janine, como é conhecido, deu uma ampla entrevista à revista “Brasileiros” na qual acusava o governo petista de transformar a inclusão social em um grande projeto de consumo. Nesta semana, publicou um artigo na Folha sobre a crise política atual intitulado “Tem razão quem se revolta”. Pois é.

Antes da demissão, Cid Gomes já estava ‘se estranhando’ na pasta

Com a escolha de Janine após a saída desastrosa de Cid Gomes, que ficou três meses no cargo, Dilma sinaliza uma preocupação com o debate ético no seu governo. Mais ainda: coloca um nome técnico, e não partidário, na pasta que, conforme ela própria declarou, é a mais importante do seu mandato e da “pátria educadora”.

DE SORBONNE A BRASÍLIA

Para quem entende de educação, a escolha de Janine foi um respiro aliviado. Nos últimos dias, especulou-se a nomeação de Gabriel Chalita, secretário municipal de educação de São Paulo, ou de algum reitor de uma universidade importante do país. Havia receio de que, assim como Cid Gomes, outro político que não fosse da área assumisse a pasta.

Renato Janine Ribeiro nunca foi reitor, mas é um nome forte e agrada a academia. É professor de ética e de filosofia na USP, melhor universidade do país, e fez mestrado em Sorbonne, França, reduto dos filósofos de elite da atualidade. Já ocupou cargo de gestão na Capes, que avalia o ensino superior do país, em conselhos no CNPq, maior agência de fomento à ciência do país, e na SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Mais do que isso: Janine é um pesquisador de referência na sua área, mas não fica enclausurado na academia como boa parte dos cientistas brasileiros. Fala com a imprensa, escreve textos de divulgação científica, usa redes sociais e tem um site em seu nome –com fotos– no qual fala sobre sua própria carreira e seus trabalhos. Escreve em francês, em inglês e em espanhol, é a favor da internacionalização. Assume posturas modernas em relação à universidade e críticas em relação ao governo como poucos cientistas fazem.

Ainda não estão claras quais serão as prioridades de Janine na educação. Não se sabe o que ele pensa sobre Enem, Enade, Fies. O que se sabe é que ele defende a ética e escreve que a corrupção será vencida “quando ela parar de servir de pretexto político de um lado contra o outro e for mesmo repudiada pela maior parte da população.” Quem sabe ele não consegue uma fórmula mágica para levar essa ética às escolas e às universidades?

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Antes de demissão, Cid Gomes já estava ‘se estranhando’ na pasta https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/03/19/antes-de-demissao-cid-gomes-ja-estava-se-estranhando-na-pasta/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2015/03/19/antes-de-demissao-cid-gomes-ja-estava-se-estranhando-na-pasta/#respond Thu, 19 Mar 2015 03:57:31 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1793 A gestão ligeira do ministro da Educação Cid Gomes, que pediu demissão à presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (18), menos de três meses após sua posse, já era esperada por gestores do MEC e por especialistas de educação. Segundo apuração do Abecedário, o chefe máximo de educação do país estava agindo de maneira isolada no ministério e tinha pouco apoio de especialistas em educação por falta de experiência na área –antes do MEC, Cid fora governador do Ceará.

O pedido de demissão veio após um desgaste com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), causada por uma declaração do ministro feita no final de fevereiro, na Universidade Federal do Ceará. Ele afirmou, entre outras frases polêmicas, que “a direção da Câmara será um problema grave para o Brasil” –e reforçou seu descontentamento recentemente diante de deputados.

Antes de tudo isso, porém, Cid já derrapava em decisões e agia isoladamente no ministério. Ele teria, por exemplo, viajado sozinho aos Estados Unidos, principal parceiro do programa Ciência sem Fronteiras (e pupila dos olhos da presidente Dilma), para saber detalhes do programa com instituições norte-americanas sem ter consultado previamente os seus coordenadores dentro do MEC.

Em outro episódio, na mesma semana em que alunos de escolas particulares se apinhavam em filas durante madrugadas para fazer o recadastramento no Fies (sistema de financiamento estudantil), o ministro estava nos Estados Unidos para participar de um evento. O sistema do Fies foi alterado recentemente e apresentou falhas; enquanto isso, Cid foi palestrar sobre educação e “as principais necessidades do país” na Universidade Yale, em uma conferência de três dias promovida pela Fundação Lemann.

A viagem do ministro ao exterior em um momento de crise do Fies teria causado mal estar internamente na pasta. Segundo apuração do Abecedário, o que se dizia é que Cid Gomes deveria estar no Brasil para responder à crise. “Ele poderia ter enviado um representante da pasta, como, aliás, geralmente se faz nesse tipo de evento”, disse um gestor interno do MEC.

MADRUGADAS

Desde o começo do mês, praticamente todos os alunos de faculdades particulares do Brasil –são 5,3 milhões de estudantes (quase 75% dos 7,3 milhões de matriculados no ensino superior de acordo com o censo 2013)– têm sofrido para fazer seu cadastro no Fies (leia mais aqui). O sistema apresentou uma série de falhas, que foram admitidas pela própria presidente Dilma Rousseff (leia aqui). As reclamações dos estudantes começaram antes da viagem do ministro ao evento de Yale, que aconteceu na primeira semana de março.

Além das falhas tecnológicas, muitos estudantes derraparam nas novas regras do sistema de financiamento. Isso porque só estão aptos a acessar ou renovar o Fies os estudantes de universidades que tiveram reajuste máximo de 6,4% no valor das mensalidades. O problema, dizem as escolas, é que o aumento inferir a 6,4% impede a manutenção dos quadros docentes. O MEC também determinou que , para ter financiamento, os alunos devem ter obtido nota mínima de 450 pontos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

Resultado: quem estuda em universidades com aumento superior a 6,4% ou quem obteve uma nota abaixo de 450 pontos no Enem perdeu o direito ao crédito estudantil, mesmo que já estivesse estudando. Pois é.

SEM CHEFE

Até a conclusão deste post, o comando da pasta de Educação seguia sem indicação de um novo nome. Entre especialistas de educação, um dos currículos mais lembrados é o do especialista em venenos de serpente e doutor em biologia molecular Jorge Guimarães, que está onze anos à frente da Capes (órgão do MEC responsável por políticas de ensino superior, como os sistemas de avaliação de programas de pós-graduação).

Guimarães, no entanto, teria entregue sua carta de demissão da Capes por estar insatisfeito com a nova gestão. Ele estaria apenas aguardando um sinal verde para deixar a pasta.

Além dos problemas de gestão, o Ministério de Educação também deve sofrer com um corte de cerca de 30% no seu orçamento neste ano. O tema “educação”, vale lembrar, foi destacado como assunto prioritário da gestão 2015-2018 no discurso de posse da presidente Dilma Rousseff.

 

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Escolas de São Paulo simulam eleição e promovem debates com candidatos https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/09/25/escolas-de-sao-paulo-simulam-eleicao-e-promovem-debates-com-candidatos/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/09/25/escolas-de-sao-paulo-simulam-eleicao-e-promovem-debates-com-candidatos/#respond Thu, 25 Sep 2014 14:00:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1396 Um levantamento feito pelo Abecedário mostra que as eleições chegaram de diversas formas à rotina de algumas escolas de São Paulo. As iniciativas, dizem as escolas, foram motivadas pelo interesse dos próprios alunos, que começaram a prestar mais atenção em política especialmente após as manifestações de junho de 2013 (leia aqui).

No Santa Maria (zona sul), os alunos do ensino médio estão promovendo debates com candidatos de verdade na própria escola. Na agenda, há candidatos a deputado federal de vários partidos, como Ailton Amaral (PSOL), Arnaldo Faria de Sá (PTB), Floriano Pesaro (PSDB), Goulart (PSD) e Nilto Tatto (PT). A escola também vai realizar, amanhã, 26 de setembro, uma simulação do voto. Os estudantes receberão título de eleitor para participar.

Na mesma escola, os alunos do 5º ano do ensino fundamental tiveram de criar grupos partidários para discutir propostas para a escola. A ideia é parecida com a proposta do colégio Pio XII, que fica no Morumbi (zona oeste). Lá, os alunos votam para escolher o representante de classe –e fazem, eles próprios, a apuração dos votos.

A proposta, diz a escola, é preparar os alunos para o processo eleitoral que enfrentarão no futuro. “Quando iniciamos o projeto, os alunos ficam mais atentos às propagandas eleitorais. Começam a trazer santinhos e contam em quem os pais votarão”, explica Paula Neves Fava Bon, coordenadora pedagógica da educação infantil do colégio.

No Humboldt, escola bilíngue (português e alemão) da zona sul, os alunos são convidados a escrever um projeto de lei para ser, hipoteticamente, encaminhado aos poderes legislativos, municipal e federal. A ideia, diz Marilu Faricelli, professora de história da escola, é identificar uma necessidade da sociedade para, depois, criar o projeto.

NA SALA DE AULA

As eleições também entraram na pauta das aulas em colégios como o Santo Américo (zona sul) e a Escola Internacional de Alphaville, instituição bilíngue localizada em Barueri, na Grande São Paulo. Nessas escolas, o tema das votações passam pelas aulas de história, geográfica e até matemática. 

Outras escolas, como o Mary Ward (zona leste), resolveram fazer debates sobre as eleições fora do conteúdo da sala de aula. A escola realizou um debate sobre a obrigatoriedade do voto no Brasil. “O objetivo é refletir com os alunos sobre o sistema de governo do país, a questão do voto obrigatório, quais países utilizam este sistema e a opinião deles sobre o tema”, afirma Alexandra Grassini, professora do colégio.

Quem quiser introduzir o tema das eleições na sala de aula pode usar o material do Plenarinho, que explica, de maneira interativa, o que são as eleições e como é o poder no Brasil. A linguagem é simplificada, ou seja, os estudantes podem visitar o site também de maneira autônoma.

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Em ranking que considera salário de egresso, Babson é melhor que Harvard https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/07/28/em-ranking-que-considera-salario-de-egresso-babson-e-melhor-que-harvard/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/07/28/em-ranking-que-considera-salario-de-egresso-babson-e-melhor-que-harvard/#comments Mon, 28 Jul 2014 20:00:52 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=1177 Alguém aí já tinha ouvido falar do Babson College? Eu não. Mas essa instituição de Massachusetts (mesmo estado do famoso MIT) acaba de ser classificada como a melhor dos EUA em um ranking lançado nesta segunda-feira (28).

O novo ranking de universidades dos EUA é da revista “Money” (“Dinheiro”), que é do grupo “Time”.

A ideia da publicação foi classificar as universidades dos EUA a partir de três principais critérios: qualidade do ensino, acessibilidade (em termos de custo) e os salários do ex-alunos –que o ranking chamou chamou de “valor agregado”.

Babson College foi a escola com o melhor custo-benefício na matemática dos gastos e dos salários. Surpresa geral. É uma instituição focada em business, muito parecida com a brasileira FGV. Tem pouco mais de 2.000 alunos. Nem aparece em rankings internacionais de universidades.

A graduação na Babson sai por quase R$ 430 mil o curso todo, incluindo gastos com moradia e com alimentação durante a graduação. Caro? Sim, bastante, é 7% mais cara que a famosa Harvard. Mas os estudantes deixam a escola com um salário médio inicial de R$ 10,8 mil mensais.

Bacana, não?

Outra vantagem é que quem estuda no Babson College sai empregado. Durante a graduação, diz a “Money”, os alunos são incentivados a fazer trabalhos voluntários, fazem estágios na região e também são estimulados a abrir o próprio negócio.

Isso é importante. Concluir o ensino superior com dívida e sem emprego não é muito animador.

CARREIRA E SALÁRIO

De acordo com a “Money”, quem entra na universidade está preocupado com isso: carreira, o primeiro emprego e o salário em médio e longo prazo. Isso é especialmente importante nos EUA, em que todas as universidades são pagas (e caras).

Ou seja: na hora de avaliar uma instituição de ensino superior e escolher em qual estudar, é preciso avaliar o “valor agregado”.

Os indicadores usados pela “Money” para avaliar as universidades , claro, são polêmicos. Ao considerar gastos e salários, o ranking não prioriza critérios usados pela maioria dos rankings universitários, como a produção científica de cada universidade.

Entende-se, internacionalmente, que uma boa instituição de ensino superior faz pesquisa científica de qualidade.

Para se ter uma ideia, Harvard, que coleciona 47 docentes com prêmio Nobel e é a melhor do mundo de acordo com o ranking de Xangai, ficou em 6º na lista da “Money”.

80 ALUNOS

Além do Babson College, outra surpresa da lista da “Money” é o Instituto Webb, que tem apenas 80 alunos no curso único de engenharia naval. É uma graduação “barata” para os padrões americanos (R$ 170 mil). O salário inicial de quem sai de lá salta aos olhos: cerca de R$12 mil.

Dentre comentários e críticas que li sobre a nova avaliação de universidades da “Money”, gostei de uma: agora, com a lista de “Money”, os estudantes dos EUA têm uma forma a mais para avaliar as universidades e para tomar sua decisão de onde estudar.

Antes, o “US News” tinha o monopólio de rankings de universidades naquele país, feitos há mais de 30 anos. Quanto mais informações, melhor.

 

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USP está falida, mas funcionários e docentes querem aumento https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/05/21/usp-esta-falida-mas-funcionarios-e-docentes-querem-aumento/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/05/21/usp-esta-falida-mas-funcionarios-e-docentes-querem-aumento/#comments Wed, 21 May 2014 23:18:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=913 Eu já escrevi isso aqui muitas vezes: a USP está falida. Só a folha de pagamentos da universidade consome 105% do seu orçamento. Não há dinheiro para mais nada.

Também já escrevi aqui no blog que estranho a pouca mobilização da comunidade uspiana para debater o problema.

Não vejo alunos funcionários e docentes se esforçando para encontrar soluções para a saúde financeira da universidade. Não há nenhuma comoção, proposta ou debate.

USP pode sair do vermelho cobrando por aulas e por estacionamento

Ninguém sabe o que acontece na USP, mas todos pagam a conta

Mas o que mais me causou estranheza até agora é a informação que acabo de receber: funcionários e docentes da USP acabaram de anunciar uma paralisação (leia aqui).

O motivo? Congelamento de salários.

A pauta é válida, é claro. Teve inflação então é preciso ter pelo menos um aumento salarial proporcional.

Mas, calma, vamos voltar ao lide deste texto: a USP está falida. É hora de pedir aumento? Ou de debater a crise financeira na qual a USP está mergulhada?

A universidade já recebe 5% do ICMS paulista que, neste ano, deve bater em R$ 6 bilhões. Precisa mesmo pedir mais?

CULPA DE QUEM?

Os argumentos que tenho encontrado sobre a atual crise da USP giram em torno de que o antigo reitor, João Grandino Rodas, fez uma péssima administração, saiu gastando dinheiro ao vento e agora todo mundo está pagando a conta (leia sobre isso aqui).

A culpa seria da gestão.

Para piorar o cenário, o antigo reitor foi o segundo colocado na eleição da USP em 2009 e, mesmo assim, foi escolhido pelo então governador José Serra (PSDB-SP) para comandar a universidade.

A culpa seria do governo.

Rodas se defende. Em artigo na Folha desta quarta-feira ele diz: “Mesmo com todos os investimentos realizados, uma reserva de mais de R$ 1 bilhão ficou disponível nos cofres da universidade para fazer face a eventuais sobressaltos na economia.”

Não estou dizendo que o governo ou a gestão anterior estavam certos. Tudo indica que não estavam.

Mas transferir a responsabilidade da crise atual na USP exclusivamente para a gestão e para o governo pode ser uma carta branca para que a comunidade uspiana não participe da solução do problema?

A resposta me parece um pouco óbvia.

Sigo sem entender o pouco envolvimento da USP com questões que dizem respeito a ela própria. Assim, a maior e melhor universidade do país vai seguir ladeira abaixo.

 

 

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Quanto deve ganhar um professor da USP? https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/04/17/quanto-deve-ganhar-um-professor-da-usp/ https://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2014/04/17/quanto-deve-ganhar-um-professor-da-usp/#comments Thu, 17 Apr 2014 21:23:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/?p=799 Já escrevi sobre os problemas nas contas da USP, a maior universidade do país, algumas vezes aqui no blog. Dessa vez trago uma abordagem diferente: quanto deve ganhar um professor da USP?

Hoje, a Constituição determina que um docente de qualquer universidade pública não pode ganhar mais do que o governador.

Em 2011, a universidade ignorou as regras e pagou acima do teto para 167 docentes (leia aqui). Eles representam cerca de 3% de quem dá aula na universidade.

O então reitor, João Grandino Rodas, chegou a receber R$ 23 mil mensais –R$ 5 mil a mais do que o governador.

Ninguém sabe o que acontece na USP, mas todos pagam a conta

Editorial: USP reprovada

Tribunal rejeita contas da USP

“Mas quanto ganharia um empresário com uma atividade semelhante a de gerir uma instituição do tamanho da USP?”, perguntou-me um leitor.

Por “tamanho da USP”, entenda-se um universo de cerca de 120 mil pessoas, entre alunos, funcionários e docentes. E um orçamento anual de R$ 5 bilhões.

Eu completo: quanto ganharia um profissional com a mesma formação de um docente “top” da USP se trabalhasse no setor privado?

SALÁRIOS ENGESSADOS

O estabelecimento de teto para salários de docentes característico do Brasil causa estranhamento no ensino superior de elite em todo o mundo.

Universidades competitivas pagam caro para contratar os melhores professores. Por isso, a Universidade de Harvard, dos EUA, que é a melhor do mundo, tem 44 prêmios Nobel no seu corpo docente.

Será que alguns deles toparia dar aula na USP ganhando, aproximadamente, um teto de U$ 10 mil?

Acredito que não.

Além disso, lá fora ganha mais quem produz mais ou dá melhores aulas.

Esse tipo de benefício não acontece no Brasil.

Aqui os salários são nivelados por formação –algo que também é criticada internacionalmente. Tratei disso quando entrevistei Phil Baty, editor do THE (Times Higher Education), principal ranking internacional de universidades (leia aqui).

DEBATE

Obviamente a USP não pode, hoje, pagar salários maiores do que o do governador porque estaria descumprindo a Constituição.

Mas não é o caso de discutirmos como deveriam ser definidos os salários dos docentes?

Enquanto esse tipo de questionamento não for levantado, nossas universidades estarão longe, bem longe, das melhores do mundo.

 

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